13.3.12

Diplomacia Americana Após os Atentados de 11 de Setembro




Por Antonio Gasparetto Junior

O ano de 2001 não só iniciou o terceiro milênio, mas também uma nova fase na história da humanidade. No mês de setembro daquele ano, assistimos ao vivo um dos maiores ataques terroristas de toda a história da humanidade. Logo pela manhã, dois aviões colidiram contra um dos maiores símbolos do poderio econômico dos Estados Unidos, o World Trade Center, ou, simplesmente, as chamadas Torres Gêmeas. Simultaneamente, um terceiro avião foi lançado sobre o Pentágono. Na ocasião, o mundo se comoveu com as primeiras imagens logo após o choque do primeiro avião contra um dos prédios mais altos do mundo. Enquanto redes de televisão do mundo inteiro cobriam a tragédia, um segundo avião surgiu no ar e destruiu-se contra o segundo prédio. Tudo ao vivo.


O século XX causou grandes alterações na percepção e recepção dos civis comuns sobre guerras e atentados. O avanço tecnológico permitiu a transmissão de imagens de conflitos e atentados com uma cobertura em tempo real ou com imagens rápidas dos eventos. Porém o auge dessa velocidade de transmissão ocorreu com o ataque terrorista do dia 11 de setembro de 2001. Há oito meses, naquele ano, havia começado o governo do presidente George W. Bush, o qual praticava o confronto direto com o que chamava de Eixo do Mal, ou seja, países tradicionalmente ligados ao terrorismo. O evento do mês de setembro serviu para ampliar e legitimar a postura de seu governo nas relações internacionais

A diplomacia americana após os atentados de 11 de setembro de 2001 se esforçou em reafirmar internacionalmente o poderio de Washington. A guerra promovida contra o terrorismo servia para resgatar a confiança da população estadunidense, impressionada e receosa com a vulnerabilidade de seu país. Mais do que nunca, os Estados Unidos procuraram demonstrar que detinham a posição de liderança mundial e tentaram demonstrar isso a todo instante. O governo Bush investiu pesadamente na reafirmação do poder e da hegemonia americana.

Nos meses seguintes, travou-se um intenso conflito com o Afeganistão, país identificado como residência do grupo de terroristas que havia assumido a ação do atentado. E a busca pelo terrorista mais procurado do mundo, Osama Bin Laden, extremou-se. Da mesma forma como ocorreram os ataques terroristas, os Estados Unidos fizeram questão de transmitir ao vivo as imagens dos ataques na caçada pelos inimigos. Uma estratégia para demonstrar e reafirmar o poder dos Estados Unidos. Vários países do mundo declararam o apoio aos estadunidenses, porém Alemanha e França, importantes representantes da União Europeia, foram desfavoráveis ao que estava acontecendo.

A investida dos Estados Unidos no Afeganistão, contudo, resultou em frustração, pois Osama Bin Laden não foi encontrado. Na política externa pós atentado de 11 de setembro, os estadunidenses tornaram-se mais agressivos um novo conflito foi iniciado com Iraque, mesmo sem razões muito consolidadas ou justificativas realmente válidas. De toda forma, a invasão e a nova guerra com o país do Oriente Médio, outra já havia ocorrido no governo presidencial do pai de George W. Bush, resultaram em uma grande conquista para a confiança estadunidense, a captura e morte de Saddam Hussein. A morte do líder iraquiano preencheu a lacuna de frustação na caça por Osama Bin Laden.

O governo americano se tornou incisivo após o ataque terrorista e a morte de Saddam Hussein garantiu a reeleição de George W. Bush e a continuidade de sua guerra contra o terror. Muito embora o mundo fosse contra o terrorismo, a comunidade internacional declarava-se contrária às práticas abusivas do governo americano. O tratamento que os soldados estadunidenses davam a prisioneiros de guerra e a civis gerou um problema diplomático depois de serem divulgados vídeos e fotografias de abuso. O governo Bush encerrou-se em descrédito no cenário mundial, porém respeitado internamente por agir severamente contra o Eixo do Mal. Uma nova esperança se apontou com a vitória do candidato à presidência Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, o qual representava uma conquista para o mundo. A política externa estadunidense se amenizou e, gradativamente, tropas foram sendo retiradas do Oriente Médio. Quando, repentinamente, surgiu a notícia de que Osama Bin Laden havia sido encontrado e morto por soldados dos Estados Unidos. Foram 10 anos de busca pelo maior símbolo do ataque do dia 11 de setembro de 2001. Os resultados dessa vitória ainda estão sendo processados, mas, a julgar pelo ocorrido com a morte de Saddam Hussein, o prestígio de Barack Obama e o voto de confiança em seu governo, sem dúvida, ganharam um importante diferencial.

Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20702003000200002&script=sci_arttext