13.3.12

Judo

Esporte especializado e olímpico, o Judô é uma arte marcial, onde busca-se o aperfeiçoamento mental, emocional e físico de seus praticantes.

Pode ser praticado a partir dos 4 anos de idade, onde a metodologia aplicada, visa a:

GI 義 - Justiça e Moralidade, Atitude direta, razão correta, decidir sem hesitar;
YUU 勇 - Coragem, Bravura heróica.
JIN 仁 - Compaixão, Benevolência.
REI 礼 - Polidez e Cortesia, Amabilidade.
MAKOTO 誠 - Sinceridade, Veracidade total.
MEIYO 誉- Honra, Glória.
CHUU 忠 - Dever e Lealdade.





Além de ser uma arte praticada para competições, é voltada também para a defesa pessoal.

Judô, ou “caminho suave”, é o esporte idealizado pelo mestre Jigoro Kano, em 1882, sendo um tradicional método de educação física e moral através da luta.

Como modalidade competitiva, é disputado em uma área quadrada de tatames, com as dimensões de 8X8m, com os atletas distribuídos em sete categorias, de acordo com o peso.Atualmente, um dos competidores usa kimono azul e o outro, branco, facilitando a identificação pelo público, durante os combates.Osistema de pontuação leva em consideração os seguintes aspectos: posição que o atleta projetado toca o solo, tempo de imobilização e aplicação eficaz do forçamento da articulação do cotovelo ou do estrangulamento. As lutas são realizadas nos tempos de três, quatro e cinco minutos, conforme a idade dos atletas, podendo a vitória ocorrer por pontos, por desclassificação, por ausência ou por Ippon (técnica perfeita).


HISTÓRIA DO JUDÔ

ORIGEM DO JUDÔO Judô teve sua origem no Jiu-Jitsu, luta criada por monges budistas, com o fim de defesa pessoal, já que estes necessitavam se proteger dos salteadores, durante as jornadas de difusão da religião para além das fronteiras da Índia. O Jiu-Jitsu era formado de várias modalidades:

Projeções, atemi ou golpes traumáticos, imobilizações, torções e pressões. As diversas modalidades do Jiu-Jitsu eram praticadas de acordo com a preferência ou com a maior habilidade dos monges, possível razão da separação ou da diversificação das práticas das lutas orientais. Dentre os monges indianos difusores do budismo, o mais famoso foi Bodhidharma (520 d.C), fundador do Budismo Zen, que partiu em uma longa jornada em busca da iluminação espiritual, viajando pela Índia e pela China, pernoitando em templos que encontrava pelo caminho, pregando sua doutrina. No templo Shaolin, localizado na província de Honan, deparou-se com a precária condição de saúde dos monges chineses e iniciou-os na prática de exercícios físicos e na filosofia Zen. Ele usava exercícios de respiração profunda e de ioga, com movimentos que se assemelhavama técnicas de combate. Tal prática tornou-se uma tradição no templo, evoluindo, no futuro, para um completo sistema de autodefesa: o Shaolin Kung Fu, que, no Japão, é conhecido como Shorinji Kenpo.

Esta arte marcial mostrava sua eficiência, tanto no restabelecimento da saúde dos monges, como na defesa pessoal contra salteadores que quisessem saquear o templo. A história dos monges lutadores se espalhou pela China, difundindo o Shaolin Kung Fu por todo país e, posteriormente, pelos países da Ásia, originando diversos estilos de artes marciais.Uma dessas histórias descreve que, por volta de 1650, um monge chinês, Chin Gen Pin, teria idealizado terríveis golpes, denominados "tes", com o objetivo de matar ou ferir gravemente um ou mais adversários. Alguns anos depois, quando o monge vivia no Japão, conheceu e fez amizade com três samurais inferiores. O chinês ensinou-lhes todos os "tes" que sabia. Maravilhados com os resultados que poderiam ser alcançados, os três japoneses submeteram-se a um longo treinamento e dedicaram-se a aperfeiçoar a terrível arte do monge chinês. Algum tempo depois, os três japoneses resolveram separar-se e partiram pelo Japão afora, profissionalmente, divulgando os seus fabulosos golpes. Conta-se que conseguiram transmitir a "arte do monge chinês" a muitos discípulos, lançando as bases do Jiu-Jitsu, no Japão.

