31.5.08

REFLEXÃO SOBRE MODERNO, SEGUNDO MARCIA REIS

“Em sua maioria, os textos que visam tratar da Modernidade tendem a iniciar sua reflexão partindo e ratificando o seu caráter de ruptura. O moderno rompe uma ordem pré-existente e estabelece uma outra ordem. A ordem rompida constitui o passado, e a nova, o moderno. É possível, portanto, perceber uma relação de paralelismo entre os termos moderno e novo, relação para a qual o passado representava algo totalmente descartado. A reflexão contemporânea, entretanto, e principalmente o poeta e crítico mexicano Octávio Paz em Os filhos do barro (1984), tem procurado rever e redimensionar a compreensão do que é e do que representa o moderno. Em sua obra, Paz inicia por afirmar que o moderno, justamente por valer-se continuamente da ruptura, constitui também uma tradição. Tradição singular, que se afirma como ruptura de uma tradição imperante, que será substituída por uma outra, a qual também será substituída e assim sucessivamente. Portanto, embora o crítico ratifique a noção do moderno como algo que difere e, a princípio, se opõe ao passado, a relação que estabelece entre o moderno e a tradição, assim como a consciência que o “novo” tem de sua efemeridade indicam uma espécie de “latência da condição de passado” no moderno. Ou seja, o moderno só o é na sua atualidade, o futuro o transformará em uma tradição. É na tentativa de escapar a este destino que o moderno busca priorizar o tempo presente, faz dele o seu “tempo ideal” e se opõe às tradições anteriores enquanto forma de permanência inalterável do passado”.

REIS, Márcia. Passado, presente e futuro. Disponível em http://www.filologia.org.br/soletras/11/07.htm Acesso em 28 de maio de 2008.