Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 —Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido como Tom Jobim, foi um compositor,maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado um dos maiores expoentes da música brasileira e um dos criadores do movimento da bossa nova. É praticamente uma unanimidade entre críticos e público em termos de qualidade e sofisticação musical.Tom Jobim Foto: © Marcia Kranz Informação geral Nome completo Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim Apelido Tom Jobim Data de nascimento 25 de janeiro de 1927 Origem Rio de Janeiro, RJ País Brasil Data de morte 8 de dezembro de1994 (67 anos) Gêneros Bossa Nova, samba, MPB Instrumentos Piano e violão Período em atividade 1956 — 1994 Afiliações Vinícius de Moraes
Edu Lobo
Elis Regina
Chico Buarque
João Gilberto
Astrud Gilberto
Stan Getz
Frank Sinatra
Banda NovaInfluência(s) Radamés Gnattali
Gerry Mulligan
Gil Evans
Chet Baker
Dorival Caymmi
Heitor Villa-Lobos
George Gershwin
DebussyPágina oficial www2.uol.com.br/TomJobim
Biografia
Nascido no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, Tom mudou-se com a família no ano seguinte para Ipanema, onde foi criado. A ausência do pai, Jorge de Oliveira Jobim, durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano em aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.
Vida pessoal
No dia 15 de outubro de 1949, Antônio Carlos Jobim casou-se com Thereza de Otero Hermanny (1985), com quem teve dois filhos, Paulo (n. 1950) e Elizabeth (1957).
Em 30 de abril de 1986,[1] ele casou-se com a fotógrafa e vocalista da Banda Nova, Ana Beatriz Lontra,[2] que tinha a mesma idade de sua filha Elizabeth. Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979-1998[3][4]) e Maria Luiza (1987).[5]
Declarou em entrevista à TV Globo, em 1987, que o Rio de Janeiro onde viveu sua infância era muito diferente do Rio que se encontrava na época da entrevista.
Trajetória profissional
Pensou em trabalhar como arquiteto, chegando a cursar o primeiro ano da faculdade e até a se empregar em um escritório, mas logo desistiu e resolveu ser pianista. Tocava em bares e boates em Copacabana, como no Beco das Garrafas no início dos anos 1950, até que em 1952 foi contratado como arranjador pela gravadora Continental, onde trabalhou com Sávio Silveira. Além dos arranjos, também tinha a função de transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical. Datam dessa época as primeiras composições, sendo a primeira gravada "Incerteza", uma parceria com Newton Mendonça, na voz de Mauricy Moura.
Depois da Continental, foi para a Odeon. Entretanto, não tinha tanto tempo para se dedicar à composição, que lhe interessava mais. É nesse época que compõe alguns sambas, em parceria de Billy Blanco: Tereza da Praia, gravada por Lúcio Alves e Dick Farney pelaContinental (1954), Solidão e a Sinfonia do Rio de Janeiro. Tereza da Praia o primeiro sucesso. Depois disso, ocorreram outras parcerias, como com a cantora e compositora Dolores Duran, na canção Se é por Falta de Adeus.
Em 1956 musicou a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LP Canção do Amor Demais (1958), em parceria com Vinícius, e interpretações de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você. A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sílvia Telles gravar Amor de Gente Moça, um disco com 12 canções de Tom, entre elas "Só em Teus Braços", "Dindi" (com Aloysio de Oliveira) e "A Felicidade" (com Vinícius).
Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior: "Garota de Ipanema". Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de "clássicos" produzidos por Tom é impressionante: "Samba do Avião", "Só Danço Samba" (com Vinícius), "Ela é Carioca" (com Vinícius), "O Morro Não Tem Vez", "Inútil Paisagem" (com Aloysio), "Vivo Sonhando". Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi The Composer of Desafinado, Plays, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music.
O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom ("The Girl From Ipanema", "How Insensitive", "Dindi", "Quiet Night of Quiet Stars") e composições americanas, como "I Concentrate On You", de Cole Porter. No fim dos anos 1960, depois de lançar o disco Wave (com a faixa-título, Triste, Lamento entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção (Rede Globo), com Sabiá, parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Sabiá conquistou o júri, mas não o público, que vaiou ostensivamente a interpretação diante dos constrangidos compositores.
Aprofundando seus estudos musicais, adquirindo influências de compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim prosseguiu gravando e compondo músicas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto de suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de "Matita Perê" e "Urubu", lançados na década de 1970, que marcam a aliança entre sua sofisticação harmônica e sua qualidade de letrista. São desses dois discos Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto, Ângela. Também nessa época grava discos com outros artistas, como Elis e Tom, com Elis Regina,Miúcha e Tom Jobim e Edu e Tom, com Edu Lobo.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Em 1987, lançou Passarim, obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a Banda Nova. Além da faixa-título, Gabriela, Luiza, Chansong, Borzeguim e Anos Dourados (com Chico Buarque) são os destaques. Em 1992 foi enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Seu último álbum, Antônio Brasileiro, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte, em dezembro, de parada cardíaca, quando estava se recuperando de um câncer de bexiga no Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque.[6]
Algumas biografias foram publicadas, entre elas Antônio Carlos Jobim, um Homem Iluminado, de sua irmã Helena Jobim, Antônio Carlos Jobim - Uma Biografia, de Sérgio Cabral, e Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado.
