28.6.10

E se Roma não tivesse caído?

O mundo seria mais divertido, sangrento e burro

por Alexandre Versignassi e Fernando Brito

Cair, cair mesmo, Roma nunca caiu. Não culturalmente: este texto está em português, um dialeto do latim, língua que chegou à península Ibérica por causa dos romanos. Mais: esta é a SUPER do mês da deusa Juno (junho), a rainha das divindades deles. E depois vêm os meses de Júlio César (julho) e o de seu sobrinho-neto, Augusto (agosto) - imperador que roubou um dia de fevereiro para que seu mês ficasse tão longo quanto o do tio. Até o nosso dinheiro tem algo de Roma. Os primeiros planos econômicos que substituíram uma moeda desvalorizada por uma nova aconteceram lá. No ano de 312, trocaram o áureo pelo sólido. Cada 275 mil áureos viraram 1 sólido. Em 1994, cada 2 750 cruzeiros viraram 1 real. Mas é fato: se o império não tivesse se esfacelado no século 4, vítima de sua própria corrupção, o mundo seria outro. Para começar, não teria existido a Idade Média. No lugar de uma Europa dominada por feudos, com cada um no seu quadrado e zero de crescimento econômico por 1 000 anos, veríamos o comércio progredir. Em alguns aspectos, o futuro chegaria mais cedo - a revolução industrial e o capitalismo moderno teriam aparecido antes. Isso azeitaria as engrenagens da produção, e o século 19, que marcou o início da urbanização em massa, talvez tivesse acontecido no século 9. Mas isso não significa que estaríamos num mundo Jetsons agora. A Roma moderna seria parecida com outro império da Antiguidade que nunca ruiu: o chinês. A Europa teria sido menos permeável a influências de fora, como a dos árabes. Sem elas, o Ocidente poderia ter ficado como você vê aqui nestas páginas.

Ave, César!
O mundo seria mais divertido, sangrento e burro

1. COPA DE ROLLERBALL
Tinha até batalha naval no Coliseu. Essa era a sofisticação dos espetáculos de Roma. Imagine então como seriam os esportes hoje. Futebol? Esquece. Monótono demais para romanos. Era mais fácil que a Copa 2010 fosse de rollerball (se não conhece, veja: migre.me/C5P2).

2. BRASIL ÁRABE
Somos filhotes das navegações em busca de especiarias na Ásia, que trombaram com o Novo Mundo por acaso. Na época de Roma, esse comércio era bem estabelecido por terra. Se isso continuasse, os Europeus teriam demorado para se lançar ao mar. E os árabes poderiam ter chegado aqui antes, via Marrocos.

3. NEOVIKINGS
O comércio naval de especiarias atraiu primeiro os portugueses. Depois os britânicos viriam na cola. Com Roma e sem as navegações inglesas, a América do Norte ficaria para seus descobridores de fato: os escandinavos, que fundaram mesmo uma colônia no atual Canadá, no século 10.

4. GOVERNADOR RATZINGER
Na Idade Média, o papa assumiu o papel de centralizador de poder que antes cabia ao imperador. Com Roma de pé, ele seria menos importante. E o catolicismo poderia ter só chefes regionais. Bento 16 seria um deles. Ou tentar um cargo mais poderoso, tipo governador da Germânia.

5. BURROS DEMAIS
Uma Roma forte impediria que os árabes se aproximassem da Europa. Mas foram eles que trouxeram a matemática moderna para o Ocidente, com a álgebra e os números arábicos. Sem essas ferramentas, a ciência ficaria atada. E a revolução da eletrônica, herdeira da física quântica, não aconteceria. Adeus, iPhone.



Fontes: Andrea Dorini Rossi e Ivan Esperança da Rocha, historiadores da Unesp; Pedro Paulo Funari, historiador da Unicamp.

Cortina de Ferro

Por Emerson Santiago
Cortina de Ferro é uma expressão célebre utilizada para designar o domínio da extinta União Soviética sobre os países do leste da Europa. Tal nome surgiu de um discurso do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, proferido a 5 de março de 1946 no Westminster College, na cidade de Fulton, Missouri, nos Estados Unidos.

