13.3.12

Entrada do Brasil na segunda guerra

Em 22-3-1941 avião militar alemão metralha no mar Mediterrâneo o navio mercante nacional Taubaté, causando a morte do primeiro brasileiro no conflito mundial, o tripulante José Francisco Fraga. Para resguardar nossa neutralidade inicial, depois de criada em 3-10-1939 a Zona de Segurança marítima ao longo do continente americano, eram precárias as condições materiais da Marinha brasileira no momento histórico. Proclamada em 14-8-1941 a liberal Carta do Atlântico e desferido em dezembro desse ano o ataque japonês a Pearl Harbor, nações americanas manifestam pronta solidariedade aos EUA. Em 28-1-1942 o Brasil rompe as relações diplomáticas com os países do "Eixo", Alemanha, Itália e Japão. E já no mês imediato submarinos nazifascistas passam a torpedear sem advertência navios de nossa marinha mercante.

Perdas contínuas no Atlântico e um crescendo de vítimas. O Cabedelo de 54 tripulantes em 14 de fevereiro; na costa L dos EUA o Buarque em 16; às 12h30 de 18 o Olinda; o Arabutan às 15h10 de 7 de março; às 19h30 de 9 o Cairu; o Parnaíba em 1o de maio às 15h10; às 18h50 de 18 o Comandante Lira, primeiro a ser atingido em latitude sul, abaixo do equador, pôde ser recuperado de avarias e incêndio; dia 24 o Gonçalves Dias; o Alegrete às 17h45 de 1o de junho; em 26 o Pedrinhas; um mês depois, em 26 de julho, o Tamandaré às 2h10; dia 28 o Barbacena à 1h30 e o Piave às 17h30, todos esses navios afundados em águas internacionais. Logo, porém, os torpedeamentos chegam à costa brasileira. Atacando diariamente entre 15 e 19 de agosto perto dos limites de Bahia e Sergipe, o U-507 alemão do cap Schacht afunda às 19h10 de 15 o Baependy, que levava para Recife tropa do 7o Grupo de Artilharia de Dorso, causando a enorme perda de vida de 270 das 306 pessoas a bordo, isto é, 55 tripulantes e 215 passageiros, entre estes 142 militares, e às 21h também o Araraquara, salvando-se neste apenas 10 das 140 pessoas a bordo; em 16, na mesma área, o U-507 põe a pique às 4h15 ainda o Aníbal Benévolo, sendo salvos só 4 dos 154 náufragos. (A carreira impiedosa desse submarino contra navios brasileiros indefesos teve fim em 13-1-1943, ao ser afundado por avião americano próximo à foz do Rio Parnaíba, na costa setentrional.) Mas outros submarinos da matilha continuam fazendo vítimas: no sul do litoral baiano, às 10h45 de 17 de agosto o Itagiba e duas horas depois o Arará, que navegava em sentido contrário, rumo ao sul do país; e às 2h de 19 a barcaça Jacira, totalizando até então mais de 740 vidas perdidas.

Espontâneas manifestações públicas de repúdio a tais atos de hostilidade desumana levam o governo do Brasil a reconhecer 22-8-1942 a existência de um estado de beligerância imposto pela Alemanha e Itália. (A declaração de guerra ao Japão somente virá em 6-6-1945, depois de terminada a luta na Europa.) Único país sul-americano a entrar na guerra, foi na América Latina o único a ter participação direta, pois o México - oficialmente em guerra contra o "Eixo" anteriormente, desde 1-6-1942 - não envia força expedicionária.

Cooperação dos EUA - A partir daí pronta, eficiente, insubstituível. Na guerra anti-submarina tornava-se valiosa a colaboração do Brasil, mormente favorecendo a vigilância na "Cintura do Atlântico", o estreitamento Natal - Dakar. Mas necessitando os EUA na ocasião satisfazer em todas as partes do mundo urgentes pedidos de auxílio, demoraria ainda conceder maior atenção à reaparelhagem defensiva de bases e forças no Brasil. Entrementes continuariam as perdas no mar.

Às 20h10 de 27 de setembro o navio Osório e às 21h40 o Lajes; às 4h10 de 28 o Antonico pelo U-516 do cap Gerard Wiebe, que ainda metralha os náufragos nas baleeiras, matando 16 dos 40 tripulantes, incluindo o cmt. Américo de Moura Neves; em 3 de novembro o Porto Alegre, na costa sul-africana; às 18h20 de 22 o Apalóide pelo submarino alemão F-4. O ano de 1943 começa com vitória aliada: em 6 de janeiro, a 145 km NE de Fortaleza, pilotando um hidroavião Catalina PBY-1 da base de Natal, o americano ten William Ford afunda o U-164 alemão. Torpedeado às 4h05 de 18 de fevereiro o Brasilóide; e às 19h de 2 de março o Afonso Pena.

Desde março de 1943 forças navais brasileiras do Nordeste, constituindo a TF-46, são incorporadas à 4a Frota americana do v-alm Ingram, encarregando-se de patrulhar nosso extenso litoral e proteger comboios de mercantes aliados entre o mar Caribe ou das Antilhas e a costa atlântica da América do Sul. O sistema de comboios tende a diminuir as perdas de fato: Tutóia no litoral paulista, às 22h25 de 30 de junho, pelo U-513 do famoso cap Guggenberger (aprisionado em 19 de julho no afundamento de seu submarino por bombardeiro naval americano no Atlântico sul); Pelotaslóide às 12h45 de 4 de julho pelo U-590 perto de Belém do Pará; Bagé, o maior do Lóide (Lloyd) Brasileiro, de 8.235 toneladas, às 21h05 de 31 de julho junto à costa sergipana pelo U-185 do capitão-de-corveta August Maus, morrendo 26 das 134 pessoas a bordo, entre elas o cap Artur Monteiro Guimarães; Itapagé às 13h50 de 26 de setembro, a 12 km S de Maceió, pelo U-161 do cap Albrecht Achilles, que é afundado na manhã imediata de 27 por hidroavião "Mariner" americano da base de Aratu, Bahia; na madrugada de 28 o pequeno navio de motor Cisne Branco, de 299 toneladas, perto de Fernando de Noronha; e Campos às 8h10 de 23 de outubro, entre a ilha de São Sebastião e o porto de Santos, o último de 32 mercantes nacionais afundados no Atlântico, com perda total de 971 vidas, 469 tripulantes e 502 passageiros, e cerca de 20% dos navios da Marinha Mercante brasileira.

Desempenho de nossa Marinha, primeiro alvo da fúria nazifascista - Entre várias medidas urgentes exigidas pela situação de guerra, em outubro de 1942 decidiu-se fundear os velhos encouraçados São Paulo e Minas Gerais como fortalezas flutuantes respectivamente nos portos de Recife e Salvador; 36 navios mercantes usados na navegação para os EUA foram armados com canhões de 120 mm e outros 7 com peças americanas de 127 mm; e instalar imediatamente a base naval de Natal, que posteriormente recebeu dos EUA barcos caça-submarinos.

No eficiente sistema de comboios nenhum mercante escoltado por unidades brasileiras jamais sofreu dano; eventualmente foram atingidos apenas navios desgarrados pelos mais diversos motivos. Em cooperação com a dos EUA a Marinha de Guerra do Brasil realizou 251 comboios até 30-4-1945, 70 deles em águas estrangeiras, escoltando um total de 2.981 navios, sendo destes 1.396 nacionais. Houve ainda mais 195 comboios com escolta só brasileira, 21 dos quais em águas estrangeiras. Um esforço quádruplo em relação ao das belonaves americanas ativas no Atlântico sul.

Ao longo de nosso litoral 85 comboios tiveram escolta somente de unidades brasileiras, 43 mistas brasílio-americanas, 1 anglo-brasileira, 81 especiais e 2 outras desta natureza levadas até Montevidéu, protegendo ao todo 1.074 navios, ou 460 brasileiros, 442 americanos, 61 ingleses, 53 panamenhos e 58 diversos.

Em defesa das águas do Nordeste, as mais infestadas por submarinos inimigos, estiveram os cruzadores ligeiros Rio Grande do Sul e Bahia, 11 contratorpedeiros, 8 corvetas, 16 caça-submarinos e 1 tênder. Foram perdidas em ação três unidades navais: às 23h55 de 19-7-1944 o navio-auxiliar Vital de Oliveira, afundado por submarino alemão a 45 km sul do cabo de São Tomé, perto do Rio de Janeiro, com 99 mortos; dois dias depois, às 9h30 de 21 afunda em mar-grosso a 22 km NE de Recife a corveta Camaquan, morrendo 36 homens da guarnição, entre eles o cmt. Gastão Monteiro Moutinho; e quase um ano mais tarde, às 9h10 de 4-7-1945 violenta explosão acidental despedaça o velho cruzador Bahia a 117 km SO dos rochedos de São Pedro e São Paulo, perecendo na hora ou dias depois em balsas à deriva 345 tripulantes, incluindo o cmt., capitão-de-fragata Garcia d’Ávila Pires de Carvalho e Albuquerque, e sobrevivendo apenas 28. Somente nesses afundamentos a Marinha de Guerra brasileira perdeu 480 de seus homens, que em 1942 eram cerca de 14 mil alistados. Somados às outras vítimas da guerra no mar são ao todo 1.451 brasileiros mortos até o final do conflito.



FEB - Força Expedicionária Brasileira



Preparação - Quase um ano depois de proclamada a beligerância o Brasil inicia aprestos de participação efetiva na guerra. Em 26-6-1943 regressam do N da África os observadores militares majores Pedro da Costa Leite e Hugo Alvim. De 12 de agosto a 26 de setembro o ministro da Guerra, gen Dutra, trata nos EUA da modernização de nosso Exército, que contava 60 mil homens, sua triplicação, num país de 45 milhões de habitantes, e do preparo de força expedicionária a ser mandada à Europa. A FEB fôra criada por decreto de 9 de agosto, sendo convidado no mesmo dia o gen Mascarenhas de Morais, chefe da 2a Região Militar de São Paulo, para assumir o futuro comando. Dia 15 desse mês seguem para estágio no Exército dos EUA os gens Álcio Souto, Zenóbio da Costa e Mascarenhas de Morais e, dia 7 de outubro, os gens Cordeiro de Farias e Canrobert Pereira da Costa.

O novo modelo militar americano, caracteristicamente ternário, tinha a divisão constituída basicamente de 3 regimentos de infantaria, cada um destes de 3 batalhões e cada batalhão de 3 companhias de fuzileiros, possuindo indispensável apoio próprio de artilharia e engenharia a fim de incrementar a potência de fogo e a capacidade de movimento da infantaria.

Para visita ao teatro de guerra do Mediterrâneo vai do Brasil para a África do Norte em 6 de dezembro, chefiada pelo gen Mascarenhas, missão militar, aeronáutica e médica: subchefe gen brigada Anor Teixeira dos Santos (no pós-guerra chefiou em 2-1-1946 a representação brasileira na Comissão de Fiscalização da Alemanha), tens-cels Ademar de Queiroz, médico Emanuel Marques Porto e intendente Augusto Sebastião de Carvalho, majores Agnaldo José Senna Campos, Antônio Henrique de Almeida Morais e Luís Gomes Pinheiro e cap Paulo Ferreira Pará, todos do Exército; e cel Vasco Alves Seco (da Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA), ten-cel Nelson Wanderley e majores Rubens Canabarro Lucas e Aires Presser Bello, da FAB. A missão é acompanhada na viagem pelos americanos gen Ord, presidente da Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA, ten-cel Gilette, major Potts e cap Vernon Walters (major em setembro de 1944), que serviu de intérprete, também, depois, ao comando superior da FEB. Em janeiro de 1944 a chefia da missão visita o 6o C. Ex. americano em Lagone, na Itália.

Formação - Desde o princípio de 1944, sob orientação do gen Mascarenhas, designado cmt. da FEB, as prováveis tropas expedicionárias intensificam treinamento em campos especializados como o de Gericinó, no Distrito Federal do Rio de Janeiro, e Engenho de Aldeia, em Pernambuco.

Planejava-se o envio de um Corpo de três divisões com efetivo global de 60 mil homens. Mas, em população fisicamente carente em geral, a seleção de jovens aptos e hígidos logo encontrou dificuldades entre a maioria de convocados. Adotado critério político, resolveu-se então organizar a 1a DIE - 1a Divisão de Infantaria Expedicionária, entregue ao comando direto do gen Mascarenhas, com o amálgama de unidades aquarteladas na região ecumênica mais desenvolvida do país, São Paulo, Rio de Janeiro (Distrito Federal), Minas Gerais e Mato Grosso, no pressuposto de que as outras duas divisões do Corpo seriam depois formadas por tropas do Nordeste e do Sul. Todavia para compor a 1a DIE convocaram-se brasileiros de todos os Estados, especialmente oficiais da reserva.

Órgãos não-divisionários completavam a força, cujo efetivo geral - incluindo 25 capelães militares e 67 enfermeiras - chegou a 25.445 participantes, com 4 generais e 1.624 oficiais. Todos os Estados do Brasil contribuíram pelo menos com um militar, sendo mais significativos os contingentes fornecidos pelo Distrito Federal (então na baía de Guanabara) com 6.094 homens, São Paulo 3.889, Minas Gerais 2.947, Rio de Janeiro 1.492, Rio Grande do Sul 1.880, Paraná 1.542, Santa Catarina 956, Bahia 686, Mato Grosso 679, Pernambuco 651 e Ceará 377.

Compuseram a 1a DIE o 1oRI ou Regimento Sampaio, da Vila Militar da cidade do Rio de Janeiro ou Distrito Federal, o 6o RI de Caçapava - SP, que se chamou Regimento Ipiranga, e o 11o RI de São João del Rei - MG, então denominado Regimento Tiradentes. E completando a FEB: Artilharia Divisionária formada pelo I e II Grupo do 1o Regimento de Obuses Auto-Rebocado, I Grupo do 2o Regimento de Obuses Auto-Rebocado e I Grupo do 1o Regimento de Artilharia Pesada Curta; Esquadrilha de Ligação e Observação, aérea; 9o BE - 9o Batalhão de Engenharia; 1o BS- 1o Batalhão de Saúde; Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (Cavalaria); Companhia de Transmissões, ora chamada de Comunicações; e Elementos de tropa especial.

Viagem marítima dos escalões - Em despedida do Brasil toda a 1a DIE desfila com o velho armamento de instrução na cidade do Rio de Janeiro, capital do país, em 24-5-1944, data comemorativa da grande vitória de Tuiuti na guerra do Paraguai. A partida, porém, será em escalões, ante a escassez de navios apropriados de transporte.

O 1o, com o 6o RI e II/1o RO Auto-Rebocado, 5081 homens, incluindo 304 oficiais, gen Mascarenhas, cmt. da FEB, e gen Zenóbio, cmt. da 1a DIE ou Infantaria Divisionária, embarca somente à noite de 29 de junho no transporte americano Gen W. A. Mann, o qual zarpa às 5h de 2 de julho do porto do Rio de Janeiro, destino zelosamente guardado em segredo pelo alto comando. Viagem de 14 dias, todos abafados a bordo pelas medidas anti-submarinas, previamente informados de que seria abandonado quem caísse no mar, pois o navio não pararia para tentar recolhê-lo. E os exercícios de tiro real do navio causam a primeira baixa na tropa brasileira: deixam ensandecido a bordo o "pracinha" paulista Juca. A passagem da linha equatorial exige o batismo cerimonial dos neófitos oceânicos, a quase totalidade embarcada, por um fantasiado Rei Netuno e seu séquito. À entrada do estreito de Gibraltar, quando se despede a escolta naval brasileira, os mais argutos certificam-se enfim de que o destino do 1o escalão é sem dúvida a Itália. No domingo de sol, 16 de julho, chega ao porto de Nápoles, recebendo as boas-vindas do gen Devers, cmt. das forças terrestres americanas no teatro de operações do Mediterrâneo.

O 2o e o 3o escalão seguem conjuntamente em 22 de setembro, num total de 10.376 sds, 686 deles oficiais: o transporte Gen Willian A. Mann leva o 1o RI, 5.133 sds e o gen Cordeiro de Farias, e o Gen M.C. Meighs, outro transporte americano, o 11o RI, 5.243 sds e o gen Olympio Falconière da Cunha, inspetor-geral da FEB. Chegam ambos a Nápoles em 6 de outubro, sendo depois conduzidos em lanchões para o porto de Livorno, ao norte, no mar Ligúrico.

Levando apenas tropas de substituição, o US 116 Gen Meighs ainda fará duas novas viagens a Nápoles, conduzindo o 4o escalão, cel Mário Travassos e 4.722 sds (285 oficiais), entre 23 de novembro e 7 de dezembro, e o 5o e último escalão, ten-cel Ibá Jobim Meirelles e 5.128 sds (247 oficiais), entre os dias 8 e 22 de fevereiro de 1945. Por via aérea tinham ido 138 militares, entre os quais se incluíam as 67 enfermeiras.

Acampamentos na Itália - Desembarcando em Nápoles no domingo de verão, 16-7-1944, as tropas do 1o escalão seguem por ferrovia para a área no 3 de estacionamento de unidades em Bagnoli, subúrbio napolitano a SE, perto de Agnaro. Havia dificuldades de acomodação, pois dava-se prioridade à próxima invasão do S da França pelo 7o Ex. americano. Para treinamento avançado os brasileiros vão inicialmente bivacar em bosque aprazível existente na cratera do vulcão extinto Astrônia. Em breve receberão novo equipamento, armas, munições e provisões de toda espécie, tudo de origem americana. Isto quando se deslocam entre 1o e 5 de agosto para a área de treinamento na região de Tarquinia, a NO de Roma.

Nesse mesmo dia 5 dá-se a incorporação da tropa brasileira ao 5o Ex. americano chefiado pelo jovem e brilhante ten-gen Mark Clark (47 anos de idade, sendo o mais velho do 5o Ex. o gen Crittenberger, cmt. do 4o Corpo, no qual entraria a 1a DIE, até a vinda do gen Mascarenhas já então com 60 anos).

Uma primeira dificuldade de adaptação do "pracinha" brasileiro diz respeito ao regime alimentar americano em zona de guerra. Muito mais qualitativo do que quantitativo, na maior parte constituído de enlatados e produtos frigorificados, acabava quase sempre rejeitado por insípida má preparação na cozinha de campanha. Só após ensinar 150 cozinheiros no uso dos alimentos, em curso especial de culinária, o soldado brasileiro aprovou um satisfatório regime misto dos dois costumes alimentares. Das rações do Exército dos EUA a de reserva de combate tipo C ficou mais conhecida: 6 pequenas latas, 3 com alimentos à base de carne e mistura de cereais e outras 3 com biscoitos, doces, café, limão solúvel, açúcar, cigarros, fósforos e tablete de "Halazone"(para purificação de água); correspondia a 3.800 calorias, sendo duas latas de carne e de variedades dedicadas ao café matinal, ou pequeno almoço americano, outras duas ao almoço diurno e mais duas ao jantar vespertino; transporte da ração a cargo da unidade de tropa. A ração K, de assalto, acompanhava o soldado: 3 pequenas caixas relativas às refeições, conjunto equivalente a 900 calorias, contendo cada caixa uma lata de queijo, "patê" ou sopa desidratada, conforme sua destinação a café, almoço e jantar; e ainda biscoitos, café ou limonada solúvel, chocolate, cigarros, fósforos, tablete de "Halazone", uma colher e um abridor de lata. A B, operacional, era consumida diariamente pela tropa (salvo caso de patrulha ou de combate em que o soldado utilizava a ração K ou C) e correspondia a três refeições de 4 mil calorias: o café pela manhã com leite, pão, geléia ou manteiga de amendoim e extrato de tomate, e almoço e jantar com carne (às vezes galinha ou peru, como no Natal), feijão, arroz, frutas ou suco de frutas, ovos, pão, doces, café, cigarros e fósforos. Além destes três tipos de rações havia ainda a de emergência, correspondente a uma barra de chocolate altamente concentrado, para consumo em circunstâncias especiais, por iniciativa dos próprios homens, bem como a ração "10 por 1", contendo num só recipiente dez refeições de uso coletivo. Na estação fria distribuía-se por dia duas cápsulas multivitamínicas por homem em posição para consumo em cada refeição principal; e, no verão, tabletes de sal. Mesmo em ofensiva cumpria às unidades fornecer obrigatoriamente a todos os seus elementos pelo menos uma refeição quente no decorrer do dia; as próprias companhias puderam prepará-la na Itália, ante a natureza acidentada do relevo e a falta de observação aérea por parte do inimigo.

Outra questão o fardamento. Acabaram substituídos por material americano superior e confortável o feio e precário uniforme original verde-oliva e o verde-cinza de lã, insuficiente para o frio europeu, que além do mais confundia-se na cor com o uniforme do inimigo alemão; também as capas brasileiras supostamente impermeáveis. Tudo novo, dos depósitos americanos. O resistente calçado "combat boot", os apresentáveis blusões forrados de lã, os capacetes de fibra ou de aço, e até meias, luvas, camisas, ceroulas, mantas, roupa íntima e de cama...

Quanto a armamento houve carência geral na enjeitada frente italiana. Nem todos os soldados de infantaria receberam o fuzil semi-automático Garand, que dava considerável potência de fogo às pequenas unidades, e grande parte armou-se com velhos fuzis Springfield de repetição. As companhias de fuzileiros também dispunham de metralhadoras leves ponto 30 (.30) e de morteiros de 60mm, novidade de grande valor operacional; os petrechos de infantaria contavam ainda com metralhadoras pesadas .30 e morteiros de 81mm. Como armas anticarros aparecem os primeiros lança-rojões, então chamados "bazuca"("bazooka"), e o canhão de 57mm. No apoio imediato da infantaria havia uma companhia dotada de obuses 105. A artilharia pesada americana utilizava canhões de calibre 105 e 155. Para mobilidade da tropa a indústria automobilística dos EUA criou o famoso e utilíssimo "jipe" ("jeep"), veículo de 250 quilos para qualquer terreno, e caminhões leves, médios e pesados de 0,75, 1,5 e 2,5 ou mais toneladas.

Treinamento intensivo - Depois de uma quinzena em Tarquinia o 6o RI transfere-se entre os dias 17 e 20-8-1944, com viaturas próprias, para o acampamento de Vada, a SE do porto de Livorno, 195 km a NO e distante 25 km da frente de combate do rio Arno. Vai concentrar-se para preparação intensa durante três semanas. Sob muito calor, nesse e já no acampamento anterior, as primeiras mortes de "pracinhas" acontecem por afogamento em banhos nos rios e no mar, atropelamento de "jipes" e explosões acidentais de minas.

A tropa do 6o RI partira para a luta quando chegam as forças dos dois escalões imediatos. Saem de Nápoles dia 6 de outubro em 55 barcaças LCI (capacidade média de 200 homens cada uma) porque as destruições no porto de Livorno não permitiam acesso direto a navios de grande porte. Em caminhões americanos são levadas de Livorno para a "tenuta" ou Quinta Real de San Rossore, antigo parque real de caça nas imediações de Pisa, a NE de Livorno; para ali também irá em fins da primeira semana de dezembro a tropa do 4o escalão, que forma o depósito de pessoal para substituições de baixas, tropa que se desloca pouco mais tarde - uma vez empregados os efetivos dos três escalões precedentes - para Staffoli, vilarejo a 32 km L de Pisa, local do QG do 4o Corpo do 5o Ex. americano, onde permanecerá até o fim da guerra. A ele, 4o, juntar-se-á ainda, depois de 22-2-1945, o 5o escalão, completando em Staffoli o depósito brasileiro de substituições.