Antônio Carlos Jobim era doutor «honoris causa» pela Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, por volta de 1991.
O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim ' junto ao Congresso Nacional por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido,Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.[carece de fontes]
Composições consagradas
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Discografia]
Álbuns de estúdio
Solo
- The Composer of Desafinado, Plays (Verve, 1963)
- Antonio Carlos Jobim (Elenco, 1964), reedição brasileira do álbum acima, com capa e título diferentes.
- The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (Warner, 1964)
- A Certain Mr. Jobim (Warner, 1965)
- Antonio Carlos Jobim (Elenco (de Aloysio de Oliveira), 1965)
- Wave (A&M/CTI, 1967)
- Stone Flower (CTI, 1970)
- Tide (A&M/CTI, 1970)
- Matita Perê (Philips, 1973)
- Jobim (MCA, 1973), reedição estadunidense do álbum acima, com capa e título diferentes. A diferença é que contém uma faixa a mais: "Waters of March".[7]
- Urubu (Warner, 1975)
- Terra Brasilis (Warner, 1980)
- Passarim (PolyGram, 1987)
- Antonio Brasileiro (Columbia, 1994)
- Inédito (BMG, 1995)
Com parcerias ou como contribuido
- O Pequeno Príncipe (Festa, 1957), um audiolivro cuja trilha sonora foi composta por Jobim.
- Sinfonia do Rio de Janeiro (Continental, 1954), parceira com Billy Blanco.
- Orfeu da Conceição (Odeon, 1956)
- Canção do Amor Demais - Elizete Cardoso (Festa, 1958)
- Amor de gente moça - Silvia Telles (Odeon, 1959)
- Chega de Saudade - João Gilberto (Odeon, 1959)
- Por tôda a minha vida - Lenita Bruno (Festa, 1959)
- Brasília - Sinfonia da Alvorada (Columbia, 1960)
- O Amor, o Sorriso e a Flor - João Gilberto (Odeon, 1960)
- João Gilberto - João Gilberto (Odeon, 1961)
- Getz/Gilberto - Stan Getz, João Gilberto (Verve, 1963)
- Jazz Samba Encore! (MGM/Verve, 1963)
- Caymmi Visita Tom (Elenco, 1965), parceria com Dorival Caymmi e seus filhos, Danilo Caymmi, Dori Caymmi e Nana Caymmi
- Garota de Ipanema - vários intérpretes (Philips, 1967), trilha sonora do filme homônimo.
- Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim (Reprise, 1967)
- The Adventurers (Paramount, 1970), trilha sonora do filme homônimo.
- Sinatra & Company - Frank Sinatra e Antonio Carlos Jobim (Reprise, 1971)
- Elis & Tom (PolyGram, 1974), parceria com Elis Regina.
- Miucha & Antonio Carlos Jobim - vol. I (RCA, 1977), parceria com Miúcha.
- Miucha & Tom Jobim - vol. II (RCA, 1979), parceria com Miúcha.
- Edu & Tom (PolyGram, 1981), parceria com Edu Lobo.
- Gabriela (RCA, 1983), trilha sonora original do filme Gabriela, Cravo e Canela.
- O Tempo e o Vento (Som Livre, 1985)
Compactos
- Disco de bolso - O Tom de Tom Jobim e o tal de João Bosco (Zen Editora, 1972)
Álbuns ao vivo
- Tom, Vinicius, Toquinho, Miucha - gravado ao vivo no Canecão, Rio de Janeiro (Som Livre, 1977)
- Rio Revisited - Tom Jobim & Gal Costa (Verve/Polygram, 1989)
- Tom Canta Vinícius (Universal, 2000)
- Em Minas ao Vivo: Piano e Voz (Biscoito Fino, 2004)
- Ao Vivo em Montreal (Biscoito Fino, 2007)
Compilações
- Antonio Carlos Jobim: Composer (Warner, 1995)
- Sinatra-Jobim Sessions (WEA, 1979)
- Meus Primeiros Passos e Compassos (Revivendo, 1997)
- Raros Compassos (Revivendo, 2000), lançado em três volumes.
Álbuns de tributo
- The Antonio Carlos Jobim Songbook (Verve, 1994) - interpretado por vários artistas, como Ella Fitzgerald, Oscar Peterson e Dizzy Gillespie, incluindo algumas músicas de álbuns que Tom Jobim participou, como o álbum Getz/Gilberto e The Composer of Desafinado, Plays.
- Jobim Sinfônico (Biscoito Fino, 2002) - OSESP
- Songbook Antonio Carlos Jobim (Lumiar, 1996) - interpretado por vários artistas e lançado em 5 volumes.