Afirmava Churchill em seu famoso discurso que “…uma cortina de ferro desceu sobre a Europa…”, dando a entender que havia sido estabelecida uma severa divisão político-ideológica entre os regimes autoritários comunistas e os sistemas liberais capitalistas, com a imagem do bloco socialista pintada como a vilã da contenda. A URSS, vencida as potências do eixo, era agora a principal inimiga da coligação anglo-saxâ, defensora dos valores da sociedade ocidental contemporânea.

É neste cenário que a política dos EUA sofre então uma guinada, pois além do já citado antagonismo com seu novo inimigo, a União Soviética, o país abre mão de sua histórica política externa de neutralidade para iniciar um período de maior interferência nas principais questões mundiais. A única grande potência capitalista restante passa a atuar ativamente no plano internacional, numa fase esta que se estende até os nossos dias, e que recebe a denominação de “globalismo”.

Mas é a partir da construção do Muro de Berlim, que separava os setores comunista e capitalista da cidade de Berlim, que o termo “cortina de ferro” ganhou renovado fôlego entre a imprensa e opinião pública dos países ocidentais, sugerindo também o modo ferrenho com que os países socialistas buscavam delimitar suas fronteiras, evitando qualquer “contaminação” dos países capitalistas. De certo modo, tal associação fazia sentido, pois naquela parte da Europa, recortada politicamente de uma ponta à outra, via-se um cenário de milhares de quilômetros fortificados com muros de concreto, arame farpado, fossas e equipamentos de ativação de armas automáticas.

Esta guerra ideológica, travada entre os dois sistemas políticos, causou um isolamento social, econômico e cultural que durou aproximadamente 45 anos, onde em muitos casos ocorreu o isolamento até mesmo de caráter emocional, dividindo famílias, casais, amigos, separados pela competição ferrenha entre as mentes dos povos da Europa.

A cortina de ferro, por sua vez, só seria levantada entre 1989 e 1991, com a queda dos vários regimes de esquerda que dominavam o leste europeu, numa espiral de revolta e descontentamento com a falência da retórica socialista, em especial no campo econômico. O primeiro a adotar as mudanças foi a Hungria, o mesmo país que em 1956 desafiou de modo inédito a supremacia soviética no leste da Europa.

Bibliografia:
http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/sec21/chave_artigo.asp?cod_artigo=285
http://educacao.uol.com.br/historia/guerra-fria-inicio.jhtm
http://veja.abril.com.br/agencias/afp/afp-mundo/detail/2009-04-30-375948.shtml

Muro de Berlim

Por Emerson Santiago
O Muro de Berlim foi uma construção erguida em 1961 pelo regime socialista da hoje extinta República Democrática Alemã, também conhecida como Alemanha Oriental, que se destinava a separar as duas áreas da cidade de Berlim, à época dividida em um setor capitalista e outro socialista. A construção deste abominável símbolo da Guerra Fria iniciou-se a 13 de agosto de 1961, estendendo-se por 37 quilômetros afora dentro da zona urbana da cidade de Berlim, à época, com cerca de 3 milhões de habitantes.

As origens da construção do muro encontram-se no fim da Segunda Guerra Mundial, com a derrota da Alemanha e sua consequente ocupação pelas forças aliadas. Cada país vencedor “herdou” um setor da cidade de Berlim, e desse modo foram criados um setor americano, um inglês, um francês e outro soviético. Os três primeiros uniram-se para formar a área da cidade que adotaria o regime capitalista, Berlim Ocidental, que seria anexada à nascente República Federal da Alemanha (a capitalista Alemanha Ocidental). O lado soviético daria origem a Berlim Oriental, que se tornaria a capital da Alemanha Oriental.

Construção do Muro de Berlim

Tal situação gerou uma configuração inusitada dentro da Alemanha dividida, pois o setor capitalista de Berlim estava mergulhado em território da Alemanha Oriental, formando assim, um enclave capitalista dentro do país socialista, complicando as comunicações de Berlim Ocidental com seu próprio país. Tal dificuldade acentuou-se quando do lançamento do Plano Marshall, destinado a ajudar economicamente todos os países europeus do bloco capitalista afetados pela guerra, pois Stalin, contrariado pela negativa de cobertura do plano aos países socialistas, resolve impor um bloqueio a Berlim Ocidental, fechando todas as vias de comunicação. O objetivo dos russos era forçar os aliados a abandonar o controle de seu setor da cidade, porém tal manobra não deu os resultados desejados, pois os americanos quebraram o bloqueio por meio de rotas aéreas destinadas a abastecer e manter o status de Berlim Ocidental.

