Na década de 1880, o Brasil era uma das últimas nações do mundo que mantinha a escravidão. Apesar de avanços como a Lei do Ventre Livre e do Sexagenário, ainda havia no País cerca de 700 mil escravos. Algumas das grandes vozes do império — como Joaquim Nabuco, Castro Alves, José do Patrocínio — começaram a se levantar contra esta situação. Eram os abolicionistas. Os donos de escravos — grandes latifundiários, responsáveis por quase toda a economia nacional naquele momento — exerciam forte pressão contra a abolição. No entanto, a princesa Isabel, resoluta em seus ideais libertários, entregou-se à causa abolicionista.
Em 1871 já havia assinado a Lei do Ventre Livre. Costumava fazer aparições públicas levando à mão uma camélia, um símbolo do movimento. Seu empenho foi fundamental para conquistar o apoio de deputados e senadores — no Senado, a Lei Áurea foi aprovada com apenas um voto contra. No dia 13 de maio, cerca de 10 mil pessoas aguardavam em torno do Paço Imperial, no Rio de Janeiro, quando a princesa apareceu para anunciar publicamente o fim da escravidão no Brasil.
Segunda filha de D. Pedro II, Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1846. Tornou-se a primeira na linha de sucessão ao pai após a morte de seu irmão mais velho Afonso. A Redentora, como ficou conhecida, recebeu uma educação clássica, típica de um monarca.
Dedicava-se à música, a pintura e à botânica — paixões de seu pai, que tomou para si. Ao mesmo tempo, mostrou desde muito jovem um profundo interesse pelos assuntos relacionados ao império e ao governo a nação. Na condição de regente, que exercia plenamente, além da Lei Áurea, esteve à frente de alguns dos mais importantes momentos políticos de sua época. Nas ausências de seu pai, sancionou leis relativas ao recenseamento do país — o primeiro do Império —, e à construção de linhas férreas. Casada com o francês Gastão de Orleans, o Conde D’Eu, teve três filhos, Pedro de Alcântara, Luiz Maria Felipe e Antônio Gusmão Francisco. Em 1889, com a proclamação da República, a Princesa Isabel, e toda a Família Imperial foram para o exílio, na Europa. Morreu, em Paris, em 1921, sempre expressando sua saudade do Brasil.
Fonte:
Livro 100 Brasileiros (2004)