20.1.11

Torturas Medievais


Espada, Machado e Cepo


A decapitação com a espada, entretenimento público, desde o início da Idade Média, é, ainda hoje, utilizada em alguns países do terceiro Mundo. Era necessária uma longa aprendizagem para aprender a manejar a espada com precisão, de modo a decepar a cabeça com um golpe só, coisa que a multidão muito apreciava, como um sinal da habilidade do carrasco.
Os executores mantinham-se “em forma” treinando com animais nos matadouros ou com espantalhos de cabeça de cabaça.
A decapitação, pena suave quando executada com habilidade, estava reservada exclusivamente a condenados nobres e importantes. Os plebeus eram executados de outras formas, que garantiam agonias mais prolongadas, das quais a mais freqüente e mais rápido era o enforcamento comum, no qual a vítima era erguida e lentamente estrangulada – ao contrário do enforcamento à inglesa, que faz tombar a vítima de certa altura com a corda ao pescoço, provocando ruptura das vértebras cervicais e da medula espinhal.
Distinção importante: o cepo só era usado em conjunto com o machado; nas decapitações com a espada, o condenado deveria manter-se ereto, enquanto o executor efetuava um movimento horizontal com a lâmina, ceifando o pescoço.

O Garrote
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Consistia o garrote em um poste de madeira provido de um colar de ferro ou, menos comum e eficientemente, de couro duro, e que se apertava progressivamente por meio de um parafuso. Havia duas versões essenciais deste instrumento:

a) a versão tipicamente espanhola, na qual apertando se o parafuso, fazia-se apertar a argola de ferro, matando a vítima por asfixia;

b) a versão catalã, no qual havia, na nuca do condenado, um punção de ferro, que, ao apertar-se o colar, penetrava e quebrava as vértebras cervicais, ao mesmo tempo que empurrava o pescoço para a frente, provocando o esmagamento da traquéia contra a argola, matando tanto por asfixia como pela destruição da medula espinhal ou do bulbo cerebral. A presença deste aguilhão não garante uma morte rápida; antes, pelo contrário. A agonia podia ser mais ou menos prolongada, dependendo do humor do carrasco.

O primeiro tipo foi usado na Espanha até a morte de Franco, em 1975, altura em que o rei Juan Carlos aboliu a pena capital.

O segundo tipo, usado até princípio deste século na Catalunha e na América Central, ainda é utilizado, em alguns países do Terceiro Mundo, como instrumento de tortura e execução.

Emparedamento
O emparedamento, utilizado já no tempo dos romanos, para punir as vestais que perdiam sua virtude, dispensa qualquer explicação. A vítima era sepultada viva, morrendo, dependendo do local de confinamento, de sede e fome, ou simplesmente asfixiada.

As Gaiolas Suspensas

Desde a Alta Idade Média até finais do séc. XVIII, as paisagens urbanas esuburbanas da Europa abundavam de gaiolas de ferro e madeira, no exterior de edifícios municipais, palácios de justiça, catedrais e muralhas de cidades, assim como penduradas em postes situados nas encruzilhadas de diversos caminhos ; freqüentemente havia várias gaiolas em fila, umas ao lado das outras.
Em Florença, Itália, havia dois locais reservados às gaiolas: um na esquina do Bargello, na Via Aguillara com a praça San Firenze, e o outro num poste fixado na colina de San Gaggio, passada a Porta Romana, junto à estrada para Siena. Em Veneza, tida como um dos prováveis locais de origem da gaiola celular, estas erguiam-se na Ponte dos Suspiros e nos muros do Arsenal.
As vítimas, nuas ou quase nuas, eram fechadas nas gaiolas suspensas, que não eram muito maiores que seus corpos; morriam de fome e sede, de mau tempo e frio no Inverno, de queimaduras e insolação no Verão e eram muitas vezes torturadas e mutiladas para melhor servir de exemplo. Os cadáveres em putrefação eram, na maior parte das vezes, deixados in situ, até o desfazimento do esqueleto.

A Roda para Despedaçar
A roda para despedaçar era, depois da forca, a forma mais comum de execução na Europa germânica, desde a Baixa Idade Média até princípios do séc. XVIII; na Europa latina e gálica, o despedaçamento era feito por meio de barras maciças de ferro e maças, em lugar da roda.
A vítima, nua, era esticada de barriga para cima na roda (ou no chão ou no patíbulo), com os membros estendidos ao máximo e atados a estacas ou anilhas de ferro. Por baixo dos pulsos, cotovelos, joelhos e quadris, colocavam-se atravessados suportes de madeira.
O verdugo aplicava violentos golpes com a barra, destroçando todas as articulações e partindo os ossos, evitando dar golpes que pudessem ser mortais. Isso provocava, como é fácil imaginar-se, um verdadeiro paroxismo de dor, o que muito divertia a platéia1 .
Depois do despedaçamento, desatavam o condenado e entrelaçavam-lhe os membros com os raios da grande roda, deixando-o ali até que sobreviesse a morte, ao cabo de algumas horas, ou até dias.
Os corvos, outrossim, arrancavam pedaços de carne e vazavam os olhos até a chegada do último momento. Esta era a mais atroz e longa agonia prevista dentre todos os procedimentos de execução judicial.
Junto com a fogueira, o despedaçamento ou desmembramento era um dos espetáculos mais populares que tinham lugar nas praças da Europa. Multidões de plebeus e nobres deleitavam-se ao contemplar um bom despedaçamento, como comprovam várias gravuras da época.