Zona da Morte - entre os dois muros da construção eram colocadas torres de observação, cães e até minas terrestres para eliminar qualquer um que quisesse atravessá-lo.

Após 1949, a situação parecia ter se normalizado, e a Berlim dividida mantinha suas duas fronteiras tão cercadas e vigiadas quanto outros importantes pontos ao longo da Cortina de Ferro. A situação fica tensa novamente no início da década de 1960, pois havia aumentado expressivamente o número de cidadãos do lado oriental que “passavam” para o lado ocidental, alarmando as autoridades da Alemanha Oriental. Na busca de evitar qualquer possível contato com o mundo capitalista é então construído o muro que iria manchar indelevelmente a imagem dos regimes de esquerda europeus. Por trás da construção do muro estava Walter Ulbricht, secretário geral do partido comunista da Alemanha Oriental, o dirigente de facto do país e Nikita Kruschev, dirigente soviético, que viram em sua construção um modo de desafiar os EUA. Durante sua existência, a vigilância ferrenha promovida pelas tropas orientais seria responsável pelas mortes de muitos que desafiaram o regime oriental e decidiram ultrapassá-lo.

Com o colapso da União Soviética e seus satélites no Leste Europeu, o muro começa a ser finalmente derrubado em 9 de novembro de 1989, acabando com um dos símbolos máximos da opressão dos regimes socialistas. Seu desmanche é também símbolo do fim da Guerra Fria e o marco zero da unificação da Alemanha em uma nação apenas.

Bibliografia:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/muro.htm
http://padresteve.wordpress.com/2009/11/08/20-years-the-fall-of-the-berlin-wall-and-the-end-of-the-cold-war/
http://www.bbc.co.uk/schools/gcsebitesize/history/mwh/ir2/berlinwallrev2.shtml

Era Vitoriana

Por Ana Lucia Santana
A Era Vitoriana foi o período no qual a Rainha Vitória reinou sobre a Inglaterra, no século XIX, durante 63 anos, de junho de 1837 a janeiro de 1911. Ela subiu ao trono quando seu tio Guilherme VI morreu sem deixar herdeiros. Ela é coroada ainda muito jovem, aos 18 anos.

Vitória deu início a uma prolongada etapa de progresso pacífico, conhecida como Pax Britannica, sustentada pelos ganhos obtidos com a difusão do empreendimento colonial da Inglaterra Imperialista no exterior, e pelo ápice da Revolução Industrial, que propiciou a criação de novas técnicas engenhosas. Este avanço deu impulso ao desenvolvimento de uma camada social média e ilustrada.

Foi, portanto, no auge da industrialização e da política colonial que o Império Britânico se transformou na mais importante empresa planetária, provendo os centros globais com suas produções industriais. Além do enriquecimento da classe burguesa da Inglaterra, a era vitoriana se caracterizou também pela rigidez de princípios moralistas e por uma típica solidez política.

Personalidades como Benjamim Disraeli e William Glastone instituíram no país o Parlamentarismo, que deu lugar a uma aproximação maior entre os estratos sociais, unidos em torno do objetivo de fiscalizar os governantes. Por outro lado, porém, foi intensa a confluência de bens nas mãos de poucos, ou seja, dos burgueses, e a consequente opressão dos trabalhadores, que pagaram as contas desta fartura econômica.

Este período foi antecedido pela Era da Regência ou Período Georgiano, e deu lugar, após sua conclusão, ao Período Eduardiano, marcado pelo governo do Rei Eduardo VII. A parte final da Era Vitoriana ocorreu simultaneamente à eclosão da Belle Époque, atmosfera artístico-cultural e intelectual que atingiu, nesta época, o continente europeu.

A política exterior foi marcada pelo Novo Imperialismo, que acirrou as disputas coloniais e deflagrou a Guerra Anglo-Zanzibari – confronto entre o Reino Unido e Zanzibar, situado próximo ao litoral da Tanzânia – e a Guerra dos Bôeres – este embate entre descendentes de holandeses e de franceses, de um lado, e ingleses, do outro, teve como cenário a África do Sul.