Em 1863, nasceu Jigoro Kano, pequeno e fraco por natureza, e que passou praticar o Jiu-Jitsu com o propósito de superar sua fraqueza física. Ele aprendeu atemi-waza (técnicas de percussão), katame-waza (técnicas de domínio), do estilo Jiu-Jitsu Tenjin-shin-yo Ryu, e nague-waza (técnicas de progeção), do estilo de Jiu-Jitsu Kito Ryu. Graduado em filosofia pela Universidade Imperial de Tóquio, Kano observou que as técnicas do Jiu-Jitsu poderiam servir para a educação e preparação dos jovens, oferecendo ao indivíduo uma oportunidade de aprimoramento do seu autodomínio para superar a própria limitação. Baseado nas técnicas que dominava, ele criou um novo método que tinha por objetivo construir a perfeição de uma pessoa e beneficiar o mundo. Aprofundou seus conhecimentos, tomando como base a força e a racionalidade, criando novas técnicas para o treinamento de esportes competitivos, que, nesta época, eram sempre ligadas ao cultivo do caráter.Adicionou novos aspectos aos seus conhecimentos do Jiu-Jitsu tradicional, transformando, com energia, perseverança e inteligência, a "arte dos samurais" em um perfeito método de educação física e moral para todo o povo japonês, evitando, em seus ensinamentos, ações que pudessem ser lesivas ou prejudiciais quando o Judô fosse praticado por leigos. De espírito crítico, de sólida formação pedagógica como professor, Jigoro Kano notou que a matéria era, até então, ensinada sem nenhuma orientação didática, unicamente seguindo pontos de vista particulares de seus mestres, sem obediência a princípios cientificantente estabelecidos. Habilidade e empirismo eram dominantes. Assim sendo, quando havia discrepância em situações idênticas, havia dificuldade para discernir a ação correta da incorreta. Lançou-se, então, à tarefa de encontrar por si mesmo a verdade.

Após sérios estudos e investigações, formulou o princípio básico de seu método, que denominou princípio da eficácia máxima, assim por ele mesmo expresso: “qualquer que seja o objetivo, será melhor atingido pelo mais alto ou mais eficiente uso da energia física e espiritual, dirigida para a realização de um certo e definido fim ou propósito”. Assim, ele incorporou, ao seu método, a análise de princípios de antropomecânica, reestudando, então, todos os sistemas de ataque e defesa conhecidos e os ao seu alcance, aferindo os méritos de cada um de acordo com rigoroso critério científico. Procedeu a uma obra de seleção e expurgo dos elementos meramente empíricos, ou descabidos, mantendo os que resistiam à análise e aperfeiçoando outros. Inseriu novos recursos de acordo com leis da ciência aplicada, classificou os diferentes exercícios de modo racional e modificou o método de ensino à luz de processos pedagógicos. Transformou, assim, o que era mero sistema empírico-prático em um método científico de cultura física e moral, baseado na luta corporal, mas que as ações são justificadas, bem definidas, bem expostas e acenáveis para todas as pessoas normais.

Ao novo método, deu o nome de Judô, para distingui-lo do Jiu-Jitsu ensinado por remanescentes da época feudal. São de Kano, estas palavras: “adotei o termo Judô em substituição ao termo Jiu-Jitsu, porque o seu método não é apenas uma arte (Jitsu), mas uma doutrina (Do). A arte é cultivada, mas o meu Judô é uma doutrina, um caminho. O meu Judô é uma doutrina baseada na utilização racional da energia humana, usando a eficácia máxima e a integração, emtodos os sentidos, do homem da sociedade”. Em 1882, abriu seu primeiro Dojô (sala para estudo do Judô) com 12 tatames e 9 alunos, dando o nome de Kodokan à sua escola, nome que significa “escola para o estudo da vida”. Desta maneira, Jigoro Kano transformou a arte marcial do antigo Jiu-Jitsu no "caminho da suavidade" em que, através do treinamento dos métodos de ataque e defesa, o indivíduo pode incorporar qualidades mais favoráveis à sua vida, sob três aspectos: condicionamento físico (a prática do esporte exige esforço físico), espírito de luta (o indivíduo se condiciona a se proteger, defendendo-se quando ameaçado) e atitude moral autêntica (o rigor do treinamento induz à humildade social, à perseverança, à tolerância e à cooperação, dentre outras qualidades).

