21.1.11

Para que serve a história

Ao consultarmos um dicionário, encontraremos a seguinte explicação para o verbete história:

"Narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular na vida da humanidade, em geral", ou ainda, "Conjunto de conhecimentos, adquiridos através da tradição e/ou mediante documentos, acerca da evolução do passado da humanidade."

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1999.

Há ainda, outras explicações e outros significados elaborados por historiadores (especialistas em história) ou não. Veja outros exemplos:

"A história é o registro da sociedade humana, ou civilização mundial; das mudanças que acontecem na natureza dessa sociedade [...]; de revoluções e insurreições de um conjunto de pessoas contra outro [...]; das diferentes atividades e ocupações dos homens, seja para ganharem seu sustento ou nas várias ciências e artes; e, em geral, de todas as transformações sofridas pela sociedade [...]"

KHALDUN, Ibn, citado em HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo. Companhia das Letras, 1998.


"Disciplina que se ocupa do estudo dos fatos relativos ao homem ao longo do tempo [...]"

Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo. Encyclopaedia Britannica do Brasil , 1999. v.7.


"História inclui todo o traço e vestígio de tudo o que o homem fez ou pensou desde seu primeiro aparecimento sobre a Terra."

ROBISON, James Harvey, citado em BURK, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo. Unesp, 1992.


Há várias outras definições de história e muitos modos de conceituá-la. A partir de agora, podemos dizer então, que a história estuda tudo o que está relacionado à presença, às atividades, aos gostos e às maneiras de ser das pessoas e dos acontecimentos.

História é basicamente uma experiência humana; um constante construir, desconstruir e reconstruir. Por isso, acreditamos que a História é uma área do conhecimento que está em permanente construção.

Os caminhos da história

Ao voltarmos no tempo, encontraremos a utilização da palavra historia, pela primeira vez, na Grécia Antiga. Ela origina-se de histor, palavra grega que significa testemunho. Depois, a história foi identificada como narração, isto é, o historiador seria um memoralista escrevendo, no presente, sobre os acontecimentos do passado. Mais tarde, ela continuou sendo entendida como narrativa, mas ganhou uma finalidade didática – ensinar e criar modelos de comportamento para os seres humanos. Esse jeito de se fazer História, apesar das alterações sofridas na metade da Idade Moderna, prosseguiu desde a Antiguidade até o século XX.

A partir do século XVIII, existia uma história interessada em explicar acontecimentos realmente significativos e em relacionar os fatos entre si. No século XIX, a forma de pensar e escrever a História passou por grandes transformações. Os historiadores tentavam estabelecer bases científicas para o estudo dos fatos e descobrir leis que explicassem, sempre acompanhados por farta documentação.

A partir do século XX, os historiadores, para explicar o desenvolvimento da História, passaram a valorizar ainda mais as relações econômicas entre pessoas, grupos e povos. Assim, ela deixou de ser apenas uma narrativa para se transformar em “possibilidades interpretativas do passado”. Cabe, portanto ao historiador interpretar as sociedades humanas do passado e não apenas narrar os fatos, datas e personalidades.

História e várias histórias

Como você pode observar, a História vai além da sua história, do seu nome, da sua idade e do lugar em que você mora. Começou bem antes do seu nascimento, continua até agora e nós poderíamos passar muito tempo falando a respeito dela. Todas as pessoas têm uma história. E não são apenas as pessoas. Tudo tem história: a música que ouvimos, as roupas que vestimos, os alimentos que comemos, os seres humanos, as cidades, os países, o mundo.

Os seres humanos sempre fizeram registros históricos. Nossos indígenas, por exemplo, já registravam o cotidiano por meio da confecção de utensílios (machadinhas de pedra, enfeites de penas de pássaros, objetos de cerâmica) ou pinturas em cavernas, dez mil anos atrás.


Cerâmica produzida pelos índios


Machadinha feita pelos índios, de pedra e decorada com penas de pássaros


A partir de sua organização em grupos, as pessoas sentiram necessidade de colher informações sobre o passado e registra-las, de alguma forma, fosse oralmente, nas conversas com os amigos e parentes, ou em desenhos feitos em grutas e cavernas em que viviam.


Pinturas rupestes em cavernas

Nós podemos conhecer os costumes dos humanos primitivos, os objetos que usavam e os animais que caçavam, por meio do estudo desses desenhos e das descobertas feitas pelos arqueólogos, cientistas que, pesquisam o passado dos seres humanos e dos grupos sociais por meio dos registros materiais.


Pinturas rupestres em cavernas, tinta normalmente utilizada extraída de urucum e outras sementes


A produção do conhecimento histórico

O conhecimento histórico é registrado, como vimos anteriormente, pelo historiador. O trabalho do historiador é interpretar os fatos históricos ou as experiências humanas com a ajuda dos registros e vestígios que foram deixados por um povo em um determinado local e tempo.

Em história, há tempos de curta, média e longa duração. Um acontecimento de curta duração é aquele que chega imediatamente ao conhecimento das pessoas, por exemplo, um jogo de futebol, o lançamento de um livro, uma greve, a inauguração de uma obra pública.

Um acontecimento de média duração não é normalmente percebido de imediato, mas é possível ser reconhecido pelos contemporâneos, isto é, pelas pessoas que viveram na mesma época. Por exemplo, hoje é comum ouvirmos falar da moda dos anos 80, da crise do Oriente Médio ou das últimas décadas.

