Rumores de que a Alemanha construía a bomba atômica preocupavam os EUA. Em 9 de outubro de 1941, o assessor científico do presidente Roosevelt sugeriu que se incentivasse a criação da bomba nuclear: o Projeto Manhattan.
Cientistas e operários preparam o teste da primeira bomba atômica em julho de 1945
No final de 1938, o químico Otto Hahn fez uma descoberta curiosa em Berlim: em amostras de urânio que ele tinha bombardeado com nêutrons, surgiram impurezas químicas com bário.
Ele pediu ajuda a uma colega de longa data, Lise Meitner, que havia deixado a Alemanha nazista poucos meses antes. Ela resolveu o quebra-cabeças: os núcleos de urânio foram divididos em duas partes iguais – em núcleos de bário. De acordo com a fórmula E=mc², tal processo tinha de liberar enorme quantidade de energia.
Quando esse resultado de pesquisa foi divulgado, todos os físicos entenderam imediatamente: a chamada fissão nuclear era a chave para uma produção infinda de energia, mas também para uma arma terrível – a bomba atômica.
Na Alemanha, um dos primeiros a reconhecer o potencial existente na fissão nuclear foi o físico Werner Heisenberg. E ele recebeu de Goebbels o sinal verde para iniciar maiores pesquisas.
Advertência de Einstein
Em outras partes do mundo, os políticos não perceberam o perigo que poderia surgir de tal arma, principalmente nas mãos dos nazistas. Houve uma famosa carta de advertência de Einstein ao presidente norte-americano Roosevelt. A carta não suscitou maior interesse, apesar da reação cortês.
No verão europeu de 1941, correu nos EUA o boato de que os alemães estariam fazendo pesquisas intensas para a produção de uma bomba de urânio. Muitos cientistas consideravam o assunto mera ficção, mas o assessor científico do presidente, Vannevar Bush, deu sinal de alarme.
Ele classificou o planejamento e a construção de uma bomba de urânio, apesar de todas as incertezas e de todo o ceticismo, como relevante para a guerra. E recomendou ao presidente, no dia 9 de outubro de 1941, levar o projeto adiante com todos os recursos possíveis.
Os custos foram avaliados em 133 milhões de dólares. O plano recebeu o codinome de Projeto Manhattan, pois importantes trabalhos preliminares haviam sido feitos na nova-iorquina Universidade de Columbia, na ilha de Manhattan.
O projeto só foi levado adiante com grande elã depois do bombardeio de Pearl Harbour e da consequente entrada dos Estados Unidos na guerra. A chefia do projeto foi entregue então ao general Leslie Groves, um homem capaz de impor-se, um verdadeiro gênio na organização de grandes projetos.
Ele resumiu da seguinte maneira os objetivos do Projeto Manhattan: "Construir uma bomba atômica o mais rápido possível e terminar assim com a guerra". Ele foi o primeiro a compreender que o trabalho dos cientistas era naturalmente decisivo para o projeto, mas que o projeto em seu todo não poderia ser puramente científico: ele exigia um enorme empreendimento industrial.
Projeto altamente secreto
O projeto era, de fato, muito amplo: no final, existiam diversas instalações para a obtenção de urânio e plutônio. As mais importantes estavam localizadas em Hanford (no Estado de Washington), em Oak Ridge (Tennessee) e em Los Alamos (Novo México). Ao lado de várias centenas de cientistas, mais de meio milhão de pessoas trabalharam de uma ou outra maneira para o projeto, no decorrer dos anos. No auge dos trabalhos, no verão setentrional de 1944, um total de 160 mil pessoas ocupava-se do empreendimento.
A manutenção do segredo foi perfeita. Ninguém fez uma ligação direta entre as instalações de produção, distantes umas das outras. E até o final da guerra ninguém no Congresso ficou sabendo da existência do projeto.
Através de uma camuflagem bem feita em diversos itens do orçamento público, conseguiu-se obter verbas cada vez maiores, que eram necessárias para a continuação do projeto. Já no final de 1942, haviam sido gastos quase 500 milhões de dólares. Originalmente, os custos haviam sido calculados em um terço disto. Até o final da guerra, os custos totais chegaram a dois bilhões de dólares.
Estas enormes verbas tiveram, na opinião de alguns historiadores, uma consequência própria: a liderança política dos EUA não podia mais interromper o projeto. Ele tinha de ser levado até o final, com a obtenção de êxito. E o êxito significava, neste caso, o emprego da bomba.
Existem especulações verossímeis, segundo as quais os norte-americanos teriam até mesmo protelado a capitulação dos japoneses com o intuito de utilizar a bomba. Sendo verdade, o Projeto Manhattan teria então prolongado a guerra, ao invés de encurtá-la.
Data 09.10.2013
Autoria Carsten Heinisch
Fonte: DW