17.9.08

Travessuras, superstições e o medo de siris de D. João

Segundo lenda, padre praguejou todos primogênitos da família Bragança morreriam. Seguindo orientações, D. João mergulhou na Praia do Caju, mas dentro de uma barricada


Ele ainda era adolescente. Gostava de música. Aprendia a compor e reger. Especialmente a música sacra, naquele Portugal extremamente religioso do século XVIII e XIX. A gente não imagina como o jovem príncipe podia ser voluntarioso. “Um dia” – nos contou uma das museólogas do Palácio de Mafra – “D. João estava regendo o coro na basílica (a que foi construída com o ouro das Minas Gerais). O ensaio não acabava. Os padres estavam cansados e com fome e pediram ao príncipe que desse uma pausa. D. João não disse nem que sim, nem que não; nem deu o menor sinal que estava irritado. Simplesmente saiu da basílica e trancou os padres lá dentro.” Uma das maiores superstições dele, contam os portugueses, era com padres. Um antepassado de D. João teria chutado a canela de um padre diante de toda a corte. Ofendido, o religioso rogou uma terrível praga: a morte de todos os primogênitos da família Bragança a partir de então.
Se é apenas lenda, não há como saber, mas é fato que os primogênitos morreram mesmo, entre eles o irmão mais velho de D. João, D. José, que era herdeiro do trono. Depois da morte do irmão, a rainha D. Maria, entrou em depressão e perdeu totalmente o juízo.
No Brasil, D. Maria, a louca, tinha surtos, aos gritos, com o fogo dos infernos. Aqui, D. João foi picado por um inseto, provavelmente um carrapato, justamente na canela. A picada infeccionou e ele andava mal das pernas, suspeitando que a infecção fora causada pela velha maldição do padre.

Banho de mar no Caju
Enfim, o soberano aceitou o conselho dos médicos: um banho de mar. E foi na praia do Caju, no Rio, na casa de praia de um comerciante, que depois virou a Casa de Banhos de D. João que sua alteza tomou um banho nas águas da hoje poluída Baía de Guanabara, mas que na época era uma maravilha. Lá, com medo de ser mordido pelos siris, dizem que D. João entrou no mar dentro de uma barrica cheia de furinhos pequenos o suficiente para que só a água entrasse.
Fonte : G1