Submersão no Azeite
A submersão em azeite podia ser tanto uma forma de execução como de interrogatório, tanto judicial como extrajudicial. O prisioneiro, suspenso pelos braços no teto, era baixado, por meio de um sistema de corda e roldana, dentro de um caldeirão cheio de azeite em ebulição.
Este suplício podia ser aplicado em conjunto com a estrapada (!) e quase que invariavelmente, provocava a morte da vítima; na melhor das hipóteses, deixava-a inválida para toda a vida.

A Serra
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A serra era outro meio de execução extremamente cruel, no qual a vítima, suspensa pelos pés, era serrada ao meio, de cima para baixo, a partir de entre as pernas. Esse tipo de execução podia ser levada a cabo com qualquer tipo de serra de lenhador utilizada a quatro mãos e de dentes grandes.

A história conta que vários mártires – santos, religiosos, laicos – sofreram esse suplício, talvez pior que a cremação lenta ou a imersão em azeite fervente. Devido á posição invertida, que assegura a oxigenação do cérebro e impede a perda geral de sangue o condenado não perde a consciência até que a serra alcançava o umbigo, ou, às vezes, até o peito.

A Bíblia conta-nos que o rei hebreu Davi exterminou os habitantes de Rabah e de todas as outras cidades amonitas , pelo método de por os homens, mulheres e crianças debaixo de serras, rastelos, machados de ferro e fornos de tijolos.

Esta espécie de beneplácito, pouco menos que divino, contribuiu muito para a aceitação da serra, do machado, do rastelo como meio de execução por gente bem pensante da Igreja medieval.

A serra era aplicada freqüentemente a homossexuais de ambos os sexos, principalmente a homens. Na Espanha, a serra foi um meio de execução militar até meados do séc. XVIII, segundo várias referências, que não citam, todavia, um só caso concreto. Na Catalunha, durante a guerra da Independência (1808-1814), contra os exércitos de Napoleão, os guerrilheiros espanhóis submeteram dezenas de oficiais franceses e ingleses à serra, sem se preocupar muito com as alianças do momento. Na Alemanha, a serra estava reservada aos cabeças de movimentos rebeldes e na França, às bruxas “engravidadas por Satanás”.

Empalamento
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Esta era uma forma particularmente cruel de execução, visto que a vítima agonizava por vários dias antes de morrer, demorando muito a ficar inconsciente. Era, ao que se tem notícia, usada desde a antigüidade; no séc. XVI, foi amplamente empregada pelos exércitos turcos que invadiam o leste da Europa.
O método era simples: deitava-se a vítima de bruços e enfiava-se-lhe no ânus, no umbigo – ou, talvez, tratando-se de uma mulher, na vagina – uma estaca suficientemente longa para transfixar o corpo no sentido longitudinal. Para que a estaca ficasse firme, era introduzida no corpo do condenado a golpes de marreta. Em seguida, simplesmente plantava-se a estaca no chão; a força da gravidade fazia o resto. O corpo simplesmente era puxado em direção ao solo, enquanto a estaca rasgava lentamente as entranhas, num processo que podia durar – dependendo da espessura da estaca e da capacidade de resistência da vítima – várias horas ou até dias.

Ainda mais terrível era o “empalamento ao contrário”, tal coo era feito pelas tropas turcas de janízaros que invadiam o leste da Europa no século XV. Segundo este método, a vítima era suspensa pelos pés, o que impedia a hemorragia e facilitava a oxigenação do cérebro; assim sendo, o condenado demorava a perder os sentidos, permanecendo consciente durante a maior parte da operação.

Cremação
A cremação ou vivicombustão é conhecida como a forma de execução utilizada em casos de bruxaria ou feitiçaria; na verdade, os romanos já a utilizavam para os parricidas e os traidores.
Na sua forma medieval, utilizada pela Inquisição, o condenado só era queimado vivo se se recusasse a abjurar, ou seja, renunciar aos erros que o haviam arrastado àquela situação; nesse caso, era estrangulado.
Para garantir que a vítima morresse verdadeiramente nas chamas, e não asfixiada com a fumaça, vestiam-na com uma camisola encharcada com enxofre.

Mesa de Evisceramento

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Este terrível suplício era levado a cabo em um aparelho especial, constante de uma mesa ou tábua sobre a qual havia uma roldana e um sistema de cordas e pequenos ganchos.
O verdugo abria o ventre da vítima amarrada sobre a tábua, de maneira a não poder debater-se; em seguida, introduzia-lhe os ganchos na abertura, prendendo-os firmemente às entranhas do condenado.
Ao manipular a roldana, as entranhas eram puxadas para fora, com a vítima ainda viva; esta era então abandonada e deixada para morrer neste estado. A morte demorava por horas ou até dias. Quanto mais tardasse – isto é, quanto mais o condenado sofresse, maior era considerada a habilidade do carrasco.

