Um corso ou corsário era um pirata que, por missão ou carta de marca de um governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação, aproveitando o facto de as transacções comerciais basearem-se, na época, na transferência material das riquezas. Os corsos eram usados como um meio fácil e barato para enfraquecer o inimigo por perturbar as suas rotas marítimas. Com os corsos, os países podiam enfraquecer os seus inimigos sem suportar os custos relacionados com a manutenção e construção naval. Teoricamente, um não corso com uma carta de marca poderia ser considerado como pirata, desde que fosse reconhecido pela lei internacional. Sempre que um navio corso fosse capturado, este tinha de ser levado a um Tribunal Almirantado onde tentava assegurar de que era um verdadeiro corso. Contudo, era comum os corsos serem apresados e executados como piratas pelas nações inimigas. Grande parte das vezes os piratas, quando apanhados pela suposta vítima, tentavam usar uma carta de corso ilegal. Por vezes, no seu país de origem, os corsos eram considerados autênticos heróis, tal como Sir Francis Drake, que, graças aos fabulosos tesouros que arrecadou para a Inglaterra, foi tornado Cavaleiro por Isabel I.
Os Navios Golden Hind e Elizabeth de Sir Francis Drake
Sir Francis Drake após 1590 (óleo)
Buckland Abbey, Devon
Já durante as cruzadas, os corsários sarracenos eram chamados pelos cruzados de “corsários berberes”. Estes corsários estavam autorizados pelos seu governos a pilhar as rotas marítimas dos países cristãos. Inicialmente os corsários malteses lutavam pela religião, mas algum tempo depois as crescentes recompensas da pirataria atraíram mais ajuda. Rapidamente os corsários malteses se tornaram piratas experientes, sem interesse nos ideais religiosos.
Lei, Disciplina, e o outro Lado da Pirataria
Os corsários actuavam de forma própria e não recebiam ordens do Comando Naval. Muitas vezes os corsários requeriam limitar a sua actividade a uma área acordada ou os os seus navios ostentarem com o acordo de uma nação as suas insígnias. Também podiam requerer um posto ou título, ficando responsável pelo pagamento de estragos provocados pelos seus homens nalgum estaeatabelecimento. Os franceses nas Guerras Napoleónicas , destruíram as cartas de marca preferindo ser capitães. No Reino Unido as insígnias foram retiradas devido a ofensas com actos de pirataria, ou abrir fogo contra um navio militar.
As condições a bordo variavam. Algumas tripulações eram uma ameaça para o mundo naval nesse tempo, enquanto otras seguiam as relaxadas regras dos navios mercantes. Algumas eram compostas de profissionais do mar da marinha mercante, outras eram de piratas, devedores e condenados.
Alguns corsários acabaram por se tornar piratas, não aos olhos dos seus inimigos mas pelas suas próprias nações. William Kidd, por exemplo, começou como um legítimo corsário britânico e acbou enforcado por pirataria.
William Kidd
Os Navios
Qualquer tipo de navio pode ser corsário. Os maiores tinha o mesmo tamanho e poder das pequenas fragatas, enquanto os mais pequenos podiam ser uma escuna com quatro canhões. Alguns foram construídos como barcos de guerra: um velho navio de guerra podia ser vendido a um corsário. Outros eram essencialmente navios mercantes; alguns deles eram grandes navios mercantes de longo alcance fazendo as suas rotas regulares de comércio mas armados para terem vantagem sobre algum prémio que aparecesse no seu caminho.
Os Corsários geralmente actuavam independentemente, não lhes é desconhecido a formação de esquadras, ou a cooperação com a Marinha Regular. Alguns corsários fizeram parte da Frota Inglesa que se opôs em 1588 contra a Armada Espanhola, e nos Estados Unidos foram usados esquadrões mistos de fragatas e corsários na Guerra da Independência.
História do Corso
Inglaterra e Reino Unido
A Inglaterra, e mais tarde o Reino Unido, usaram Corsários mais do que qualquer outra nação, aliás o seu Império foi de certa maneira construído desta forma.
Os Corsários Ingleses contra Espanha
No final do século XVI, os navios britânicos cruzavam as Caraíbas e a costa espanhola, tentando interceptar a Frota dos Tesouros Espanhois de ouro e prata trazidos do México. Este tipo de actividade no inicio foi justificado por navios espanhóis terem atacado navios de Sir Francis Drake e Sir John Hawkins, quando estes tentavam vender escravos aficanos ocidentais para as colónias espanholas, o que era considerado ilegal pelos espanhóis.
Nuestra Señora del Rosario
Nessa fase inicial a ideia de uma marinha regular(que era distinta de um barco privado) não existia, então era preciso fazer uma pequena distinção desta actividade da marinha de guerra regular. O Corso tinha o apoio da Rainha Isabel I, que incentivou a utilização de navios para estas expedições em nome da
Inglaterra. Atacando os navios espanhóis a Inglaterra pretendia ter uma competição agressiva com Espanha , o que ajudou a provocar a Primeira Guerra Anglo-Espanhola. Capturando os tesouros espanhois carregados nos navios pretendia enriquecer a Coroa britânica assim como dar um golpe contra o domínio espanhol da América assim como um golpe contra o Catolicismo.
Isabel I
Enquanto trazia para casa um grande negócio em dinheiro, esses ataques não conseguiram quebraram o fluxo de ouro e prata do México para Espanha. Mais tesouros alcançaram a Espanha no período 1585-1603 do que em outra altura na história. Isabel I foi sucedida pelo primeiro monarca dos Stuarts, James I e Carlos I, que não permitiram o uso dos corsários.
