Plano Cohen: Pretexto para a ditadura
Plano escrito por militar integralista, justificou o Estado Novo
No dia 30 de setembro de 1937, os jornais do Rio de Janeiro traziam a notícia de um suposto plano elaborado pelo Komintern, a internacional comunista, com sede em Moscou, para um golpe de estado no Brasil a cargo de esquerdistas. No mesmo dia, atendendo a pedidos dos ministros militares, o titular da pasta da Justiça, José Carlos de Macedo Soares, escreveu e enviou ao Congresso uma "exposição de motivos" pedindo a decretação de Estado de Guerra. Nenhuma cópia do plano chegou aos parlamentares. Mesmo assim, Câmara e Senado aprovaram o Estado de Guerra no dia seguinte.
Poucas semanas antes, o ministro da Justiça havia afirmado que o país estava "em completa calma". De fato, os comunistas haviam tentado chegar ao poder em 1935 - e foram vencidos por militares governistas. Seus líderes, entre eles Luís Carlos Prestes, estavam presos. Foi nesse ambiente que Plínio Salgado, o presidente do avatar nazista brasileiro, a Ação Integralista, encomendou um documento ao capitão Olímpio Mourão Filho (o mesmo que, em 1964, participou ativamente do golpe militar). O objetivo era saber como seria uma ação dos comunistas para a tomada do poder - e como os integralistas reagiriam. O capitão tascou certo Bela Kum como autor. Depois mudou o sobrenome para Cohen. Numa conversa informal com seu vizinho, o general Álvaro Mariante, Mourão Filho comentou sobre o documento - e recebeu o conselho de entregá-lo ao chefe do Estado Maior do Exército, o general Góes Monteiro, morador do mesmo edifício (o general receberia o texto das mãos de Mariante).
Ao saber que se preparava um golpe com base em seu plano falso, Mourão Filho procurou Góes Monteiro. "Vossa excelência jamais conseguirá explicar a origem do documento", disse. "Você é oficial do Estado Maior, tomou conhecimento desse documento aqui. Cale a boca e retire-se", respondeu Góes Monteiro. Mourão Filho calou a boca e Getúlio Vargas e Góes Monteiro encontraram o pretexto para o Estado Novo. "A História do Brasil não registrou, felizmente, outro embuste, farsa, mentira, impostura, fraude, falsidade, felonia, traição, deslealdade, que se equipare em suas intenções pérfidas, de efeitos políticos calculados, além do Plano Cohen", escreveu Hélio Silva em A Ameaça Vermelha: O Plano Cohen.
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/plano-cohen-pretexto-ditadura-755623.shtml