Instrumentos Letais de Tortura
Os instrumentos citados a seguir são aqueles que, embora servissem como instrumentos de interrogatório, podiam ser usados como instrumentos de execução – como por exemplo, a Dama de Ferro – ou provocavam na vítima tais traumas e lesões que acabavam por matá-la horas após sua aplicação. Por isso, só eram geralmente aplicados a condenados à morte, cuja execução deveria seguir-se sem demora; assim, obtinha-se a garantia de que as vítimas, ainda que gravemente feridas, não escapariam à aplicação da justiça.

As Cunhas ou Borzeguim
Este era um dos suplícios mais dolorosos que se poderia imaginar. A vítima era amarrada e esticada no chão, com as pernas encerradas entre quatro pranchas de carvalho, das quais o par do lado externo era fixo, enquanto o interno era móvel. Introduzindo cunhas no espaço de separação entre as duas pranchas móveis, era possível esmagar as pernas da vitima contra a estrutura fixa da máquina.
Havia a tortura dita comum e a extraordinária; a diferença entre as duas era avaliada pela quantidade de cunhas cada vez mais espessas que eram cravadas na parte interna. Este tipo de tortura, pelo fato de ser sempre – embora nem sempre imediatamente – fatal, só era administrada a condenados à morte que devessem ser executados sem demora.

O Esmaga-Cabeças

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Os esmaga-cabeças, instrumentos tipicamente medievais, compunham-se de um capacete e de uma barra na qual se colocava o queixo do torturado. Em seguida, por meio de um parafuso, ia-se apertando o capacete, comprimindo a cabeça do indivíduo de encontro à base, no sentido vertical.
O resultado era arrasador: primeiro destroçavam-se os alvéolos dentários; depois, as mandíbulas; e finalmente, caso a tortura não cessasse, os olhos saltavam das órbitas e o cérebro vazava pelo crânio fraturado.

A Dama de Ferro
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A história da tortura registra muitos instrumentos em forma de sarcófago antropomorfo com pregos em seu interior, que, ao fechar-se a porta, penetravam no corpo da vítima. O exemplo mais conhecido foi a chamada “donzela de ferro” de Nuremberg, exemplar do final do século XV, reprodução aperfeiçoada de exemplares mais antigos. O aparelho foi destruído quando Nuremberg foi bombardeada, em 1944.

É difícil separar a lenda dos fatos quando se fala de tal instrumento, pois restaram poucas descrições da época, e a maioria do material publicado baseia-se em investigações distorcidas do século XIX, opiniões fantasiosas e românticas e testemunhos não oculares e exagerados. Ao contrário do que se costuma afirmar, a Dama de Ferro raras vezes era usada numa execução intencional (embora, sem dúvida, o condenado pudesse, devido a um lamentável infortúnio, morrer asfixiado em seu interior).

A primeira referência confiável a uma execução com a Dama de Ferro reporta-se a 14 de Agosto de 1515, se bem que o instrumento já fose utilizado, comprovadamente, há uns dois séculos. Nesse dia, um falsificador de moeda foi aí introduzido e as portas fechadas lentamente, pelo que as pontas afiadíssimas lhe penetraram nos braços, na barriga, e no peito, nas pernas em vários lugares, na bexiga, nos olhos, nos ombros e nas nádegas, mas não suficiente para o matar, e assim permaneceu a gritar e lamentar-se por vários dias, após os quais morreu. É provável que os cravos fossem desmontáveis e de vários tamanhos, de modo que pudessem colocar-se em vários orifícios no interior do aparelho, tornando-se mais ou menos cutilantes, segundo as exigências da sentença.

A Dama de Ferro era aplicada aos autores de crimes contra o Estado, que não fossem de lesa-majestade, e também nos casos de mulheres adúlteras e de jovens ou viúvas que não mantivessem sua castidade. Era também usada como instrumento de interrogatório, em casos específicos de mulheres suspeitas de bruxaria ou comércio com as forças do Inferno. Nesse caso do interrogatório, era usada especialmente em mulheres, pois julgava-se que estas poderiam suportá-la melhor que outros métodos e por deixar poucas ou nenhuma marca visível, sendo, além disso, praticamente garantida a confissão da acusada.

A Roda Vertical
Na roda vertical, que, como diz o nome, era erguida perpendicularmente em relação ao chão, o corpo da vítima era amarrado ao instrumento, o mais esticado possível. Em seguida a roda era girada, expondo o torturado, a cada volta, a pregos ou brasas ardentes colocados no chão, sob a máquina. O resultado final era o retalhamento lento ou queimaduras expostas por toda a superfície do corpo, que, conforme sua gravidade, poderiam levar à morte do torturado.

Gaiola de Cravos
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Atribui-se geralmente a invenção desse engenhoso instrumento à condessa húngara Elizabeth Báthory, que viveu no século XVI; todavia, existem registros de seu uso já no tempo dos romanos. Frise-se, porém, que não era um modo de interrogatório ou punição judicial, sendo utilizado apenas por certos indivíduos, isoladamente.
Basicamente, o engenho era uma gaiola cilíndrica de lâminas de ferro afiadas, cujo interior era guarnecido de pontas aguçadas de ferro. A vítima era trancada na gaiola e o torturador, armado de um archote, um ferro em brasa ou ainda de um ferro pontiagudo, começava a espetar ou atiçar o prisioneiro, que, em seus movimentos de recuo, ia chocar-se contra as pontas e lâminas da gaiola. O resultado final é fácil de imaginar-se.
Embora a maioria das gaiolas de cravos de que se tem notícia fossem colocadas diretamente sobre a terra, diz-se que a gaiola de Elizabeth Báthory (aperfeiçoada para que ela tomasse os famosos banhos de sangue que, segundo supunha, a manteriam sempre jovem e bela) era suspensa no teto; a condessa sentava-se abaixo dela e o sangue corria diretamente sobre seu corpo.

