29.6.11

Teoria dos dois campos

Por Emerson Santiago
É conhecida como “Teoria dos dois campos” a fórmula geopolítica idealizada por Andrei Zdanov, político soviético e ideólogo do stalinismo, que foi utilizada como pretexto para que o Partido Comunista Soviético dinamizasse sua influência ante os países do Leste Europeu, tornando-os assim “satélites” soviéticos. Consistia tal teoria ainda numa resposta à política norte-americana pós-guerra de distanciamento e hostilidade aos comunistas, especialmente após o discurso de Winston Churchill em Fulton, Missouri, Estados Unidos (de onde surgiu a famosa expressão “Cortina de Ferro”) além da iniciativa do Plano Marshall, que acabou deixando de fora os países do bloco socialista, adicionando-se a tal conjuntura as ideias da chamada “Doutrina Truman”, que claramente esboçavam uma política de isolamento em relação à crescente influência soviética na Europa e no extremo oriente.

A Teoria dos Dois Campos é lançada em Szklarska Poreba, na Polônia, por ocasião da constituição do Kominform (Birô de Informação Comunista), a 22 de setembro de 1947, sendo uma réplica frontal ao Plano Marshall de auxílio à Europa.

De acordo com o que se pronunciou naquela reunião, todas as esferas da ação e pensamento estavam divididas em dois campos mutuamente excludentes, antagônicos e irreconciliáveis, sendo representados mundialmente pelas duas grandes potências, EUA e URSS. No primeiro bloco, estavam respectivamente os EUA sob liderança do Bloco Imperialista e Antidemocrático, enquanto que a União Soviética fazia parte do grupo Antiimperialista e Democrático. Do mesmo modo, nos campos da filosofia e da ciência, o ser humano estaria diante de dois caminhos, o do idealismo socialista ou o do materialismo capitalista, sendo estudiosos, pesquisadores e grandes mentes das artes e das ciências em todos os tempos analisados e vistos a partir de tal paradigma; no cenário político, estaríamos experimentando a luta entre imperialismo e socialismo. Enfim, todos os aspectos da existência humana não fugiam de tal dualidade, que traduzindo de modo simplificado, representavam o bem e o mal, e o cidadão soviético que não estivesse alinhado entusiasmadamente com os ideais socialistas, estava logicamente do outro lado, ou seja, o do mal.

Tal teoria servia assim, a dois propoósitos, sendo o primeiro o de manter toda a população soviética unida em torno da doutrina stalinista, abafando de modo eficaz qualquer tipo de revolta contra o governo, e por outro lado, servia para demonizar o outro lado, o dos norte-americanos, tornando-os inimigos a serem batidos pelo bem da sociedade proletária, facilitando a união dos comunistas espalhados pelo mundo em torno da URSS .

Apesar da Teoria dos dois campos estar presente de modo implícito na cultura popular produzida no ocidente durante muito tempo, ela entraria em decadência já na metade da década de 1950, e com a ascensão de Nikita Khrushchev como secretário-geral do partido comunista soviético. Este denunciaria Stalin e o seu chamado “culto da personalidade”, iniciando uma outra forma de convivência com os países ocidentais, batizada de “coexistência pacífica”.


Bibliografia:
SCHILLING, Voltaire . Zdanov e a Teoria dos Dois Campos . Disponível emhttp://educaterra.terra.com.br/voltaire/seculo/2008/02/19/000.htm . Acesso em 20/06/2011.

Fonte:
InfoEscola: Navegando e Aprendendo