4.1.13

3 de janeiro de 1961- Estados Unidos rompem relações diplomáticas com Cuba



por: Alice Melo



“Existe um limite até onde os Estados Unidos, tendo em conta o respeito a si próprio, podem tolerar, e esse limite foi agora atingido”. Foi com essas palavras que o presidente norte-americano, Eisenhower, declarou o rompimento das relações diplomáticas com Cuba, às 20h30 do dia 3 de janeiro de 1961.

No momento em que a declaração era lida em Washington, dois navios de guerra norte-americanos eram preparados para retirar de Cuba o pessoal diplomático dos Estados Unidos. Dois dias antes do rompimento, durante as comemorações do segundo aniversário da revolução cubana, o líder Fidel Castro tinha exigido que o governo da potência do norte reduzisse o número de funcionários diplomáticos ao nível dos cubanos em serviço na capital norte-americana, ato visto pelos Estados Unidos como mais uma afronta ao país.

Ao receber a notícia do rompimento, Fidel Castro declarou ao povo cubano: “Cuba está alerta”. À noite, o líder revolucionário convocou seu Gabinete para redigir uma resposta oficial à declaração de Eisenhower. O presidente norte-americano eleito, Kennedy, que ainda não tomara posse do cargo, preferiu não comentar o ato do líder republicano. O governo canadense, porém, apressou-se em divulgar um comunicado oficial dizendo que as relações com Cuba continuavam inalteradas, apesar do rompimento entre o seu vizinho do sul e a ilha caribenha.

A base naval de Guantânamo, cuja posse era reivindicada por Cuba desde o triunfo da revolução, em janeiro de 1959, permaneceu em mãos norte-americanas. No dia seguinte ao rompimento, o Secretário de Imprensa da Casa Branca reforçou, por meio de nota, que os Estados Unidos não deixariam de usar a base por esta ter sido cedida por um tratado anterior. “O rompimento de nossas relações diplomáticas e consulares com Cuba não tem efeitos sobre Guantânamo. As relações do tratado sob o qual mantemos a base não podem ser abolidas sem a aprovação dos Estados Unidos”, escreveu James Hargerty.

Nos dias que sucederam a declaração de Eisenhower, uma batalha verbal entre representantes de Cuba e dos Estados Unidos foi travada na sede da ONU, em Nova Iorque, perante o Conselho de Segurança. Raúl Roa, Chanceler cubano, acusou a Casa Branca de planejar atacar a ilha. “Receberemos os agressores de pé, unidos e firmes”, declarou Roa, na manhã do dia 4 de janeiro. Em resposta, o representante norte-americano na ONU, James Wadsworth, acusou Fidel Castro de ter provocado conscientemente o rompimento. “O verdadeiro atacante é o governo cubano, que usa por armas a calúnia e os falsos alarmes”, disse Wadsworth.

Cuba e Estados Unidos mantiveram, e ainda mantêm, as relações diplomáticas cortadas mesmo após os 49 anos transcorridos desde esse rompimento intempestivo.
Fonte: Jblog