Neste contexto a densidade populacional inglesa alcançou quase o dobro do índice anterior, transcendendo os 16,8 milhões em 1851 e atingindo os 30,5 milhões em 1901. Sob o reinado da Rainha Vitória a Câmara dos Comuns foi ocupada predominantemente por dois partidos, os Liberais e os Tories, depois denominados Conservadores.

A temporada vitoriana foi determinada, na arquitetura, pelo confronto entre os conceitos góticos e clássicos. Na literatura destacaram-se a prosa de George Eliot, Charles Dickens, Sir Arthur Conan Doyle, das Irmãs Brontë, deOscar Wilde, Lewis Carroll, Robert Louis Stevenson, entre outros; e a poesia de Tennyson, Dante Gabriel Rossetti, Swimburne, W. B. Yeats, Robert Browning, entre outros. De 1890 em diante os ingleses ensaiam a prática dos conceitos simbolistas importados da França.

No teatro prevalecem montagens dos trabalhos de Mary Shelley, particularmente do clássico Frankenstein, e do novo estilo de obras que têm como tema os míticos vampiros. Sobressaem também o gênero dramático de Oscar Wilde e as polêmicas peças de Ibsen, James Joyce e George Bernard Shaw.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_vitoriana
http://pt.shvoong.com/humanities/history/1903920-era-vitoriana/
http://bahai-library.com/?file=oliveira_vitoria_biografia_epistola

Imigração Portuguesa no Brasil

Por Antonio Gasparetto Junior
A Imigração Portuguesa no Brasil representou a segunda maior corrente de estrangeiros que vieram fazer a vida no país. Mesmo na condição de colonizadores do Brasil, os portugueses só perderam a primeira posição para os africanos que foram trazidos ao Brasil em enorme proporção.

Os portugueses possuem uma história muito íntima com a história do Brasil. Do mesmo modo, o Brasil tem todo seu processo de desenvolvimento histórico muito aliado aos portugueses, inicialmente porque fomos colônia de Portugal por mais de trezentos anos e, em segundo lugar, porque abrigamos amplo fluxo de imigrantes portugueses no decorrer do século XIX e início do XX.

A Imigração Portuguesa no Brasil tem origem com o descobrimento. Quando Pedro Alvarez Cabral tomou posse do Brasil, em 1500, em nome de Portugal, vieram para as novas terras alguns imigrantes, por força do Estado português. Neste momento inicial, contudo, os portugueses não tinham interesse em viver no Brasil, acarretando a emigração de indivíduos problemáticos, em maioria, como alternativa de Portugal se livrar dos indesejáveis, transferindo-os para o Brasil. Tampouco Portugal estava obstinado a empreender esforços na colonização do Brasil, a situação só mudou quando outras nacionalidades, como é o caso dos franceses, tentaram se apropriar do Brasil. Esta fase primeira que marca o século XVI e XVII é caracterizada pela baixa imigração portuguesa, é um período restrito, ainda sem muitos atrativos nas terras do Novo Mundo.

A situação sofreu um grande revés em 1696 quando foi encontrado ouro no Brasil. O metal precioso era muito cobiçado na Europa e despertava enorme interesse das nações, Portugal tinha grande ressentimento por ainda não ter encontrado ouro nas suas terras na América, uma vez que sua vizinha e colonizadora da maior parte do continente, Espanha, encontrou o metal em pouco tempo de colonização. A notícia se espalhou rapidamente por Portugal e gerou uma enorme emigração para o país, milhares de portugueses abandonaram o país de origem e se dirigiram para o Brasil atrás do cobiçado metal. Vilas inteiras chegaram a ficar vazias em terras lusas. O Brasil recebeu um sem número de portugueses que exploraram as minas e fizeram a situação colonial sofrer uma alteração sem precedentes. A colônia, acostumada a exportar seus produtos, passou a comprar as mais variadas mercadorias por causa do fluxo de ouro. A fase do ouro no Brasil marcou todo o século XVIII.

