Muitos desejavam ver Pedro Augusto de Saxe Coburgo, filho de D. Leopoldina, como imperador do Brasil mas seu destino seria diferente
Pedro Augusto entre D. Pedro II e Teresa Cristina, em 1887: antes do nascimento dos filhos de Isabel, o príncipe era o preferido do imperador
para o substituir
Por Vasco Mariz
Um personagem que foi importante como forte candidato no apagar das luzes do Império, hoje está quase totalmente esquecido, não fosse o notável livro de Mary Del Priore O príncipe maldito (ed. Objetiva, 2006). Era o belo jovem príncipe D. Pedro Augusto de Saxe Coburgo, neto de D. Pedro II e filho de sua segunda filha, d. Leopoldina, casada com o príncipe Augusto (Gusty) Saxe Coburgo. No entanto, o título de “príncipe maldito” parece impróprio, já que ele nada fez que provocasse maldição, nem maldades.
Antes de nascerem os filhos de Isabel, ele era o preferido do imperador como seu sucessor. E muitos na corte desejavam que ele ocupasse o trono após a morte ou renúncia de D.Pedro II, enfermo e precocemente envelhecido. O empecilho estava em que a princesa Isabel era a herdeira oficial, de acordo com a Constituição.
O ESTADO DO IMPÉRIO
A Guerra do Paraguai custou muito caro aos cofres públicos e o governo teve de fazer empréstimos no exterior para adquirir armamentos. Após a penosa campanha, o imperador não deu aos militares o merecido prestígio, deixando-os descontentes. A campanha pela abolição continuava a crescer e, durante a ausência de D. Pedro II, em viagem no exterior, pressionada pela opinião pública, a regente D. Isabel assinou a Lei Áurea em 13 de maio de 1888, sem indenização aos proprietários das fazendas. Ora, sem os escravos, a produção – e a exportação – de café e açúcar ficou quase paralisada. A situação financeira do país era caótica. Os militares e republicanos se agitavam.
Uma das possibilidades consideradas no seio do governo era a renúncia do imperador em favor de seu neto D. Pedro Augusto, belo rapaz, simpático, estudioso, e de boas relações com os republicanos. Entretanto, se antes do nascimento dos três filhos do conde D’Eu e Isabel, o imperador via com simpatia a ideia de que Pedro Augusto poderia ser o seu sucessor, a situação havia mudado. Ele hesitou até o fim em quebrar a Constituição. No entanto, a elevação de Pedro Augusto ao trono poderia ter sido uma solução, uma etapa transitória até a República. Os republicanos chamaram-no até de “imperador-presidente”. Tudo isso perturbava a cabeça do jovem príncipe.
Nas três vezes em que assumiu a regência, D. Isabel não demonstrou muito interesse em governar, deixando quase tudo nas mãos do primeiro-ministro de plantão. Embora fosse abolicionista, nunca mostrou empenho pela causa. Assinou a Lei Áurea premida pela crise política. Cometeu o grave erro de não conceder nenhuma compensação aos proprietários dos escravos, por pequena que fosse. O Brasil era virtualmente sustentado pelas exportações de café e açúcar e enfrentou uma crise financeira brutal.
D. Isabel para tudo consultava os padres amigos. Ponto contra. Seu marido, o príncipe francês conde D´Eu, era detestado por suas atividades comerciais e pelo sotaque francês. Poucos aceitavam a ideia de que um príncipe francês viesse a governar, de fato, o Brasil. Por trás desse quadro negativo, emerge a candidatura do jovem que tinha a admiração de seu avô e parecia preparado para assumir a Coroa como D. Pedro III e iniciar a reorganização do país. De um modo geral, o povo continuava monarquista e admirava o imperador. Muito aceitavam essa solução, mas os fatos se precipitaram.
D. PEDRO II COMO INSPIRADOR DE SUA FORMAÇÃO
Pedro Augusto de Saxe Coburgo e Bragança nascera no Rio de Janeiro em 19 de setembro de 1866. Ele era o neto primogênito do imperador e filho de ilustre casa austríaca e foi festejado como tal. Por ocasião da morte prematura de sua mãe em 1871, em Viena, e a pedido do imperador, o pai decidiu trazer os dois filhos mais velhos para o Rio de Janeiro. O avô ficou encantado com o menino, muito parecido com ele na juventude, e ocupou-se pessoalmente de sua educação. Como disse Mary Del Priore, “o avô abraçava o neto com ternura. Afinal, ele era o seu menino”.