Já um acontecimento de longa duração só é revelado por meio do estudo histórico, por que não pode ser percebido pelos contemporâneos. Por exemplo: fatos ocorridos na Grécia Antiga ou no Antigo Egito.

Daí a importância de estudarmos a história: por meio da investigação e da interpretação dos acontecimentos históricos somos capazes de compreender as experiências dos povos que viveram antes do nosso tempo e espaço históricos.


Jogo de futebol - acontecimento de curta duração


Moda dos anos 80 - acontecimento de média duração


Crise do oriente Médio nos anos 80 - acontecimento de média duração


Alexandre Magno ou Alexandre, o Grande – Rei da Macedônia no período de 336 a.C. a 323 a.C .- Foi o responsável pela formação de um grande império, expandiu as fronteiras do conhecimento humano, integrando diversas culturas - acontecimento de longa duração

Entra em cena o pesquisador

Quem faz a história? Estudar as experiências humanas vividas ao longo do tempo é parte do trabalho do historiador.

O trabalho do historiador é bastante instigante, pois lida com temas e assuntos relacionados a acontecimentos que, em sua grande maioria, ocorreram muito tempo antes do nascimento dele e sua função é interpretar acontecimentos históricos.

Sem os acontecimentos, o historiador não pode produzir conhecimento; sem o historiador, os acontecimentos não teriam vida.

Dizemos que acontecimentos históricos são os eventos, as opiniões, os pensamentos e os movimentos sociais que produziram efeitos e geraram mudanças, tendo ou não, por isso, importância em algum momento do passado, na vida de um grupo ou de um povo.

Os acontecimentos são "produtos" sociais "fabricados" por seres humanos que sonharam, pensaram e agiram. Cabe ao historiador analisar esses "produtos sociais" e construir sua interpretação do momento histórico que estiver pesquisando.

Sítio arqueológico
Sítio arqueológico no Egito

No entanto, é impossível que um historiador seja capaz de avaliar, discutir, compreender e explicar todos os acontecimentos, sentimentos e pensamentos que contribuíram para que determinado evento acontecesse.

Assim, o historiador escolhe, de acordo com a finalidade de sua pesquisa, os aspectos que irá estudar, as fontes que irá analisar, as opiniões que pretende discutir, os sentimentos que julga mais importantes.
Como se fosse detetive, o historiador analisa um acontecimento com base em fontes históricas, aceita ou recusa interpretações já existentes, colhe depoimentos e chega a uma conclusão.

Veja abaixo, um exemplo de seqüências de perguntas que o historiador segue no seu trabalho:

1. Qual o documento com que vai trabalhar?
2. O que esse documento nos diz?
3. Como o diz?
4. Quem o fez?
5. Quando o fez?
6. Em nome de quem o fez?
7. Com que propósito fez?
8. Qual a relação do documento, no momento de sua produção, com a realidade mais ampla à qual o historiador quer chegar?

As técnicas, fichas, entrevistas, perguntas, catalogação de dados, entre outros dão segurança para realizar cientificamente o trabalho do historiador. Os métodos são orientações seguidas por ele nas etapas da sua pesquisa, da sua investigação.

Cabe lembrar, que nenhum evento histórico tem pureza total. O registro dos acontecimentos reflete sempre, de uma maneira ou de outra, a opinião, o pensamento e até os interesses daquele que fez anotações sobre o que viu, viveu ou ouviu.

Para compreender e explicar os acontecimentos, o historiador estará sempre interpretando-os ou reinterpretando-os, tomando como ponto de partida sua forma de ver a sociedade e a própria História. Quando, por exemplo, lemos uma obra histórica, é como se estivéssemos ouvindo a voz do historiador que a escreveu.

Patrimônio histórico

O patrimônio histórico-cultural de um povo são todos aqueles bens materiais e imateriais que ele possui e que são importantes para a sua cultura e história. O patrimônio histórico é o lugar em que se faz a memória nacional. Desse modo, a conservação dele é dever de todos, pois, assim, preservamos as características de uma sociedade e garantimos a sobrevivência de sua identidade cultural.

Preservar significa livrar de algum mal, manter livre de corrupção, perigo ou dano, conservar e defender. Tudo isso é preservar. Sabemos que essa atitude tem muitas implicações e é uma tarefa que uma pessoa só não é capaz de fazer.

Desse modo, é dever de toda a sociedade preservar os seus bens.



Palácio da Alvorada - Localizado em Brasília, Distrito Federal é designado como a residência oficial do presidente da República Federativa do Brasil. Situa-se às margens do Lago Paranoá, tendo sido o primeiro edifício inaugurado em Brasília, em junho de 1958.

O Alvorada é uma construção revestida de mármore e vedada por cortinas de vidro, que proporciona uma integração entre espaço interior e exterior. Já as famosas colunas apóiam-se no chão por um de seus vértices fazendo, aparentemente, desaparecer a idéia de peso.

O espelho d'água reflete a imagem do edifício criando um espaço virtual infinito.


Forte S. José - Rio de Janeiro (RJ)

Construído originalmente em 1565, foi inteiramente reformado e equipado em 1872, por ordem de D. Pedro II, em conseqüência do episódio conhecido como Questão Christie. O Forte passou a ter 17 casamatas e um grande paiol de munição, e foi equipado com 15 canhões antecarga Whitworth, calibre 75mm, e mais 20 canhões de calibre menor. Está localizado no Morro Cara de Cão, tombado em 1973.

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