A FEB entra em ação - Nos moldes americanos fôra organizado em agosto de 1944 com as forças do 1o escalão, sob comando do gen Zenóbio, um GT-Grupamento Tático denominado Destacamento FEB. Considerado apto para o combate nos exercícios em Vada, compunha-se do 6o RI, II Grupo do 1o Regimento de Obuses Auto-Rebocado, 1a Companhia do 9o BE, 1o Pelotão do Esquadrão de Reconhecimento e elementos fracionários das armas e serviços, total de 237 oficiais e 4.331 praças. Para fins operativos foram-lhe acrescentados duas companhias de tanques e um pelotão de comunicações americanos. Em 13 de setembro é incluído no 4o C. Ex. do gen Crittenberger para atuar com a "Task Force" TF45.

Na "frente esquecida" da Itália , desde julho de 1944 o 15o Grupo de Exércitos precisara ceder diversas divisões para a invasão do S da França e depois outras, britânicas, ante os acontecimentos na Grécia. Fica então reduzido a 20 divisões, ou 5 dos EUA, 5 do Reino Unido, 7 dos Domínios



britânicos, 2 polonesas e 1 real italiana. Em fins de agosto estimava-se em 27 as teuto-italianas do inimigo, sem contar tropas SS alemãs de policiamento em cidades industriais do N da Itália. Os efetivos do 5o Ex., que de modo geral enfrentava o 14o Ex. alemão, enquanto o 8o Ex. encarava o 10o, caem de 249 mil a 153 mil. Daí chegar-se ao extremo expediente de transformar alguns batalhões americanos de artilharia antiaérea (já dispensável à época pela fraqueza da "Luftwaffe") em grupamentos táticos atuando realmente como infantaria. Expectativa era incorporar a 92a DI de soldados negros americanos em meados de setembro, a 1a DIE brasileira no final de outubro e a esperada 10a DA americana até fins desse ano de 1944. A grave redução de efetivos do 5o Ex. apressou, portanto, a entrada em ação dos primeiros contingentes da nova 91a DI americana e os da incompleta e pouco treinada divisão do Brasil.

Afoiteza do Destacamento FEB - O primeiro contingente brasileiro a entrar na luta foi a 1a Companhia do 9o BE, designada pelo comando do 4o C.Ex. em 6-9-1944 para missão numa das pontes ao N do rio Arno. Setor relativamente calmo da frente, como se fazia a toda tropa que não tivera ainda batismo de fogo ou ia "receber a inoculação do combate", no dizer expressivo do gen Clark, cmt. do 5o Ex. americano.

Uma semana depois, quando também o 5o Ex. arrosta a temível "Linha Gótica", ordem de combate do 4o Corpo no dia 13 indica ao Destacamento FEB sua primeira missão: substituir às 19h da noite de 15 na região de Vecchiano, ao N de Pisa e SO de Lucca, elementos do 334o RI americano, regimento de artilharia antiaérea transformado em infantaria de fraca combatividade.

A ofensiva aliada do 15o Grupo de Exércitos previra dois lances: no primeiro, começado à noite de 25 para 26 de agosto, o 8o Ex. britânico faria rocada de seu centro de gravidade no meio da península, em torno de Florença, para a faixa do Adriático e de surpresa quebraria ali a "Linha Gótica" em arremetida na direção do porto de Rimini; ante essa ameaça o mar. Kesselring abandona a oeste a linha defensiva do rio Arno, recuando as divisões para a "Linha Gótica"e transferindo reservas para o setor britânico oriental; é o momento para o avanço do 5o Ex. atrás dos alemães, no segundo lance, passando o Arno em 10 de setembro e buscando com o 2o Corpo, no eixo da estrada Florença-Bolonha, conseguir uma ruptura das defesas inimigas através do importante passo montanhoso de Il Giogo. Com dura luta desde 13 o 2o Corpo consegue de fato a penetração em 21, mas acaba detido em fins de outubro pela falta de mais tropas disponíveis e mudança adversa das condições climáticas à proximidade do rigoroso inverno nos Apeninos. Em suas alturas imponentes a cadeia de montanhas era atravessada nos passos por poucas estradas e ali, com notável engenho militar, Kesselring tivera tempo de preparar em profundidade o sério obstáculo da "Linha Gótica". Organizada com minúcia germânica, notadamente nos setores costeiros e nos colos montanhosos, por onde estradas cortam o maciço em busca da planície do Pó, eixos naturais do avanço aliado, estava coalhada de minas, arame farpado, espaldões de metralhadoras, campos de tiro, abrigos de concreto, observatórios perfeitos, embasamentos de artilharia, fossos anticarros, estradas laterais vigiadas e obstruídas.

Entrementes também o 4o Corpo, já empregando as primeiras forças brasileiras, passa à ofensiva no trecho ocidental da península, entre Florença e o mar de Ligúria. Por isso o Destacamento FEB, tendo por núcleo o 6o RI do cel Segadas Viana recebe ordem de atuar ofensivamente em direção geral norte, naquela região onde começam os contrafortes dos Alpes Apuanos ou Apeninos ocidentais, cujos picos alcantilados sobem a mil e até 1.800m de altitude. Após entrar em linha de combate na noite anterior, ocupa Massarosa ao N do lago Massaciuccoli em 16 de setembro e, dois dias depois, em 18, mais ao norte, toma Camaiore, nó de comunicações no fundo de bacia dominada a L pelo Monte Prano; faz no dia seguinte os primeiros prisioneiros, enfrentando ali o 25o RI da 42a DI ligeira alemã e elementos fascistas da DA "Monte Rosa" italiana , que se opõem ao avanço brasileiro com morteiros e tiros de artilharia. Iniciam-se porém as chuvas de outono, fortes e copiosas. Sem adequado treinamento e sem material especializado o soldado brasileiro irá lançar-se à guerra árdua de montanha. Impunha-se a conquista de Monte Prano, de 1.220m, mas as tentativas de desbordamento em seis dias pelo oeste malogram; retoma-se pelo leste a manobra dia 25, lado por onde o inimigo se reabastecia, e então, virtualmente cercado, ele abandona Monte Prano na madrugada de 26, recuando para novas alturas ao norte. Aprisionados 45 sds. alemães, sendo as baixas brasileiras de 5 mortos, 21 feridos e 9 acidentados.

Traslado no interior a leste, para o vale superior do rio Serchio - Em 23 de setembro a TF45 libertara na planície litorânea Pietrasanta, a NO de Camaiore. Na região, a medida que se afasta a NE do lago Massaciuccoli o terreno se eleva, no lado oeste do rio Serchio, nos contrafortes dos Apeninos mais conhecidos por Alpes da Apuânia. Tendo aí conquistado Monte Prano na manhã de 26, o Destacamento FEB é designado para substituir no vale do Serchio em 28 a 1a DB americana, que paralelamente atuava na estrada 12, de Lucca a Modena, e estava sendo deslocada para o vale do rio Reno, mais a leste. Tomadas dia 29 as localidades de Pescaglia e Borgo a Mozzano, a NE de Monte Prano. Fortes chuvas em 1o e 2 de outubro dificultam a progressão no terreno acidentado do vale. Dia 6, ao N de Borgo, cai outro posto avançado da "Linha Gótica" e, em Fornaci, a importante fábrica de munição de Catarozzo, quase intacta, que também produzia acessórios para aviões. (Nesse dia chega a Nápoles o grosso da 1a DIE no 2o e 3o escalões.) Ocupadas dia 11 a NO Gallicano, a oeste do rio, e pelas 10h, no lado oposto, a cidade de Barga, a NE de Fornaci. Barga fica a 55 km L da base naval La Spezia, em cujas vizinhanças estava detida a TF 92 da 92a DI americana, em avanço pela faixa costeira. Empolgado com os últimos sucessos, esqueceu-se o Destacamento ser ainda tropa bisonha a enfrentar inimigo calejado na guerra e bem fortificado em posições defensivas nas montanhas. Companhias do 6o RI chegam dia 30 a 4 km de Castelnuovo di Garfagnana, estratégico ponto-chave de comunicações da "Linha Gótica", e são surpreendidas na madrugada de 31, sob aguaceiro, por fortes contra-ataques da experiente 232a DI alemã, que lhes impôs o primeiro revés, forçando-as a recuo e perda das posições recém-conquistadas; 59 baixas brasileiras. Em mês e meio o Destacamento FEB progredira 40 km para o norte, capturara 208 prisioneiros e sofrera 290 baixas.

Rocada para o vale do Reno, no interior da península - Extinto o Destacamento do gen Zenóbio, em 1o-11-1944 o gen Mascarenhas assume a direção da 1a DIE completa. Desembarcados em Livorno os 10.376 sds. do 1o e do 11o RI, tinham sido levados em 11 de outubro para apressado e deficiente treinamento em San Rossore, perto de Pisa. (No último dia desse mês começa a participar de missões aéreas de combate na Itália o 1o Grupo de Caça da FAB, desembarcado dia 6 de outubro em Livorno e lago conduzido ao aeródromo de Tarquinia, a NO de Roma.)

Por decisão da chefia do 5o Ex. em princípios de novembro as forças brasileiras começam a deslocar-se para setor bem mais ingrato que o anterior do Serchio, quanto à atividade. Devem substituir tropas americanas cansadas, aferradas em posições difíceis numa frente de 15 km ao longo da estrada no 64, que corre à margem esquerda do pequeno rio Reno, em seu vale superior ao N de Pistoia, na Toscana, em plena cordilheira apenina, posições completamente devassadas pelos observatórios das alturas ao derredor, em poder dos alemães. Dia 6 o gen Mascarenhas instala seu QG avançado em Porretta Terme, estação termal de fontes sulfurosas nesse vale, 30 km ao N de Pistoia. Já no dia 9 as tropas brasileiras substituem no extenso setor sob diuturna vigilância inimiga, entre o Monte Belvedere a oeste e o Monte Della Vedetta a leste, o GT-B da 1a DB americana que depois de muitos meses de luta se retirava para descanso na retaguarda.

Como era de premência a situação, os contingentes brasileiros iam sendo empenhados tão logo chegavam, mesmo ainda mal adestrados. Aprendiam praticamente no terreno de luta. É preciso lembrar que é nesse difícil setor do Reno, cercado de montanhas dominadas pelos alemães, e durante severo inverno com neve (que o soldado brasileiro desconhecia), já antecipado por frio intenso e chuvas contínuas, que transformaram estradas esburacadas pela própria aviação aliada em rios de lama, é afinal nesse setor que a 1a DIE acabará se completando. O total de 25.445 homens desembarcados em Nápoles, de 16-7-1944 a 22-2-1945, será seu efetivo com as necessárias reposições. Na FEB eram da ativa do Exército 98% dos oficiais superiores e 97% de seus capitães, mas pertenciam à reserva, civis convocados, 49% dos oficiais subalternos servindo na tropa. Formaram então a 1a DIE na Itália o 1o RI Sampaio, o 6o RI Ipiranga e o 11o RI Tiradentes; a Artilharia Divisionária com 3 Grupos de calibre 105mm e 1 Grupo de 155; o 9o BE de Aquidauana-MT; Esquadrão de Reconhecimento, cavalaria motorizada; 1o BS de Valença-RJ; e mais tropas especiais e corpos auxiliares.

A 1a DIE em plenitude - Desde meados de novembro de 1944 os aliados adotam no vale do Reno uma conduta de defesa agressiva. Modifica-se a zona brasileira de ação para ficar ao longo da estrada 64 entre os pequenos afluentes Silla e Marano dia 18; em dois meses as baixas da FEB subiam a 315, com 13 mortos, 87 feridos e 215 acidentados.



O 5o Ex. acreditava poder conquistar antes do final do ano, antes do rigor do inverno nas montanhas, as alturas que barravam o caminho direto para Bolonha. Pede o esforço ao 4o Corpo que cobria com suas unidades frente de 80 km. Apesar de pouco treinada, a novata 1a DIE devia agora contribuir mais.

Monte Castello, sério obstáculo -De oeste para leste estendia-se íngreme arco montanhoso contendo as alturas de Belvedere, Gorgolesco, Mazzancana, Della Torraccia, Monte Castello, Della Croce, Torre di Nerone, o espigão inacessível Soprasasso (narigão rochoso intrometido nas linhas aliadas) e por fim, diminuindo de altitude, a zona montuosa de Castelnuovo di Vergato. Ali, em meio, os 977m de Monte Castello, principal objetivo brasileiro antes que caíssem as primeiras neves do inverno.

Ataque inicial com frio e chuva às 5h45 de 24 de novembro pelo esquadrão de reconhecimento e 3o Batalhão do 6o RI, juntamente com a TF 45 do gen Rutledge que toma Monte Belvedere e seus elementos avançados chegam ao alto de Monte Castello; renovado o ataque em 25, a 232a DI alemã o repele com violência e retoma as posições perdidas menos o Belvedere, causando baixas aos atacantes, incluindo mortos brasileiros.

Entregue o novo assalto, dia 29, à responsabilidade da 1a DIE, é logo prejudicado pela inesperada expulsão dos americanos da crista do Belvedere na noite anterior, deixando esse flanco descoberto. Ainda assim o gen Zenóbio dirige às 7h da manhã chuvosa, sem apoio aéreo pelo céu encoberto, mas depois de maciça preparação de artilharia, a investida de agrupamento formado pelo 1o Batalhão do 1o RI, novamente o 3o do 6o RI e 3o do 11o RI, tendo ajuda de apenas 3 pelotões de tanques americanos, que muita lama tornará de valia mínima. Já alertados para a importância tática dada pelos aliados a Monte Castello, os alemães contra-atacam às 13h com três regimentos a progressão dos batalhões do 1o e 11o RI, os quais voltam no fim da tarde às posições de partida com 185 baixas.

À noite de 2 para 3 de dezembro um ataque local nazista na zona de Guanella faz recuar em balbúrdia o novato batalhão que a defendia, obrigando contingente mais experimentado a restabelecer logo a situação.

Uma terceira tentativa para capturar todo o maciço Belvedere-Della Torraccia, tendo no centro Monte Castello, parte sem preparação prévia de artilharia às 6h30 de 12, céu fechado para aviões, frio intenso, chuva persistente e lamaçal escorregadio impróprio para tanques; o avanço de dois outros batalhões do 1o RI não dura mais de oito horas, detido pelas 14h30 por cerrada barragem de artilharia alemã em Abetaia, nas encostas sulinas do Castello, sofrendo 145 baixas e ali deixando 42 corpos de " "pracinhas" insepultos, que a neve em pouco cobrirá. (Enegrecidos pela camada de neve que os recobriu, serão resgatados mais de dois meses depois, em 26-2-1945, após a vitória de Monte Castello, alguns porém minados como armadilha cruel do inimigo.) O último revés mostrara que não bastavam algumas subunidades; para obter sucesso na conquista seria preciso empenhar toda a 1a DIE brasileira depois do inverno.

Recesso de 70 dias na estação hibernal - A aspereza do inverno nos Apeninos estabiliza a frente de luta, havendo somente ações de patrulhas. E o "pracinha" brasileiro precisa vencer também, com improvisações incríveis, o novo e rude inimigo natural: de início céu encoberto, afastando qualquer apoio aéreo, chuvas e muita lama, invadindo os abrigos pessoais; depois o frio cortante, caindo a temperatura por vezes a 19o abaixo de zero, e a neve que se acumula profunda e abundante. A hostilidade constante do fogo inimigo permanece, obrigando a tropa no vale do Reno a ocultar seus movimentos indispensáveis sob nevoeiro artificial produzido com queima de óleo diesel. Considerado inverno dos mais rigorosos nos últimos cinqüenta anos, a paralisação observada entre 13-12-1944 e 18-2-1945 não impede duelo fragmentado de inquietação das artilharias nos dois lados.

Chegam os contingentes finais da FEB e na passagem de ano vem dos EUA a bem treinada montesina 10a DA do gen Hays para atuar ao lado da 1a DIE brasileira. Aliás esta continuaria acompanhada no 4o Corpo pela 1a DB americana e 6a DB sul-africana.

Último assalto brasileiro ao Monte Castello: vitória redentora - Ação preliminar da grande ofensiva de primavera do 15o Grupo de Exércitos, agora chefiado pelo gen Clark, que entregara o comando do 5o Ex. ao gen Truscott Junior, o plano "Encore" (Outra vez!) - executado entre 19 de fevereiro e 6 de março de 1945 - visava eliminar ou reduzir o incômodo saliente alemão que mantinha








sob vistas e fogos diretos a estrada no 64 no setor do vale do Reno. A conquista do arco montanhoso ao longo do divisor Panaro-Reno acabaria com a dura resistência inimiga e levaria a frente do 4o Corpo à mesma altura da alcançada pelo 2o Corpo no S de Bolonha.

A missão do 4o Corpo começa com um batalhão da 10a DA (substituta da TF 45) às 23h de 19 de fevereiro galgando de surpresa escarpas tidas por inacessíveis; às 5h30, ao clarear da madrugada de 20, apesar das baixas sofridas, os montanheses americanos retomam o Belvedere e a seguir capturam as alturas do Gorgolesco e, após bombardeio por aviões da FAB, às 15h37 as de Mazzancana, a SO de Monte Castello; deixadas estas últimas posições aos brasileiros, iriam apoderar-se do Monte Della Torraccia, garantindo assim a NO o flanco mais vulnerável da 1a DIE, cujas tropas estão prontas para convergir, num revide moral, ao esquivo Monte Castello.

Cabe o ataque direto aos três batalhões do 1o RI do cel Caiado de Castro, tendo vigoroso apoio da artilharia divisionária do gen Cordeiro de Farias. Partem às 5h30 de 21 de fevereiro, dia de sol, céu sem nuvem, temperatura amena, o 1o Batalhão Uzeda à esquerda, ultrapassando elementos americanos além da crista de Mazzancana, e à direita, também em primeiro escalão, o 3o Batalhão Franklin, seguindo atrás do 1o, na condição de apoio, o 2o Batalhão Sizeno. Reserva da divisão o 3o Batalhão Cândido do 11o RI do cel Delmiro de Andrade. O 2o Batalhão Ramagem do 11o, na direção de Abetaia, a SE de Monte Castello, faz no lado direito cobertura do ataque. Bem mais distante o 6o RI do cel Nelson de Melo (sucede dia 23 ao cel Segadas Viana) empreende no flanco direito do setor brasileiro necessária ação diversória. A toda a artilharia divisionária acrescidos 18 obuses do 4o C.Ex., perfazendo o total de 78 peças.

O 1o Uzeda progride com certa facilidade até parar longo tempo, quase às 15h, ao ver cruzada acidentalmente sua linha de ataque por companhia americana desviada de seu rumo a NE de Mazzancana e, na confusão, ser morto por engano um "pracinha" brasileiro. Por isso o canhoneio de acompanhamento só é reiniciado uma hora depois. Entrementes o 3o Franklin fica detido ante fortes fogos de casamatas alemãs, mas o 2o Ramagem avança em boa cobertura rumo a Abetaia. Retomado o ataque vinte minutos depois de recomeçarem os violentos disparos de artilharia, às 17h20 a defesa inimiga finalmente silencia. Minutos depois, quando já vai escurecendo, grupos de soldados brasileiros sobem as encostas em forma de ferradura de Monte Castello e pelas 18h os da 1a Companhia de Uzeda chegam ao cume ao norte, enquanto o mesmo fazem ao sul elementos do 3o Batalhão, vencendo apenas esporádicas resistências no assalto frontal. O inimigo não efetuou o costumeiro contra-ataque, só disparos intermitentes de artilharia. A SE ocupada Abetaia às 2h50 da madrugada de 22, o domínio definitivo de Monte Castello firma-se nesse dia com ações de limpeza de entrincheiramentos e formidáveis casamatas, recém-abandonadas por contingentes da expulsa 232a DI alemã, que se retira ante ameaça de desbordamento. Tremenda fôra a devastação feitas pelos canhões aliados. Capturados 27 prisioneiros, sendo de 103 as baixas brasileiras, 87 delas no 1o RI em ataque direto.

A NO dali a 10a DA, que deveria dominar o seu objetivo antes dos brasileiros, pelas 17h de 21, encontra fortíssima e inesperada oposição, e só às 11h30 de 22 conquista o baluarte do Monte Della Tarraccia, já abalado com a perda de Monte Castello. A partir desse momento agrava-se a situação dos alemães.

Após preparação de artilharia às 21h15 da noite de 23, dez minutos depois a 6a Companhia do 2o Batalhão Sizeno, coberta a leste pelo 2o Ramagem, avança a NE de Monte Castello e sem incidente toma antes da meia-noite La Serra, altura situada à direita ou leste do renitente Della Torraccia; a posição repele no dia seguinte, 24, duros contra-ataques, fazendo 28 prisioneiros alemães e perdendo 8 sds. mortos, 24 feridos e 1 desaparecido.

Limpando o vale do rio Marano - No início de março de 1945 a 1a DIE vai operar ao norte do rio Marano, pequeno afluente do Reno, no extremo oriental de seu setor. Vê porém a 10a DA encravada entre suas tropas e as da faixa oeste passam ao comando do gen Zenóbio, enquanto as de leste, no vale do Morano, logo mais voltadas para NE, ficam diretamente sob chefia do gen Mascarenhas.

Na manhã de 4 a 10a captura o Monte Della Croce ao N do Marano. A leste,, progredindo dia 5 pela crista de alturas, o 6o RI começa às 12h30 ataque em tenaz, destacando a 3a Companhia para o povoado de Castelnuovo ao norte, o qual seria contornado pelo 1o Batalhão Lisboa do 11o RI com a finalidade de cortar a retirada inimiga a NE pela estrada 64; de permeio ficava o incômodo espigão Soprasasso. Vanguarda do 6o entra às 18h40 em Castelnuovo di Vergato, ocupação que se completa às 22h, numa vitória de valor estratégico; atacado pela retaguarda também cai o Soprasasso de escarpas quase inacessíveis. Somam 61 as baixas brasileiras, sendo feitos 98 prisioneiros alemães, 72 deles no Soprasasso.

Depois do dia 10, por quase um mês, há uma pausa defensiva aliada, que o inimigo aproveita para refugiar-se numa última linha fortificada - a "Gengis Khan". A 1a DIE afasta-se em definitivo do vale do Reno e, desfeito o Grupamento Zenóbio , reune-se para atuar no vale do rio Panaro, mais a oeste.

Montese, a mais árdua e sangrenta vitória - De 10 a 16-3-1945 a 1a DIE movimenta-se para o vale superior do Panaro, afluente do rio Pó. Na grande ofensiva geral da primavera novamente o 4o Corpo do 5o Ex. faria o esforço principal a fim de romper a "Gengis Khan ", a SO de Bolonha, estabelecida nos contrafortes descendentes da cadeia dos Apeninos; isso conseguido, as forças aliadas iriam poder espraiar-se pela ampla planície do Pó, no N da Itália.

Missão confiada à 1a DB e 10a DA dos EUA, seguidas pela 1a DIE e 371o RI americano em perseguição, caso o inimigo batesse em retirada. O gen Mascarenhas, porém quer participação de maior responsabilidade. Propõe desviar-se da direção geral de Bolonha a NE e atacar ao norte o maciço Montese-Montello, de cujas alturas vê-se à distância o vale do Panaro, rio largo e pouco profundo na estação, permitindo com facilidade divisar movimentação de viaturas e tropas do adversário. Ficaria então a 1a DIE como unidade-ala responsável pela segurança do flanco esquerdo do 4o Corpo, frente voltada para NO.

