Um dos grandes desafios da FEB na Segunda Guerra foi adaptar-se ao modo norte-americano de guerrear. Até então, o Exército brasileiro seguia procedimentos da escola francesa. Porém, operando com equipamento norte-americano e integrado ao V Exército dos EUA, que ocupava o front da Itália, não restava alternativa aos brasileiros. A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE) reproduzia fielmente o modelo de divisão norte-americano. A 1ª DIE contava com 14 254 homens (734 oficiais e 13 520 pracinhas). Ela operava com 66 obuses e 144 morteiros, 500 metralhadoras, 11 831 fuzis, 1 156 pistolas cal. 45, 2 287 armas anticarro (13 canhões, 585 bazucas e 1 632 lança-granadas). Além disso, tinha 1 410 viaturas motorizadas, dentre as quais 13 carros de reconhecimento M8 e cinco M3 de transporte meia-lagarta. Com esse poder de fogo, a divisão podia atacar numa frente de até 6 quilômetros. M-8 Greyhound O que era - Este veículo de fabricação norte-americana foi originalmente concebido como um antitanque. Mas, quando foi aprovado, em 1942, já estava claro que o calibre de seu canhão não penetrava mais na blindagem dos novos carros germânicos. Assim, ele foi repensado para atuar como veículo de reconhecimento, graças a seu sistema de tração 6x6, bom para o off-road, e sua alta velocidade. Por que foi importante - A primeira vez que o M-8 entrou em ação foi na Itália, em 1943. Na FEB, o Greyhound foi empregado no 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado. Após a guerra, permaneceu em serviço até o início dos anos 70. Peso: 7,8 t Altura: 2,64 m Largura: 2,54 m Comprimento: 5 m Tripulação: 4 Arma principal: canhão 37 mm M6 Armas secundárias: 2 metralhadoras .30", 1 metralhadora .50" Blindagem: 19 mm (máximo) Velocidade máxima: 90 km/h (estrada) / 48 km/h (campo) Motor: Hercules JXD, 6 cilindros a gasolina, de 110 HP Morteiro M2 de 60 mm O que era - Era uma arma leve, rápida de se posicionar e operar. Foi largamente empregada como fogo indireto em ações em nível de pelotão e companhia nos acidentados aclives italianos. Por que foi importante - Este pequeno morteiro foi utilizado na Itália tanto na tomada de Monte Castelo quanto em ações de guerra urbana, como a captura de Montese. Peso: 19 kg Comprimento: 0,72 m Velocidade do projétil: 163 m/s Alcance efetivo: 1 815 m Regime de fogo: 18 projéteis por minuto P-47 Thunderbolt O que era - Originalmente caça de escolta, o P-47 estreou em 1942 e foi ampliando suas características de combate até tornar-se um caça-bombardeiro. A versão P-47D foi utilizada pelas esquadrilhas brasileiras do 1º Grupo de Caça (88 aviões foram entregues à FAB). Sempre em busca de alvos de oportunidade, o P-47 era equipado com bombas de demolição ou incendiárias ou, ainda, de fragmentação. Peso (vazio): 4,5 t Peso (armado): até 7,9 t Altura: 4,45 m Envergadura: 12,4m Comprimento: 11 m Tripulação: 1 Motor: Pratt & Whitney R-2800, com 2 535 HP Velocidade máxima: 685 km/h Autonomia de combate: 1.290 km Armamento: oito metralhadoras Browning (quatro em cada asa), 907 kg de bombas e 10 foguetes MG42, a “Lurdinha” O que era - Esta metralhadora alemã altamente confiável e com elevado índice de disparo (algumas versões chegavam a 1 800 projéteis por minuto) foi o terror dos pracinhas durante a campanha naItália. O ruído sinistro que vinha da arma, a “gargalhada” da Lurdinha, devia-se ao fato de que o ouvido humano não conseguia distinguir, dada a velocidade da taxa de fogo, o som de cada disparo. Os soldados americanos, que também temiam particularmente esta arma, chamavam o barulho de “Hitler’s buzz saw” (espécie de serra circular elétrica), ou ainda “Hitler’s zipper”. Peso: 11,57 kg Comprimento: 1,22 mm Cartucho: 7,92 x 57 mm Mauser Calibre: 8 mm Cadência de tiro: 1 100-1 200 disparos por minuto Velocidade do projétil: 755 m/s Alcance efetivo: 1 km Alimentação: cintos de 50 ou 250 cartuchos Fonte: Para entrar na guerra, pracinhas brasileiros tiveram de aprender a combater com os norte-americanos
por Fabiano Onça