O Cavalo de Estiramento
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O estiramento, ou desmembramento causado por meio de tensão exercida longitudinalmente, já era usado no Antigo Egito e na Babilônia.
Na Europa medieval – e após – o cavalo de estiramento constituía instrumento fundamental de qualquer masmorra respeitável, e isso até o desaparecimento da tortura, por volta do séc. XVII.
A vítima era deitada no aparelho, seus membros firmemente presos às extremidades e esticados pela força do cabrestante, existindo testemunhos antigos que falam de até 30 cm de distensão, o que é inconcebível; a distensão originada pelo deslocar e torcer de cada articulação dos braços e das pernas, do desmembramento da coluna vertebral e da destruição dos músculos das extremidades do tórax e do abdômen provocava um efeito mortal. No entanto, antes do abatimento final da vítima, e mesmo nas fases iniciais do interrogatório, era sofrido o deslocamento dos ombros, por causa do estiramento dos braços para trás e para cima, assim como uma dor intensa provocada pelo rompimento dos músculos e quaisquer fibras submetidas a uma tensão excessiva.
Com a continuação da tortura, os quadris, e os cotovelos começavam a desconjuntar-se, separando-se por fim, ruidosamente. Já nesta fase, a vítima, se escapava com vida do tormento, ficava aleijada para toda a vida. Depois de horas ou dias, no caso dos mais resistentes, as funções vitais simplesmente cessavam, uma após a outra.

Instrumentos de Interrogatorios
Estes instrumentos diferenciam-se dos anteriormente citados por não provocarem ferimentos fatais – a menos que o verdugo assim o desejasse ou fosse extremamente inábil em sua utilização. Eram empregados, de forma geral nos interrogatórios judiciais e inquisitoriais, não se destinando a matar a vítima, que deveria ser mantida viva no interesse da instrução do processo.

As Aranhas Espanholas
As Aranhas eram ganchos de quatro pontas unidas em forma de tenaz, e constituíam ferramentas básicas no arsenal do verdugo. Serviam, frias ou quentes, para içar a vítima pelos pulsos, nádegas, ventre, seios ou tornozelos, enquanto as pontas enterravam-se lentamente na carne. No processo dos Templários1 , no início do séc. XIV, as aranhas espanholas foram usadas, segundo testemunhas, para suspender os acusados pelos órgãos genitais, até que admitissem seus crimes.

O Esmagador de Testas
O esmagador era uma faixa de ferro, algumas vezes com aguilhões no seu interior, que se colocava ao redor da testa da vítima, sendo então, progressivamente apertado, pelos parafusos situados em roscas laterais, provocando cortes e lacerações e podendo provocar fraturas cranianas fatais.
Este era um instrumento usado sobretudo em mulheres e quase nunca em homens

O Berço de Judas
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Este procedimento apresentava variações, que eram usadas simultaneamente em toda a Idade Média. A mais simples consistia em suspender a vítima sobre uma espécie de pirâmide, sobre cuja ponta fazia-se baixar, com maior ou menor velocidade. O bico afiado da pirâmide, desta forma, atingia o ânus, a vagina, a base do saco escrotal, ou as últimas vértebras do cóccix.

O carrasco, segundo as indicações dos interrogadores, podia variar a velocidade e a pressão, desde o nada até a totalidade do peso do corpo. Podia ainda sacudir a vítima, ou fazê-la cair, repetidas vezes sobre a ponta.

O Berço de Judas, em italiano Culla di Giuda, em alemão Judaswiege e em inglês Judas Cradle (ou simplesmente Cradle) era conhecido em francês como La Veille (A Vigília).

Cadeira de Interrogatorio

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Muito simples: era uma cadeira de ferro com o assento e o encosto totalmente cobertos de pontas afiadas. Era um instrumento básico no arsenal dos inquisidores. A vítima, sempre nua, era colocada e amarrada na cadeira, cujas pontas produziam um efeito óbvio sobre sua força de vontade, que dispensa qualquer comentário. O tormento podia ser intensificado com sacudidelas e golpes nos braços e no tronco.
Além disso, havia outro modo de tornar este instrumento mais eficiente: como a cadeira era, na maior parte das vezes, de ferro (havia exemplares e madeira, nos quais apenas as pontas eram metálicas), havia ainda o requinte adicional de aquecê-la a um braseiro até que se transformasse em brasa.

O Esmagador de Polegares
Simples e muito eficaz. O esmagamento dos nós e falanges dos dedos e a arrancamento das unhas estão entre as torturas mais antigas. Os resultados, em termos de relação entre a dor infligida, o esforço realizado e o tempo consumido são altamente satisfatórios do ponto de vista do torturador, sobretudo quando se carece de instrumentos complicados e dispendiosos.
O esmagador era basicamente constituído de duas ou três barras, que podiam ser apertadas por meio de um parafuso, lentamente, ou por meio de pancadas dadas em cunhas, de maneira mais brusca.