Entre as 8h30 e 9h10 da manhã de 14 de abril caças-bombardeiros atacam posições inimigas na zona de ação do 4o Corpo, seguindo-se por 35 minutos o intenso troar dos canhões em preparação da ofensiva. A 10a DA logo encontra oposição mais forte do que a esperada e pelas 14h avança a 1a DB, quase só infantaria devido à aspereza do terreno. Para ajudar a 10a movimenta-se lateralmente a 1a DIE. Seu 11o RI, chefiado pelo cel Delmiro de Andrade, ganha na campanha o codinome "Lapa", distinguindo-se os três batalhões por cores adotadas. Assim às 12h15 o 3o "Lapa Azul" - Cândido começa pelo centro assalto frontal a SE de Montese, tendo à esquerda ou oeste o 1o "Lapa Vermelha" - Lisboa, cujo objetivo é a vila de Montese, e à direita o 2o "Lapa Branca" - Ramagem, apoiados por alguns carros de combate americanos. Pelas 15h o pelotão do matogrossense ten Iporan Nunes de Oliveira, da 2a Companhia do 1o, penetra pelo sul na cidadela interior de Montese, que em três horas, ao escurecer, está dominada, com alguns soldados alemães mortos e 7 prisioneiros, havendo 1 morto e 3 feridos brasileiros; limpa a vila na manhã seguinte, sendo feitos mais prisioneiros.

Nessa região montuosa a L do Panaro, embora conquistada Montese, e pouco depois Serretto, é violentíssima a reação alemã nas alturas ao N e NE com morteiros e artilharia e campos minados que causam numerosas baixas nas quatro jornadas imediatas, até 17. Passando à frente, a leste, o 6o RI, acompanhado pelo 2o Sizeno do 1o RI, vem aliviar a situação premente do "Lapa". O mais encarniçado combate da 1a DIE teve envolvidos elementos de seus três regimentos. Ao final, dia 18, tinham sido feitos 453 prisioneiros, incluindo 5 oficiais, e as baixas eram 426, ou 34 mortos, 382 feridos e 10 extraviados.

Ao conseguir a 10a DA finalmente, na tarde de 16, uma brecha nas defesas alemãs em Tolle, a NE de Montese, desmorona a resistência nazista, que recua rápida e desordenadamente. O 4o Corpo é então deslocado mais para oeste e a 1a DB acaba interpondo-se entre a 10a e a 1a DIE brasileira. Percebe-se na manhã de 19 que o inimigo se retirara de toda a frente do 5o Ex. durante a noite anterior; ao anoitecer transpõe o Panaro em direção oeste.

Ocupadas ao N de Montese as alturas de Montello, a 1a DIE deve guardar até o S de Vignola, ao longo do médio Panaro, setor de mais de 20km de frente, demasiado extenso para uma só divisão. Às 7h30 da manhã de 21, depois de obstinada oposição na véspera, o 6o RI e companhia americana de carros ocupam o nó rodoviário de Zocca, em maciço montanhoso a SO de Bolonha, já desamparado pelos alemães.

Na vasta planície do Pó veloz perseguição sobre rodas improvisadas - No mesmo 22-4-1945 em que o 1o Grupo de Caça da FAB tinha seu dia de glória, acossando pelo ar os alemães em retirada, sem permitir-lhes tomar fôlego às margens do rio Pó, o Esquadrão de Reconhecimento e o 6o RI progridem para o norte e chegam à altura de Marano na margem oeste do Panaro; igualmente vindo do sul o 3o "Lapa Azul" ruma para Vignola, a NE de Marano, ambas as cidades ocupadas em 23 nas terras baixas da imensa planície ao sul do Pó. A partir daí, com o 6o RI na vanguarda, a 1a DIE abandona a direção N e inflete para NO, iniciando célere perseguição aos alemães em franco recuo.

Sem contar com os fartos recursos de motorização de outras unidades aliadas, para ganhar velocidade nos deslocamentos, vale o espírito de improvisação. Ante a ligeireza da fuga do inimigo a artilharia brasileira estava momentaneamente sem alvos de tiro. Cede então fraternalmente seu serviço de transporte motorizado à infantaria a pé, para dar-lhe rapidez de movimentação. Transpostos assim os rios Secchia, Enza e Parma, afluentes sulinos do Pó, depois da rodovia no 12, por 75km de Vignola até Collecchio, a SO da cidade de Parma. Para esta subia pela estrada 62 forte coluna teuto-italiana vinda da base naval de La Spezia, na Ligúria.

Depois de ocupada Marano sul Panaro, às 11h de 23 de abril, constituíra-se sob comando do cel Nelson de Melo rápida vanguarda brasileira, o Grupamento Motorizado reforçado que dispunha do 2o/1o RI e 3o/6o RI de reserva; logo depois de passar o rio Parma em 25 é dissolvido, possibilitando o transporte de outras unidades. Às 15h de 26 o Esquadrão de Reconhecimento choca-se na rodovia 62 com vanguarda inimiga em Collecchio, travando-se na cidade dura peleja por três horas em noite de chuva com elementos do 6o RI apoiados por blindados americanos,; na manhã seguinte, 27, a vanguarda alemã da 148a DI do gen Fretter Pico, que vinha acossada por "partigiani" e permanecia em Fornovo di Taro, à margem desse rio e a SO de Collecchio, deixa 588 prisioneiros, incluindo 17 oficiais, sendo as baixas brasileiras de 1 sd. morto e 16 feridos. O 6o RI fica incumbido do cerco, porquanto os outros dois regimentos deveriam ocupar a NO a região de Piacenza, notável cruzamento de rodovias, em cooperação com a 34a DI dos EUA. Enquanto o 3o Batalhão faz envolvimento a oeste, o 1o Gross coloca-se ao N e NE e o 2o Oest firma-se a SE e S nas localidades de Neviano di Rossi e Respiccio. Não atendido ultimato do cel Melo às 9h de 28, às 13h desencadeia-se violento fogo de artilharia e são repelidos com firmeza contra-ataques às 21 h e ainda à 1h da madrugada de 29. (O dia 28 ficaria também marcado pelo inglório e triste fim de Mussolini às mãos dos "partigiani" no NO da Itália.) Mas desde as 22h, de 28, parlamentários alemães tratavam da rendição, que aliás se generalizava no N da Itália. E desde a meia-noite, independente do que se passava a NE, o gen Pico e 6 mil de seus soldados de infantaria estão prontos a entregar-se ao 2o Oest em Respiccio. O canhoneio cessa de fato às 5h20 de 29 e ao meio-dia começa a NE o recolhimento de prisioneiros, iniciado por cerca de 800 feridos graves. A deposição de armas numerosa da 148a DI alemã, remanescentes da 90a PG e Divisão Bersaglieri "Itália" do gen Carloni, já quase inteiramente desertada, vai das 13h de 29 até terminar às 18h de 30 de abril. A brilhante vitória brasileira em Fornovo di Taro (local histórico onde em 6-7-1495 Carlos VIII da França com 10 mil homens, em marcha para Parma a NE, derrotara milaneses e venezianos) veio coroar a campanha da FEB em terras italianas, fazendo aí 14.779 prisioneiros e capturando os carros blindados do 361o Batalhão da 90a PG, 80 canhões de diferentes calibres, cerca de 2.500 viaturas de todos os tipos, mil delas motorizadas, 4 mil animais de tração e abundante cópia de munição. O 6o RI contou 5 mortos e 50 feridos.

Término feliz da campanha febiana - Em veloz progressão para NO, substituindo gradativamente tropas da 34a DI, o 1o RI ocupa em 28-4-1945 Piacenza e o 2o/11o RI Castelvetro. Este batalhão, transpondo o rio Pó, vai para Cremona, a NE de Piacenza, ao passo que o 3o/1o RI a NO de Cremona atinge Soresina e Lodi na direção de Milão. Para rápidos deslocamentos a 1a DIE é subdividida em três GT no 1, 6 e 11, confiados respectivamente aos gens Cordeiro de Farias, Falconière da Cunha e Zenóbio (serão extintos em 8 de maio). Às 22h da noite de 30 de abril o GT 11 de Zenóbio, com tropas do 11o RI, ocupa Alessandria, a O de Piacenza e meio caminho de Turim, e no dia seguinte, 1o de maio, mais a oeste, em Asti, a SE de Turim, entra em contacto com a 92a DI americana que subia da Ligúria, fechando o cerco da vertente meridional da planície do Pó. Segue no encalço do renitente 75o C.Ex. do gen Schlemmer a NE de Turim, o qual só admite rendição tardia em 2 de maio pela manhã, quando vinha acuado em todo o NO da Itália pelos "partigiani’ do gen conde Cadorna. Após a rendição alemã o 1o "Lapa Vermelha" ocupa nesse dia Turim. Forças do 4o Corpo dominam Milão. Em meio ao franco alvoroço do dia 2 forte patrulha brasileira - o Esquadrão Pitaluga ou 1o de Reconhecimento do GT 11 - a O de Turim estabelece ligação em Susa, a 32 km da fronteira francesa, com a 27a DA do gen Molle, unidade do Destacamento do Exército Francês dos Alpes. E estando o 3o "Lapa Azul" em Vercelli, a NE de Turim, a FEB recebe afinal em 2 de maio ordem definitiva de cessar-fogo.

Do efetivo geral da FEB, 25.445 participantes, estiveram realmente em ação de combate durante 239 dias (de 6-9-1944 a 2-5-1945) 15.069 sds., os demais 10.376 distribuídos por serviços auxiliares ou no depósito de reserva de pessoal. A FEB contribuiu para a derrota de dois dos três exércitos inimigos, o 14o Ex. alemão e o ítalo-germânico Exército da Ligúria, mantendo contacto com 13 de suas divisões, 10 alemãs e 3 italianas fascistas. Enfrentou no vale do Serchio a 42a "Jaeger" e a experimentada 232a DI, que veria de novo particularmente no vale do Reno; esporadicamente combateu a 362a DI em novembro de 1944, a 305a DI em janeiro de 1945, a 114a "Jaeger" e a 29a PG em março, a 334a DI e a 354a DI em abril e, na rendição em fins deste último mês, a 148a DI e a 90a PG; no vale do Serchio as fascistas "San Marco" e DA "Monte Rosa", setembro-outubro de 1944, e a "Itália" em Fornovo di Taro, final de abril de 1945. Ao todo capturou 20.573 sds inimigos, entre eles 2 generais e 892 outros oficiais. O final da II Guerra Mundial em maio de 1945 na Europa dispensou o Brasil de completar seu Corpo expedicionário com a formação da 2a e 3a DIE planejadas.

As perdas da FEB foram de 443 mortos, 430 praças e 13 oficiais, sendo 395 nos três regimentos, ou 152 do 1o RI, 109 do 6o e 134 do 11o; pertenciam à infantaria 94,5% dos militares mortos, que representaram todos os Estados do Brasil (menos o Maranhão, que não teve nenhum morto) e o Distrito Federal, pagando São Paulo o tributo maior, 92. Feridos em combate 1.577 e acidentados 1.145, destes 487 em combate. Aprisionados 1 oficial e 34 "pracinhas", mais 23 extraviados, sendo 10 destes enterrados como desconhecidos pelo adversário.

Em San Rocco di Pistóia, na Toscana, estabeleceu-se o cemitério militar brasileiro com guarda de 12 sds. e comando do cap Francisco Montarroyo. Ali estiveram sepultados também 8 oficiais da FAB, corpos de soldados alemães adversários e de mais militares brasileiros recolhidos de outras áreas no pós-guerra, como afogados, mortos por doenças e outros motivos. Os três primeiros "pracinhas" mortos em ação, na zona de Monte Prano, foram Atílio Piffer, de Amparo-SP e o paranaense Constantino Maroti, na manhã de 21-9-1944, e à noite desse dia Antenor Ghirlando, de São Paulo - Capital. Do cemitério saem em 7-12-1960 ao todo 466 urnas fúnebres, cujos despojos são trasladados dia 22 desse mês para o Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial, o mausoléu erguido no Aterro da Glória, cidade do Rio de Janeiro.

Regresso da FEB ao Brasil - Depois de cumprir ainda, entre 3 de maio e 20 de junho de 1945, missão de ocupação militar em território italiano. Desde 6 de junho iniciam-se os preparativos de deslocamento da tropa para a região de Francolise, no S da Itália, visando ao começo de embarque para o Brasil dentro de um mês.

Sob chefia do gen Zenóbio parte de Nápoles, no Gen Meighs, em 6 de julho, o 1o escalão de regresso com 4.931 homens (o gen Mascarenhas segue por via aérea), basicamente do 6o RI, que fôra o primeiro a vir para a guerra; chega dia 18 e nessa mesma data desfila no centro do Rio de Janeiro na Parada da Vitória, com um pelotão especial da 10a DA dos EUA e a presença dos generais americanos Clark, Ord, Crittenberger e Brann. O no 2, sempre de Nápoles ao Rio de Janeiro, traz o 1o RI com o gen Cordeiro de Farias e 6.187 sds no transporte americano Mariposa (Moth) entre 12 e 22 de agosto. No 3, cel Mário Travassos e 1.801 sds do depósito de pessoal e elementos de intendência no navio brasileiro Duque de Caxias, parte em 28 de agosto, faz desfile em 3 de setembro em Lisboa e chega ao Rio em 19 desse mês. O no 4, no Gen Meighs, cel Delmiro de Andrade, 11o RI e 5.342 sds., de 4 a 19 de setembro. Escalão A, cel Armando de Morais Âncora no navio nacional Pedro I entre 12 de julho a 3 de agosto. B, no brasileiro Pedro II, ten-cel João Machado Lopes e seu 9o BE, de 26 de julho a 13 de agosto. Escalão no 5, no americano James Parker, cel Arquimínio Pereira e 2.742 sds. do Depósito de Pessoal, entre 19 de setembro e 3 de outubro. Último comandante brasileiro na Itália, o gen Falconière da Cunha deixa Nápoles por via aérea em 13 de outubro.

Expressiva presença brasileira na Europa - Representando condignamente a América latina, o pugilo de bravos da FEB permaneceu na Itália quase exatamente um ano e verteu sangue em 7 meses e 19 dias de contacto freqüente com o inimigo na linha de combate. E por coincidência o agora consagrado Dia do Exército brasileiro - 19 de Abril, data comemorativa da 1a Batalha dos Guararapes em 1648, lembra os dolorosos dias finais da tomada de Montese.

Apesar da chegada tardia ao cenário da guerra, sem a vantagem de prolongado período de treinamento com armamento moderno, a FEB acabou ombreando-se sem desdouro com unidades aliadas veteranas e experientes. E o "pracinha" brasileiro, sem tradição belicosa, ainda precisou superar as dificuldades de um meio geográfico estranho, montanhas escarpadas e o rigor de inverno desconhecido no Brasil, usando uniforme inadequado e a precariedade de agasalhos e calçados, até ser abastecido pelos americanos. Assim combateu continuamente por 239 dias, sem retirar-se da frente em um único dia para descanso.

Em novembro de 1944, reunida a 1a DIE do gen Mascarenhas, era uma das 23 divisões de várias nacionalidades no 15o Grupo de Exércitos aliados do gen Clark; formavam a seu lado 6 dos EUA, 6 do Reino Unido, 3 canadenses, 3 indianas, 2 polonesas, 1 neozelandesa e 1 sul-africana. A divisão brasileira representava, portanto, apenas 1/23 dos efetivos combatentes no teatro do Mediterrâneo, ou pouco mais de 4% das tropas terrestres aliadas, se somadas as 87 divisões do ocidente europeu, perfazendo o total geral de 110 divisões. O efetivo médio de cada unidade combatente ocidental, DI, DM ou DB, era uns 15 mil homens, mas além desse número a grande organização militar, administrativa e logística, ocupa em média mais um terço de homens nos serviços. Então a 1a DIE, com uma força realmente combatente de 15 mil sds., necessitou levar o total de quase 25.500 homens , incluindo o sistema administrativo e logístico, mais as tropas de recompletamento dos quadros.

Levando em consideração somente a luta na Europa ocidental, a participação brasileira no conjunto das forças aliadas foi inferior a um centésimo (1/110). Assim sua avaliação, em termos de feitos militares e resultados, só deve ser comparada à de força aliada equivalente, ou seja, à de uma divisão de infantaria americana, inglesa, canadense, polonesa, indiana. Se sozinha a FEB não empolgou a vitória na Itália, sua importante contribuição não pode ser esmaecida nunca, muito menos vilipendiada sua justa glorificação.

FAB - Asas brasileiras no céu da Itália



Criação do 1o Grupo de Aviação de Caça - Já durante a guerra fôra constituído em 20-1-1941 o Ministério da Aeronáutica no Brasil. A princípio, para cumprir conjuntamente com a Marinha a missão de defender o extenso litoral brasileiro, a FAB - Força Aérea Brasileira não dispunha senão de aviões monomotores de treinamento e bimotores de passageiros improvisados como bombardeiros. Nas "varreduras" sobre o mar, em missões de proteção a comboios ou de caça a submarinos inimigos, o avião de guerra usado desde 1938 pelos pilotos brasileiros ainda era o velho monomotor "Vultee V-11", projetado para ataque em 1935, portanto na ocasião já obsoleto e ineficiente.

Ajuda dos EUA - Mesmo antes de Pearl Habor as bases de Natal e Recife vinham servindo de pontos de pouso à USAF, no transporte de aviões aos ingleses no chamado "Corredor da Vitória" por sobre o Atlântico . Valiosa cooperação do Brasil.

Ao entrar o Brasil na guerra em agosto de 1942 a FAB passa a ter auxílio material dos EUA, em troca de matérias-primas necessárias ao esforço bélico desse país. Ganha então melhores aviões militares, ótimos hidroplanos PBY-1 Catalina e bombardeiros médios Hudson A-28-A, Ventura B-34 e Mitchell B-25, além de alguns caças Tomahawk P-40, valiosos pelo emprego de radar a bordo.

Como se dera na Marinha, em poucos meses torna-se íntima a colaboração da FAB com os americanos, que tratam de melhorar as bases aéreas nacionais e mesmo construir outras, aeronavais, especialmente na região Nordeste. Então, diariamente, de bases litorâneas ou próximas da costa equipagens e aviões disponíveis participam da vigilância anti-submarina, partindo de Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador, Caravelas, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.

Em fins de 1942 eram reforçados os efetivos da FAB nas bases aéreas de Recife e Natal, ao tempo em que o Exército também concentrava unidades nessas capitais e em Campina Grande, na Paraíba. Já antes era motivo de cuidados especiais o arquipélago de Fernando de Noronha, a 188km NE do cabo São Roque, perto de Natal, e a 300km de Recife, cuja ilha principal de mesmo nome tem cerca de 5km de extensão no eixo maior NO-SE; instalou-se aí o destacamento misto do cel Tristão de Alencar Araripe, compreendendo unidades de artilharia, infantaria e contingentes de engenharia, guardadas as ilhas estratégicas pelos canhões de um Grupo Móvel de Artilharia de Costa e pelas baterias do 1o/II RA Antiaérea. Depois de ocupada a África do Norte pelos aliados desvanece o perigo de alguma incursão nazi-facista. Tendo porém excelente pista construída em 1943 pelos americanos, Fernando de Noronha serviu de trampolim da aviação para a escala africana de Dakar, usado pelos quadrimotores de bombardeio Liberator B-24 e muitos aviões de transporte; davam-lhe proteção aérea hidroaviões Catalina, bimotores Vega-Ventura e mais bombardeiros médios. Problema sério era o abastecimento da guarnição. E devido a isso, ali no cemitério do Alto da Floresta foram enterrados diversos militares ceifados pela disenteria e beribéri causados por água pesada e salobra das velhas cisternas do tempo do presídio insular, racionada ante a dificuldade de suprimento, e pela penúria de melhor alimentação, basicamente a ração militar americana que era então fornecida.

Em 15-2-1943 acomoda-se no Recife uma Ala Aérea da 4a Frota naval dos EUA. Nos primeiros meses do ano vão sendo instaladas sob administração americana importantes bases aeronavais, de preferência na costa norte e nordeste do país. Surgiram assim a de Val-de-Cãs em Belém, a de Parnamirim a 17 km S de Natal, Ibura próximo de Recife, Backer e Ipiranga em Salvador, onde Aratu servia ao abastecimento de petróleo aos navios de guerra, e Santa Cruz no então Distrito Federal, Rio de Janeiro; mais tarde a base de pequenos dirigíveis americanos em Tirical, perto de São Luís do Maranhão, e até o Exército dos EUA organiza a base aérea de Cocorode em Fortaleza. Cerca de 10 mil homens da Marinha dos EUA serviram nessas bases, que em 9-7-1945 desocupam inteiramente. As bases aéreas com instalações modernas e complexas, exigindo conhecimento mais profundo de direção, passam gradativamente à administração direta da FAB até o início de outubro de 1946.

Em 1943, ano decisivo da campanha anti-submarina no Atlântico, formado um comando costeiro conjunto de defesa do Brasil, aviões dos dois países afundaram 14 submarinos alemães, número correspondente a 7% do total que o inimigo perde nesse oceano. O único deles comprovadamente destruído por pilotos da FAB foi o U-199, em 31 de julho, a 60 milhas, ou 111km, ao sul do Pão de Açúcar, litoral do Rio de Janeiro.

Formação do 1o Grupo de Caça da FAB - Para colaborar nas ações da guerra da FEB foi criado por decreto de 18-12-1943, devendo ser constituído apenas por pilotos voluntários. Coube seu comando ao major-aviador Nero Moura, logo mais promovido a tenente-coronel, e o efetivo geral - incluindo a infra-estrutura de apoio - subiu a cerca de 350 homens, todos inscritos voluntariamente.

O treinamento completo do pessoal seria nos EUA, para onde parte em 3-1-1944 um primeiro grupo-base formado pelo comandante , 16 oficiais e 20 sargentos mecânicos e ao qual se reunem novos contingentes a partir de 10 de fevereiro. Fazem cursos intensivos na Escola de Tática Aplicada da USAF em Orlando, Flórida. Transferidos um mês depois para Gainesville, mais a NO na Flórida, fase de treinamento prático até 13 de março, no uso do caça monomotor Kittyhawk P-40, N-5. Em cinco dias esse pessoal-chave é deslocado para a base aérea de Albrook Field, na Zona do Canal do Panamá, cuja segurança estratégica cabia aos EUA; aí chegam novos pilotos brasileiros e turmas sucessivas de graduados e soldados para a organização afinal do 1o Grupo de Caça da FAB. E de Albrook Field, já quase completo, segue para Aguadulce, em região selvática da costa do Pacífico, base de onde começa a operar em 11 de maio, juntamente com Grupo americano, na defesa setorial, agindo como unidade aérea independente a partir de 1o de junho. Deu-se na área acidente fatal que vitimou em 18 de maio o 2o ten aviador Dante Isidoro Gastaldoni (nascido em Porto Alegre-RS em 21-11-1923), sepultado no cemitério de Corozal, cidade do Panamá.

Para estágio final mais avançado o 1o Grupo vai em 27 de junho por via marítima para a base aérea de Suffolk Army’s Air Field, NE de Long Island, defronte a Nova York, onde obtém 12 Thunderbolt P-47B (Raio), novo e excelente caça que iria utilizar nas operações na Itália. Subdividido em 4 esquadrilhas, "Vermelha", "Azul", "Amarela", e "Verde", participa em 21 de agosto de manobra em campo de Mastic, sendo encarregado de ataque simulado à base de Suffolk; o último estágio termina em 10 de setembro. Da base Patrick Henry, atingida em deslocamento ferroviário, o 1o Grupo embarca dia 19 para a Europa no porto de Norfolk, a SE de Newport News, Virgínia. Seguem no transporte francês Colombie 42 pilotos, 9 oficiais de administração, 2 oficiais médicos, 6 enfermeiras, 109 suboficiais e sargentos e 174 cabos e soldados, um total de 342 membros. Posteriormente esse total elevou-se na Itália a 458, com 75 oficiais, 177 suboficiais e sargentos, 199 cabos, soldados e taifeiros, 6 enfermeiras e 1 capelão.