As Guerras Anglo-Holandesas
Na primeira Guerra Anglo-Holandesa, os corsários atacaram o comércio do qual as Províncias Unidas dependiam inteiramente, capturando mais de 1000 navios mercantes holandeses, mais do dobro em número da frota mercante inglesa no começo da guerra. Durante a subsequente guerra com Espanha , os corsários espanhóis, incluindo muitos baseados em Dunkerque , capturaram 1,500 navios mercantes ingleses , restaurando o comércio internacional holandês. O comércio britânico costeiro no Atlântico ou Mediterrâneo, também foi atacado por corsários holandesesna Segunda e Terceira Guerra Anglo-Holandesa.
O SÉCULO XVIII
Jean Bart
Durante a Guerra dos Nove Anos, os franceses adpotaram a forte política de encorajando os corsários, incluindo o famoso Jean Bart, para atacar os navios ingleses e holandeses. A Inglaterra perdeu 4,000 navios mercantes durante a guerra. Na seguinte Guerra da Sucessão Espanhola, os ataques dos corsários continuaram, os britânicos 3,250 marinheiros e com os corsários de Dunkerque sózinhos a conseguirem para si 959 prémios. A escala de perdas obrigou o Parlamento Britânico a aprovar uma acutalização aoActo de Cruzadores e Comboios em em 1708 alocando navios eregulares para a defesa do comércio marítimo.
No conflito subsequente, a Guerra da Sucessão Austríaca, A Royal Navy tinha a capacidade de concentrar mais meios navais para defender os navios britânicos. Os britânicos perderam 3,238 marinheiros mercantes, uma pequena fracção da sua pequena marinha mercante enquanto o seu perdeu 3,434.
Corsários Britânicos Famosos
Proválvelmente o mais famoso corsário britânico foi Sir Francis Drake, particularmente porque tinha um contacto previligiado com a soberana de Inglaterra. Ele foi responsável por muitos dos danos causados aos navios espanhóis , assim como atacando terras espanholas nas Aéricas no século XVI. Ele também foi um instrumento essencial contra a Armada Espanhola no ataque desta á Inglaterra.
A Batalha da Inglaterra contra a Armada Espanhola
Sir Henry Morgan fo um dos mais famosos de todos os corsários . Operando a partir da Jamaica, ele audiciosamente combateu os interesses espanhóis na região, muitas vezes usando tácticas ousadas. Nas suas operações usava crueldade excessiva para com os capturados, incluindo a totura para obter informações, e em algumas ocasiões utilizando padres como escudos humanos. Apesar dos seu execessos , era protegido nas suas acções por Sir Thomas Modyford, o Governador da Jamaica. Ele foi provávelmente o mais famoso pela quantdade de riqueza capturada, assim como por ter realizado operações de desembaque com os seus corsários para atacar fortificações , incluindo a Cidade do Panamá apenas com uma tripulação de 1,400 homens.
The battle between Henry Morgan and Don Alonso at Maracaibo
Outros corsários britânicos incluiam Fortunatus Wright, Edward Collier, Sir John Hawkins, Sir Michael Geare e Sir Christopher Mungs. Notáveis corsários britânicos coloniais na Nova Escócia , Alexander Godfrey , Rover e Joseph Barss da Escuna "Liverpool Packet". A última escuna das 50 capturadas aos americanos durante a Guerra de 1812.
Liverpool Packet
Estados Unidos
A Constituição dos Estados Unidos autorizava o Congresso a garantir Cartas de Marca ; A Constituição Confederada também autorizava o Congresso Confederado. Robert Morris, o primeiro milionário americano , em parte conseguindo a sua riqueza com a actividade dos corsários, e George Washington ficou pelo menos com um barco corsário. O governo americano passou licenças a capitães mercantes durante a Guerra Rvolucionária devdo ao relativo pequeno número de comissões de navios de guerra. Os corsários americanos tomaram de assalto cerca de 300 barcos britânicos.
Robert Morris
Os Estados Unidos não foram dos signatários iniciais da Declaração de Paris em 1856, a qual abolia a actividade corsária. Contudo, os Estados Unidos ofereceram-se para adoptar os seus termos durante a Guerra Civil Americana, quando os Confederados commisionaram corsárips de várias nações.
O Fim dos Corsários
A meio do século XIX, a marinha de guerra não regular deixou de ter visibilidade, talvez devido ao crescimento da importância do comércio marítimo das naçºoes neutrais e talvez devido ao domínio dos mares nessa altura pelos britânicos.
Houve um certo número de declarações unilaterais e bilaterais limitando a pirataria entre 1785 e 1823. Contudo , deu-se uma quebra total em 1856 quando a Declaração de Paris foi assinada pelas maiores potências europeias da época, o Corso foi abolido . Os Estados Unidos não assinaram por causa de uma ememda forte , prevenindo toda a propriedade capturada no mar, não era aceite. No século XIX muitas nações aprovaram leis proibindo os seus cidadãos de aceitarem comissões para serem corsários a soldo de outras nações.
A última grande potência a utilizar corsários foi a Prússia em 1870 na Guerra Franco-Prússia , quando a Prússia anunciou a criação da " Marinha Voluntária " de barcos privados pagos. A única diferença entre esta situação e o corso era que os navios voluntários estavam sob a disciplina da marinha regular.