15.3.12

A vida do 'maluco beleza' Raul Seixas é tema de documentário

'O Início, o Fim e o Meio' traz revelações sobre o músico, que teve em Paulo Coelho seu principal parceiro e vende 300 mil discos por ano 23 anos depois de sua morte
Leo Pinheiro

Vinte e três anos depois de sua morte, Raul Seixas (1945-1989) continua na lista dos artistas mais populares da MPB. Músicas como Gita, Metamorfose Ambulante, Sociedade Alternativa eMaluco Beleza fazem parte do repertório de gente que sequer havia nascido quando ele morreu, e tornam Raul o campeão de vendas póstumas no Brasil: são 300 mil discos por ano. Foi essa a primeira dificuldade enfrentada pelo diretor Walter Carvalho para fazer o documentário Raul, O Início, o Fim, o Meio’, que estreia no dia 23 de março.

Para tentar surpreender fãs que conhecem a biografia do ídolo em detalhes, Carvalho evitou usar imagens conhecidas de Raul. Em duas horas extraídas de 400 horas de imagens de arquivo e de 94 entrevistas, o diretor procurou mostrar apenas material inédito, uma peneira que também exigiu investigação minuciosa. “Tive que quebrar a cabeça”, diz Carvalho.

Dos 50 entrevistados que entraram na edição final do filme, o destaque é o escritor Paulo Coelho, que foi o principal parceiro de Raul. “No momento em que o produtor Denis Feijão começou a batalhar a solicitação de entrevista com o Paulo Coelho nós começamos a administrar o problema que era trabalhar essa entrevista com um cara que vendeu 500 milhões de livros no mundo e tem compromissos no mundo inteiro”, lembra Walter Carvalho.

A entrevista, cheia de regras e com previsão de duração de 45 minutos, acabou durando mais de duas horas e rendendo algumas das sequências mais descontraídas do filme. Entre risos, Paulo Coelho conta que a seita ‘Sociedade Alternativa’, da qual ele e Raul fizeram parte há quatro décadas e deu nome à canção homônima da dupla, era formada por apenas quatro pessoas: os dois e as respectivas mulheres.

Em seu depoimento, Paulo Coelho não se restringiu ao folclore que cerca o “maluco beleza”. Ao falar do envolvimento de Raul com as drogas, conta que foi ele quem ofereceu o primeiro cigarro de maconha ao amigo. “Não me sinto culpado. Ele já era casado, adulto, tinha filhos. Eu já tinha 25 anos e ele 27, e uma pessoa dessa idade já sabe o que quer da vida”, diz Coelho. “Sinceramente não lembro se fui eu que apresentei a ele a droga do mal, a cocaína”, disse o escritor.

Outras entrevistas de destaque são com o seu irmão Plínio; sua mãe; Waldir Serrão, fundador do Elvis Rock Clube do qual Raul fez parte; Caetano Veloso; Nelson Mota; Zé Ramalho; o produtor musical Mazzola, amigo de Raul; Pedro Bial, que arrisca cantar frente à lente de Walter Carvalho; suas cinco ex-esposas, três filhas e o neto Dakota, que não chegou a conhecer o avô.
‘Raul, O Início, o Fim e o Meio’, chega aos principais cinemas do país na sexta-feira da semana que vem, dia 23, distribuído pela Paramount Pictures e produzido pela A.F. Cinema e Video. O filme de 120 minutos tem imagens raras do artista colhidas nos arquivas da TV Cultura, TV Globo, TVE de Salvador e de arquivo pessoal de família, amigos e fãs.
Fonte: http://veja.abril.com.br