No início do século XIX, o ouro já não consistia mais na principal atividade e renda para o Brasil, as minas tinham se esgotado. O novo século já determinava o café como o principal produto gerado no Brasil para o mundo. Em 1808, impulsionado por fatores políticos e pressões de Napoleão na Europa, o rei de Portugal, juntamente com toda sua corte, muda-se para o Brasil a fim de salvar o Império Português da expansão napoleônica. Nesta época, muitos portugueses acompanharam a corte e emigraram para o Brasil, que passou a ser o centro administrativo de todo o Império Português. Em 1822 o Brasil fica independente e, em termos técnicos, é quando realmente os portugueses passam a ser imigrantes, pois o Brasil é então um Estado diferente de Portugal.

É ao longo do século XIX e na metade inicial do século XX que ocorre a grande imigração portuguesa no Brasil. A perda da colônia gera problemas econômicos para Portugal, que fica incapaz de sustentar sua população adequadamente. A Europa passa por momentos revolucionários e contestatórios no século XIX, oferecendo outro elemento para emigração. Mas, no caso do Brasil, é principalmente a necessidade de mão-de-obra na lavoura e nas nascentes indústrias que faz impulsionar a imigração. Neste contexto, os portugueses ficam atrás apenas dos italianos como correntes imigratórias que chegaram no Brasil. O crescente, embora lento, cenário de abolição do trabalho escravo desperta nos cafeicultores o interesse pelo trabalhador livre estrangeiro.

O último momento de imigração portuguesa no Brasil tem início no governo de Getúlio Vargas quando, de forma geral, todas as nacionalidades passam a entrar no Brasil em menor número. É uma fase de declínio da imigração marcada pelas políticas de controle dos estrangeiros no país. A partir de então o número de imigrantes portugueses, assim como de outras nacionalidades, caí seguidamente. Depois disso, o que temos hoje, é um número irrisório de imigrantes portugueses, não são contabilizados mais com tanta ênfase como nas fases anteriores.

Leia também:

Fontes:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882003000100014&script=sci_arttext

DIEGUES JR, Manuel. Imigração, Urbanização, Industrialização. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, 1964.

LANNA, Ana Lúcia Duarte. A Transformação do Trabalho. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.

MARTINS, José de Souza, A Imigração e a Crise do Brasil Agrário.

PAIM, Antonio. Momentos Decisivos da História do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Sólon

Por Emerson Santiago
Sólon foi um poeta, aristocrata e estadista de Atenas, sendo mais conhecido como legislador e poeta lírico. Nasceu em berço nobre, tendo sua família empobrecido posteriormente, forçando-o ainda jovem a dedicar-se ao comércio, profissão considerada menor e vil entre a sociedade grega clássica. Acredita-se que descendia de Codro, antigo e lendário rei de Atenas, sendo as informações sobre sua vida bastante escassas, a maioria proveniente de sua própria poesia e de duas outras fontes menores, de obras de Plutarco e Diógenes Laércio.

Atinge enorme prestígio ao liderar os atenienses em batalhas, com destaque para a tomada da ilha de Salamina, na época dominada por Mégara (importante cidade-estado da Grécia Antiga). Além desta mais famosa, todas as suas outras empreitadas militares foram bem sucedidas, o que fez com que Atenas entrasse num período de prosperidade e ascensão dentre as outras cidades-estado gregas.

Por meio de sua eleição como arconte, em 594 (título dado ao nobre da assembleia de Atenas, algo semelhante a um magistrado), Sólon recebe da população de Atenas poder absoluto baseado na sua alegada capacidade de dirimir as questões e pendências de modo sábio e satisfatório. Alguns historiadores acreditam que ele recebeu seus poderes ilimitados após algum tempo como arconte, mas o fato é que tal liberdade para agir deu-lhe autonomia para iniciar as reformas que o fariam famoso.

É a Solon que devemos a noção de democracia (em grego, daimos = povo e kratia = governo, formando então, governo do povo). Na época em que ele ascendeu como líder, Atenas era dominada por uma aristocracia hereditária, cujos integrantes eram chamados de eupátridas. Os eupátridas possuíam as melhores terras e monopolizavam o poder e o sistema em voga, todo ele baseado na riqueza de seus integrantes. Como era de se esperar, tal panorama gerava frequentes lutas políticas, já que os cidadãos eram privados de qualquer direito, tornando-se muitas vezes devedores dos eupátridas, e como era costume, muitos acabavam como escravos por não conseguirem saldar suas extorsivas dívidas.

