Cleide Figueiredo LEITAO
06 / 1997
A primeira tentativa de caracterização da modernidade pode descrevê-la como um estilo, um costume de vida ou organização social, surgido na Europa a partir do século XVII e que devido a sua influência veio a se tornar mundial.
Circunscrita no tempo, a modernidade pode ser associada a um período histórico e como tal, difícil de ser analisado, pois é ao mesmo tempo - passado e presente (mesmo considerando a dificuldade de se distanciar do que se pertence para analisar, reflexivamente, os rumos do hoje e do porvir, esse movimento é extremamente importante para que possamos compreender os fenômenos sociais do nosso tempo).
Profundas transformações sociais, econômicas e políticas ocorreram, sobretudo, entre o início do século XIX até os dias atuais. O século XX é um século de guerra, a ameaça de confronto nuclear embora reduzida, ainda permanece; a realidade de vários conflitos étnicos, religiosos e militares formam um "lado sombrio" desse tempo.
A modernidade se apresenta na verdade carregada de ambigüidades, ao mesmo tempo em que oferece segurança, oferece perigo, em que oferece confiança, oferece risco. Somos acometidos por um ritmo vertiginoso de mudanças onde o avanço da intercomunicação nos põe em conexão com diferentes partes do globo sem que, no entanto, o desenvolvimento das forças de produção tenham trazido uma melhora significativa na qualidade de vida dos homens.
Pelo contrário vivemos um grande dilema em relação aos contrastes de nossa época: na produção aflitiva da violência do nosso século; nos surpreendentes avanços tecnológicos em contraste com a miséria e o analfabetismo de grande parte da população; na crise com os paradigmas que durante tanto tempo tomamos como verdade e que atualmente não respondem satisfatoriamente as nossas indagações; no desafio de conviver com o diferente e com a multiplicidade de versões e na ambigüidade constante entre o que consideramos velho e ultrapassado e o novo muitas vezes difícil de ser identificado, ou trazendo dentro dele parte do velho.
Enfim, quando olhamos para esse quadro percebemos que ao lado das mudanças edificantes, no sentido de trazerem avanços consideráveis para boa parte da população, temos um conjunto de situações gravíssimas que exigem uma nova abordagem, um novo enfoque ou as nossas perspectivas futuras não serão nem um pouco acalentadoras.
Disponível em http://base.d-p-h.info/pt/fiches/premierdph/fiche-premierdph-3602.html Acesso em 29 de maio de 2008