O pai exigia dele muitos exercícios físicos, mas, no Brasil, o avô deu prioridade aos estudos. Escolheu um tutor competente, o dr. Pacheco, diretor do Colégio Pedro II. Aos 9 anos, foi internado no Pedro II, fora do centro urbano do Rio de Janeiro, e interessou-se pelo estudo das pedras. Esse fato condicionaria bastante a vida de Pedro Augusto, pois os estudos da mineralogia tornaram-se uma verdadeira paixão e levaram-no mais tarde a colecionar e publicar trabalhos. O menino se desenvolvia bem sob a supervisão do avô, que em vista da esterilidade continuada do casal D’Eu parecia inclinado a preparar Pedro Augusto como seu sucessor.
Em 1871, quando Leopoldina veio a falecer precocemente, começava a rivalidade entre as duas famílias, que depois se transformaria em ódio. Isabel invejava sua irmã Leopoldina que tivera quatro filhos, mas nove anos depois seu pesadelo começaria a ter fim, com o nascimento dos três filhos do casal D’Eu. Os garotos Saxe-Coburgo, vivendo em um colégio onde só se falava o português, perderam até o sotaque alemão e já eram brasileirinhos.
Terminada a Guerra do Paraguai, o imperador partira para o exterior para uma longa viagem de dez meses. Ele agora estava tranquilo: tinha herdeiros, depois que Gastão de Orleans conseguiu ser pai. No entanto, o príncipe do Grão-Pará, herdeiro do trono, nascera com defeito em uma das mãos, o que se chama vulgarmente de mão seca, vítima de um parto difícil. A condessa de Paris relatou que, quando Pedro Augusto soube do nascimento do primo, teve um ataque histérico, pois aí cessavam os seus direitos ao trono.
Quando isso aconteceu, o imperador estava cada vez mais agarrado com seu neto, o belo menino louro de cabelos cacheados, que formava uma biblioteca seguindo os conselhos do avô e passava com ele bons momentos no gabinete do primeiro andar do Palácio São Cristóvão. Juntos, visitavam exposições e iam ao teatro. O bonito rapaz escreveu ensaios e até mesmo um tratado sobre mineralogia. Pedro Augusto gostava de bailes. Ao regressar ao palácio, sempre ia ao apartamento do avô comentar a noitada. Em abril de 1887, o rapaz formava-se em engenharia civil. Mary Del Priore não hesitou em afirmar que “o avô não duvidaria em fazê-lo seu sucessor, persuadido de que a monarquia teria mais a lucrar com o neto do que com Isabel”.
Do mesmo modo, o jornal Correio da Tarde, comentando a situação política, publicou algo que irritou profundamente a princesa e o conde D’Eu: “Gente influente começava a pensar nisso com simpatia, mas como violar a Constituição? Não esqueciam porém que ela já fora violada em 1840, justamente para facilitar a posse do jovem Pedro II”.
Pedro Augusto no colo da mãe, dona Leopoldina, e ao lado do pai, Auguste de Saxe Coburgo em 1867: garoto seria educado, de fato, pelo avô
PRESSÃO SOBRE O PRÍNCIPE
Todo esse movimento começou a afetar os sentimentos do rapaz de pouco mais de 20 anos. Aonde ia, lhe faziam pedidos para quando assumisse o trono. O rapaz sorria e nada dizia, mas tudo isso lhe incentivava a a vaidade e a ambição. Às vezes se fechava em seu quarto e passava horas encerrado. Eram os primeiros sinais de uma grave enfermidade que o afastaria completamente do mundo.
A possível candidatura de Pedro Augusto passou a preocupar o monarca, que começou a se distanciar do neto. Ele sabia da preocupação de Isabel e Gastão com esses boatos, mas não se decidia a tomar uma posição.
D. Pedro II deixava de fazer o seu dever de chefe de Estado: instruir os verdadeiros herdeiros sobre como administrar o país. Sua saúde era precária. A crise política e econômica exigia um sério esforço de preparação da princesa Isabel e de seu marido, o conde D’Eu, para em breve estarem em condições de governar o país. Gastão tentou várias vezes se entrevistar com o sogro sobre assuntos políticos, sem resultado.
Em seu regresso do exterior, em 1888, ao desembarcar, em vez de se dirigir a sua fi lha e a seu consorte, que haviam governado o país por vários meses e promulgado a Lei Áurea, D. Pedro II foi diretamente a um grupo de políticos e conversou longamente com eles. Estava claro que o imperador não dava o menor crédito às opiniões da filha e do genro. Foi uma cena humilhante, que feriu o casal. Pedro Augusto não sabia o que pensar dessa situação esdrúxula e se torturava com isso.