Ao assumir o poder, Sólon iria combater tal realidade sócial, econômica e política, anistiando as dívidas dos camponeses, proibindo a escravidão por dívidas, abolindo a hipoteca sobre pessoas e bens, libertando os pequenos proprietários servindo em regime de escravidão, impondo limites à extensão das grandes propriedades agrárias, e finalmente e mais importante, diminuindo os poderes e arbitrariedades dos nobres. Reformou as instituições políticas e deu direito de voto aos trabalhadores.

Foi um dos fundadores da democracia ateniense e o primeiro poeta da Ática. A imagem que deixou para a posteridade é a de um líder que agia com firmeza, moderação, sabedoria e integridade, sendo conciliador por natureza.

Bibliografia:
http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0114
http://www.culturabrasil.pro.br/solon_licurgo.htm
http://pt.shvoong.com/social-sciences/1677017-sólon/

Imigração Açoriana no Brasil

Por Antonio Gasparetto Junior
A Imigração Açoriana no Brasil foi estimulada pelo interesse de Portugal em povoar o território do Brasil colônia, alternativa empregada para impedir a exploração das novas terras portuguesas por outras nacionalidades.

A vinda de imigrantes açorianos stá muito ligada à imigração de portugueses no Brasil. Após a posse das terras no Novo Mundo que pertenciam a Portugal, este não demonstrou interesse imediato em explorar o local. O fato de não se ter encontrado metais preciosos nos primeiros anos de colonização do Brasil e também os lucros mais interessantes provenientes das especiarias no Oriente foi importante para determinar o comportamento de Portugal em relação ao Brasil. Somente quando outras nacionalidades, como os franceses, ameaçaram explorar o território é que os portugueses atentaram para a importância de colonizar as novas terras para impedir investidasde outros povos.

Para ocupar o território do Brasil pertencente a Portugal, os açorianos receberam vantagens. A primeira leva de casais açorianos chegou ao Brasil em 1617 e então o fluxo migratório mantevesse até o século XX. As capitanias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os destinos principais da imigração açoriana no Brasil, as duas regiões eram tomadas como importantes para colonização, medida que asseguraria a presença dos portugueses e garantiria a posse das terras. A população de Santa Catariana, especificamente, mais que dobrou por conta da presença dos açorianos.

Arquitetura típica açoriana (Florianópolis - SC)

Os habitantes do arquipélago dos Açores tinham, além dos incentivos oferecidos pela Coroa Portuguesa, muitos outros motivos para emigrar. Por conta do fraco desenvolvimento das ilhas, que baseavam sua economia no trigo e no pastel, os nativos passaram a viver em difíceis condições. Soma-se ao elemento econômico a questão do crescimento demográfico que aumentou mais ainda a disputa pelo acesso a boas condições de vida nos Açores. No século XVIII, os produtos que marcavam especialmente a economia do arquipélago já não garantiam mais o retorno comercial necessário. Mediante tal cenário, os açorianos optaram pela emigração para o Brasil.

É no próprio século XVIII que a corrente migratória de açorianos para o Brasil ganha proporções notáveis, impulsionada pelos fatores anteriormente apresentadas. Mesmo a introdução de novas culturas na economia açoriana não foi capaz de melhorar as condições, como o Brasil já abrigava açorianos há bastante tempo, a melhor saída para os nativos foi mesmo emigrar.

Monumento aos Açorianos (Porto Alegre - RS)

Já no decorrer do século XVIII e principalmente no século XIX, quando os números da corrente imigratória são maiores, o destino dos açorianos no Brasil é muito mais diversificado. A ocupação de tal povo nas capitanias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que ocorreu outrora por conta do risco de invasões de outros povos já havia sido alterada, o destino tornara-se livre. Os açorianos distribuíram-se por Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Pará e Paraíba também. Essas regiões possuem colônias açorianas que mantém antigos costumes e a cultura de seu local de origem.

No século XX a imigração açoriana permaneceu existindo, somente na década de 1910 emigraram para o Brasil cerca de 2.740 açorianos. Número que cresceu ainda mais na década seguinte. Entretanto, a ascensão de Getúlio Vargas ao poder fez nascer medidas restritivas de imigração no Brasil e forçou a redução da entrada de povos, não só como os açorianos, mas de todas as nacionalidades.

Contudo é notável ainda hoje as marcas da imigração açoriana no Brasil que teve seu início em fase ainda inicial do Brasil colonial. Por ocorrer uma presença mais antiga, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os estados com as maiores marcas da imigração açoriana.