Incorporação à força aérea aliada na Itália - Desembarque em 6-10-1944 no porto de Livorno (Liorne), na costa do mar Ligúrico, N da Itália, mesmo dia em que chegava a Nápoles o grosso da FEB. Na manhã seguinte o 1o Grupo desce por ferrovia até o campo de aviação em Tarquinia, a NO de Roma, que abrigava precariamente em razão de chuvas mais de 200 aviões, cabendo inicialmente 30 P-47 aos pilotos brasileiros. Vai integrar o 350o Regimento de Caça americano do gen Chidlaw, da 62a Brigada de Caça-Bombardeio pertencente ao 12o Comando Aerotático do gen Saville, que dava apoio direto ao 5o Ex. dos EUA, no qual se achava a FEB; esse 12o Comando obedecia à 12a Força Aérea tática do gen John Cannon, que juntamente com a Força Aérea costeira e a 15a Força Aérea estratégica de bombardeio compunha a superior Força Aérea aliada no Mediterrâneo. O apoio direto ao 8o Ex. britânico era dado pela veterana Força Aérea do Deserto e os bombardeiros táticos da 12a Força Aérea iam até os limites N da Itália em proveito comum do 15o Grupo de Exércitos; a costeira tinha missão anti-submarina, ataque à navegação marítima inimiga e defesa aérea.

Na organização da USAF uma Ala de Caça ("Fighter Wing") reunia 3 Grupos, cada Grupo 3 Esquadrões e cada Esquadrão 4 Esquadrilhas, totalizando portanto 36 Esquadrilhas, com cerca de 3.670 homens, entre eles 435 pilotos, e 235 aviões de caça. Ora, em verdade o 1o Grupo de Caça brasileiro parece mais um Esquadrão americano e assim se incorpora como um extra 4o Esquadrão; suas 4 Esquadrilhas, que nos treinos se distinguiam por cores, passam agora às letras A,B,C e D e os aviões de cada qual são numerados, A-1, A-2, A-3 e assim por diante.

Emblemas Militares - A exemplo das grandes unidades americanas, especialmente terrestres, cada uma com distintivo próprio, a FEB também criou o seu, a ser posto no alto da manga do uniforme, por sugestão do ministro da Guerra, gen Dutra, que observara o costume dos combatentes aliados ao visitar a frente de luta em 17-10-1944. O desenho da insígnia especial foi imaginado tendo por base muito em voga entre os pracinhas da FEB antes mesmo da saída do Brasil. É porém controvertida a origem do dito então disseminado - A cobra está fumando. Teria aparecido no 1o RI - Regimento Sampaio do Rio de Janeiro, ante a demora no embarque para a Itália, que a céptica mordacidade popular achava só aconteceria "no dia em que uma cobra fumasse". Ou fôra alguém do 11o RI mineiro que, no deslocamento da tropa por ferrovia para o porto do Rio de Janeiro, comparara o trem comprido, puxado por uma locomotiva "maria-fumaça", coleando na sinuosidade da serra, a uma verdadeira cobra fumando. De qualquer modo a expressão se firmou, já em Nápoles, à vista do temeroso Vesúvio...

O símbolo originalmente desenhado pelo famoso Walt Disney, cobra de capacete, cachimbo na boca, cartucheiras e belicosamente disparando dois revólveres, foi rejeitado como americanizado por militares brasileiros. Preferiu-se o desenho simplificado, cobra verde de pé, olho de rubi e cachimbo fumegante na boca, em campo amarelo, encimado pela palavra Brasil, letras brancas em fundo azul. Desenho popular e mais nacionalista.

Menos usual na aviação, o capitão-aviador Fortunato Câmara de Oliveira desenhou o distintivo, a ser pintado nos aviões do 1o Grupo de Caça da FAB, durante a travessia marítima entre os EUA e a Itália. Humoristicamente aproveitou para espicaçar o insosso regime alimentar americano: só avestruz para suportá-lo! Então o símbolo do avestruz guerreiro, quepe branco da FAB na cabeça , empunha revólver-pistola 45 e escudo azul do Cruzeiro do Sul, sobre nuvem branca num sanguinolento céu de fogo e espocar de granadas, e furiosamente lança o brado de guerra mais popular na gíria dos pilotos brasileiros: "Senta a pua!" (Este lema adotado correspondia à época, entre cariocas, aos incentivos mútuos "manda-brasa!" ou "vai em frente!")

Ambientação no cenário de guerra - Adido em Tarquinia ao 350o Regimento ("Fighter Group") de Caça da USAF, sob comando do ten-cel Nero Moura o 1o Grupo de Aviação de Caça brasileiro recebe inicialmente para ação 28 novos Thunderbolt P-47B, monomotor de um só lugar munido de 8 metralhadoras de 50mm e 6 foguetes nas asas, podendo levar duas bombas de 250 quilos cada uma ao operar como caça-bombardeiro.

Chefe de operações o major Oswaldo Pamplona Pinto; chefe do escalão de serviços terrestres o major Marcílio Gibson Jacques; chefe do serviço de intendência o major Ovídio Alves Beraldo; chefe do serviço médico o capitão Thomas Girdwood (nascido no Brasil, mas cidadão americano e capitão da USAF); e chefe do serviço de informações o 1o ten José Carlos de Miranda Corrêa. Entre os pilotos os capitães eram chefes de esquadrilha e os 1os tenentes subchefes e os demais aviadores, na fase inicial de adaptação a partir de 31-10-1944, seriam incluídos individualmente em esquadrilhas americanas nas missões de combate. Todavia é o chefe de operações major Pamplona que executa a primeira missão brasileira nesse mesmo dia 31, o de batismo de fogo. Foram designados chefes de esquadrilha: da 1a ou A o cap Lafayette Cantarino Rodrigues de Souza; da 2a o cap Joel Miranda; da 3a o cap Fortunato Câmara de Oliveira (desenhista da insígnia do "Senta a Pua!"); e da 4a o cap Newton Lagares da Silva.

Por essa época, 23 de outubro, quando a unidade brasileira - de mesma organização e efetivo de um esquadrão americano - sai para os primeiros vôos na Itália, a aviação inimiga fôra varrida da zona de operações e raramente fazia à noite apenas pequenos reides isolados de inquietação; mas sua artilharia antiaérea continuava muito eficiente. Estava portanto ultrapassada aquela fase de precisar limpar do céu aviões inimigos, pois virtualmente deixara de existir a "Luftwaffe" na Itália e começava a entrar em colapso na própria Alemanha; restavam duas outras missões aéreas, isolar o campo de batalha com ataque concentrado às comunicações e dar apoio direto ao exército, equivalendo ambas a enfrentar o perigo de fogo antiaéreo de grande precisão em vôos rasantes. Então, sem haver mais necessidade de tantas unidades de aviação de caça, surgiu a idéia de usá-las em bombardeio tático, empregados seus aviões como caças-bombardeiros. Daí as baixas não serem pequenas.

Preparados para o combate aéreo, os pilotos brasileiros vão ter de adaptar-se, a partir de 31 de outubro, à nova realidade da guerra e participar da luta na árdua função de bombardeadores táticos. Para familiarizar-se aos poucos, integram individualmente esquadrilhas americanas experimentadas. Depois são realizadas algumas missões em conjunto. Precisam aprender a execução do bombardeio picado sobre objetivos militares como pontes férreas ou rodoviárias, trechos e instalações de ferrovias, oficinas de consertos, campos de aviação, posições artilhadas de variados tipos e calibres, edifícios e alojamentos de tropas inimigas, concentrações de efetivos militares ou de material bélico, depósitos de munições e de combustíveis, comboios, usinas elétricas, fábricas, entrincheiramentos, etc.. No bombardeio de mergulho usavam-se duas bombas de 250 quilos (excepcionalmente duas de 500 quilos cada) colocadas externamente sob as asas do P-47; havia também a possibilidade de emprego de bombas incendiárias de gasolina gelatinosa. E, uma vez lançadas as bombas, e os foguetes, nos objetivos visados, cada piloto devia ainda usar em vôo baixo o grande poder de fogo das 8 metralhadoras sobre veículos rodando nas estradas, tropas em movimento, trens, aviões no solo, e outros alvos encontrados casualmente; o metralhamento não raro provocava grandes incêndios e inesperadamente depósitos de munições camuflados iam pelos ares.

"Olho Nele!" - Certamente no inimigo. Mais uma contribuição da FAB na Itália, assim ficou conhecida a 1a ELO - Esquadrilha de Ligação e Observação de artilharia, orgânica da 1a DIE, sob direção do cap-av. João Belloc, utilíssima na orientação dos tiros de artilharia. Utilizou para isso 10 pequenos e desarmados aviões HL - Piper Cub ou L4H na versão militar (nosso conhecido "Teco-Teco" civil) . Estabelecida desde 13-11-1944 em Pistoia, a "Olho Nele!" desloca-se dia 7 de dezembro para Suviana e finalmente para Porretta Terme, mantendo-se intimamente unida à artilharia divisionária da FEB.

Enfim, vôos realmente de guerra...e de morte - Transcorria em terra a batalha dos Apeninos quando, em 31-10-1944, os pilotos brasileiros conhecem o batismo de fogo. E logo no dia 6 de novembro, integrando esquadrilha americana, o 2o ten John Richardson Cordeiro e Silva (nascido no Rio de Janeiro-DF em 29-9-1922) é abatido pela forte artilharia antiaérea alemã ("Flak") nos arredores de Bolonha, em sua primeira e única missão de combate. No dia seguinte, 7, outra perda dolorosa. Em vôo de treinamento perto da base de Tarquinia acidente vitima o 2o ten Oldegard Olsen Sapucaia, que não pôde saltar de paraquedas por falta de altura.

Autonomia de ação - Desde 11 de novembro o 1o Grupo passa a operar com inteira independência, fazendo vôos de reconhecimento armado a 12 mil pés (quase 3.660m) de altura sobre o vale do Pó. No final do mês ao 350o Regimento é atribuída uma das cinco zonas de operações aéreas no N da Itália, indo da linha de segurança ao sul até o lago Garda, ao norte do rio Pó. Então o 1o Grupo brasileiro desloca-se em 4 de dezembro para a base aérea italiana de San Giusto, em Pisa, no rio Arno, a apenas 25 km da linha terrestre de contacto militar, e cinco dias depois também o comando vem de Tarquinia para Pisa.

Grave acidente em 16 de novembro causara a morte de mais dois pilotos brasileiros em Tarquinia. Para filmagem de documentário um avião de transporte americano C-47 acompanha no ar os aviões do 1o ten Waldyr Paulino Pequeno de Mello (nascido em Manaus dia 14-9-1922, realizara uma missão) e do 2o ten Luiz Felipe Perdigão Medeiros da Fonseca, quando às 16h da tarde manobra súbita provoca choque com o C-47, que cai e se incendeia, morrendo todos, incluindo o passageiro 2o ten Rolland Rittmeister (natural de São Paulo-SP em 17-4-1921, uma missão); só o piloto Luiz Felipe escapa saltando em tempo de paraquedas (tinha uma primeira missão de combate).

Durante vôo rasante na região de Ostiglia, margem N do rio Pó, em sua 24a saída, é atingido dia 23 de dezembro o avião do 1o ten Ismael da Motta Paes. (Prisioneiro, foi libertado pelos russos do campo de Stettin, Pomerânia, N da Alemanha, em maio de 1945, sendo o último elemento a voltar ao 1o Grupo.)

No decorrer de janeiro de 1945, em pleno inverno europeu, o inimigo cresce de atividade com a chegada à base de Milão de um primeiro grupo de ME-109 treinado na Alemanha, novo modelo de caça adaptado a vôos noturnos; logo outro, também com 35 aparelhos, chega à base de Aviano, a O de Udine, NE da Itália. E ainda em certas noites frias operam terríveis bombardeiros Stuka Ju-87 de mergulho. Contudo, as condições atmosféricas vedaram toda e qualquer ação aérea em oito dias do mês. Alvos da aviação aliada eram as vias de comunicação, especialmente a ferrovia do passo Brenner e suas variantes férreas, cujas pontes foram visadas nos limites da Áustria e da Iugoslávia. As ferrovias na aérea do passo Brenner estavam muito bem defendidas por 408 canhões antiaéreos alemães de grosso calibre e outros 415 menores; desferidos aí nove ataques de 72 saídas. Nessas rápidas incursões as esquadrilhas de P-47 geralmente precediam em 15 minutos os bombardeiros médios, a fim de poder escoltá-los na volta às bases.

No dia 2 de janeiro, em sua 32a missão ofensiva, é abatido o 2o ten João Maurício Campos de Medeiros (nascido no Rio de Janeiro-DF em 15-4-1921) ao procurar a esquadrilha metralhar locomotiva estacionada em Alessandria, a SE de Turim; ele salta de paraquedas, mas por infelicidade bate em fios de alta tensão e foi enterrado pelo adversário na própria cidade. Por motivo idêntico, ataque a locomotiva em localidade próxima do N de Milão, cai ao solo em chamas dia 22 o avião do 1o ten Aurélio Vieira Sampaio (natural de Aracaju-SE em 31-5-1923) em sua 16a missão (corpo igualmente levado ao fim da guerra para o cemitério brasileiro de Pistoia). Dia 29, ao realizar a 41a saída, o avião do 1o ten Josino Maia de Assis é atingido em vôo rasante na área ao S de Piacenza, L de Alessandria; o piloto salta de paraquedas, sendo preso (levado para campo de prisioneiros em Nuremberg, interior da Alemanha, veio a ser libertado em fins de abril de l945).

Nos dois meses imediatos a sorte dos pilotos variou, nos aviões atingidos pelo eficiente fogo antiaéreo alemão.

Abatido em seu 31o vôo dia 4 de fevereiro a SO de Treviso, NNO de Veneza, o cap Joel Miranda consegue esconder-se com o braço fraturado, sendo mais tarde acolhido muito a SO por grupo de "partigiani" já perto de Padova (Pádua); abatido juntamente com ele, às 15h15, e usando paraquedas, o 2o ten da reserva Danilo Marques Moura, irmão do cmt. Nero, na 11a missão pessoal, percorre a pé e de bicicleta arranjada cerca de 200km, cruza o rio Pó ao sul e, pelas mãos de guerrilheiros, retorna enfim ao 1o Grupo 28 dias passados. Em 10 de fevereiro o 1o ten Roberto Brandini, mesmo ferido na cabeça em seu 28o vôo, salta de paraquedas ao N de Ostiglia, esteve em hospital-prisão de Verona e acaba libertado dia 8 de maio de campo de prisioneiros em Bolzano, mais ao norte, na região dos Alpes. Dia 15 o aspirante da reserva Raymundo da Costa Canario, com avião atingido em vôo rasante na 51a saída ao sul do rio Pó, consegue saltar de paraquedas nas linhas terrestres aliadas. Derrubado às 11h de 7 de março a NE de Parma, perto de Reggio nell Emilia, na 58a missão, o cap Theobaldo Antonio Kopp desce de paraquedas, sendo levado pelos "partigiani" em 23 de abril às posições da 34a DI americana. Também em sua 58a saída, dia 26 de março, atingido ao atacar importante ponte fluvial a NE de Casarsa, a SO de Udine, o 1o ten Othon Corrêa Netto é preso ao descer de paraquedas; esteve no campo de Nuremberg e cobriu a pé 180km em transferência na direção sul para o de Müsberg, ao N de Munich, Baviera, em companhia do 1o ten Josino (caído prisioneiro em 29 de janeiro) e do ten da FEB Emílio Varoli (capturado em 12-12-1944 num terceiro assalto ao Monte Castello); os três são libertados por tropas americanas em 29 de abril, passam por Paris e afinal voam num B-25 americano, chegando de volta a Pisa em 15 de maio.

O ápice do esforço aéreo cobre a ofensiva final da primavera - Em 10 de fevereiro de 1945 o 1o Grupo de Caça dispunha do efetivo de 45 pilotos e só 28 aviões operacionais. E nesse dia, atacando um parque de viaturas, a esquadrilha do cap Lagares destrói mais de 80 caminhões ao N de Mantova (Mântua). No mês de março os pilotos brasileiros acertam disparos em 58 veículos motorizados, 105 vagões e carros-tanques, 13 pontes, 3 aviões no solo e 2 carros blindados. Nos quatro meses iniciais de 1945 efetuam 1.738 vôos com os P-47 agindo como caças-bombardeiros em picada e investida rasante.

A primeira semana de abril marca em terra o começo da grande ofensiva aliada da primavera, a abrir-se em leque pela planície do Pó. No 1o Grupo situação crítica: enquanto ao lado os esquadrões americanos mantinham seus 45 pilotos do efetivo regular, fazendo 48 saídas diárias, o brasileiro para realizar 40 utilizava apenas 23 pilotos, incluindo até o comandante e o oficial de operações, que normalmente não devem ser computados. Já na tarde de 15 de abril participa diretamente do bombardeio do baluarte alemão de Monte Sole, a NE de Vergato, auxiliando em muito o êxito do ataque da 6a DB sul-africana na rodovia 64 para Bolonha.

Á tarde de 9 de abril, atingido no regresso de sua 62a missão, o 2o ten Armando de Souza Coelho pôde saltar em linhas inglesas do 8o Ex., a 8km N de Ravenna, e dois dias mais tarde voltava à ação. Na 44a saída o aspirante da reserva convocado Frederico Gustavo dos Santos (nascido na cidade de Salvador em 9-10-1925) não escapa de estilhaços da própria explosão que provocou, às 9h30 da manhã de 13 de abril, em depósito de munições ao N de Casarsa; promovido a 2o ten post-mortem.

22 de abril, marcante dia de glória do 1o Grupo - Espicaçando sem trégua o inimigo e causando devastação em suas colunas em retirada através da planície, impede que faça um último finca-pé às margens do grande rio Pó, ao mesmo tempo que o vigor de seu maior ataque aéreo no vale colabora para a transposição dele à noite pela 10a DA americana ao S de Mantova e O de Nogara, na região de San Benedetto Po.

Desde as 8h15 da manhã, quando melhoram as condições atmosféricas, 25 pilotos brasileiros realizam 44 saídas em 11 missões no dia, utilizando apenas 23 aviões disponíveis, estabelecendo a média diária de duas incursões por piloto. Pela manhã, à frente de colunas terrestres americanas que se aproximam do rio, a esquadrilha do cap Horácio Monteiro Machado, logo seguida por outras duas, visa particularmente pontes, depósitos de gasolina, viaturas e barcos na área de San Benedetto Po; duas esquadrilhas completam às 16h esse trabalho de destruição, evitando que os alemães mantenham "cabeça-de-ponte" e facilitando aos americanos a passagem do rio; destruídos 97 transportes motorizados e avariados outros 17, 31 carroças e 7 balsas ou pontões fluviais. Baixa de um piloto brasileiro e seu avião: na tarde de 22, em sua 85a saída, o 2o ten Marcos Eduardo Coelho de Magalhães ao saltar de paraquedas cai sobre telhado e fratura os tornozelos já no solo, em área próxima ao hospital de Reggio nell Emilia; ali ficou preso pouco tempo, sendo libertado horas mais tarde por milicianos italianos e tropas americanas. O homérico empenho brasileiro nesse proveitoso dia 22 valeu ser a data consagrada à aviação de caça pela FAB, posteriormente.

O uso de bombas de "napalm", gasolina gelatinosa, espalhava fogueiras e aumentava a destruição. Já com o 2o C.Ex. americano ao norte do rio Pó, em 24 de abril a esquadrilha do 1o ten Luiz Felipe Perdigão ataca 80 vagões em parque ferroviário na área de Verona, explode alguns carregados de munição e quase todos ardem. Dois dias depois, na manhã de 26, ao atacar locomotiva em sua 89a missão é abatido sobre Scandiano, zona de Alessandria, o 1o ten Luiz Lopes Dornelles, cujo avião não sai da picada às 7h05 e penetra no solo. Última vítima de fogo antiaéreo inimigo, ao atacar às 8h40 do dia 30 comboio de viaturas a NE de Veneza, em sua 93a surtida, o 2o ten Renato "Galego"Goulart Pereira conduz o aparelho danificado bem ao sul antes de lançar-se de paraquedas e ser recolhido por tropas inglesas a oeste do lago Comacchio; retorna ao 1o Grupo dois dias depois.

Dentre os 48 oficiais-aviadores do "Senta a Pua!" um era capitão da USAF nascido no Brasil e doze jovens civis convocados pela FAB, isto é, quatro segundos-tenentes e oito aspirantes-a-oficial; mas desses 48 pilotos somente 45 estiveram realmente em ação. O 1o Grupo entrou na luta com 39 pilotos operacionais e em pouco mais de meio ano de ação teve 16 abatidos, 5 deles mortos, 5 aprisionados, 3 foragidos com auxílio dos "partigiani" e 3 que se agüentaram até cair em território aliado; durante a campanha recebeu 6 novos pilotos, mas outro tanto se perdeu prematuramente, ou seja, 3 mortos em desastres de aviação perto da base aérea e 4 desligados por prescrição médica ante seu estado de esgotamento físico e nervoso. A média mensal de pilotos derrubados chegou a quase 3, alcançando no conjunto 41% do efetivo; o total geral de 23 baixas não é pequeno, representando cerca de 50% da força atuante, a qual termina sua participação na guerra com apenas 23 pilotos ativos e sem substitutos.

Grandes resultados - De 31-10-1944 a 2-5-1945, em pouco mais de seis meses, o 1o Grupo de Caça da FAB executou 445 missões de guerra na Itália com 2.546 saídas ofensivas e 4 outras defensivas, num total geral de 5.465,5 horas de vôo em operações de combate. Despejou 4.442 bombas pesando 1.010 toneladas e disparou 850 foguetes ("rockets") e 1.180.200 tiros de munição calibre ponto 50 (.50). Resultado numérico em alvos destruídos e danificados respectivamente: 2 e 9 aviões em terra, 13 e 92 locomotivas, 250 e 835 vagões e carros-tanques ferroviários, 8 e 13 carros blindados, 1.304 e 686 veículos motorizados, 79 e 19 viaturas hipomóveis, 25 e 51 pontes férreas e de rodagem, 412 e O cortes em ferrovias e rodovias, 3 e 0 plataformas de triagem, 144 e 94 edifícios ocupados, 3 e 8 alojamentos, 1 e 4 acampamentos, 2 e 2 postos de comando, 85 e 15 posições de artilharia, 6 e 5 fábricas, 125 e 54 instalações diversas, 31 e 15 depósitos de combustíveis e munições, 11 e 1 depósitos de material, 3 e 2 refinarias de petróleo, 5 e 4 usinas elétricas, 0 e 2 estações de radar, 19 e 52 embarcações e 0 e 1 navio. Somente no último mês de guerra, de 6 a 29 de abril, representando 5% das saídas das forças aéreas táticas americanas na Itália, teve magnífico desempenho, ainda mais reduzido a um incansável punhado de pilotos, pois ao 1o Grupo se devem 15% dos veículos então destruídos, 28% das pontes destruídas, 36% dos depósitos de combustíveis e 85% dos de munições pelo menos danificados.

No regresso ao Brasil um grupo de 19 P-47 chefiado pelo cel Nero Moura vem pelo ar do Texas-EUA e aterra no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro-DF, em 16-7-1945. Dois dias depois, o da Parada da Vitória em 18, aporta o Gen Meighs trazendo de Nápoles o escalão inicial da FEB e os elementos de base do 1o Grupo de Caça, que haviam deixado Pisa em 26 de junho para o embarque. Representava o "Olho Nele!" seu cmt., o cap-av. João Afonso Fabrício Belloc.