A Extensao
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A extensão é uma variante do cavalo de estiramento. Ao invés da distensão ser aplicada ao corpo no sentido longitudinal, é aplicada apenas aos braços do condenado, enquanto a corrente, enlaçando e esmagando o tórax, exerce uma pressão extra. A extensão é uma variante do cavalo de estiramento.

A Escada de Estiramento
A chamada “escada de estiramento” era nada mais que uma simples escada de madeira, à qual se dava um uso a mais, o de instrumento de interrogatório. Foi usada no processo de Eischtadt, no qual uma velha foi acusada de bruxaria, em meados do séc. XV.

A vítima era deitada sobre a escada, tendo seus pés atados a um dos degraus; aos braços, igualmente atados, eram progressivamente puxados para trás, fosse por meio da força humana, fosse por meio de pesos cada vez maiores.

Se depois de tudo isso a vítima ainda se recusasse a confessar, estando paralisada e com os ombros destroçados, o tribunal era forçado a reconhecer sua inocência. Esta tortura era largamente usada pelos inquisidores alemães.

Potro
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Este aparelho, muito engenhoso, era composto por uma prancha, sobre a qual era deitada a vítima. Esta prancha apresentava orifícios pelo quais se passavam cordas de cânhamo que arrochavam os antebraços, os braços as coxas, as panturrilhas, em suma, as partes mais carnudas dos membros da vítima. No decorrer da tortura, essas cordas eram progressivamente apertadas, por meio de manivelas nas laterais do aparelho. O efeito era o de um torniquete.

A legislação espanhola que regulamentava a tortura previa, no máximo, cinco voltas nas manivelas que apertavam as cordelas ao corpo. Isso visava a garantir que, caso fosse provada a inocência do réu, este não saísse da tortura com seqüelas irreversíveis. Porém, geralmente, os carrascos, incitados pelos interrogadores, davam até dez voltas na torção, o que fazia com que as cordas esmagassem a carne até o osso.

O Quebra Joelhos
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Assemelhava-se, em ponto maior, ao esmagador de polegares: duas barras destinadas a comprimir entre si, até o ponto de fraturá-los, os joelhos da vítima. A parte interior do aparelho podia conter pontas.
Geralmente, este aparelho era aplicado, após o que permitia-se à vítima uma noite ou algumas horas de descanso; no dia seguinte, estando as pernas do infeliz esmagadas e inflamadas, se não já quebradas mesmo, repetia-se a tortura, que se tornava, assim, muito mais dolorosa e quase impossível de resistir-se.

A Estrapada ou Polé
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Uma tortura fundamental, que consistia na deslocação dos ombros, pelo movimento de içar violentamente a vítima, com os braços atados às costas, com o corpo suspenso.

A estrapada era um meio de extraordinária eficiência; como não provocava derramamento de sangue, o que era proibido pela Igreja a seus agentes, era largamente usado pelos inquisidores.

O aparelho era muito simples: compunha-se apenas de uma corda e de uma roldana. Os pulsos do condenado eram atados atrás das costas e ligados a uma corda, que, passando pela roldana, permitia que fosse içado no ar, pelo que as articulações dos ombros passavam a suportar a totalidade da massa corporal.

De imediato, as clavículas e as omoplatas se desarticulavam, o que provocava deformações que podiam ser irreversíveis. A agonia podia ser agravada por uma série de medidas adicionais:

a) podia-se içar a vítima até certa altura, deixando-a cair em seguida, mas sustando a queda antes que chegasse ao chão, o que provocava a imediata ruptura das articulações e por vezes fraturas ósseas;

b) a fim de aumentar o peso suportado, prendiam-se aos pés do condenado um lastro cada vez maior, geralmente, até cinqüenta ou sessenta quilos, embora haja notícias de interrogatórios em que foram presos aos pés dos interrogados pesos de até setenta quilos, quase o peso do próprio corpo;

c) por vezes, enquanto o condenado se achava suspenso, podia-se queimar partes de seu corpo – notadamente as axilas, – com mechas ou archotes, como no caso do interrogatório dos Papenheimers, na Baviera, no século XVI.

Pêra Oral, Retal e Vaginal
Esses instrumentos em forma de pêra – daí o nome – eram colocados na boca, no reto ou na vagina da vítima, e ali eram abertos, por meio de um parafuso, até atingir sua total abertura. O interior da cavidade afetada ficava, invariavelmente, danificado, com efeitos muitas vezes irreversíveis. Por vezes, além da abertura exagerada, a pêra era dotada, na extremidade mais interna, de pontas em gancho, que destroçavam a garganta, o reto ou a raiz do útero, pois penetravam bastante fundo.
A pêra oral aplicava-se aos casos de predicadores hereges ou a criminosos laicos de tendências anti-ortodoxas. A pêra vaginal estava destinada a mulheres consideradas culpadas de conluios e acordos com Satanás ou quaisquer outras forças sobrenaturais (o processo das feiticeiras bascas1 , no qual foi utilizada, falava dos “espíritos dos mortos”), a adúlteras, homossexuais ou suspeitas de ter mantido relações com familiares; e por último, a retal destinava-se a homossexuais masculinos passivos.