Fontes:
http://assisbrasil.org/imigra.html
http://www.eccn.edu.pt/ap/pelopicoadentro/omeusite2/ilha%20do%20pico.htm
http://www.reginadelmare.com.br/galeria.php
http://renehass.blogspot.com/2009/04/porto-alegre-237-anos.html
http://cifrantiga.blogspot.com/2006/12/itaja-02-imigrao-aoriana.html
http://www.portaldodivino.com/acores/emigracao.htm

Imigração Libanesa no Brasil

Por Antonio Gasparetto Junior
A Imigração Libanesa no Brasil tem início a partir da segunda metade do século XIX, é impulsionada pelas dificuldades vividas pela população do Líbano.

Família de imigrantes libaneses no Brasil em 1920

O século XIX caracteriza o momento de grande fluxo imigratório no Brasil, várias são as nacionalidades que buscam o território brasileiro nesse momento em busca de melhores condições de vida. O progressivo processo de abolição da mão-de-obra escrava é fator que impulsiona o governo brasileiro a admitir trabalhadoresestrangeiros no país. Entre as nacionalidades que se destinaram ao Brasil estão os libaneses.

Os libaneses constituem um grupo entre a grande imigração dos árabes no Brasil, a própria Embaixada do Líbano no Brasil inclui o fluxo migratório dos libaneses dentro das quatro fases que identifica para a imigração árabe no país. Segunda a Embaixada, os períodos são: de 1850 a 1900, quando tem início o processo imigratório destinado a várias regiões do país; de 1900 a 1918, quando a imigração já se encontra em processo avançado e é possível falar em colônias árabes no Brasil; e de 1918 a 1950, período que associa as duas fases finais e leva os libaneses mais para a região sul do país em decorrência do notório crescimento econômico.

Oficialmente, a Imigração Libanesa no Brasil começou em 1880, quatro anos após o Imperador Dom Pedro II ter visitado o Líbano. O fluxo de libaneses aumentou em fluxo contínuo nos períodos seguintes, não eram destinados a uma região específica do Brasil, mas sim ao local que encontravam melhores condições para viver.

A situação no Libano influenciou muito na emigração dos libaneses, motivos políticos e econômicos foram fundamentais para o êxodo. O relacionamento políticos entre cristãos e muçulmanos no Líbano estava longe de ser dos melhores, os cristãos se recolhiam em montanhas onde viviam de atividades rurais. Mesmo assim ainda sofriam com medidas autoritárias dos muçulmanos, como é o caso do tratamento rude que sofriam dos soldados do exército maometano. Economicamente, o século XIX foi de grave crise para libaneses e sírios, os altos impostos e a fraqueza do governo impossibilitavam condições adequadas de vida no país. Os libaneses escolheram o Brasil para emigrar, isso porque encontraram grandes dificuldades de entrar em outros países, como os Estados Unidos. Já o Brasil não impunha barreiras por causa da necessidade de trabalhadores estrangeiras que era propagada.

Os libaneses não ocuparam regiões determinadas no Brasil em decorrência do tipo de atividade que exerciam em terras brasileiras. Fugindo da miséria econômica do Líbano, os libaneses tentaram se aproveitar da nascente industrialização e urbanização brasileira. Ao contrário dos imigrantes europeus, libaneses não vieram para o Brasil com a perspectiva de trabalhar nas lavouras de café, mas sim encontrar nas cidades as condições para o florescimento do comércio. O emprego em lavouras também ocorreu, mas em quantidade muito menos expressiva que dos europeus. Os libaneses começaram vendendo mercadorias de casa em casa e acumularam dinheiro com essa atividade, a partir daí criaram pequenas confecções e lojas de tecidos. O sucesso no comércio que os libaneses obtiveram no Brasil foi importante para sua própria sobrevivência, assim como para seu país de origem. Muitos desses imigrantes enviavam volumosas quantias em dinheiro para a terra natal com o intuito de ajudar os familiares que ficaram para trás ou mesmo investiram esses recursos em hospitais, bibliotecas e escolas.

