10.3.12

Coréia: Quem dividiu?

INTRODUÇÃO

Nos dias 14 e 15 de junho, os líderes das duas Coréias realizaram um encontro histórico em Pyongyang, depois de 55 anos de isolamento. O encontro não teve como objetivo discutir a reunificação, mas questões específicas que interessem aos dois países e mesmo não produzindo mudanças imediatas, a cúpula por si só foi considerada de grande importância, na medida em que reabre o diálogo entre os governos coreanos do norte e do sul.




A HISTÓRIA DA CORÉIA

A história recente da Coréia foi marcada pelo domínio estrangeiro, primeiro e durante séculos da China e mais recentemente do Japão, num período de expansão neocolonialista, como parte de um processo que pretendia transformar o Japão na principal potência oriental.
O desenvolvimento capitalista do Japão iniciou-se com a "Revolução Meiji", a partir de 1868, que levaria o país à modernização industrial segundo o modelo ocidental, preservando aspectos da cultura nacional. Não só o modelo industrial foi adotado, mas também a política expansionista e imperialista: interveio em uma rebelião na Coréia em 1895, levando-o a uma guerra com a China. A vitória japonesa garantiu a independência da Coréia, que ficou sob influencia do Japão, sendo anexada em 1910.
A dominação da Coréia pelos japoneses foi caracterizada por grande violência, não apenas militar,mas cultural, quando o ensino da língua coreana nas escolas foi substituído pelo ensino do japonês, a sociedade e os costumes modificaram-se profundamente, a industria e a economia integraram-se por completo no sistema de produção japonês e verificou-se um acelerado processo de expansão.
A principal reação nacionalista ocorreu em 1° de março de 1919, com a manifestação de milhares de coreanos, que foram violentamente reprimidos pelo governo japonês, quando mais de 20.000 pessoas morreram e cerca de 50.000 foram presas. Em Xangai, formou-se um governo coreano no exílio.


A SEGUNDA GUERRA

Durante a Segunda Guerra Mundial os coreanos lutaram ao lado das tropas chinesas contra o Japão e isso fez com que os aliados aprovassem e apoiassem a Independência da Coréia, a partir de uma resolução firmada na Conferencia do Cairo em 1943. No período final da Guerra, as duas conferencias mais importantes, em Yalta e Potsdan definiram a divisão da Coréia pelo paralelo 38, em duas zonas de influência: Sob o norte influência soviética e sob o sul a norte-americana. Percebe-se também na Coréia o início da "Guerra Fria".
O final da década de 40 foi marcado pelo aumento da tensões internacionais com o Bloqueio de Berlim, a explosão da primeira bomba atômica soviética (1949) e com a Revolução Chinesa. Os EUA ocuparam o Japão e definiam o ritmo e as características de sua reorganização.


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A CORÉIA

Terminada a Segunda Guerra Mundial a Coréia foi ocupada por tropas estrangeiras, segundo o acordo de Potsdan: os soviéticos acima do paralelo 38 e os norte americanos abaixo. O pretexto era garantir a liberdade da Coréia, eliminando-se por completo a presença japonesa. No entanto essa divisão e a ocupação militar refletia o início da Guerra Fria, ou seja, o início da disputa imperialista entre as duas superpotências". Ao ocupar a região norte, os soviéticos pretendiam expandir seu modelo sócioeconômico e político, enquanto que os EUA pretendiam consolidar sua influência em regiões consideradas estratégicas no extremo oriente. Já era possível prever que a unificação não ocorreria, os interesses das potências separaria os coreanos.
Em 1947, formaram-se dois governos, sendo que apenas o do sul foi reconhecido pela O.N.U. No ano seguinte constituíram-se dois Estados autônomos: A República Popular Democrática da Coréia ( ao norte com o sistema comunista) e a República da Coréia ( ao sul, com o sistema capitalista). Em 1949, a maior parte das tropas estrangeiras retirou-se do país.


A GUERRA DA CORÉIA




O conflito iniciou-se em 25 de julho de 1950, quando tropas norte-coreanas ultrapassaram o paralelo 38o e dominaram a cidade de Seul. Dois dias depois os Estados Unidos enviaram suas tropas para defender a Coréia do Sul, sob o comando do General Douglas Mac Arthur, responsável por reconquistar os territórios dominados e invadiu o Norte, avançando até a fronteira com a China, com o objetivo de conquistar toda a Coréia do Norte. No entanto, em novembro a China entrou na guerra, apoiando os norte coreanos e foi considerada como agressora pela Nações Unidas; mesmo assim, continuou seu avanço em direção à Seul, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos intensificaram sua presença militar.
Em 1952, temendo um novo conflito mundial, os EUA adotam uma política defensiva, preocupada em preservar a Coréia do Sul sob sua influencia, aceitando a separação do norte; além disso, os gastos com a guerra e a elevada mortalidade foi determinante para a assinatura de um armistício em 27 de julho de 1953, suspendo o conflito, mas não as hostilidades. As Coréias estavam separadas.





Na Coréia do Norte, o governo comunista manteve a aliança com chineses e russos e tirou partido dos conflitos que envolveram esses dois países, aumentando sua autonomia política. No entanto, do ponto de vista econômico, aumentou a dependência junto à URSS, que tinha condições de abastecer o país com produtos industrializados e armamentos. O desenvolvimento de uma política militarista e armamentista, inclusive com um programa nuclear, promoveu a concentração de recursos, a diminuição da produção agrícola e determinou o empobrecimento da população. No entanto, no início da década de 70 o analfabetismo estava erradicado e o sistema de saúde estatal atendia a toda a população.
Fonte:http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=162