Tortura da Água
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Havia duas maneiras de aplicar-se a tortura da água. A primeira delas consistia simplesmente em enfiar um trapo na boca da vítima amarrada e ir deitando água aos poucos no trapo, fazendo-o inchar, provocando sufocação; um bocado além da conta e o torturado afogava-se em terra seca.

A segunda versão, mais conhecida, é também chamada de “tortura das bilhas”. A bilha era um recipiente de argila que continha cerca de um litro e meio de água. O carrasco introduzia na boca da vítima um funil de couro ou de chifre e despejava o conteúdo da bilha nesse funil. Em ambas as versões, para que a tortura fosse eficiente, tapava-se o nariz do condenado, provocando-lhe asfixia.

Agulhas e Estiletes Para Punções
Estes instrumentos eram utilizados pelos inquisidores para encontrar a “marca do Diabo”, um sinal que o Demônio, segundo a crença, teria colocado no corpo de todos os seus seguidores. A marca do Diabo poderia ter a forma de uma mancha na pele, um pedaço de carne saliente, ou ainda (era mais conclusivo) de um mamilo anormal, onde se alimentariam os “acompanhantes”, pequenos demônios em forma de animais domésticos (geralmente gatos ou sapos) que acompanhavam as bruxas. Mas a marca poderia também ser invisível aos olhos dos não iniciados; nesse caso, seria uma área insensível do corpo, que, além disso, não verteria sangue se ferida. Então, para descobrir-se tais marcas, espetava-se o corpo do suspeito com agulhas e estiletes especiais. Um calo, uma verruga, uma região tornada insensível pelo excesso de dor, era considerada uma prova irrefutável da culpabilidade.

Este método, diga-se de passagem, era aplicado por vezes de maneira irregular; os examinadores recorriam a velhacarias tais como lâminas retráteis, que não feriam a pele, não provocando, portanto, qualquer dor ou sangramento. A vítima, em contrapartida, não podia fingir dor ou sofrimento, pois permanecia vendada durante todo o exame. Os suspeitos não eram páreo para os inquisidores.

As Garras do Gato
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As garras eram instrumentos simples, semelhantes a grandes tridentes um pouco encurvados, ou antes, a rastelos. Eram utilizadas para escarnar o corpo dos prisioneiros, arrancando progressivamente a carne, até a exposição dos ossos.

Instrumentos de Mutilação
Desde o Antigo Egito, e antes, a mutilação serviu como método eficaz de castigo para crimes menores, considerados não tão graves que merecessem a pena de morte, tais como furtos, danos à propriedade alheia, e às vezes – por incrível que possa parecer – estupros.
A mutilação, além de ter um efeito arrasador sobre os culpados, tanto física quanto moralmente, também era considerada um esplêndido método de prevenir a reincidência, visto que o criminoso ficava marcado como tal para o resto da vida, bastando às pessoas de bem lançar-lhe um olhar para estarem prevenidas acerca de seus atos ilícitos no passado.
Geralmente, os condenados a ser mutilados recebiam a pena em público, a fim de servir de exemplo q quem quer que, por desespero ou inclinação, estivesse tentado a desobedecer a lei.

Pinças e Tenazes
Pinças, tenazes e tesouras, usadas também frias, mas normalmente aquecidas ao rubro, adequadas para arrancar pedaços de carne do corpo das vítimas, constituíam utensílios básicos de qualquer verdugo. As tenazes destinavam-se geralmente – e de preferência em brasa – aos narizes, dedos das mão e dos pés e mamilos. As pinças, maiores, serviam para destroçar e queimar o pênis.
No decorrer da história da tortura, os órgãos genitais masculinos (ao contrário dos femininos) sempre gozaram de certa imunidade. Contudo, raramente, aconteciam casos de castração (arrancamento dos testículos) e de amputação do pênis. Estes castigos não se aplicavam, como seria de esperar, por violência contra a mulher, mas geralmente por conspiração ou tentativa de conspiração contra o príncipe ou governante local. A violação extra-conjugal, na Idade Média como hoje era raramente castigada; a violação conjugal sempre foi considerada exercício de direito por parte do marido, permanecendo sempre impune.

Ferros de Marcar a Quente
Usavam-se para marcar alguns condenados, normalmente no ombro, mas outras vezes na face ou na testa. O delito cometido era expressado na marca, através de um código de letras facilmente reconhecível.

Destroçador de Seios
Tratava-se de tenazes com quatro garras convergentes, capazes de transformar em massas disformes os seios de mulheres condenadas por heresias, blasfêmias, adultério, magia branca erótica, homossexualismo, aborto provocado, entre outros delitos. Para tal efeito, às vezes era utilizado apenas um gancho, aquecido ao rubro.

Instrumentos de Contenção
Tais instrumentos destinavam-se não propriamente a causar dor e sofrimento – embora esta fosse uma conseqüência secundária muitas vezes inevitável – mas a imobilizar os prisioneiros enquanto estavam a ser interrogados, ou simplesmente quando permaneciam em suas celas. É claro que a imobilidade constante e forçada podia consistir por si só em uma tortura bastante requintada.