Para fazermos uma avaliação das reais possibilidades de Pedro Augusto chegar ao governo do país, temos de lembrar que poucos desejavam que Isabel assumisse a chefia do governo, já que ela era considerada incompetente e desinteressada, sobretudo tendo por trás o marido, um príncipe estrangeiro, antipático e negociante. Caso D. Pedro II se definisse pelo príncipe Pedro Augusto, rompendo a Constituição, mas continuasse à frente do governo, isso não acalmaria o descontentamento geral. Nesse quadro, os militares tomaram a dianteira e decidiram derrubar a monarquia. O oficial mais graduado, o marechal Deodoro da Fonseca, era amigo pessoal de D. Pedro II, que jamais poderia desconfiar de que seria deposto por ele sem maiores cerimônias.
A possível candidatura do príncipe Pedro Augusto de Saxe Coburgo não foi absolutamente levada em consideração pelos militares revoltosos. Poucos dias antes da República, em 5 de novembro, o príncipe oferecera um jantar aos oficiais do encouraçado Almirante Cochrane, do Chile, ao qual compareceram quase todas as autoridades do Império. Foi seu último ato oficial no Brasil. Em nenhum momento, ele foi consultado sobre a intentona, fato que o deixou bastante abalado. O sonho que vinha acalentando desde muito jovem, com apoio tácito do avô, se esfumou completamente e a ele só restaria ir para o exterior com a família imperial.
A realidade deve ter agravado sua instabilidade emocional. Os sintomas se revelariam mais intensos já durante a viagem para a Europa, quando discutiu mais de uma vez com os tios e até com o próprio imperador. Explodia o ódio entre as casas de Orleans e Bragança e de Saxe Coburgo.
A bordo do navio que os levaria a Lisboa para o exílio, o príncipe fechava-se no camarote por horas a fio, comia sozinho, conversava pouco e, quando participava de algum debate, explodia em acusações agressivas. D. Pedro II comentou com a princesa Isabel que, ao chegarem à Europa, ele deveria ser examinado por algum especialista. Começava o declínio.
Já em Paris, o avô aconselhou-o a consultar especialistas do nível do dr. Charcot, sumidade europeia que tratava o imperador. Mary Del Priore nos relata que “o diagnostico era mania de perseguição”. No entanto, ele se encontrava em razoável estado de espírito, tanto que “uma das poucas satisfações do imperador foi assistir, no dia 1º de agosto, durante sessão da Academia Francesa de Ciências, à leitura de um trabalho mineralógico de seu neto, o príncipe Pedro Augusto”.
Aquela tarde foi um ponto alto na vida do jovem príncipe e engenheiro formado na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Mas os problemas persistiam. D. Pedro II pensou em enviá-lo para Graz, na Áustria, onde a medicina nesse setor parecia estar adiantada. Consultaram até Allan Kardec. A morte da avó, a imperatriz Teresa Cristina, sua grande amiga e protetora, agravou o seu estado de saúde. Pedro Augusto ficava cada vez mais isolado.
Curiosamente, os insucessos dos primeiros anos da República levantaram os ânimos dos monarquistas no Brasil, que chegaram a arquitetar um plano audacioso para uma possível restauração. D. Pedro II reassumiria a Coroa, renunciava em favor da princesa Isabel, que por sua vez renunciava em favor de seu filho mais velho, o príncipe do Grão-Pará ainda menor, e Pedro Augusto assumiria o trono como regente por alguns anos até a maioridade do novo titular. O príncipe, a essa altura, não tinha mais condições de assumir nenhuma responsabilidade.
A situação no Brasil piorava e Deodoro teve atitudes de ditador, suspendendo a liberdade de imprensa e mandando aprisionar políticos monarquistas. Na Europa, a família imperial mudara-se para um hotel em Cannes, onde o clima era mais ameno para o imperador. D. Pedro II parecia cada vez mais desligado da realidade. De Graz, Pedro Augusto lhe escreveu: “Estou com muitas saudades de todos. Tenho sido tratado com carinho pelas pessoas da família real (austríaca), mas estou atacado de exanguidez melancólica. Se não me caso agora, nunca mais”.
Chegamos aqui a uma questão controversa: Pedro Augusto seria homossexual? Quando mais jovem, no Rio, ele ia frequentemente a bailes e dançava com moças bonitas e prendadas casadoiras. No entanto, nunca se ouviu falar de caso amoroso do belo príncipe. Um especialista em nossa monarquia, Jean Menezes do Carmo, diz existir um raro relato de D. Luísa de Toscana, princesa da Saxônia, no qual se lê que a imperatriz Teresa Cristina queria casá-la com o seu neto, o príncipe Pedro Augusto. Os dois teriam vivido um encontro muito agradável em Baden-Baden.
Tempos depois, Pedro Augusto foi passar uma temporada em Cannes e dava a impressão de estar melhor. Conversava muito com o avô, com quem jogava bilhar. No entanto, prosseguia a atmosfera de intrigas com o casal D’Eu e ele apressou a volta à Áustria. O avô consultava o dr. Charcot, que tentava novos métodos com o rapaz. Em Viena, Pedro Augusto chegou a consultar o mais tarde famoso dr. Freud, sem resultados.