Número de brasileiros mortos na II Guerra Mundial

Com 22 aviões a Aeronáutica registra a perda por morte em ação dos 8 seguintes pilotos: 2o ten-av. John Richardson Cordeiro e Silva, abatido em 6-11-1944 nos arredores de Bolonha; 2o ten-av. Oldegard "Cocinha" Olsen Sapucaia, dia 7-11-1944 em acidente de treinamento perto da base aérea de Tarquinia; 1o ten-av. Waldyr Paulino Pequeno de Mello e 2o ten-av. Rolland "Rolly" Rittmeister (significa em alemão "mestre de equitação"), acidente em demonstração de vôo dia 16-11-1944 na base de Tarquinia; 2o ten-av. João Maurício "Boulanger" ("padeiro" em francês) Campos de Medeiros, abatido em 2-1-1945 na cidade de Alessandria; 1o ten-av. Aurélio Vieira Sampaio , abatido em 22-1-1945 perto de Milão; 2o ten-av. post-mortem (aspirante da reserva) Frederico "Freddy" Gustavo dos Santos, abatido em 13-4-1945 por estilhaços de explosão ao N de Casarsa; e 1o ten-av. Luiz Lopes Dornelles, abatido em 26-4-1945 na área de Alessandria.

Resumindo, 8 oficiais mortos da FAB e 443 oficiais e praças da FEB (Exército), sub-soma de 451 militares brasileiros mortos na Itália; mais as perdas pessoais da Marinha, 1.451 mortos no mar, total geral de 1.902 brasileiros mortos.

Calendário do Brasil na II Guerra Mundial

1942

22-08 - Em razão do afundamento sucessivo de mercantes nacionais, declarado o estado de guerra com a Alemanha e a Itália.

Novembro - Destruídos pela FAB até este mês 5 submarinos inimigos, atuando por vezes equipagens mistas de aviadores americanos e brasileiros. Abatido por 38 tiros de metralhadoras sobre a baía de Mamanguape, litoral da Paraíba, avião brasileiro de patrulhamento, morrendo o ten França, o aspirante Menna Barreto e o sargento Waldyr.



1943

09-02 - Presos no Rio de Janeiro-DF o espião alemão Frederico Kempter e seu grupo.

Março - Incorporada a TF-46 do Nordeste à 4a Frota dos EUA.

06-04 - Bombardeiro médio pilotado pelo ten Ivo Gastaldoni afunda na foz do rio Real, entre Sergipe e Bahia, o 7o submersível do "Eixo" destruído pela FAB.

08-05 - O bombardeiro médio bimotor Douglas B-18 da FAB, dirigido pelo ten Zamir de Barros Pinto, afunda submarino ao largo da costa de Alagoas.

02-06 - Já afundados 13 submarinos alemães, 8 pela força naval brasileira e 5 pela FAB.

12-06 - Servindo em submarino americano no Atlântico norte, morrem em ação de guerra os cap-tens da Marinha brasileira Alberto G.R. de Almeida e Júlio L. Moura.

26-06 - Reage violentamente submarino atacado de manhã por avião patrulheiro da FAB no litoral fluminense. Regressam da África do Norte observadores militares brasileiros.

27-06 - Descoberta em Cairu, SO de Valença , no litoral baiano, rede de espionagem em que se envolveram frades alemães.

06-07 - O embaixador Moniz de Aragão declara na Inglaterra que o Brasil poderá enviar força expedicionária.

31-07 - Saindo da base do Galeão, Rio de Janeiro, o PBY-1 Catalina, hidroplano do 1o Grupo de Patrulha, pilotado pelo aspirante Alberto Martins Torres, afunda a 60 milhas (111km) S do Pão de Açúcar o U-199 alemão, único submarino comprovadamente destruído pela FAB.

06-08 - Ordenada a redução de iluminação noturna em cidades e povoações situadas a até um quilômetro do litoral.

09-08 - Decreto de criação da FEB - Força Expedicionária Brasileira. Convidado o gen Mascarenhas de Morais para o comando de uma das divisões planejadas.

23-09 - Nos EUA o ministro da Guerra, gen Dutra, declara que o Brasil tem 100 mil sds em condições de embarcar para qualquer frente de luta a qualquer momento.

07-10 - Começa a organização da 1a DIE do gen Mascarenhas.

11-10 - Aberto o voluntariado para enfermeiras da FEB, a primeira inscrita é a jovem paulista Berta Morais.

12-10 - Morre em serviço o ten Francisco A. Farnion, cmt. do submarino nacional Timbira.

16-10 - A "Fraternidade do Fole" do Brasil, constituída por descendentes de ingleses, doa 9 aviões Typhoon à RAF.

30-10 - Pela manhã o Catalina do cap Taunay, FAB, afunda submarino ao largo de Cabo Frio-RJ, mas sofre avarias pelo fogo inimigo.

23-11 - O planejamento completo da FEB prevê 3DI e elementos orgânicos de Corpo de Exército, incluindo órgãos de comando, tropas especiais de serviços e aviação.

06-12 - O gen Mascarenhas, cmt. da 1a DIE, chefia comissão militar brasileira que vai observar o campo de batalha da Itália iniciando pelas bases em Argel; os membros da comissão retornam dia 30 ao Rio de Janeiro.

14-12 - Desarticulada rede nazista de espionagem com a prisão pela polícia fluminense, em Petrópolis-RJ , do austríaco Ferdinand Baron Bianchi.

18-12 - Para colaborar com a FEB, criado o 1o Grupo de Aviação de Caça da FAB a ser constituído de voluntários.



1944

03-01 - Parte para treinamento completo nos EUA a primeira turma de pessoal do 1o Grupo de Caça da FAB.

08-01 - Afundado dias atrás no Atlântico sul, por forças aeronavais conjugadas brasílio-americanas, corsário alemão que transportava carregamento do Japão.

31-03 - A infantaria da 1a DIE desfila na cidade do Rio de Janeiro-DF. O alm Ingram entrega em Recife 5 dos 14 bombardeiros médios Ventura doados à FAB pelos EUA.

07-05 - Segue para os EUA o último contingente que integrará o esquadrão aéreo brasileiro ali em organização.

24-05 - Na data comemorativa da 1a batalha de Tuiuti (guerra do Paraguaí, 1866), a 1a DIE desfila em despedida com armamento de instrução pela Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro-DF, capital do Brasil.

02-07 - Com embarque iniciado em 28 de junho, zarpa do porto do Rio de Janeiro o navio-transporte americano Gen William A. Mann levando para a Itália o primeiro escalão da FEB, basicamente formado pelo 6o RI "Ipiranga "; chega a Nápoles no domingo, dia 16, para estacionamento das tropas em Bagnoli.

05-07 - Fica adiada a organização planejada da 2a e 3a DIE.

19 e 21-07 - Afundamento perto do Rio de Janeiro do navio-auxiliar da esquadra brasileira Vital de Oliveira e, a NE de Recife, da corveta Camaquan.

31-07 - Começa o estacionamento do 1o escalão da FEB em Tarquinia, a NO de Roma.

05-08 - Incorporação da FEB ao 5o Ex. americano na Itália.

08-08 - Criado sob comando do gen Zenóbio GT - Grupamento Tático denominado "Destacamento FEB".

18-08 - Início do estacionamento avançado brasileiro em Vada, região de Rosignano, a SE do porto de Livorno.

22-08 - Fase de instrução final de combate do GT-FEB.

26-08 - Estágio brasileiro na 88a DI dos EUA, até 4 de setembro, em zona de combate real.

06-09 - Primeira tropa brasileira a entrar em ação, a 1a Companhia do 9o BE é posta à disposição do 4o Corpo do 5o Ex. para construir ponte ao N do Rio Arno.

11-09 - O gen Clark, cmt. do 5o Ex., visita as tropas brasileiras no final do período de instrução para o combate.

13-09 - Subordinado ao 4o Corpo para emprego, o Destacamento FEB recebe ordem para sua primeira missão de guerra.

15-09 - À noite o Destacamento FEB entra em linha de combate, substituindo forças do 334o RI americano.

16-09 - No extremo ocidental, participando da ofensiva aliada contra a "Linha Gótica" alemã, tropas brasileiras ocupam Massarosa, Monte Comunale e Il Monte.

18-09 - Às 19h a FEB obtém sua primeira vitória tomando a cidade de Camaiore.

20-09 - O ministro da Guerra, gen Dutra, segue de avião para inspecionar a FEB na Itália.

21-09 - Estilhaços de granadas de morteiro matam em combate os três primeiros "pracinhas" brasileiros.

22-09 - Parte do Rio de Janeiro, em dois novos escalões, o grosso da 1a DIE, que chega a Nápoles em 6 de outubro.

24-09 - No QG aliado da Itália o gen Dutra declara que "mais e mais tropas brasileiras virão juntar-se aqui aos seus camaradas de armas".

26-09 - Conquista de Monte Prano pela manhã e rocada da FEB para o vale do rio Serchio no dia seguinte.

29-09 - Tomadas pelos brasileiros as localidades de Pescaglia e Borgo a Mazzano, no vale do Serchio.

06-10 - Captura da fábrica de munição de Catarozzo em Fornaci, vale do Serchio. Enquanto desembarca em Nápoles o grosso da 1a DIE, desembarca em Livorno o 1o Grupo de Caça da FAB.

11-10 - Elementos da FEB tomam a cidade de Barga, 55km a L da base naval La Spezia, e a localidade de Gallicano.

12-10 - O gen Dutra visita o S do Inglaterra e retorna à Itália dia 14.

14-10 - Passou recentemente à Marinha do Brasil a responsabilidade de vigiar as rotas do Atlântico sul.

20-10 - O ministério da Guerra do Brasil comunica que até o fim de setembro a FEB teve apenas 8 mortos em ação e nenhum de seus soldados caiu prisioneiro.

21-10 - De volta da Itália o gen Dutra chega a Recife.

26-10 - O Brasil restabelece relações diplomáticas com a Itália monarquista, hoje ao lado dos aliados.

28-10 - A FEB ocupa Monte Faeto, a quase 2km O de Gallicano.

29-10 - Firmada a posse de Galliciano.

30-10 - No vale do Serchio conquistadas Calomini, La Rochette, Lama di Sotto, Prodoscello e Monte San Quirico.

31-10 - Em madrugada de chuva violento contra-ataque alemão retoma aos brasileiros as posições perdidas na véspera. Batismo de fogo na Itália do 1o Grupo de Caça da FAB. Ordem de deslocamento do GT-FEB para o vale interior do alto rio Reno, movimento que termina em 9 de novembro.

01-11 - O gen Mascarenhas assume por completo a chefia da 1a DIE.

06-11 - O cap-av. Pamplona destrói o primeiro avião alemão, pousado em aeródromo do N da Itália.

11-11 - A partir da base aérea de Tarquinia o 1o Grupo de Caça da FAB começa nesta data a operar com independência, efetuando vôos de reconhecimento armado sobre o vale do Pó.

14-11 - Em terra início pelos aliados de defesa agressiva no vale superior do Reno.

18-11 - A zona de ação da 1a DIE no vale do Reno fica sendo setor da estrada 64 entre as bocas dos afluentes Silla e Marano.

19-11 - Repelidas entre o Monte Cavalloro e a cota 670 patrulhas alemãs ao norte da estrada 64, que acompanha o rio Reno, cerca de 35km a SO de Bolonha.

23-11 - Parte do Rio de Janeiro escalão da FEB com depósito de pessoal para substituições; chega a Nápoles em 7 de dezembro.

24 e 25-11 - Duas ações da TF 45 americana, estando-lhe adidos o Esquadrão de Reconhecimento e o 3o Batalhão do 6o RI brasileiro, contra Monte Castello sem bom resultado.

26-11 - Ampliado o setor da 1a DIE para abranger também a zona de Monte Castello.

28/29-11 - Ataque noturno alemão de surpresa desaloja os americanos da crista de Monte Belvedere.

29-11 - Novo ataque a Monte Castello, o primeiro sob responsabilidade do comando brasileiro, redunda em revés.

01-12 - Termina reajustamento da 1a DIE no vale do Reno.

02/03-12 - Ataque nazista local, na zona de Guanella, provoca recuo do batalhão brasileiro defensor, situação logo restaurada.

11-12 - O escalão chegado a Nápoles dia 7 concentra-se na Quinta de San Rossore, região de Pisa, e desloca-se em 24 para Staffoli, 30km L de Pisa.

12-12 - Segundo ataque brasileiro ao Monte Castello, com maus resultados. Transferidos para a FAB no Rio de Janeiro-DF 15 hidroaviões Catalina dos EUA.



1945

05-01 - Repelida pelos brasileiros investida alemã ao N de Volpara, na rodovia 64.

22-01 - Pilotos brasileiros destroem fábrica de pólvora ao N de Milão.

08-02 - Sai do Rio de Janeiro o último escalão de recompletamento de pessoal da FEB; chegado em 22 a Nápoles, vai dia 28 para Livorno, N da Itália.

10-02 - A esquadrilha do cap Lagares destrói mais de 80 veículos concentrados ao N de Mantova (Mântua).

20-02 - Ao clarear do dia, no flanco esquerdo (oeste) da 1a DIE, a 10a DA dos EUA retoma o Belvedere e em seguida o Gorgolesco.

21-02 - Por ação direta do 1o RI a vitoriosa conquista de Monte Castello e ocupação final da vila de Abetaia.

23/24-02 - Captura à noite da elevação de La Serra, cota 958 e aldeia de Bella Vista, repelindo os brasileiros depois fortes contra-ataques alemães.

03 e 04-03 - Limpeza do vale do Marano pelos 3o/6o RI e 2o/11o RI.

05-03 - Ao cair da noite desta 2a feira o 6o RI conquista Castelnuovo di Vergato, auxiliado pelo 1o/11o RI.

13-03 - Mortos 3 e aprisionados 16 sds. alemães em surtida contra posições brasileiras.

30-03 - Caças da FAB destroem 30 vagões ferroviários ao N de Vicenza, a L do lago Garda.

08-04 - Encerrado período de defensiva temporária aliada desde 10 de março, durante o qual a 1a DIE desloca sua área de ação do vale do Reno para o vale superior do Panaro, a oeste.

09-04 - Começa a grande ofensiva da primavera lançada pelo 15o Grupo de Exércitos, a qual terminará em 2 de maio com a capitulação incondicional das forças eixistas da Itália.

14-04 - Tomada Montese pelo 11o RI, desdobra-se sangrenta luta pela posse de Serretto e alturas do maciço de Montello, a L do Panaro, somente dominados por fim na tarde de 17.

21-04 - A NE de Montese a 1a DIE ocupa Montalto, Villa Gezzo e, com o 6o RI, o nó rodoviário de Zocca, a 50 de Bolonha.

22-04 - Dia de glória dos pilotos do 1o Grupo de Caça da FAB, na perseguição aos alemães em retirada para além do rio Pó.

23-04 - Tropas brasileiras a O do Panaro ocupam Marano e Vignola, cruzando em seguida a estrada 12 e o rio Secchia.

26/27-04 - O 1o Esquadrão de Reconhecimento e forças do 6o RI travam combate noturno em Collecchio, no vale do rio Taro, a SO de Parma.

28-04 - Combate e vitória brasileira de Fornovo di Taro, a SO de Collecchio.

28 a 30-04 - No cerco de Fornovo rendem-se a 148a DI alemã, o 361o Batalhão blindado da 90a PG nazista e a fascista divisão "Itália". Ocupada Piacenza (Placência), a NO de Parma, pelo 1o RI e Castelvetro pelo 2o/11o RI; vanguarda brasileira entra à noite de 30 em Alessandria, a O de Piacenza. Subdividida a 1a DIE nos GT no 1, 6 e 11 respectivamente sob chefia dos gens Cordeiro de Farias, Falconière da Cunha e Zenóbio. (Extintos esses GT em 8-5-1945.)

02-05 - O 1o/11o RI reforçado ocupa Turim e vanguarda alcança Susa, a 32km da fronteira francesa, estabelecendo ligação com a 27a DA do Exército francês. Terminadas em definitivo as hostilidades na Itália com a rendição incondicional do inimigo nazi-fascista.

03-05 - Missão dada à FEB de colaborar na ocupação militar de território italiano, até 20 de junho.

19-05 - O gen Truscott, cmt. do 5o Ex., condecora 35 oficiais e soldados da FEB.

22-05 - Capturados em agosto de 1943 como espiões vindos pelo mar, desembarcando no litoral fluminense, são condenados a 29 anos e 6 meses de prisão nesta data o alemão Wilhelm H. Koepff e o negro holandês William Marcus Baarn.

06-06 - O Brasil declara guerra ao Japão. Preparativos de deslocamento das tropas brasileiras para a região de Francolise, S da Itália, e regresso pelo porto de Nápoles.

04-07 - Explode no Atlântico perto dos rochedos de São Pedro e São Paulo o velho cruzador Bahia, havendo poucos sobreviventes.

06-07 - Por via aérea volta ao Brasil o cmt. da FEB, gen Mascarenhas, chegando ao Rio de Janeiro dia 11. Sai de Nápoles no transporte Gen Meighs o 6o RI com o gen Zenóbio, aportando dia 18 na Capital Federal, destino único dos navios.

12-07 - De Nápoles, no navio nacional Pedro I, tropas do escalão A chegam em 3 de agosto.

16-07 - Voando do Texas-EUA o cel Nero Moura aterra no Rio de Janeiro-DF com 19 aviões P-47.

18-07 - Parada da Vitória na cidade do Rio de Janeiro, desfilando os primeiros contingentes chegados da Itália por mar neste mesmo dia e um pelotão representativo da 10a DA dos EUA, ante a presença aplaudida dos generais americanos Clark, Ord, Crittenberger e Brann.

26-07 - Sai de Nápoles no Pedro II o escalão B, com o 9o BE, e chega em 13 de agosto.

31-07 - Desfile grandioso do 6o RI "Ipiranga" na capital de S.Paulo.

11-08 - Com a impedimenta da FEB e da FAB chega ao Rio de Janeiro o material de guerra capturado ao inimigo vencido.

12-08 - Parte de Nápoles no americano Mariposa o 1o RI com o gen Cordeiro de Farias, aportando dia 22 e desfilando.

28-08 - De Nápoles no nacional Duque de Caxias elementos do depósito de pessoal e intendência desfilam em Lisboa dia 3 de setembro e regressam por fim dia 19.

01-09 - O governo brasileiro aprova a Carta das Nações Unidas.

03-09 - A Marinha dos EUA transfere à administração direta da FAB a base aérea de Santa Cruz no Rio de Janeiro-DF .

04-09 - Deixa Nápoles o Gen Meighs com o 11o RI "Tiradentes" e chega ao Rio de Janeiro-DF dia 19.

19-09 - No mesmo dia 19 larga de Nápoles no transporte americano James Parker, com o depósito de pessoal, o último escalão febiano, que aporta finalmente em 3 de outubro.

13-10 - Volta de Nápoles por via aérea o gen Falconière da Cunha, último comandante brasileiro a sair da Itália.

29-10 - Movimento militar democrático depõe o presidente ditatorial Getúlio Vargas.

14-11 - Termina em todo o território nacional o estado de guerra.







Notas Complementares



Governo do Brasil

Presidente da República - Getúlio Vargas; ministro da Guerra - gen Eurico Gaspar Dutra; ministro da Marinha - alm Henrique Aristides Guilhem; ministro da Aeronáutica - Joaquim Pedro de Salgado Filho; ministro das Relações Exteriores - Osvaldo Aranha, sucedido em 1944 por Pedro Leão Veloso; ministro da Educação - Gustavo Capanema; ministro da Fazenda - Artur de Sousa Costa; ministro Coordenador Geral da Mobilização Econômica Nacional - João Alberto de Albuquerque Lins; ministro do Trabalho (e interino da Justiça até março de 1945) - Marcondes Filho; ministro da Agricultura - Apolônio Sales; ministro da Viação - Mendonça Lima; ministro da Justiça-Francisco Campos, demissionário em 1942, a pasta foi ocupada interina e cumulativamente por Marcondes Filho até assumi-la em 3-3-1945 Agamenon Magalhães (nascido em Serra Talhada-PE, 1893, interventor federal em Pernambuco durante o Estado Novo, 1937-45, permanece até a queda da ditadura Vargas em outubro de 1945). Diretor do Serviço Nacional de Defesa Passiva Antiaérea - cel Orozimbo Martins Pereira.

Embaixadores atuantes - Na Alemanha-Ciro de Freitas Vale, até o rompimento de relações em janeiro de 1942; na China sob ocupação japonesa-Renato de Lacerda Lago, chefe da missão na embaixada do Brasil em Pequim, até janeiro de 1942; nos EUA - Carlos Martins Pereira e Sousa; na França - Luís Martins de Sousa Dantas, Paris 1939-40, Vichy, 1942; delegado no CFLN do gen De Gaulle - Vasco Leitão da Cunha, dezembro de 1943, e embaixador nomeado em 23-10-1944 perante o governo provisório da França libertada - Frederico de Castelo Branco Clark (ex-embaixador no Japão); na Inglaterra - Moniz de Aragão; na Itália - encarregado de negócios Carlos Alberto Muniz Gordilho, até o rompimento de relações diplomáticas em janeiro de 1942; no Japão- Frederico de Castelo Branco Clark, até o rompimento em janeiro de 1942.



Principais chefes e comandantes das forças armadas do Brasil na II Guerra Mundial



EXÉRCITO

Ministro da Guerra - Gen Eurico Gaspar Dutra, nascido em Cuiabá, capital da então província de Mato Grosso, em 18-5-1885. Assenta praça em 1902. General-de-brigada em 1932 e de divisão em 1935. Nomeado ministro de Guerra em 9-12-1936. General-de-exército quando o Brasil declara guerra em 22-8-1942 à Alemanha e Itália, viaja aos EUA em agosto-setembro de 1943 a fim de tratar da modernização do Exército e preparo de uma força expedicionária. Recebido na Itália em setembro-outubro de 1944 pelos generais americanos Wooten (USAF), Kroner, Gamell, Rooks, Larkin, Noce e Edwards, visita a frente de combate em que atuava a FEB. Terminada a luta na Europa, é substituído em 3-8-1945 no ministério da Guerra pelo gen Góis Monteiro. Com apoio de Getúlio Vargas, deposto pouco antes, é eleito presidente da República em 2-12-1945 e, ao término de seu governo, entrega-lhe por coincidência a presidência constitucional do país em 31-1-1951. Passando à reserva em 5-12-1952, ganha a patente honorífica de marechal que apenas mais quatro generais-de-exército alcançaram pela participação na guerra. Falece em 1974.

Chefe do EM do Exército - Gen Pedro Aurélio de Góis Monteiro, nascido em São Luís do Quitunde, N de Alagoas, em 1889. Entra para a carreira militar na arma da cavalaria em 1904. Como ten-cel foi um dos chefes da revolução de 1930, que deu origem à ditadura de Getúlio Vargas. General, comanda as forças mobilizadas no Brasil para combater a Revolução Constitucionalista dirigida pelo gen Bertoldo Klinger em 1932. Chefe do EM do Exército por ocasião da entrada do Brasil na guerra em 1942, pede afastamento por tempo indeterminado em 20 de outubro e reassume o posto em 10-8-1943, no qual é substituído pelo gen Maurício José Cardoso em 17 de dezembro. Delegado brasileiro na Comissão de Defesa do Continente reunida em Montevídeu, Uruguai, 1944. Em 3-8-1945 sucede ao gen Dutra como ministro da Guerra, cargo exercido até 1946, sendo dos principais articuladores do movimento militar que - logo após o regresso da FEB - tirou da presidência do país em 29-10-1945 o ditador Getúlio Vargas. Senador por Alagoas em 1947 e depois ministro do Supremo Tribunal Militar. Falece em 26-10-1956 na cidade do Rio de Janeiro.