A Cegonha ou A Filha do Varredor
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A cegonha consistia numa espécie de algema ou grilhão que quase unia os pés e as mãos do torturado, impedindo qualquer movimento. Ainda que pareça, à primeira vista, mais um meio de imobilização que de tortura, não mais terrível que milhares de outros artefatos semelhantes, a Cegonha provoca, depois de poucos minutos, fortes cãibras, primeiro nos músculos retais e abdominais, depois nos peitorais, cervicais e nas extremidades do corpo; cãibras que, com o passar das horas, transformam-se em uma contínua e atroz agonia, sobretudo no abdome e no reto. Em tal situação, a vítima pode ser maltratada, queimada, açoitada e mutilada, ao bel prazer de seus interrogadores.

A Mordaça de Ferro
Esta invenção era muito útil na medida em que abafava os gritos e gemidos dos torturados, para não importunas os debates de seus interrogadores entre si. Compunha-se de um aro de ferro, no interior do qual havia uma protuberância chamada “caixa”, a qual colocava-se na boca da vítima, fechando-se o aro metálico na nuca. Uma minúscula abertura permitia a entrada do ar; o que podia ser interrompido pela ação do verdugo. Uma simples pressão dedos poderia provocar a asfixia do condenado.
Freqüentemente os condenados ao tronco eram assim amordaçados; ou quando se tratava de autos-de-fé, para que seus gemidos não perturbassem a audição da música sacra que acompanhava esses autos. Este instrumento era usado desde a época romana, mas na Idade Média foi aperfeiçoado, com a colocação de farpas na caixa, de maneira não só de silenciar, mas também de ferir. Giordano Bruno, um dos intelectuais mais brilhantes de sua época, foi queimado na Praça do Campo dei Fiori, em Roma, e, 1600. Tinha colocado um açaime de ferro com cravos, um dos quais lhe perfurava a língua e outro, o céu da boca.
A mordaça era usada tanto durante os interrogatórios como durante as execuções, ou simplesmente para calar ou punir os prisioneiros recalcitrantes.

Pieti ou Cinturão de Santo Erasmo
Apesar do nome, este instrumento não era sempre um cinto, embora fosse esta a sua forma mais comum. Podia tomar tanto a forma de um cinto como a de uma túnica ou vestimenta, de malha de arame, com inúmeras pontas de ferro dirigidas para seu interior. Bastante apertado em volta da vítima, feria e destroçava a carne a cada pequeno movimento ou respiração. Depois, vinham a infecção, a putrefação e a gangrena. Por vezes, a fim de ampliar o sofrimento, eram colocados insetos ou vermes carnívoros nos ferimentos.
Segundo uma tradição do séc. XIV, este cinturão teria sido aplicado a uma jovem e bela senhora chamada Márcia Orsini, esposa de um rico nobre milanês, por um condontieri. O salteador havia raptado a dama, mas sendo contrário ao estupro, por princípios morais e escrúpulos religiosos, atou-a à cama e colocou-lhe o cinturão, deixando-a assim até que resolvesse entregar-se-lhe por vontade própria. Sabe-se que felizmente, o covil do bandido foi descoberto e assaltado pelos homens de armas do marido, e a dama foi posta em liberdade, ficando, finalmente, a salvo. Diga-se, porém, que não se sabe se o resgate foi anterior ou posterior à anuência da dama.

A “Forquilha do Herege”
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Era um colar de ferro cuja frente consistia em uma espécie de espeto duplo, com duas pontas que se encravavam no queixo e sobre o esterno da vítima, profundamente. A forquilha impedia qualquer movimento de cabeça, mas permitia que os condenados falassem em voz quase inaudível, durante as cerimônias de abjuração.
Cinturão de Castidade

A função deste instrumento foi sempre mistificada, não só pelo povo, mas também pelo círculos acadêmicos. A opinião tradicional é que o cinturão de castidade se usava para garantir a fidelidade das esposas durante as ausências do marido, e sobretudo – uma convicção que em nada se aproxima da verdade, não havendo evidências que suportem tal idéia – para as mulheres dos cruzados que partiam para a Terra Santa.

Na verdade, ainda que a função primordial do aparelho fosse esta, tal constrição limitava-se sempre a breves períodos de tempo, como algumas horas ou, no máximo, dois ou três dias; jamais o cinturão era utilizado por períodos dilatados. Uma mulher “impedida” desta forma corria risco de vida, pelas infecções originadas por acumulações tóxicas prejudiciais ao organismo, e isso para não falar nas queimaduras e lacerações provocadas pelo contato contínuo do ferro com a pele ou a possibilidade de uma gravidez em curso.

Contudo, havia uma segunda utilidade para o cinturão, esta bem pouco mencionada: constituía-se numa barreira contra a violação. Uma barreira eficiente em ocasiões “perigosas”, tais como o aquartelamento de soldados na cidade, ou a permanência em uma estalagem, durante a noite, em meio a uma viagem qualquer. Nestas ocasiões, eram as próprias mulheres as mentoras da idéia de colocar o referido cinto, segundo comprovam vários testemunhos.

Cinturão de Contenção
Aplicava-se este cinturão á cintura da vítima, cujos pulsos eram presos pelas braçadeiras laterais. A pessoa assim imobilizada, podia ser submetida a quaisquer outras torturas ou abandonada à morte por fome, frio, sede ou infecções.