No Brasil, a confusão continuava. No final de 1890, o Congresso Constituinte revogou o banimento dos punidos pelo governo provisório, mas a família imperial foi excluída do benefício. O imperador chegara a se animar. Ele fi zera 65 anos e estava alquebrado. Suas reservas financeiras diminuíam a olhos vistos.
Mais uma vez Pedro Augusto foi visitá-los. No entanto o rapaz estava muito nervoso e reagia com violência às piadas de mau gosto, como a de que não gostava de mulheres. Pedro II anotou em seu diário que a sua presença estava incomodando a todos. Isabel e Pedro Augusto brigavam por qualquer motivo. O convívio era penoso e era preciso afastá-lo. O imperador chegou a escrever a Gusty Saxe-Coburgo que era preciso arranjar-lhe um emprego para entretê-lo em alguma empresa de engenharia.
Nada conseguindo, mandaram-no fazer um passeio pela Itália com um amigo. Ele se acalmou e foi até recebido pelos reis da Itália, em Roma. Ao voltar, Gusty insistiu com o filho que fizesse exercícios físicos para curar-se, escalasse montanhas e longas cavalgadas. O rapaz tentou, sem sucesso, e continuava a sentir-se perseguido por estranhos.
De volta à Áustria, ele passou a viver no belo palácio dos Saxe-Coburgo, recentemente restaurado. Era um belíssimo prédio, com longos corredores escuros, por onde Pedro Augusto vagava e se sentia isolado. Seus parentes austríacos lhe davam pouca atenção e seu pai estava sempre fora de Viena em caçadas e outras aventuras esportivas. O enfermo escrevia muitas cartas aos amigos e parentes e terminava sempre com a frase: “Estou muito triste, adeus”.
O avô foi passar uma temporada em Vichy para tratar-se com as águas das termas e Pedro Augusto decidiu fazer-lhe uma visita. Ficou chocado porque encontrou o velho muito abatido. Parecia evidente que o fim estava próximo, embora ele tivesse apenas 65 anos. O rapaz não se demorou muito, irritado com a frieza da acolhida que recebeu.
MORTE DE D. PEDRO II
No Brasil, o marechal Deodoro fechara o Congresso. Os entusiastas da candidatura de Pedro Augusto já sabiam de seu estado e passaram a estudar as possibilidades de seu irmão Augusto, outro belo rapaz, assumir a candidatura.
Enquanto isso D. Pedro II agonizava. Morreu dormindo, desejo de tantos idosos. Pedro Augusto não chegou a tempo de vê-lo morrer, o que irritou o resto da família. Ele chorou sem parar e acabou afastado pelo clã dos D´Eu. Morrera o seu maior amigo e protetor. Voltou à Áustria e fechou-se em seu apartamento do palácio Coburgo. A sensação de total isolamento crescia. Sua situação fi nanceira era péssima, e do Brasil não chegavam notícias do inventário de seus bens, talvez propositalmente atrasado pelo conde D’Eu. Mary Del Priore escreveu: “Aos 27 anos, o príncipe Pedro Augusto estava à beira da interdição. Sofria falta de recursos, sem conseguir agir por mudar as coisas”.
Em outubro de 1893 chegaram a Viena dois boatos: Custódio de Melo aclamara o filho de Isabel, príncipe do Grão-Pará, como imperador do Brasil. Ele seria o imperador D. Pedro III. De Buenos Aires chegavam notícias de que seu irmão Augusto de Saxe-Coburgo e Bragança embarcaria para o Rio de Janeiro para ser o regente do trono durante a minoridade do monarca. Pedro Augusto não aguentou essas notícias (que, claro, não se confirmaram) e saiu a cavalo em disparada. Reconduzido ao palácio, abriu as janelas e de lá jogou móveis, quadros, roupas e livros. Desarvorado, seminu, saltou pela janela e nem sequer teve a sorte de morrer.
O dr. Hilário de Gouveia, ilustre médico brasileiro, visitou-o no sanatório Tullin, em Viena, e declarou que Pedro Augusto era um “demente incurável”. Viria a falecer em 31 de agosto de 1934, aos 68 anos de idade. Passara 41 anos em manicômios. E consta que nunca perdeu a esperança de ser imperador do Brasil... Os arquivos do manicômio em Viena onde esteve internado foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. Em dezembro de 2014, durante a exposição dos “Geraes de Minas”, em Juiz de Fora, o príncipe D. Pedro Augusto, teve seus trabalhos de mineralogia lembrados, analisados e louvados.
Fonte:http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/ele_poderia_ter_sido_d__pedro_iii.html
24.3.15
Ele poderia ter sido D. Pedro III
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