Comando das Regiões Militares, 1942 - Gen Estêvão Leitão de Carvalho, nasce em Penedo às margens do rio São Francisco, sul da então província de Alagoas, em 6-4-1881. General-de-divisão em 1941. Inspetor do 1o Grupo de Regiões Militares (Norte e Nordeste do Brasil) com QG em Recife-PE, sucedido no posto pelo gen Pedro de Alcântara Cavalcanti de Albuquerque em 20-11-1942 por ter sido nomeado chefe da delegação brasileira na Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA, estabelecida no Pentágono em Washington-EUA. Desde 1944 passa a acumular o cargo de adido militar brasileiro em Washington-DC, EUA, ao qual renuncia em 19-3-1945. Reformado neste ano com a patente honorífica de marechal. Falece em 30-11-1970. Gen Emílio Lúcio Esteves, inspetor-geral do 2o Grupo de Regiões Militares (Sul e Centro-Oeste do Brasil) com QG em São Paulo-SP. Falece em desastre de automóvel no Rio Grande do Sul em 10-12-1943. Gen Cristóvão de Castro Barcelos, inspetor de Região Militar, São Paulo-SP. Nomeado chefe do EM do Exército em 15-12-1944, substituto do gen Maurício José Cardoso.

1a REGIÃO MILITAR - Distrito Federal e Estado do Rio de Janeiro, QG na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal - cmt.gen Silva Júnior, sucedido em 9-1-1943 pelo gen Maurício José Cardoso, que em dezembro desse ano passa a chefe do EM do Exército.

2a REGIÃO MILITAR - Estado de São Paulo, QG na cidade de São Paulo - cmt.gen Maurício José Cardoso, transferido em 9-1-1943 para o comando da 1a Região deixa o da 2a ao gen João Batista Mascarenhas de Morais, que em 9 de agosto desse ano é convidado pelo ministro da Guerra para assumir o futuro comando da FEB criada nesse mesmo dia; efetivado no honroso comando em 7 de outubro, desde 17 de agosto ficara no lugar de cmt. interino da 2a Região o gen João Pereira de Oliveira.

3a REGIÃO MILITAR - Estado do Rio Grande do Sul, QG em Porto Alegre - cmt.gen Valentim Benício da Silva.

4a REGIÃO MILITAR - Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás, QG em Juiz de Fora-MG - cmt.gen Pedro de Alcântara Cavalcanti de Albuquerque. Sucedendo em 20-11-1942 ao gen Estêvão Leitão de Carvalho como inspetor do 1o Grupo de Regiões Militares, entrega o comando da 4a Região ao gen Raimundo Sampaio.

5a REGIÃO MILITAR - Estados de Paraná e Santa Catarina, QG em Curitiba-PR - cmt.gen José Agostinho dos Santos, sucedido pelo gen Newton de Andrade Cavalcanti que em princípios de 1943 passa ao comando da 7a Região Militar.

6a REGIÃO MILITAR - Estados da Bahia e Sergipe, QG em Salvador-BA - cmt.gen Demerval Peixoto designado em 6-2-1943.

7a REGIÃO MILITAR - Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, QG em Recife-PE - cmt.gen João Batista Mascarenhas de Morais, transfere em 11-7-1942 o comando interino ao gen Álvaro Fiúza de Castro, cmt. da artilharia divisionária sediada em Campina Grande-PB, a fim de colaborar nos novos planos de adestramento e preparação das tropas brasileiras. Para assumir a chefia da 2a Região Militar deixa em 29-1-1943, vinte dias após a nomeação, o comando da 7a ao gen Newton de Andrade Cavalcanti vindo da 5a Região.

8a REGIÃO MILITAR - Estados do Pará e Amazonas e Território Federal do Acre, QG em Belém-PA - cmt.gen Euclides Zenóbio da Costa, sucedido (ver FEB) em 23-2-1943 pelo gen Francisco de Paula Cidade.

9a REGIÃO MILITAR - Estado de Mato Grosso, QG em Campo Grande - cmt.gen Mário Xavier, 1943.



10a REGIÃO MILITAR - Destacada da 7a Região em 19-9-1942, Estados do Ceará, Piauí e Maranhão, QG em Fortaleza-CE - cmt.gen Francisco Gil Castelo Branco, designado em 9-1-1943.

Observação: exceção feita à 5a, 8a e 10a Região Militar, comandadas por general-de-brigada, as demais o eram por general-de-divisão.

Ainda chefias e funções militares importantes, 1942 - Gen Mílton de Freitas Almeida, diretor do serviço de motomecanização do Exército. Gen Raimundo Sampaio, diretor da Arma de Engenharia, sucede em 20-11-1942 ao gen Pedro de Alcântara Cavalcanti de Albuquerque no comando da 4a Região Militar e deixa o cargo de diretor na Engenharia ao gen Amaro Soares Bittencourt, ex-adido militar nos EUA. Gen Francisco Gil Castelo Branco, cmt. da guarnição da ilha de Fernando de Noronha, organizou a defesa militar desse arquipélago oceânico; ao ser designado em 9-1-1943 cmt. da nova 10a Região Militar, passa o comando das ilhas ao gen Ângelo Mendes de Morais; general-de-divisão em 1946 e de exército em 1951, falece em 1o-7-1956 aos 69 anos de idade. Gen Ângelo Mendes de Morais, como sucessor do gen Castelo Branco, assume em 8-2-1943 o comando do destacamento misto de defesa de Fernando de Noronha, mas afastada a ameaça de alguma incursão nazi-fascista já em 13 de agosto desse ano transfere o encargo ao cel Tristão de Alencar Araripe, nomeado governador e cmt. militar do Território Federal de Fernando de Noronha, criado em 1942 para melhor segurança do arquipélago. General-de-brigada Amaro Soares Bittencourt, adido militar nos EUA, passa a diretor da Arma de Engenharia e para o seu lugar de adido é nomeado em 24-10-1942 o cel Onofre Muniz Gomes de Lima. Na Inglaterra adido militar o cel Brilhante, l943.



AERONÁUTICA

Ministério criado no Brasil em 20-1-1941, durante a II Guerra Mundial, tendo em vista a grande importância revelada pela aviação e pelas forças aéreas já no começo do conflito.

Ministro da Aeronáutica - O Dr. Joaquim Pedro de Salgado Filho exerce o cargo até a deposição de Getúlio Vargas em 1945. Em viagem à frente de guerra da Itália visita o QG avançado da FEB em Porretta Terme, no vale do Reno, na tarde de 12-12-1944, exatamente no dia em que os "pracinhas" amargaram sua segunda derrota na tentativa de tomar o famigerado Monte Castello, na cadeia dos Apeninos. Morre dia 30-7-1950 em desastre de aviação no Rio Grande do Sul.

Chefe do EM da FAB - Força Aérea Brasileira - O major-brigadeiro-do-ar Armando de Andrade Figueira Trompowsky de Almeida nasce em 30-1-1889 na cidade do Rio de Janeiro. Sendo capitão-de-mar-e-guerra, foi nomeado em 1938 diretor da aviação naval e promovido em 1940 a contra-almirante. Ao ser criado a ministério da Aeronáutica o alm Armando Trompowsky optou pela arma aérea, para a qual se transfere com o grau de brigadeiro-do-ar, sendo nomeado primeiro chefe do EM da FAB. Promovido em fevereiro de 1942 a major-brigadeiro-do-ar. Terminada a II Guerra Mundial e deposto o presidente Vargas, sucede em 1945 a Salgado Filho como ministro da Aeronáutica. Recebe em 1946 a patente de tenente-brigadeiro-do-ar. Reformado no posto de marechal-do-ar, veio a falecer em 16-1-1964.

Comando das Zonas Aéreas, 1942 - O Brasil em guerra.

1a Zona Aérea - Norte do Brasil, do Território do Acre ao Estado do Maranhão incluídos, sede em Belém-PA - cmt. cel-av. Fernando Savaget, substituído em 10-9-1942 pelo cel-av. Apel Neto.

2a Zona Aérea - Nordeste do Brasil, do Estado do Piauí ao da Bahia incluídos, sede em Recife-PE - cmt. inicial o brigadeiro-do-ar Eduardo Gomes (dados biográficos abaixo), tendo por chefe de EM o ten-cel-av. Clóvis Monteiro Travassos, deixa o comando em janeiro de 1945.

3a Zona Aérea - Leste e Centro do Brasil, do litoral espírito-santense e fluminense ao interior do Estado de Goiás, sede na cidade do Rio de Janeiro-DF - cmt.brigadeiro-do-ar Amílcar Pederneiras, sucedido em 13-5-1942 pelo cel-av., promovido em 1o de junho desse ano a brigadeiro-do-ar, Heitor Varady.



4a Zona Aérea - Estados de São Paulo e Mato Grosso, sede em São Paulo-SP - cmt brigadeiro-do-ar Gervásio Duncan.

5a Zona Aérea - Sul do Brasil, do Estado do Paraná ao do Rio Grande do Sul incluídos, sede em Porto Alegre-RS - cmt.cel-av. Ajalmar Mascarenhas, substituído ainda em 1942 pelo cel-av. Fábio de Sá Earp, que no fim da Grande Guerra (1914-18) pertenceu ao "Royal Flying Corps" inglês, tendo sido abatido em combate e recolhido no mar.

Brigadeiro-do-ar Eduardo Gomes, nascido em Petrópolis-RJ em 20-9-1896. Tenente da arma de artilharia desde 1918, participa da revolta de 5-7-1922 na cidade do Rio de Janeiro, figurando como herói entre os célebres 18 do Forte de Copacabana. 1o ten de artilharia, passa para a arma de aviação quando esta surgiu no Exército em 1927. Promovido a cap-av. em 15-11-1930 e a major cinco dias depois. Criado em maio de 1931, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro-DF, o Grupo Misto de Aviação, foi escolhido seu primeiro comandante. No mês seguinte funda, em 12-6-1931, o Correio Aéreo Militar, depois CAN - Correio Aéreo Nacional, utilíssimo nas regiões mais afastadas do país. Ten-cel-av., assume em maio de 1935 o comando do 1o Regimento de Aviação, estabelecido no Campo dos Afonsos, onde, na madrugada sangrenta de 27 de novembro, precisou combater de arma na mão a sedição comunista, a qual, em certo momento, chegou a dominar a maior parte do Regimento e da Escola de Aviação anexa. Instituído em 20-1-1941 o ministério da Aeronáutica, e extinta a Aviação Militar do Exército, transfere-se para a nova FAB, sendo promovido a brigadeiro-do-ar em 10 de dezembro e designado cmt. da estratégica 2a Zona Aérea na região Nordeste. Encarregado da defesa anti-submarina no litoral dessa região, acompanha o gen Gruenther (planejador americano de desembarques na bacia do Mediterrâneo) na conferência de 2-4-1943 com o ten-gen Luís Orgaz, alto comissário do Marrocos espanhol; pela ótima cooperação o alm Ingram, cmt. da 4a Frota incumbida do patrulhamento nas águas do Atlântico sul, entrega-lhe no Recife em 23 de agosto desse ano a comenda da Legião do Mérito, concedida pelo governo dos EUA. Já promovido em 1944 a major-brigadeiro-do-ar, deixa em janeiro de 1945 o comando da 2a Zona Aérea, quando a II Guerra Mundial ia chegando ao fim. Ganha em 3-10-1946 a patente de tenente-brigadeiro-do-ar , posto máximo da carreira na ativa da aeronáutica militar brasileira. É nomeado em 26-3-1953 presidente da Comissão Militar Mista Brasil-EUA. Com o suicídio do presidente Getúlio Vargas em 24-8-1954 assume a presidência da República o vice-presidente João Café Filho e o tenente-brigadeiro Eduardo Gomes torna-se ministro da Aeronáutica até 11-11-1955, dia em que o ministro da Guerra, gen Henrique Duffles Teixeira Lott, desfere golpe militar que eleva ao poder o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos. Ao passar para a reserva, Eduardo Gomes é promovido em 13-9-1960 a marechal-do-ar. Vitoriosa a revolução de l964, assume novamente o ministério da Aeronáutica em janeiro de 1965. Cercado de alto prestígio moral, o marechal-do-ar Eduardo Gomes (que popularmente continuou sendo sempre brigadeiro) falece no Rio de Janeiro-RJ em 13-6-1981 aos 84 anos de idade.

MARINHA

Ministro da Marinha - Alm Henrique Aristides Guilhem, nascido em 26-12-1875 na cidade do Rio de Janeiro, então Município Neutro da Corte. Almirante-de-esquadra, exerce o cargo de ministro da Marinha desde 19-11-1935 até a deposição do ditador Getúlio Vargas em 29-10-1945, logo após o regresso da FEB ao Brasil. Falece em 3-1-1949 aos 73 anos de idade.

Chefe do EM da Armada, 1942 - Alm Americano Vieira de Melo.

Cmt.-chefe da Esquadra ,1942 - Contra-almirante Durval de Oliveira Teixeira.

Divisão de cruzadores - C-alm Dodsworth Martins comanda até maio de 1942, ocasião em que a divisão é levada para o Nordeste do Brasil, baseando-se no Recife-PE, e passa a ser dirigida pelo comandante mais antigo, capitão-de-mar-e-guerra Jerônimo Gonçalves. Ao reconhecer o Brasil em agosto o estado de beligerância imposto pela hostilidade da Alemanha e Itália, assume o comando da divisão o capitão-de-mar-e-guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, mas meses depois a divisão de cruzadores é extinta, substituída no Nordeste pela Força-Tarefa 46 então organizada e incluída em março de 1943 na 4a Frota dos EUA.



Camandos Navais, 1942 - O Brasil em guerra.

Comando Naval do Norte - Sede em Belém-PA - cmt.c-alm Gustavo Goulart, transferido depois de maio de 1943 para o do Sul, então criado.

Comando Naval do Nordeste - Sede em Recife-PE - cmt.capitão-de-mar-e-guerra Alfredo Carlos Soares Dutra (nascido em Manaus-AM em 4-11-1883 e falecido em 8-8-1954), promovido a c-alm em 8-1-1943 e a seguir designado cmt. da nova FT46, passa em maio ao c-alm José Maria Neiva a chefia naval do Nordeste. Dutra é promovido a v-alm em 1945.

Comando Naval do Leste - Sede em Salvador-BA - cmt., desde a instalação em 16-9-1942, c-alm Alberto de Lemos Bastos.

Comando Naval do Centro - Sede na cidade do Rio de Janeiro-Distrito Federal- instalado em 13-5-1943, assumiu sua chefia o cmt.-chefe da esquadra em 1942, alm Durval de Oliveira Teixeira.

Comando Naval do Sul - Sede em Florianópolis-SC, em organização em maio de 1943, teve por cmt. o c-alm Gustavo Goulart.

Comando Naval de Mato Grosso - Sede na base naval de Ladário, a SE do porto de Corumbá-MT no rio Paraguai- cmt. alm Sylvio de Noronha, maio de 1943. Almirante-de-esquadra, sucede no cargo de ministro da Marinha ao alm Henrique Aristides Guilhem, que se demite em outubro de 1945.

Forças navais operativas - Além dos Comandos Navais, duas são constituídas após a declaração de beligerância do Brasil em agosto de 1942. Para operar estrategicamente a Força Naval do Nordeste, baseada no Recife, forma em 5-10-1942 a Força-Tarefa 46 que, sob comando do alm Soares Dutra e incorporada desde março de 1943 à 4a Frota do alm Ingram, atuou no Atlântico sul até o fim da guerra. A segunda força operativa brasileira foi o Grupo-Patrulha do Sul, com base no porto do Rio de Janeiro, que depois de maio de 1943 transforma-se na Força Naval do Sul às ordens do alm Gustavo Goulart.

Vice-alm Ary Parreiras, nascido em São Paulo-SP em 17-10-1890. Foi o construtor da importante base naval de Natal-RN, da qual se torna Diretor Geral durante a guerra, julho de 1944. Falece no posto de almirante, pouco depois de terminada a II Guerra Mundial na Europa, em 9-7-1945.

Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA - Sede em Washington-EUA, 1942. Criou-se em março de 1942, antes da declaração de beligerância brasileira, a Junta Interamericana de Defesa em esfera mais ampla de proteção continental, para a qual o Brasil enviou representantes militares das três forças armadas. Originada da necessidade de coordenar os esforços bélicos dos dois países, terminada a guerra perdura numa Comissão Militar Mista Brasil-EUA, cuja sede se transfere para o Brasil. Foram representantes brasileiros em Washington o gen Estêvão Leitão de Carvalho, chefe da delegação, v-alm Álvaro Rodrigues de Vasconcelos e cel-av. Vasco Alves Seco; representantes estadunidenses o m-gen J.P. Garesche Ord, presidente da Comissão, e c-alm William Oscar Spears.





Alto Comando da FEB

Gen JOÃO BATISTA MASCARENHAS DE MORAIS - Nasce em São Gabriel-RS em 13-11-1883. Ingressa na Escola Preparatória de Rio Pardo, a O de Porto Alegre, em 1o-4-1899, transferindo-se em 1902 para a Escola Militar sediada na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, e saindo em 1905 alferes-aluno com o curso das três armas, infantaria, cavalaria e artilharia. Forma-se depois em engenharia militar, matemática e ciências físicas pela Escola de Artilharia e Engenharia do Realengo, Rio de Janeiro-DF. Como 1o tenente participa da demarcação da fronteira brasílio-boliviana em 1910-14, após a incorporação do Território do Acre determinada pelo Tratado de Petrópolis de 1903. Esteve sempre às ordens do governo por ocasião dos movimentos revolucionários que agitaram o país entre 1922 e 1935. Coronel, comanda a Escola Militar do Realengo, Rio de Janeiro, de 29-7-1935 a 18-8-1937. Promovido neste último ano a general-de-brigada, em 15 de novembro, vai comandar até 13-7-1938 a 9a Região Militar em Mato Grosso e depois a artilharia divisionária da 1a DI do Rio de Janeiro, distinguindo-se no adestramento da tropa ao começar, em 1939, a II Guerra Mundial. Designado em 21-6-1940 cmt. da 7a Região Milltar no Nordeste oriental, sede em Recife-PE. Elevado a general-de-divisão em 4-6-1942, intensifica a mobilização e o treinamento de reservas com a entrada do Brasil na guerra em agosto desse ano. Transferido em 21-1-1943 para o comando da 2a Região Militar, sede em São Paulo-SP, no mesmo dia de criação da FEB, 9 de agosto, recebe convite do ministro da Guerra para ser o futuro comandante, o que se efetiva em 7 de outubro; já seguira, porém, em 15 de agosto, para estágio com outros generais brasileiros no Exército dos EUA. É nomeado cmt. da 1a DIE em 6-12-1943 e nesse mesmo dia, chefiando missão militar brasileira, viaja por via aérea para a África do Norte, a fim de observar em visita o teatro de guerra do Mediterrâneo. Após desfile de despedida na cidade do Rio de Janeiro, capital federal, em 24-5-1944, embarca com o 1o escalão de tropas da FEB e o adjunto gen Zenóbio no navio-transporte americano Gen Mann, que segue de 2 a 16 de julho até o porto de Nápoles na Itália. A força brasileira é incorporada em 5 de agosto no 5o Ex. americano do jovem e talentoso gen Clark, subordinada diretamente ao gen Crittenberger, cmt. do 4o Corpo, então o mais velho dos generais do 5o Ex., com 53 anos, lugar que cederia a Mascarenhas, já com 60 anos de vida. Essas tropas iniciais - basicamente o 6o RI - formam o Destacamento FEB que, chefiado pelo gen Zenóbio, entra em ação dia 6 de setembro, exatamente um mês antes da chegada a Nápoles do grosso da 1a DIE (1o e 11o RI) recebido pessoalmente pelo gen Devers, cmt. de todas as forças americanas no Mediterrâneo. Só em 1o de novembro, deslocado o Destacamento FEB do vale do rio Serchio para o do rio Reno, o gen Mascarenhas passa a dirigir em operações de guerra o conjunto reunido da 1a DIE. Após os insucessos nos ataques em fins de 1944 e a passagem de rigoroso inverno nos Apeninos, a vitória final de Monte Castello em 21-2-1945,a consquista de Castelnuovo di Vergato em 5 de março e de Montese em 14 de abril, depois a rápida e sucessiva ocupação de Zocca, Marano sul Panaro e Vignola, para culminar já no vale do rio Taro, vencido o combate de Collecchio, com a rendição no final do mês de abril de duas divisões inimigas em Fornovo di Taro. Cerca de um ano depois de terminada a guerra e do regresso ao Brasil, no primeiro aniversário da batalha de Montese, em 14-4-1946, recebe do povo gaúcho a Espada de Ouro. General-de-divisão, reforma-se em 27-8-1946 e mesmo na reserva ganha algum tempo depois o novo posto criado de general-de-exército. Homenageado pela Assembléia Nacional Constituinte que lhe confere em 16 de setembro as honras de marechal do Exército. Confirmando a honraria concedida, ato de 10-12-1951 do Congresso Nacional faz o beneficiado reverter ao serviço ativo do Exército com o grau de marechal em caráter vitalício. Nomeado em 28-8-1952 Inspetor Geral do Exército, o primeiro a exercer tal função criada em novo plano de reorganização do Exército brasileiro. Designado em 6-1-1953 chefe do EM Geral das Forças Armadas em lugar do gen Góis Monteiro, permanece no cargo até 31-8-1954, pedindo exoneração após o suicídio do presidente Vargas. Falece no Rio de Janeiro em 17-9-1968. Único marechal contemporâneo do Brasil a permanecer em serviço ativo no Exército, o mar. Mascarenhas de Morais publicou em 1947 o livro "A FEB pelo seu Comandante" e deixou a obra póstuma "Memórias".

Gen EUCLIDES ZENÓBIO DA COSTA - Nasce em Mato Grosso-MT às margens do rio Guaporé, extremo oeste do Estado, em 9-5-1893. Fez o curso de engenheiro agrimensor. Promovido a general-de-brigada em 28-8-1941, assume o comando da 8a Região Militar no Norte do Brasil, QG em Belém-PA, sendo sucedido em 23-2-1943 pelo gen Francisco de Paula Cidade. Com outros generais brasileiros segue em 15 de agosto para estágio no Exército dos EUA. Em 13-4-1944 ganha o comando da infantaria divisionária da 1a DIE da FEB. Após o desfile de despedida da 1a DIE em 24 de maio, viaja com o 1o escalão de tropas para Nápoles, porto italiano alcançado em 16 de julho. Reequipadas as tropas com novo material e adestradas em sucessivos acampamentos, é feito cmt. do Destacamento FEB subordinado ao 4o Corpo do 5o Ex. dos EUA. Recebe então o batismo de fogo, ocupando na noite de 15-9-1944 a linha de frente no vale do Serchio, ao N do rio Arno, um setor mais calmo (apropriado a tropas novatas) perto da costa do mar Ligúrico. Obtidos triunfos em Camaiore, Monte Prano e Barga e sofrido no final de outubro um primeiro revés em Castelnuovo di Garfagnana, o Destacamento transfere-se do Serchio para o vale do Reno e, no inicio de novembro, completa a 1a DIE sob a chefia direta do gen Mascarenhas. Mas o gen Zenóbio continuará participando das heróicas jornadas da FEB, que de Monte Castello chegarão ao notável cerco de Fornovo di Taro, na imensa planície do Pó no N da Itália. Terminada a guerra na Europa, é condecorado em 19-5-1945 com a Medalha de Campanha, entre outros oficiais e soldados brasileiros, na Piazza Garibaldi da cidade de Alessandria, NO da Itália, ocupada pela FEB no último dia de abril. Promovido cerca de um ano depois, em 10-5-1946, a general-de-divisão. Pelo novo plano de reorganização do Exército foi nomeado em 28-8-1952 cmt. da Zona Militar do Leste do Brasil, sede na cidade do Rio de Janeiro, com o posto de general-de-exército, o mais alto da hierarquia para oficiais na ativa. Sucessor do mar. Mascarenhas em janeiro de 1953 no novo cargo de Inspetor Geral do Exército, até a exoneração em 18-10-1955. Transferido para a reserva em 10-5-1957 com promoção ao posto de marechal. Falece em 29-10-1963 na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Estado de Guanabara-GB.

