Por Felipe Araújo
Contrária ao domínio de poder político da monarquia dos Stuarts, que eram soberanos ingleses originados da Escócia, a Revolução Inglesa ocorreu no século XVII, no ano de 1640. De acordo com alguns historiadores, esta insurreição é considerada a primeira revolução de caráter burguês realizada no ocidente.
A origem da Revolução Inglesa pode ser explicada por uma combinação de diversos fatores. Na época da Dinastia Tudor, o país apresentava um desenvolvimento econômico próspero e de várias conquistas. Enquanto Henrique VIII e Elisabeth I estavam no poder, ocorreu a adoção do anglicanismo, que trouxe grandes mudanças e era um instrumento importante do Estado. Além disso, neste período, a Inglaterra encontrava-se unificada e começou a disputar o descobrimento de novas colônias, fazendo frente aos espanhóis.
Dentro deste contexto, havia incentivo à liberdade de comércio, além de medidas de proteção à propriedade. Neste momento, de grande desenvolvimento econômico, surgem os monopólios comerciais, os Mercadores Aventureiros, grupo que desejava superar os estrangeiros no comércio e a Companhia Britânica das Índias Orientais, união de comerciantes de Londres que tinha o monopólio comercial com as “Índias Orientais”.
Porém, estes adventos tiveram como resultado a divisão burguesa britânica. De um lado estavam os comerciantes mais abastados, favorecidos pelos monopólios e, de outro, a pequena burguesia que clamava pela livre concorrência. Junto a isso, a situação no campo gerava diversos problemas, pois as terras começaram a ser valorizadas após a alta dos produtos da zona rural. Assim, os representantes da burguesia poderosa, que tinham grandes propriedades, começam a expandir suas terras desapropriando terrenos de caráter coletivo para torná-los particulares. Isso fez com que diversos camponeses fossem expulsos da zona rural, dando espaço para a formação de propriedades extensas que produziam lã, um dos produtos que, posteriormente, seria a base da Revolução Industrial no país. Para atenuar um possível conflito entre a nobreza rural e os camponeses, o governo tomou medidas para impedir os cercamentos, mas sofreu oposição da burguesia mercantil e dos grandes proprietários de terras.
Em 1603 tem início a Dinastia do Stuarts, simbolizada por Jaime I, substituto de Elizabeth I, considerada a última rainha da Dinastia dos Tudors. O novo soberano inglês, além de ser protestante, iniciou um processo de aproximação com a Espanha, país católico, mostrando que era indiferente às instituições inglesas estabelecidas no reinado dos Tudors. Isso foi um fator de extremo descontentamento da alta burguesia, pois, até então, o equilíbrio entre os parlamentares e os monarcas era o que equilibrava a economia inglesa. Foi durante este período que os ingleses discordantes iniciaram um processo de emigração rumo à América do Norte.
Com a morte de Jaime I, quem assume o poder é seu filho Carlos I. No ano de 1628, dois anos após Carlos I tomar o poder, é votada uma Petição de Direitos pelo Parlamento Inglês, que garantiu a burguesia comerciante contra detenções ilegais e tributos. Em contrapartida, este parlamento foi dissolvido pelo rei, que buscou apoio na Câmara Estrelada (tribunal que era formado por nobres da confiança da realeza). Além disso, Carlos I faz uma tentativa de imposição do anglicanismo aos presbiterianos (calvinistas da Escócia), mas não obteve apoio da burguesia e ainda viu grupos de escoceses invadirem a região norte da Inglaterra. Sem sustentação, o rei abriu o parlamento novamente no ano de 1640 e em 1653. Porém, os parlamentares demonstravam mais interesse em combater a tirania de Carlos I.
Entre os anos de 1641 e 1649, ocorreu uma guerra civil que foi um episódio de extrema importância para a Revolução Inglesa. O conflito colocou frente a frente o exército da realeza (com apoio dos senhores feudais) e os apoiadores do parlamento, denominados cabeças-redondas, que, em sua maioria, eram puritanos burgueses liderados por Oliver Cromwell. No primeiro ano do conflito, o rei foi apoiado pelos aristocratas das regiões norte e sul da Inglaterra, além da burguesia abastada. No ano de 1645, após diversos embates, os cabeças-redondas, com seu exército chamado New Model Army, vencem a cavalaria real na Batalha de Naseby e fazem Carlos I fugir para a Escócia, onde tinham muitos inimigos. O rei acabou sendo capturado e vendido ao parlamento da Inglaterra, onde foi executado.
Após ser instituída uma nova constituição, Cromwell ganha o título de Lorde Protetor da Escócia, Irlanda e Inglaterra. Apoiado pela classe militar e burguesa, ele iniciou uma ditadura puritana. Seu governo ficou conhecido pelas medidas de intolerância e rigidez contra os opositores. Após a morte de Cromwell, no ano de 1658, seu filho assume o poder, mas é deposto um ano depois.
Com isso, é iniciada a Revolução Gloriosa, que coloca os Stuarts novamente no poder, representados por Carlos II e, posteriormente, por Jaime II. No governo de Carlos II, devido a atitudes impensadas do soberano, ocorreu uma rixa entre dois grupos do parlamento: os whigs e os tories. Os primeiros eram contra as medidas reais e a favor de mudanças no cenário político. Já os segundos eram ligados à aristocracia feudal e defensores de sua continuidade. No governo de Jaime II, foram tomadas medidas absolutistas de punição contra opositores, destituição do habeas corpus, além de prisões despóticas. Em 1689, o parlamento promulga a Declaração dos Direitos (Bill of Rights), estabelecendo o parlamento como poder supremo e substituindo Jaime II por sua filha Maria Stuart e Guilherme de Orange, seu genro.
Fontes:
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
http://www.mundovestibular.com.br/articles/6500/1/A-Revolucao-Inglesa/Paacutegina1.htmlhttp://pt.shvoong.com/humanities/history/498774-riqueza-homem/http://guerradarestauracao.wordpress.com/tag/naseby/http://pt.wikipedia.org/wiki/Jaime_II_de_Inglaterra