Por Felipe Araújo
Tupamaros foi o nome dado a um grupo de guerrilheiros uruguaios que agiu entre os anos de 1963 e 1972. A denominação do partido remete ao período da colonização do Uruguai, quando Tupac Amaru III, um cacique peruano, foi líder de um confronto contra os espanhóis (século XVIII). Do nome do indígena surgiu a palavra tupamaro, que era a forma como os conquistadores espanhóis chamavam os seguidores do líder tribal.
O fundador do Movimento de Liberação Nacional – Tupamaros (MLN-T ) foi Raul Sendic, advogado, revolucionário guerrilheiro e político do Uruguai. Entre as primeiras ações do partido, destacam-se as investigações dentro de grandes corporações que tinham por objetivo encontrar documentos que comprovassem a corrupção governamental. Porém, o grupo tinha como forte característica a guerrilha urbana, que incluía atividades como assaltos a clubes de armas, bancos, sequestros, propaganda de guerrilha e assassinatos. Segundo alguns historiadores, o dinheiro que conseguiam nas ações ilegais era distribuído para as camadas mais pobres da população de Montevidéu. Os integrantes dos Tupamaros eram universitários, técnicos e profissionais liberais.
De acordo com Elio Gaspari, no livro “A Ditadura Derrotada – Volume 3″ (editora Companhia das Letras), “os Tupamaros, com 3 mil militantes, fizeram coisas nunca vistas e até mesmo difíceis de imaginar. Suas ações, iniciadas em 1968, eram românticas, vingativas e pirotécnicas. Eles assaltaram um cassino e devolveram as gorjetas dos crupiês pelo correio. Depenaram a mansão de um plutocrata e divulgaram que nela havia 400 mil dólares em dinheiro e barras de ouro”.
Com a prisão de Raul Sendic no ano de 1971 (ele passou 11 anos preso numa solitária), e as represálias das Forças Armadas uruguaias contra os Tupamaros, o movimento perdeu sua força com a morte e desaparecimento de muitos de seus integrantes. Dois anos depois, o presidente Juan María Bordaberry aplicou um golpe de estado e tornou-se um ditador, dissolvendo partidos e diminuindo as liberdades civis. Em 1976, através de Alberto Demicheli, as Forças Armadas substituíram Bordaberry.
No entanto, em 1985, alguns representantes dos Tupamaros voltam a assumir cargos políticos, pois, naquele ano, a democracia uruguaia tinha sido reestabelecida com o fim da ditadura militar. Atividades de guerrilha não foram mais detectadas no país. Sendic acabou sendo internado em um sanatório da França e faleceu no ano de 1989. Em 2004, José Mujica e Nora Castro, dois antigos representantes do grupo, foram eleitos à presidência das duas Câmaras do Congresso. Cinco anos depois, José Mujica foi eleito presidente do Uruguai.
Fontes:
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
GASPARI, Elio. A Ditadura Derrotada, volume 3. Coleção O Sacerdote e o Feiticeiro, São Paulo: Companhia da Letras, 2003.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tupamaros