Gen OSVALDO CORDEIRO DE FARIAS - Nasce em Jaguarão-RS dia 16-8-1901. Ingressa no Exército em 1o-2-1917. Sendo oficial, distingue-se logo como símbolo do "ciclo do heroísmo" - o "tenentismo" de nossa história - nas décadas de 20 e 30, participando dos movimentos revolucionários desde 1922, embora não aderisse à Revolução Constitucionalista de 1932, encabeçada e sustentada quase só pelos paulistas. Comanda na revolução de 1924 um dos destacamentos de sediciosos da Coluna Miguel Costa - Prestes que, reorganizada em 10-6-1925, passa a ser conhecida por Coluna Prestes, porquanto, mantendo o gen Miguel Costa na chefia nominal, em verdade era dirigida por seu chefe de EM, o cap Luís Carlos Prestes; as duas brigadas, a de São Paulo e a do Rio Grande do Sul, são substituídas então por quatro destacamentos, o 1o comandado por Cordeiro de Farias, o 2o por João Alberto Lins de Barros, o 3o por Siqueira Campos e o 4o por Djalma Dutra, provenientes os três primeiros da brigada gaúcha e o último da paulista. Acompanha a longa marcha dessa Coluna pelo interior do Brasil até ser dissolvida, em princípios de 1927, com o internamento dos remanescentes na Bolívia; quando neste país Prestes se converte em 1930 ao comunismo, Cordeiro de Farias dele se separa. Mas logo reaparece vitorioso no Brasil com a revolução de 1930, que eleva ao poder o ditador Getúlio Vargas, reingressando no Exército. Sendo interventor federal em seu Estado natal, Rio Grande do Sul, é promovido em 13-1-1942 a general-de-brigada, o mais jovem do Brasil nessa época. No ano da declaração de guerra do Brasil à Alemanha e Itália, 1942, vai comandar a guarnição militar de Natal-RN, bem no saliente estratégico do Nordeste, e torna-se ainda, em janeiro de 1943, cmt. da infantaria divisionária da 14a DI. Preparando-se para integrar o quadro de comando da FEB, segue nesse ano para os EUA a fim de estagiar na Escola de EM de Fort Leavenworth, Kansas. Assume em 13-4-1944 o comando da artilharia divisionária da FEB e parte para a Itália em 22 de setembro dirigindo o duplo segundo escalão (1o e 11o RI), de tropas embarcadas nos transportes americanos Gen Mann e Gen Meighs, recebido pelo gen Devers, cmt. superior americano, ao atracar em Nápoles dia 6 de outubro. Muito popular entre os "pracinhas" combatentes, comanda a artilharia da 1a DIE até o final da campanha da FEB, distinguindo-se pelo vigoroso apoio de sua arma no derradeiro assalto a Monte Castello em fevereiro e no difícil ataque a Montese em abril de 1945, depois do qual chega a chefiar unidade mista rápida na perseguição ao inimigo na planície do Pó, que acaba terminando, nos últimos dias desse mês, no combate de Collecchio e na rendição de numerosíssimas forças alemãs e fascistas em Fornovo di Taro. Encerrada a guerra na Europa, juntamente com outros oficiais e soldados brasileiros é condecorado com a Medalha de Campanha em 19-5-1945 na cidade de Alessandria, NO da Itália; mas das condecorações militares recebidas pareceu-lhe mais importante a Cruz de Combate de 1a classe, brasileira. Regressa ao Brasil com o 1o RI em 22 de agosto. Promovido a general-de-divisão um ano depois, em 26-8-1946. Organiza a ESG-Escola Superior de Guerra do EM das Forças Armadas do Brasil instituída por lei de 20-8-1949, sendo seu primeiro comandante até 1952. Neste ano, ao ser promovido a general-de-exército, recebe em 28 de agosto o comando da Zona Militar do Norte do Brasil, sede em Recife-PE, de acordo com o novo plano de reorganização do Exército. Chefe da delegação brasileira e presidente da Comissão Militar Mista Brasil-EUA, de 1958 até ser nomeado, em 10-2-1961, chefe do EM Geral das Forças Armadas; ocupa este posto apenas oito meses, até 16 de outubro, porque começa a conspirar desde que o vice-presidente João Goulart assumiu em setembro a presidência da República, após a renúncia dramática de Jânio Quadros, e só descansa com a vitória final em 31-3-1964 do movimento revolucionário anticomunista. O gen Cordeiro de Farias passa à reserva do Exército com a patente de marechal em agosto de 1965. Falece em 17-2-1981 na cidade do Rio de Janeiro, aos 79 anos de idade.

Gen OLYMPIO FALCONIÈRE DA CUNHA - Nasce em 21-6-1891. General-de-brigada em 29-7-1943. Viaja para a Itália de 22 de setembro a 6 de outubro de 1944 no duplo segundo escalão da FEB como imediato do gen Cordeiro de Farias. Designado em 20 de outubro inspetor-geral das tropas anteriormente chegadas e há mais de um mês já empenhadas em combate no Destacamento FEB do gen Zenóbio. Dirige depois o Depósito de Pessoal na reserva e continua como inspetor-geral de toda a FEB na Itália em 1945. Promovido a general-de-divisão em 23-9-1948. Designado em 1954 cmt.da Zona Militar do Centro do Brasil, sendo elevado em 23-3-1955 a general-de-exército, o mais alto posto hierárquico de oficiais na ativa.

Gen BOANERGES LOPES DE SOUZA - Presidente do Conselho Superior de Justiça Militar (FEB). Acompanhado dos gens Vaz de Mello, Valdomiro Gomes Ferreira e Francisco de Paula Cidade (8a Região Militar), visita em 1o-9-1944 o papa Pio XII no Vaticano.

Cel Aguinaldo CAIADO DE CASTRO - Nasce em 1899. Cmt. do 1o RI ou Regimento Sampaio da Vila Militar, Rio de Janeiro-DF. Chegado à Itália em 6-10-1944 na segunda leva, começa a participar das operações da 1a DIE no vale do rio Reno, distinguindo-se sobremaneira na conquista final de Monte Castello em 21-2-1945.

Cel João de SEGADAS VIANA - Primeiro cmt. do 6o RI de Caçapava-SP, depois chamado Regimento Ipiranga. Chega à Itália na leva inicial da FEB em 16-7-1944, principiando em 15 de setembro as ações de combate como Destacamento FEB do gen Zenóbio, integrado no 4o C.Ex. americano do gen Crittenberger. Distingue-se com as primeiras vitórias febianas em Camaiore, Monte Prano e Barga (esta em 11 de outubro), mas conhece no fim do mês o revés de Castelnuovo di Garfagnana, no alto vale do rio Serchio. Feita a rocada para o vale do Reno e completada a 1a DIE sob comando direto do gen Mascarenhas, ainda participa das tentativas malogradas de dominar Monte Castello antes de sobrevir o duro inverno nessa região dos Apeninos. O cel Viana é substituído em 23-2-1945 no comando do 6o RI pelo cel Nelson de Melo.

Cel NELSON DE MELO - Ainda sob o regozijo da importante vitória de Monte Castello, sucede em 23-2-1945 no comando do 6o RI ao cel Segadas Viana. Distingue-se em 5 de março na tomada de Castelnuovo di Vergato, nessa mesma região do vale do rio Reno, e a seguir, em 21 de abril, na de Zocca, a SO de Bolonha, e ainda no combate de Collecchio, vale do rio Taro, à noite de 26 para 27.

Cel DELMIRO Pereira de ANDRADE - Cmt. do 11o RI de São João del Rei-MG, depois conhecido por Regimento Tiradentes. Chegado à Itália em 6-10-1944 com o 1o RI, na segunda leva dupla de tropas da FEB, também começa a participar da luta no vale do Reno, nos Apeninos. Após as árduas vitórias brasileiras em fevereiro e março de 1945, distingue-se o 11o RI pelos triunfos obtidos com sacrifício na área Montese-Montello, a leste do médio Panaro, de 14 a 17 de abril de 1945, que permitiram depois rápida investida na planície do Pó. Por coincidência a sangrenta luta de Montese lembra o "Dia do Exército" brasileiro, 19 de Abril, data histórica comemorativa da 1a batalha dos Guararapes em 1648.

Cel Floriano de LIMA BRAYNER - Chefe do EM da 1a DIE da FEB na campanha da Itália, 1944-45. Posteriormente alcança o mais alto posto do generalato brasileiro, reformando-se como marechal.

Cel Osvaldo de ARAÚJO MOTA - Ajudante da FEB, promovido na Itália a general-de-brigada, 18-10-1944.

Cel Emílio Rodrigues RIBAS JÚNIOR - Chefe do EM da Artilharia Divisionária da FEB sob comando do gen Cordeiro de Farias.

Ten.-cel Humberto de Alencar CASTELO BRANCO - Nasce no ano de 1900 em Mecejana, a SE e perto de Fortaleza-CE. Participa da organização da FEB e segue para a Itália no primeiro escalão de tropas, sendo chefe da 3a Seção do EM da 1a DIE, responsável pelos planos e ordens de operações da grande unidade. No pós-guerra, já general-de-divisão, torna-se em 1956 chefe do EM do Exército. General-de-exército assume a chefia do EM das Forças Armadas no governo de João Goulart, mas apoia a reação militar à tentativa comunista de apossar-se do poder no Brasil. Vitorioso o movimento revolucionário de 31-3-1964, transfere-se para a reserva no posto de marechal, sendo eleito pelo Congresso Nacional em 11 de abril presidente da República. Rompe relações diplomáticas com Cuba e no final de seu governo prepara a promulgação da nova Constituição brasileira de 24-1-1967. Sucedido em março deste ano pelo marechal Artur da Costa e Silva na presidência do Brasil, falece meses depois, dia 18 de julho, em desastre aéreo próximo da capital cearense, Fortaleza.

Cel Geraldo DA CAMINO - Cmt. do 1o Regimento de Obuses Auto-Rebocado na campanha da Itália, 1944-45.

Ten-cel - José MACHADO LOPES - Desde 12-4-1944 cmt. do 9o BE - Batalhão de Engenharia de Combate da FEB na Itália.



Personagens Políticas

GETÚLIO Dorneles VARGAS - Nasce em 19-4-1883 (realmente um ano antes, 1882, e não como registrado oficialmente) em São Borja-RS, à margem esquerda do rio Uruguai, fronteira com a Argentina, filho do gen Manuel do Nascimento Vargas, que foi combatente da guerra do Paraguai. Tenta inicialmente sem sucesso ingressar na escola preparatória de cadetes de Rio Pardo, no rio Jacuí, a O de Porto Alegre, capital gaúcha; só o consegue depois de sentar praça em batalhão, mas é desligado pouco depois ao tomar parte em rebelião de alunos. Anistiado durante a questão do Acre, foi então servir na fronteira matogrossense com a Bolívia e finda a missão resolve desistir da carreira militar e retomar os estudos de direito que iniciara antes em Porto Alegre. Formado em 1907, dois anos depois elege-se deputado estadual; partidário do poderoso chefe político sulino Borges de Medeiros, torna-se em 1921 líder da maioria na assembléia estadual. Dois anos mais tarde vai dirigir no Rio de Janeiro, capital brasileira, a bancada federal gaúcha. Washington Luís, eleito presidente da República em 1926, nomeia Getúlio Vargas ministro da Fazenda. Este, porém, candidato do borgismo, consegue eleger-se e tomar posse do governo do Rio Grande do Sul em janeiro de 1928. Hábil e matreiro político, procura incluir em sua administração membros do Partido Libertador, os antigos adversários "maragatos" obedientes a Assis Brasil,outro importante chefe político sulino. Na campanha presidencial brasileira de 1929 teve seu nome lançado pelos mineiros em oposição à candidatura paulista de Júlio Prestes, apoiada pelo presidente cessante Washington Luís. Vargas é sustentado por ampla coalizão nacional de forças oposicionistas - a Aliança Liberal, que julga fraudulento o resultado das urnas favorável ao candidato governista Júlio Prestes. Inconformada, a Aliança prepara e desencadeia a revolução de 1930, de 3 a 24 de outubro, afinal vitoriosa por golpe militar que depôs na capital federal o presidente Washington Luís: dissolvido o Congresso Nacional, a chefia do governo provisório da República é entregue em 3 de novembro a Getúlio Vargas. Seu poder discricionário, inicialmente influenciado pelo "tenentismo", movimento de militares e civís que pretendia grandes reformas no governo e na sociedade, fortalecendo a autoridade central, provoca logo mais em São Paulo a Revolução Constitucionalista de 1932; ainda que vencida militarmente, esta reação enfraqueceu o poder de Vargas, obrigando-o a convocar eleições para uma Assembléia Constituinte, que promulga a Constituição de 1934 e o elege presidente constitucional do país para o quadriênio de 1934-38. Ditadura do Estado Novo - Em novembro de 1935 Getúlio Vargas vence rebelião promovida pela Aliança Libertadora Nacional que ficou conhecida por "Intentona Militar Comunista". Pôde então aumentar sua autoridade decretando estado-de-sítio, prorrogado sucessivamente. Tinham sido marcadas eleições para 3-1-1938, visando ao próximo quadriênio sucessório; como porém o Congresso Nacional se recusasse a prolongar mais ainda o estado-de-sítio, Getúlio Vargas vale-se do pretexto para fechá-lo em 10-11-1937 e instaurar no Brasil o "Estado Novo", regime que se inspirava nos governos fortes vigentes em vários países europeus. Outorga a nova Constituição encomendada ao jurista Francisco Campos que, entre outras inovações, assegurava-lhe mandato de seis anos, direito à reeleição, possibilidade de governar mediante decretos-leis, enfim, conferia ao chefe da nação poderes ditatoriais. Em consonância, valorizando o sentimento nacionalista e banindo o regionalismo, Getúlio Vargas manda queimar publicamente em 27 de novembro as bandeiras representativas dos Estados brasileiros e por decreto de 2 de dezembro extingue todos os partidos políticos do país. Pouco mais tarde outro episódio viria servir de justificação às medidas de caráter totalitário do Estado Novo. Idealizador da Ação Integralista Brasileira, movimento político que imitava nas exterioridades os métodos então em voga do nazi-fascismo, com os símbolos do sigma (S ) e da camisa verde, Plínio Salgado fôra um dos candidatos frustrados com a suspensão da eleição presidencial, embora o seu partido, mesmo agitando ruas de grandes cidades do Brasil, tivesse reduzida penetração fora de algumas áreas de colonização européia. Em 11-5-1938 um grupo de integralistas tenta apoderar-se do Palacío Guanabara, residência do chefe do Estado Novo na cidade do Rio de Janeiro, sendo facilmente dominado e preso; com isso acaba de vez a aparente ameaça integralista no Brasil. Adotando legislação trabalhista benéfica à classe obreira, consegue Getúlio Vargas captar a simpatia do presidente Roosevelt dos EUA, do qual obteve em 1939-40 financiamentos para grandes projetos econômicos, especialmente a usina siderúrgica de Volta Redonda-RJ, a hidroelétrica de Paulo Afonso no baixo São Francisco e o reaparelhamento do Lloyd Brasileiro, além de novo equipamento militar. E seu prestígio no exterior aumenta ao conseguir expropriar indústrias européias de mineração do ferro em Minas Gerais, dando origem à criação da Companhia Vale do Rio Doce, e ao saber-se em janeiro de 1939 da existência de petróleo na Bahia. Participação na II Guerra Mundial - Envolvendo-se aos poucos os EUA na conflagração, em troca da ajuda financeira e técnica Getúlio Vargas negocia o fornecimento de matérias-primas essenciais (borracha, manganês, cristal de rocha, etc.) e permite depois a instalação de bases aéreas militares no Nordeste, a posição avançada estrategicamente voltada para o Velho Mundo. Veio a calhar-lhe aliás o conflito como desculpa para manter poderes arbitrários, com a promessa, tão logo terminasse, de restabelecer a democracia no país. Mesmo sendo notória a tendência germanófila de altos dirigentes brasileiros, a começar pelo chefe da nação, o Brasil popular caminhava para formar ao lado dos países democráticos. Sabidamente eram simpáticos ao "Eixo" os generais Dutra, ministro da Guerra, e Góis Monteiro, chefe do EM do Exército, o ministro da Fazenda, Sousa Costa, e o chefe de polícia do Rio de Janeiro, Felinto Müller, este levado pela própria ascendência alemã. Contraditoriamente, porém, a política interna do Estado Novo, de nacionalização forçada e erradicação dos quistos estrangeiros nos Estados sulinos (estabelecendo especialmente o aprendizado obrigatório da língua portuguesa), desgosta a população de origem alemã, perto de um milhão de habitantes, havendo entre eles na ocasião numerosos adeptos ou simpatizantes do nazismo, pelo menos em proporção muito superior, por exemplo, à dos italianos com relação ao fascismo, sem mencionar o grau de coesão bem mais firme na comunidade germânica. Em 7-12-1941 a agressão japonesa aos EUA em Pearl Harbor, no Pacífico, provoca a manifestação de solidariedade continental dos países americanos. Instala-se na cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil, de 15 a 28 de janeiro de 1942 a III Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores americanos que aprova unanimemente, dia 23, resolução recomendando a ruptura das relações diplomáticas com os países do "Eixo". É portanto em obediência ao disposto nessa conferência que na data do encerramento, 28, o Brasil rompe suas relações com Alemanha, Itália e Japão, pedindo a Portugal que o represente nesses países a partir daí. Tanto mais constrangedora a posição de Vargas quanto nesse começo de 1942 a "Nova Ordem" anunciada por Hitler parecia triunfante na Europa. Em conseqüência do rompimento diplomático o Brasil enfrentou desde logo virtual estado de guerra, pois entre os dias 14 de fevereiro e 28 de julho de 1942 submarinos alemães torpedearam e afundaram ao largo da costa leste do continente americano, entre o cabo Hatteras, nos EUA, e o arquipélago brasileiro de Fernando de Noronha, mas sempre em águas internacionais, treze navios de nossa marinha mercante. No mês seguinte, agosto, até a navegação de cabotagem, realizada ao longo da costa brasileira, passa também a ser alvo indefeso dos ataques de submarinos: em três dias desse mês, a partir de 15, são afundados junto aos limites entre Bahia e Sergipe os navios Baependy, Araraquara e Aníbal Benévolo e informação do dia 19 acrescentava a esses a perda no litoral baiano do Itagiba, Arará e Jacira. A repercussão mundial do criminoso afundamento destes seis ultimos navios mercantes é imediata. Resolução da Comissão Jurídica Interamericana datada de 21 de agosto condena como ato atentatório ao direito internacional: navios totalmente estranhos à atividade bélica, em tráfego de cabotagem longe de toda zona de guerra e fora de alguma área de bloqueio, pertencentes a país não-beligerante, inexistindo assim justificativa de ataque que pudesse ser baseada nas regras de contrabando de guerra e de bloqueio. Ergue-se indignada a opinião pública do Brasil. Os ataques em nosso litoral foram causa direta e imediata para a declaração de guerra, mesmo não estando os rumos desta ainda definidos e ainda que o governo se mostrasse reticente. Nas ruas já em 18 de agosto a exigia o sentimento nacional exacerbado. Afinal em 21 de agosto (e não em 22, dia oficial em que chega ao conhecimento dos agressores) o governo brasileiro reconhece - através de notas idênticas dirigidas aos governos da Alemanha e da Itália - o estado de beligerância ou de guerra que nos fôra imposto pelos ataques atrabiliários dos submarinos do "Eixo". O Brasil fica sendo o único país sul-americano a entrar na II Guerra Mundial. E a declaração de guerra também ao Japão só virá em 6-6-1945. Em fins de janeiro de 1943 Getúlio Vargas vai encontrar-se em Natal-RN com o presidente Roosevelt dos EUA, que regressava de Casablanca, Marrocos, com ele conferenciando, dia 29, a bordo de vaso de guerra americano. No pós-guerra - Encerrado o conflito mundial, e retornando vitoriosa da Itália a FEB, um movimento de chefes militares articulado pelo gen Góis Monteiro, que o acusava de tramar novo golpe para continuar no poder, apesar de marcadas eleições, força o ditador Getúlio Vargas a renunciar em 29-10-1945. Isto porque ele contava ainda com a ajuda de um dos partidos novos que criara, o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, e dos comunistas, agora podendo agir em liberdade. Retirando-se para sua terra natal, São Borja, dali continua a incentivar a candidatura de seu velho ministro da Guerra, gen Dutra, que acaba vencendo facilmente o candidato da aposicionista UDN - União Democrática Nacional, brigadeiro (major-brigadeiro-do-ar) Eduardo Gomes. E pessoalmente obteve no pleito outra desforra, sendo eleito senador por São Paulo e pelo Rio Grande do Sul, além de eleito também deputado por seis Estados e pelo Distrito Federal (ainda a cidade do Rio de Janeiro), o que lhe permite escolher a senatoria por seu próprio Estado. Nas eleições sucessórias de 1950 derrota novamente o brigadeiro Eduardo Gomes, tomando posse da presidência constitucional do Brasil em 31-1-1951. Nesse governo introduz no país a política econômica "desenvolvimentista" e cria em 1952 o BNDE - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico; através de agitação nacionalista estabelece em outubro de 1953 a Petrobrás, monopólio estatal na extração e refinação petrolíferas, lançando ainda em abril de 1954, o plano da Eletrobrás. Morte e conturbação nacional - Num atentado em 5-8-1954 contra Carlos Lacerda, violento jornalista da oposição, morre seu acompanhante, o major-aviador Rubens Vaz. Comissão de inquérito formada na Aeronáutica descobre o envolvimento de homens e do próprio chefe, Gregório Fortunato, da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas e a corrupção que lavrava subterraneamente no Catete, palácio do governo no Rio de Janeiro. Um abaixo-assinado de brigadeiros da Aeronáutica, depois apoiado por comandantes da Marinha e generais do Exército, pede então a renúncia do presidente. Este se nega a princípio, alegando nenhuma ingerência e total desconhecimento dos fatos, mas, pressionado, prefere suicidar-se com tiro no coração às 8 horas e 35 minutos do dia 24 de agosto de 1954. Com a morte do presidente Vargas a vida do país fica repentinamente instável. O vice-presidente eleito João Café Filho (nascido em Natal-RN em 1899, veio a falecer em 1970 na cidade do Rio de Janeiro) assume a presidência da República nesse período agitado, mas em 1955, sentindo-se doente, entrega o cargo ao presidente da Câmara Federal, Carlos Luz. Demitido do,posto de ministro da Guerra, o gen Henrique Teixeira Lott reage e depõe em 11 de novembro o presidente substituto; ante o golpe militar o Congresso declara Café Filho impedido de reassumir e elege para a presidência transitória da nação o vice-presidente do Senado Federal, Nereu Ramos (nascido em Lajes-SC em 1888, morre em 1958 em desastre aéreo na capital do Paraná, Curitiba). A normalização finalmente sobrevém quando Nereu Ramos pôde transmitir o poder em 31-1-1956 ao novo presidente eleito da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira.