O JUDÔ NO MUNDO


Após a derrota do Japão, na 2ª Guerra Mundial, os aliados proibiram a prática das atividades de luta. Contudo, em 1946, o Judô passou a ser ensinado aos militares ocidentais em serviço no Japão, sendo as aulas ministradas pelos professores do Instituto Kodokan, dentro da linha de pensamento do professor Jigoro Kano. Esses militares serviram de multiplicadores do Judô pelo mundo. A aceitação do Judô foi tanta, pelos países ocidentais, que a primeira instituição internacional organizada foi a União Européia de Judô, fundada em 1948.Em 1951, foi fundada a Federação Internacional de Judô, tendo como primeiro presidente Rissei Kano, filho de Jigoro Kano. Em 1956, foi realizado o primeiro Campeonato Mundial de Judô, na cidade de Tóquio, com a participação de 18 países. Em 1961, o holandês Anton Geesink quebrou a supremacia nipônica no contexto mundial ao se tornar campeão mundial. Em 1964, o Judô foi incluído como modalidade de demonstração na Olimpíada deTóquio.OJudô foi aceito como modalidade olímpica em 1972. Em 1980, na cidade de Nova Iorque, ocorreu o 1º Campeonato Mundial Feminino. Em 1988, o Judô feminino é incluído nas Olimpíadas de Seul como modalidade de demonstração e, em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, o Judô feminino passou a ser uma modalidade olímpica.



O JUDÔ NO BRASIL



Os primeiros relatos de Judô datam de 1915, na cidade de Porto Alegre, com a exibição do professor Maeda, conhecido como Conde Koma, apelido que lhe foi dado devido à sua elegância e semblante sempre triste. Koma realizou, no Brasil, diversas apresentações da arte japonesa, mostrando técnicas de torções, defesas de agarrões, chaves de articulação, demonstrações com armas japonesas e desafios ao público, tendo realizado mais de mil confrontos em sua carreira, sem ser derrotado. Alguns relatos contam que o professor Maeda ministrou aulas na Academia Militar, sendo tal fato um dos motivos para futura incorporação da prática do Judô nos treinamentos militares. Até a década de 1930, os termos Judô e Jiu-Jitsu eram empregados indistintamente, denominando o mesmo sistema de técnicas, sendo que, na prática, essas lutas eram realizadas com finalidades distintas, a primeira por cultura e tradição social e a segunda, com fins comerciais, sobretudo na cidade de Manaus, onde os “barões da borracha” apostavam enormes somas de dinheiro.



No Brasil, a primeira instituição organizada de Judô foi a Associação Budokan, que, a partir de 1948, passou a realizar torneios anuais com a presença de atletas de suas filiadas. Em 1961, na França, o Brasil estreou sua participação em campeonatos mundiais, com o atleta Lhofei Shiozawa. Em 1965, o Brasil organizou o seu 1º Campeonato Mundial, na cidade do Rio de Janeiro.Em 18 de março de 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo homologada em 1972, competindo a esta dirigir, orientar e fiscalizar a prática do Judô em todo oterritório nacional, bem como desenvolver o sentimento de brasilidade, além da educação moral e cívica entre os que militam no desporto.Ainda em 1972, nos Jogos Olímpicos de Munique, o Brasil conquistou medalha de bronze, na categoria meio pesado, com Chiaki Ishi, sendo esta a 1ª medalha olímpica do Judô brasileiro. Em 1980, ocorreu, no Rio de Janeiro, a 1ª Competição Nacional Feminina. Em 1988, nas Olimpíadas de Seul, Aurélio Miguel, na categoria meio pesado, ganhou a 1ª medalha de ouro do Judô brasileiro.Em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney, Tiago Camilo, na categoria leve, tornou-se o judoca mais novo a ganhar uma medalha olímpica. Em Atenas, 2004, Leandro Guilheiro, categoria leve, e Flávio Canto, categoria meio-médio, conquistaram o bronze. Atualmente, o Judô é praticado em academias, clubes e escolas, sendo muito respeitado como esporte disciplinador e competitivo, com milhares de atletas inscritos nas federações e ligas estaduais e nacionais.

Diretor Técnico do Centro de Treinamento de Judô: Sensei Alexandre R Alves - Fx Preta 3º Dan