Colar de Castigo com Um Peso
Muitas são as formas de acorrentar pessoas a pesos inumanos: argolas para o pescoço, pulsos e tornozelos; cinturões e colares variados. Há pouco mais a dizer. O prisioneiro deveria carregar estes pesos por meses, até anos; às vezes, a vida toda.
O colar com peso correspondia a uma argola de ferro passada em volta do pescoço, à qual prendia-se um peso variável de cerca de dez a vinte quilos. Além do tremendo esforço em carregar semelhante conjunto, as queimaduras provocadas pela fricção em torno do pescoço e dos ombros causavam gangrena e infecções que podiam ser fatais.

Armas Para Carcereiros
Estes instrumentos distinguiam-se das armas militares pela sua configuração, inadequada para a guerra contra os inimigos protegidos com couraças e armaduras, mas próprios para controlar grupos de prisioneiros desarmados.
O agarra-pescoços era um aro com uma abertura, na extremidade de um bastão de cerca de dois metros de comprimento. Seu interior era provido de pontas aguçadas. Um preso que, em meio a uma multidão, procurasse fugir a um oficial de justiça era facilmente capturado. Uma vez preso o pescoço na armadilha, não restava outra alternativa senão seguir o captor sem resistência, sob pena de ter o pescoço perfurado e esfolado pelas pontas.

Colar de Puas
Este colar, cujo interior era provido de picos afiados, colocava-se em torno do pescoço da vítima. Era freqüentemente usado coo meio de execução: pesando mais de cinco quilos, descarnava o pescoço, ombros e maxilares, provocando infecções febris e finalmente a corrosão dos ossos e das vértebras expostas, o que levava à morte em pouco tempo.
Tinha a grande vantagem de economizar tempo e dinheiro, pois, sendo um meio extático, não exigia qualquer esforço por parte do carrasco. Trabalhava por si só, dia e noite, não exigindo qualquer esforço de manutenção.

Cavalete
Este é o mais famoso dos instrumentos de contenção, e um item fundamental no arsenal de qualquer torturador. Seu uso era variado: tanto servia para imobilizar as vítimas durante a tortura ou mutilação como para expô-la em público como punição para crimes menores, insignificantes; como dormir na igreja, por exemplo.

A “Cadeira das Bruxas”
Este aparelho, com a forma de uma cadeira com o assento inclinado, era usada durante os interrogatórios, principalmente pelos inquisidores, o que justifica seu nome. Nele, a vítima era pendurada pelos tornozelos, podendo então ser submetida a outras espécies de tormentos mais dolorosos. A posição invertida, além de impossibilitar os movimentos, provocava desorientação, e, caso fosse muito prolongada, poderia fazer o prisioneiro perder os sentidos.

Instrumentos de Açoitamento
Esta é uma família toda especial dentre o arsenal dos instrumentos e tortura: a família dos açoites. É um grupo de instrumentos interessante e incrivelmente variado, a despeito da semelhança da forma.
Os açoites ou chicotes podem ir desde o gigante “Gato de Nove Caudas” e o knut dos boiardos russos, que podia destroçar de um só golpe um braço ou ombro, até os mais finos e pérfidos, como o chicote egípcio, cujas finas tiras de couro eram entrelaçadas de laminas de ferro (ou de metais preciosos como ouro e prata) afiados como navalhas e que faziam o sangue correr no primeiro golpe. Particularmente interessante e digno de ser citado é o “Nervo de Boi”, que com dois ou três golpes podia cortar a carne das nádegas até chegar à pélvis. Dentre as punições menores, a flagelação era muito apreciada pelo público.
O suplício era considerado sobretudo humilhante – e seus aplicadores faziam o possível para acentuar tal característica. Para a flagelação pública, o condenado, nu da cinta para cima, era amarrado às traseiras de uma carroça e assim arrastado pelas ruas até o pelourinho público, onde o executor aplicava-lhe as chicotadas ou varadas prescritas na sentença.
A flagelação poderia também dar-se no interior das prisões; como método de interrogatório, era utilizado sobretudo em crianças que ainda não haviam atingido a puberdade, por ser considerado relativamente leve, a não ser que os juízes requeressem expressamente o emprego dos meios usuais.

Chicotes de Correntes
Os chicotes de correntes mais pareciam armas de guerra que instrumentos de interrogatório judicial; no entanto, eram largamente usados. Eram todos mais ou menos similares e em grande variedade – com duas, três, até oito correntes – e providos de muitas “estrelas de ferro”, lâminas cortantes nas pontas. Algumas correntes eram intercaladas com lâminas.

A Cauda de Gato
A cauda de Gato era um chicote de cordas entrançadas que servia para esfolar a pele da vítima. As cordas eram embebidas numa solução de sal e enxofre, de maneira que, devido às características da fibra do cânhamo e dos efeitos do sal e do enxofre, para além das mais de cem lâminas de ferro afiadíssimas, cada uma delas colocada no final de cada corda, a carne ia sendo reduzida a uma polpa, até se encontrarem expostos os pulmões, os rins, o fígado e os intestinos.
Durante esse procedimento, a zona afetada ia sendo coberta com a mesma solução, em ebulição.

Fonte: Malleus Maleficarun I e II: O livro dos horrores (Kramen e James Sprencer).