OSVALDO ARANHA - Nasce em 1894 em Alegrete-RS. Advogado, comanda as forças governamentais gaúchas na repressão à Revolução Federalista de 1923. Nomeado em 1928 secretário do Interior e da Justiça do Rio Grande do Sul no governo estadual de Getúlio Vargas. Participa ativamente da conspiração que deu origem à Revolução de 1930. Com Getúlio Vargas no governo provisório da República assume as pastas da Fazenda, do Interior e da Jústiça. Após a eleição constitucional de Vargas em 1934 é designado embaixador brasileiro em Washington-EUA. Ministro das Relações Exteriores do Brasil na vigência do "Estado Novo", preside em janeiro de 1942 a III Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores americanos instalada na cidade do Rio de Janeiro, capital brasileira, conferência que recomenda o rompimento das relações diplomáticas com os países do "Eixo". Devido ao fechamento da Sociedade "Amigos das Américas", no Rio de Janeiro, demite-se do cargo de chanceler em 23 de agosto de 1944, sendo substituído por Pedro Leão Veloso. Chefia a delegação brasileira à primeira sessão especial da Assembléia Geral da ONU em Nova York-EUA no começo de 1947, depois que se transfere de Londres, capital da Inglaterra, onde se reunira inicialmente em 1946; nessa primeira sessão dos EUA Osvaldo Aranha é escolhido presidente da Assembléia Geral. Em fevereiro de 1947 substitui no Conselho de Segurança da ONU ao delegado brasileiro Pedro Leão Veloso, falecido em Nova York dia 16 de janeiro anterior. Com a última eleição de Vargas à presidência da República, Osvaldo Aranha volta ao governo como ministro da Fazenda, cargo que ocupa até o suicídio do presidente em 1954. Osvaldo Aranha falece em 27-1-1960 na cidade do Rio de Janeiro.



Outras nótulas referentes ao Brasil na guerra

Hierarquia militar - Em relação aos EUA o Exército brasileiro não tem o posto de tenente-general, que corresponde a general-de-corpo-de-exército, intermediário entre o general divisionário e o general-de-exército. Quanto às insígnias, o generalato americano começa com uma estrela dada ao general-de-brigada, que no Exército do Brasil ostenta duas, pois a primeira estrela cabe aqui ao posto de coronel. Em ordem crescente os graus de oficiais-generais na hierarquia brasileira são: general-de-brigada com duas estrelas, general-de-divisão com três e general-de-exército com quatro estrelas, a mais alta patente de nosso Exército em tempo de paz.

À imitação aproximada de homenagens semelhantes prestadas pelo Congresso dos EUA aos seus grandes chefes militares, em caráter excepcional e pessoal, aos generais brasileiros que tiveram participação ativa na II Guerra Mundial concedeu-se por ocasião de sua reforma ou passagem à reserva promoção honorífica à patente de marechal. Embora depois outros a alcançassem quando reformados, dos que estiveram mais diretamente ligados à organização e atuação da FEB foram promovidos a marechal, a partir de 1946, os generais Mascarenhas, Leitão de Carvalho, Dutra, Zenóbio e Cordeiro de Farias. Desses, o primeiro a ganhar a honraria conferida pela então Assembléia Nacional Constituinte foi o gen Mascarenhas de Morais, curiosamente também o único a reverter ao serviço ativo do Exército, conservando porém o título de marechal dado em caráter vitalício.

Na Aeronáutica a graduação hierárquica assemelha-se à do Exército em seguida ao posto de coronel-aviador: brigadeiro-do-ar, major-brigadeiro-do-ar e tenente-brigadeiro-do-ar, que é o posto máximo na ativa da aviação militar brasileira, apresentando como distintivo respectivamente duas, três e quatro estrelas. Só o oficial-general que atinge este último posto pode vir a ser reformado com o título de marechal-do-ar.

Na Marinha de guerra do Brasil as patentes são as tradicionais das forças navais mais antigas do mundo todo: capitão-de-mar-e-guerra, contra-almirante, vice-almirante, almirante e almirante-de-esquadra.

Condecorações de guerra - Criadas especialmente para os combatentes brasileiros da II Guerra Mundial que se sentiam diminuídos, ante os aliados, não possuindo medalha alguma apropriada para ações de guerra. A de maior valor foi a Cruz de Combate de 1a e de 2a classe, atribuída aos que se distinguiram excepcionalmente por bravura na guerra. A medalha Sangue do Brasil coube aos que receberam ferimentos em ação. A Medalha de Campanha foi concedida aos militares que participaram das operações de guerra sem nota desabonadora em sua conduta.

Glossário correspondente - Siglas e termos principais.

A cobra está fumando - Expressão corrente e popular entre militares brasileiros na Itália, surgida talvez no 1o RI Sampaio, significando movimentar-se a FEB para entrar em ação.

Corredor da Vitória - Trajeto aéreo sobre o Atlântico, dos EUA à África ocidental (tocando intermediariamente no Nordeste brasileiro), dali abrindo para as várias frentes de guerra. Serviu à condução de aviões militares e material bélico urgente com intensidade no período de 1942 a 1944.

Curriola - Operação ou perigosa aventura em trabalho de engenharia militar.

Eixo - Designação da união política Roma-Berlim-Tóquio, primeiramente formada pela Itália fascista e III Reich nazista, a que aderiu depois o asiático império japonês do Pacífico.

Empatolar - Verbo criado na gíria febiana com o significado de matar ou morrer.

GT - Grupamento Tático. Ver adiante TF.

Itamaraty - O Palácio do Itamaraty (grafia oficial com y final), foi sede no Rio de Janeiro-DF do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; por extensão abrange o serviço diplomático brasileiro.

LBA - Legião Brasileira de Assistência, organizada por Darcy Vargas, esposa do presidente, em 26-8-1942 e oficializada dia 28, para amparar o combatente da FEB e principalmente seus familiares aqui no Brasil; continuou no pós-guerra sem interrupção como ação social de caráter nacional, voltada especialmente para a infância.

Lurdinha - Apodo febiano da metralhadora alemã que dava 1.100 tiros por minuto. Originou-se o nome de namorada de um cabo brasileiro, verdadeira matraca que não pára mais ao começar a falar...

Pé-de-trincheira - Pé gelado no inverno rigoroso, de umidade e neve, que a gangrena por falta de circulação sanguínea poderia exigir amputação. Dele escapou muitas vezes o "pracinha" improvisando forragem dos calçados e do seu "fox-hole" (nome generalizado em inglês mesmo do abrigo individual, ou buraco de raposa, cavado pelo soldado de infantaria). Revestia-se o abrigo contra o excesso de umidade usando galhos de árvores nuas, pedaços de madeira, feno, mantas velhas e jornais. O "pracinha" calçava um, dois ou três pares de meias de lã, envolvendo-as depois com tiras de cobertor e enfiava os pés diretamente no largo galochão americano "snow-boot" - normalmente destinado entre os soldados de "Tio Sam" a revestir a botina usual de campanha "combat-boot" (mas neste caso dispensada pelo brsileiro), enchendo ainda com jornal ou palha os espaços vazios. (Já o homen pré-histórico das zonas frias descobrira a vantagem do capim ou palha seca para proteger-se melhor durante o inverno.)

Pracinha - Designação afetiva do soldado brasileiro da FEB que lutou na Itália em fins da II Guerra Mundial.

Quebra-canela - Apelido dado pelos "pracinhas" à mina terrestre antipessoal alemã ("Schuchmine") em pequeno invólucro de madeira, não maior que uma caixa de charutos. A simples pressão do pé detonava a carga explosiva suficiente para arrancá-lo até a altura do terço inferior da perna. Sendo a mina revestida de madeira, não a denunciava o detector eletromagnético e precisava ser encontrada pela ponta da baioneta tocando o solo de leve.

TF - "Task Force" ou "Força-Tarefa", originariamente criação da Marinha dos EUA, grupo de combate aeronaval. Por extensão de emprego passa a denominar no Exército grupamentos táticos mistos ou combinados - de infantaria, tanques e artilharia, por exemplo - lançados isoladamente em missões especiais.

Tocha - Ensarilhadas as armas na Itália, representava para soldados ociosos da FEB uma escapada, aventura, passeio ou fuga pessoal ou em grupo.

Voador - O "pracinha" displicente, sempre desconhecedor de tudo.

Zé-carioca - Na gíria febiana apelido dado ao uniforme de campanha.





Defesa continental da AMÉRICA na II Guerra Mundial

Delegados à III Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores americanos instalada de 15 a 28-1-1942 na capital brasileira, cidade do Rio de Janeiro-DF.

1. Brasil - Osvaldo Aranha, chanceler e presidente da conferência, e embaixador Rodrigues Alves. 2. EUA - Sumner Welles, subsecretário de Estado, e Warren Pierson, presidente do Banco de Importação e Exportação dos EUA. 3. Argentina - Ruiz Guinazú, chancelar. 4. Bolívia - Eduardo Anze Matienzo, chanceler; Castro Rojas, presidente do Banco Central; cel Emílio Medina, subchefe do EM do Exército; Luís Fernando Guachala, embaixador nos EUA; e David Alvestegui, embaixador no Brasil. 5. Chile - Juan Batista Rossetti, chanceler. 6. Colômbia - Gabriel Turbay, embaixador chefe da delegação. 7. Costa Rica - Alberto Echandi Montero, chanceler. 8. Cuba - Aurélio Fernandez Concheso, embaixador chefe da delegação, e Ramiro Hernandez Portela, embaixador na Argentina. 9. El Salvador - Hector David Castro, chanceler. 10. Equador - Júlio Tobar Donoso, chanceler. 11. Guatemala - Manuel Arroyo, chanceler. 12. Haiti - Charles Fonbrun, chanceler. 13. Honduras - Julián Cáceres, chanceler. 14. México - Ezequiel Padilla, chanceler. 15. Nicarágua - Mariano Arguello Vargas, chanceler. 16. Panamá - Otávio Fabrega, chanceler, e Otávio Valerino, embaixador no Chile. 17. Paraguai - Luís A. Argaña, chanceler. 18. Peru - Alfredo Solf y Muro, chanceler, e Ernesto Diez Canseco. 19. República Dominicana - Arturo Despradel, chanceler. 20. Uruguai - Alberto Guani, chanceler. 21. Venezuela - Caracciolo Parra Perez, chanceler. França Livre (gen De Gaulle) - Alberto Ledoux, representante na América do Sul.



Governos da AMÉRICA LATINA em 1942

ARGENTINA - O presidente da República, Roberto Ortiz, pede demissão em 24-6-1942, aceita três dias depois, vindo a falecer em 15-7-1942. Ramón Castillo (nascido em 1873) indica como seu sucessor em 1943 a Patrón Costas, grande proprietário rural, o que provoca a oposição da corrente nacionalista de extrema direita de que fazia parte o GOU - Grupo de Oficiais Unidos (incluindo o cel Perón), sendo então deposto por golpe-de-estado em 4-6-1943 e falecendo no ano seguinte, em 12-10-1944. O gen Arturo Rawson, que intimara o presidente Castillo a deixar o poder, assume o governo no próprio dia 4-6-1943, mas acaba substituído três dias depois, dia 7, pelo gen Pedro Ramirez. Este, em 24-2-1944, delega a governança ao vice-presidente gen Edelmiro Farrell e resigna em 9 de março. Sob a presidência do gen Farrell, desde 7 de julho o cel Juan Domingo Perón torna-se vice-presidente da República e ministro da Guerra. Para poder assinar a Ata de Chapultepec, na conferência interamericana do México, a Argentina- que só em 26-1-1944 rompera afinal suas relações diplomáticas com o "Eixo" - declara guerra em 27-3-1945 à Alemanha e ao Japão. Mesmo acabada a II Guerra Mundial, o governo da Argentina continua tumultuado. Em 9-10-1945 Perón é forçado a renunciar a seus cargos e depois preso. Mas daí a dias grande manifestação popular de seus simpatizantes, os "descamisados", restitui-lhe a liberdade e ele volta com o gen Farrell ao poder dia 18. Meses depois vence em 26-2-1946 as eleições presidenciais, iniciando a era do "peronísmo" ou "justicialismo" que marcaria por cerca de 30 anos a vida nacional argentina. Outras autoridades destacadas no período de guerra: gen Tonnazzi, ministro da Guerra, e alm Mário Fincati, ministro da Marinha, na presidência Castillo; posteriormente, gen Manni, chefe da Aviação, alm Isar, chefe da aviação naval, e v-alm Segundo Storni, chanceler que renuncia em 9-9-1943.

BOLÍVIA - Movimento revolucinário depõe em 20-12-1943 o presidente da República gen Enrique Peñaranda del Castillo, sendo eleito seu sucessor, em 6-8-1944, o ten-cel Gualberto Villaroel, um dos chefes militares da revolta. Poucos dias antes da deposição do gen Peñaranda, a Bolívia proclamara-se em guerra contra as potências do "Eixo" dia 5-12-1943, após uma primeira declaração de estado-de-guerra em 7 de abril desse ano.

CHILE - Juan Antonio Rios é eleito em 1o-2-1942 o 22o presidente do país e toma posse em 2 de abril. Alfredo Duhalde, ministro da Defesa; gen Oscar Escudero, ministro da Guerra e cmt.-chefe do Exército; e alm Júlio Airland, ministro da Marinha. O Chile anuncia estado de beligerância em 14-2-1945 e dois meses depois, em 11 de abril, declara guerra ao Japão.

COLÔMBIA - Por atos de rebeldia militar Alfonso Lopez é forçado a renunciar à presidência da República em 12-3-1944, mas volta ao poder em julho desse ano. A Colômbia proclama em 27-11-1943 estado de beligerância com a Alemanha devido à série de agressões sofridas sem provocação.

COSTA RICA - Presidente da República, Rafael Angel Calderón Guardia.

CUBA - Gen Fulgêncio Batista y Zaldivar, presidente da República. Eleito em 2-6-1944 Ramón Grau San Martin. Em 10-3-1952 o gen Fulgêncio depõe o presidente Carlos Prio Socarras eleito em 2-6-1948. Contra sua ditadura insurge-se Fidel Castro que tenta tomar a fortaleza de Moncada em 26-7-1953 e, malogrando o ataque de surpresa, fica preso durante dois anos. Libertado, prepara no México a expedição do barco "Gramma", quase toda dizimada ao desembarcar em Cuba em novembro de 1957; refugiado com alguns companheiros na Serra Maestra, dali parte Fidel para a vitoriosa campanha de guerrilhas, a qual finalmente obriga o gen Fulgêncio a fugir do país em 1o-1-1959 e permite a Fidel instalar em Cuba seu prolongado domínio comunista sob amparo da URSS.

EL SALVADOR - Gen Maximiliano Hernandez Martinez renuncia em 9-5-1944 à presidência da República, sucedido pelo gen Menendez.

EQUADOR - Derrubado por golpe militar em 30-5-1944 o presidente da República, Carlos Alberto Arroyo del Rio. Chanceler F. Guarderas, agosto de 1942. O Equador declara-se em estado-de-guerra com o Japão em 7-12-1942, primeiro aniversário do ataque a Pearl Harbor.

GUATEMALA - O presidente gen Jorge Ubico é forçado a entregar o governo da República a uma junta militar em 1o-7-1944. Chanceler Carlos Salazar, agosto de 1942.

HAITI - Elie Lescot, presidente da República deposto em 11-1-1946 no pós-guerra.

HONDURAS - Tibúrcio Carías Andino, presidente da República.

MÉXICO - Gen Manuel Ávila Camacho eleito presidente da República no quadriênio 1940-44. Alm Mendoza, chefe das operações navais na costa atlântica. O presidente pede ao Congresso declaração de guerra ao "Eixo"em 28-5-1942, com efeito retroativo a contar de 22 desse mês, medida que assina em 1o-6-1942.

NICARÁGUA - Nascido em 1o-2-1896, o gen Anastásio Somoza Garcia, o "Tacho", foi posto na chefia da Guarda Nacional uma vez terminada em 1933 a intervenção estadunidense no país. Em 1936 depõe o presidente Juan Sacasa e assume o governo como o "homen forte" da Nicarágua pelo espaço de 20 anos, dando origem a verdadeira dinastia. Presidente de 1939 a 1947, após curto interregno em que foi ministro da Guerra sucede a Román y Reyes (falecido em 1948), sendo reeleito presidente da República em 1950. Vítima de atentado no próprio país, morre dos ferimentos uma semana mais tarde, em 29-9-1956. É substituído pelos filhos no poder, primeiramente Luís Somoza, de 1956 a 1963, e depois por Anastásio Somoza Debayle, a partir de 1967 até ser vencido pela revolução sandinista-comunista em julho de 1979, quando precisou fugir da Nicarágua. Refugiado no Paraguai, este último membro da família no governo morre assassinado por grupo de terroristas que atinge seu carro com tiro de "bazuca", em 17-9-1980, numa rua de Assunção, capital paraguaia.

PANAMÁ - Ricardo Adolfo de la Guardia sobe ao governo da República depois de haver o presidente Arnulfo Arias abandonado o país e o golpe-de-estado de 9-10-1941 ter deposto o vice-presidente Ernesto Jeanguardia.

PARAGUAI - O presidente gen Higínio Moríñigo governa a República como ditador de 1940 a 1948. Gen Vicente Machuca, ministro da Guerra. O Paraguai declara guerra à Alemanha e ao Japão em 8-2-1945.

PERU - Manuel Prado, presidente da República. Declaração de guerra à Alemanha e ao Japão em 12-2-1945.

PORTO RICO - Governador Rexford Ingwell, 1942. País sob ocupação americana, a partir de 1967 Estado Livre associado aos EUA.

REPÚBLICA DOMINICANA (ou São Domingos) - Presidente gen Rafael Leônidas Trujillo y Molina. Violento ditador por 31 anos, assumiu o governo em 1930 após o golpe-de-estado contra o presidente Horácio Vásquez. Acabou assassinado em 1961.

URUGUAI - Gen Alfredo Baldomir, presidente da República, sucedido em 1o-3-1943 por Juan José Amézaga. Gen Júlio Roletti, ministro da Defesa Nacional, substituído pelo chanceler Alberto Guani em 21-2-1942; gen Alfredo Campos, fevereiro de 1943. Gen Marcelino Bergalli, inspetor geral do Exército, 1942. Gen Pedro Sicco, chefe do EM do Exército, substituído em 22-2-1942 pelo cel José Pappa. Gen Munar, cmt. da Zona Militar Leste do Uruguai, 1942.

VENEZUELA - Gen Isaías Medina Angarita, presidente da República, deposto em 19-10-1945. Em 15 de fevereiro desse ano a Venezuela declarara guerra à Alemanha e ao Japão.

Junta Interamericana de Defesa - Sede no Pentágono, em Washington-EUA, reunião inaugural em 30-3-1942.

Representantes militares dos países americanos:

EUA - Nomeado representante naval na Junta em 19-3-1942, o v-alm Alfred W. Johnson assume no imediato dia 30 o cargo de presidente ("chairman") da reunião geral. Membro da delegação estadunidense nomeado em igual data, o ten-gen Stanley D. Embick torna-se depois chefe dessa delegação e dirigente da Junta de Defesa continental até ser substituído nas funções pelo gen Hugh A. Drum em 24-8-1943. No pós-guerra chefiaram sucessivamente a Junta como representantes dos EUA os generais Crittenberger, Ridgway, Bolte (1951) e Walsh (setembro de 1952), dentre os que de alguma forma se distinguiram na II Guerra Mundial.

BRASIL - O general-de-brigada Amaro Soares Bittencourt passa as funções de adido militar nos EUA e chefe da comissão militar do Brasil nesse país ao ten-cel Stennio Caio de Albuquerque, outubro de 1942. Comandante Amorim do Vale, Marinha, e cel-av. Sousa e Melo, Aeronáutica, 1942. (Ver também Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA.)

CHILE - M-gen Arturo Spinoza Mujica; COLÔMBIA - Ten-cel Filipe Munilla; EL SALVADOR - Cel Fidel Custino Garay; EQUADOR - Cel Augustin Alban; GUATEMALA - cel Félix Castellanos; HAITI - Major Rocha Laroch; HONDURAS - Cel José Augusto Padilla; MÉXICO - Cel Cristobal Gusmán Cardenas; NICARÁGUA - Cap Mário Airosemana; PARAGUAI - Ten-cel Rovida; PERU - Alm Carlos Rotaldi e ten-cel Jorge Sarmiento; REPÚBLICA DOMINICANA - Major Salvador Cobian; URUGUAI - Cel Hugo Molina, ten-cel Medrado Farias, cmt. Mário Colleza Pittaluga e cmt. Júlio C. Poussin; VENEZUELA - Cel Juan Jones.





Delegações brasileiras em conferências políticas internacionais



Conferência Interamericana do México - Realizada de 21 de fevereiro a 8 de março de 1945 no castelo de Chapultepec, cidade do México e capital do país, termina com a assinatura da "Ata de Chapultepec". Embaixador Pedro Leão Veloso, chefe da delegação formada com embaixador Hildebrando Pompeu Pinto Acioli; João Carlos Vital, prof. Pedro Calmon, dr. Valentim Bouças, dr. Armando de Arruda Pereira e cel Nestor Sousa de Oliveira.

Conferência Internacional de São Francisco - Reunida em princípios de abril de 1945 na cidade de São Francisco - EUA, a morte repentina do presidente Roosevelt dia 12 adia a sessão solene inaugural para 25, encerrando-se dois meses após, em 26 de junho. Objetivo, a criação de novo organismo de caráter universal para a preservação da paz: a ONU-Organização das Nações Unidas deveria substituir a velha, decadente e inoperante Liga das Nações. Embaixador Pedro Leão Veloso, chefe da delegação, embaixador nos EUA Carlos Martins Pereira e Sousa, doutora Berta Lutz, gen Estêvão Leitão de Carvalho, alm Sylvio Noronha e major-brigadeiro-do-ar Armando Trompowsky de Almeida.

Assembléia das Nações Unidas - Inaugurada em 10-1-1946 em Londres , capital do Reino Unido, e transferida no ano seguinte para Nova York-EUA. Como organização universal torna-se sucessora da antiga Liga das Nações, cuja última sessão reuniu-se em Genebra, na Suiça, de 8 a 18 de abril de 1946. Delegação chefiada pelo embaixador na França Luís Martins de Sousa Dantas, mais embaixador na Inglaterra. Moniz de Aragão, embaixador Ciro de Freitas Vale e cônsul geral Vasco Tristão Leitão da Cunha.

Conferência da Paz - Reúne-se em Paris, capital da França, de 15 de junho a 12 de julho de 1946. Delegação brasileira chefiada pelo embaixador João Neves da Fontoura, sendo membros principais os embaixadores Luís Martins de Sousa Dantas, Frederico de Castelo Branco Clark e Hildebrando Pompeu Pinto Acioli.



Principais abreviaturas usadas



Alm - Almirante

Av. - Aviador

Brigo-gen - Brigadeiro-general

C-alm - Contra-almirante

Cap - Capitão

Cel - Coronel

C.Ex. - Corpo-de-Exército

CFLN - Comitê Francês de Libertação Nacional (gen De Gaulle)

Cmt. - Comandante

DA - Divisão alpina ou de montanha

DB - Divisão blindada ou "Panzer"

DF - Distrito Federal

DI -Divisão de infantaria

DIE - Divisão de Infantaria Expedicionária (a 1a DIE núcleo básico da FEB)

Div. - Divisão (grande unidade militar)

DL - Divisão ligeira ("Jaeger" alemã)

DM - Divisão motorizada ou motomecanizada

Dr. - Doutor

EM - Estado-maior (comando)

EUA - Estados Unidos da América

Ex. - Exército

FAB - Força Aérea Brasileira

FEB - Força Expedicionária Brasileira

Gen - General

Km - Quilômetro,s

Mar. - Marechal

M-gen - Major-general

ONU - Organização das Nações Unidas

PG - "Panzer Grenadier" (antigas DL e DM alemãs)

QG - Quartel-general

RAF - Royal Air Force (Inglaterra)

RI - Regimento de infantaria

Sd. - Soldado

Ten - Tenente

Ten-gen - Tenente-general

URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

USAF - United States Air Force (Estados Unidos da América)

V-alm - Vice-almirante



Observação: Foram ainda muito usadas as conhecidas abreviaturas dos pontos cardeais e colaterais.

Fonte: http://phfranca.sites.uol.com.br/2aguerra.htm