Introdução
Manifestações artísticas do Irã. Embora a arte e a cultura do ocidente desse país sejam tradicionalmente conhecidas como persas, já faz muito tempo que o país é denominado Irã e os seus habitantes são chamados de iranianos, não mais persas. No entanto, recorreremos ao termo mais difundido e mais popular para nos referirmos ao período anterior à chegada do Islã, que remonta ao século VII d.C., ou seja, à época do antigo Império persa, bem como a sua pré-história.
Capital do Irã desde 1788, Teerã foi modernizada durante a dinastia Pahlavi, que governou o país entre 1925 e 1979
Período Antigo Os principais trabalhos artísticos da pré-história foram as peças de cerâmica e as pequenas figuras de argila, apesar do predomínio da arquitetura e da escultura ao longo dos dois impérios persas: o aquemênida e o sassânida (séculos VI a.C. - VII d.C.). Depois da conquista árabe e da introdução do Islã no século VII d.C., a escultura perdeu lugar para a arquitetura, que conheceu a partir de então um período de grande esplendor. A pintura chegou a ter alguma importância entre os séculos XIII e XVII. No século XX, essas antigas formas artísticas foram recuperadas, combinando os modelos tradicionais com a tecnologia ocidental e os novos materiais. Entre os primeiros exemplos da arquitetura persa, destacam-se pequenas casas feitas à base de argamassa e tijolos de barro cru e secos ao sol, descobertas em várias obras neolíticas do ocidente do Irã. As escavações realizadas em Tal-i Bakun, próximo a Persépolis, e em Tal-i Iblis e Tepe Yahya, próximo a Kerman, mostram como as construções eram feitas em torno de 4000 a.C., agrupadas em povoados ou pequenas cidades. O primeiro momento de grande desenvolvimento da arquitetura persa tem lugar com a dinastia dos Aquemênidas (550 a 331 a.C.). Os indícios são numerosos, sendo os mais antigos as ruínas de Pasárgada, a capital do reinado de Ciro II, o Grande. Dario I, o Grande construiu uma nova capital em Persépolis, cidade que mais tarde seria ampliada por Xerxes I e Artaxerxes I (465-425 a.C.). Após a conquista da Pérsia por Alexandre Magno em 331 a.C. e a chegada ao poder da dinastia selêucida, a arquitetura persa imitou o estilo característico do mundo grego. Com a dinastia sassânida, que governou a Pérsia de 226 d.C. até a conquista do Islã em 641, teve lugar um importante renascimento arquitetônico. Entre os principais vestígios conservados, estão as ruínas dos palácios cupulados de Firuzabad, Girra e Sarvestan e as amplas salas abobadadas de Ctesifonte. No primeiro grande período da arte persa, durante o reinado dos Aquemênidas, a escultura ganhou uma característica monumental. Perto de 515 a.C., Dario I, o Grande mandou esculpir um grande painel em baixo-relevo e uma inscrição gravada na rocha das encostas de Behistun. O segundo grande período da arte persa começa com o advento da dinastia sassânida em 226 a.C. Desse período, sobreviveu apenas um único exemplo de escultura livre ou de forma redonda, que é a colossal figura de um rei fantasma próxima de Bishapur. Os primeiros exemplos das artes decorativas persas remontam ao final do VII milênio a.C. e consistem em desenhos de animais e figuras femininas modeladas em argila. Iniciado em fins do segundo milênio e com um desenvolvimento cronológico que alcança até meados do primeiro milênio, teve lugar em toda a região montanhosa ao sul do Cáspio e em Luristão um importante florescimento dos trabalhos em bronze fundido. Foram feitas grandes quantidades de arneses, arreios e rédeas para os cavalos, além de machados e objetos votivos, refletindo, todos eles, um complexo estilo criado com base na combinação de partes de animais com criaturas fantásticas de variadas e estranhas formas. Durante o período aquemênida, as artes decorativas passaram a ser empregadas nos artigos de luxo, como ornamentos e vasilhas de ouro e prata, jarros de pedra e jóias trabalhadas. A produção de tecidos foi uma importante indústria do período sassânida. Os desenhos incluíam sobretudo motivos animais, vegetais e de caça dispostos de forma simétrica, situados dentro de medalhões. Período Islâmico Depois da conquista da Pérsia pelos árabes no ano 641, o Irã passou a fazer parte do mundo islâmico. Seus artistas tiveram que se adaptar à cultura islâmica, a qual, por sua vez, foi influenciada pela tradição iraniana. A arquitetura continuou sendo a principal forma artística. Devido à tradição islâmica, que condenava como idólatra a representação tridimensional de seres vivos e outros tipos de objetos, a escultura entrou em decadência. A pintura, por outro lado, não foi afetada por essa proibição de representar a figura humana, conhecendo a partir de então um período de grande efervescência. A mesquita foi a principal tipologia arquitetônica do Irã. Entre os exemplos mais importantes da primeira fase da arquitetura islâmica do Irã, estão a mesquita de Bagdá (764), a grande mesquita de Samarra (847) e a primeira mesquita de Na’in (século X). Com a expansão do império mongol, boa parte da arquitetura islâmica se concentrou no Irã, mas, depois da conquista de Bagdá pelos mongóis em 1258, renovou-se um tipo de construção mais apegada às tradições iranianas e foram erguidos vários dos melhores edifícios de toda a história da arquitetura no Irã, como a grande mesquita de Veramin (1322), a mesquita do Imã Reza em Meshad-i-Murghab (1418) e a mesquita azul de Tabriz. Outras obras importantes são o mausoléu do conquistador mongol Tamerlão e sua família em Samarcanda. A pintura de afrescos e os manuscritos com miniatura fizeram parte da tradição artística da Pérsia desde o período sassânida, embora restem apenas alguns fragmentos desses primeiros exemplos. Foram feitas cópias do Alcorão em letra cúfica, forma de escritura dos primeiros árabes, nos pergaminhos e rolos de al-Barah e al-Kufah, em fins do século VII. O retrato como gênero pictórico chegou a ser muito importante ao longo de todo o século XVI. Um dos principais retratistas foi Ali Reza Abbasi, que delineou suas figuras com sobriedade, mas com expressivos toques de pincel. As técnicas de produção de tecidos, metaloplastia e cerâmica desenvolvidas durante o período sassânida foram utilizadas ao longo de toda a história do Irã. A elaboração de tapetes, na qual o Irã sempre teve um papel de destaque, continua sendo uma importante atividade artística até o presente.
Fonte: Historia do Mundo.