Pela característica de ocupar regiões urbanizadas onde pudessem se aproveitar do comércio para o crescimento, os libaneses estão espalhados por todos os cantos do Brasil. De 1880 a 1930 entraram em grande número no país e foram importantíssimos para o desenvolvimento do comércio nacional, mas, como aconteceu com todas as correntes imigratórias, o fluxo de libaneses tornou-se reduzido após Getúlio Vargas assumir a presidência por causa de suas políticas restritivas sobre a imigração.

Fontes:
DIEGUES JÚNIOR, Manuel.
Imigração, Urbanização, Industrialização. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, 1964.

DIEGUES JÚNIOR, Manuel. Etnias e Culturas no Brasil. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1980

http://www.libano.org.br/olibano_hist_migracao.html

Eupátridas

Por Emerson Santiago
Os eupátridas consistiam em um grupo social da Grécia Antiga detentores de altas posições, constituindo a nobreza da região da Ática (correspondente a Atenas e regiões circunvizinhas). Em grego, o termo significa algo como “aqueles bem nascidos”, ou “os de pais nobres”. De acordo com a tradição, o rei Teseu, unificador da região da Ática (o mesmo Teseu protagonista da lenda do Minotauro), organizou a sociedade da área em três classes principais, a saber: Demiurgi, Geomori e Eupátridas.

Mapa da Grécia Antiga, destacando a Ática.

A classe eupátrida era, dentre todos os habitantes de Atenas e região, aqueles considerados os habitantes originais, os descendentes dos primeiros chefes e nobres locais. Acredita-se que no período imediato após o sinecismo (fenômeno histórico que deu origem às diversas pólis gregas) os clãs nobres das várias comunidades espalhadas pela região foram sendo reunidos em Atenas para dar origem a um grupo de abastados e venerados, cerca de 10 por cento da população da pólis ateniense, que possuíam o privilégio do monopólio político. Nos primeiros tempos da pólis é bem provável que tenham sido os únicos cidadãos de pleno direito, sendo o grupo que sozinho compunha as frátrias (irmandades, cuja função ainda hoje permanece obscura dentro da sociedade grega, e que consistiam na união de dois ou mais clãs, perfazendo um grupo unitário, que mesmo assim ainda preservava as identidades particulares dentro do grupo).

As incertezas recaem sobre o relacionamente entre a classe eupátrida e as demais constituintes da pólis. Ao que tudo indica, os eupátridas compunham a classe governante e única nobreza reconhecida, os geomori representando todos os habitantes, indivíduos ordinários da cidade, de todas as classes, e os demiurgi eram os artesãos e comerciantes em geral. Essa divisão seria representativa da estratificação social da população da Ática, sendo por exemplo, os demiurgi a nobreza comercial, e os eupátridas a nobreza agrária, da terra. O que se pode apurar com certeza é que os eupátridas eram uma classe nobre que possuíam sozinhos e de fato algum reconhecimento nos tempos iniciais de Atenas.

Em cerca de 8 a.C., durante o período em que colocou a monarquia sob “restrições”, é que os eupátridas tiveram o seu apogeu como classe dominante dos principais centros do mundo grego. Controlavam a justiça, em especial na sua esfera administrativa e atuavam como poder público. Mas, já no século 6 a. C. a influência política “daqueles bem nascidos” já se encontrava decadente. O termo “eupátrida” sobreviveria nos séculos logo a seguir, porém, a classe da qual o termo havia originado-se manteria apenas o cargo hereditário de intérprete e executor das leis da pólis.

Bibliografia:
Enciclopédia Britânica, 11a edição (1910/11), volume 8
http://en.wikipedia.org/wiki/Eupatridae

Caudilhismo

DePor Tiago Ferreira da Silva
São denominados caudilhos os políticos e grandes líderes de determinadas nações que exercem seu poder de forma carismática e de caráter populista por vias autoritárias ou autocráticas, fazendo com que sejam associados aos ditadores e tiranos.

A corrente do caudilhismo teve grande expressividade na América Latina, principalmente nos países que foram colonizados pela Espanha. Historicamente, os caudilhos foram se formando ao longo da independência das nações latino-americanas de suas colônias. Muitos deles eram grandes senhores de terra que queriam fazer prevalecer seus direitos acima dos outros de qualquer maneira.

No Brasil, com a força política da elite agropecuária e cafeicultora, muitos senhores de engenho formaram exércitos próprios e leis que privilegiavam sua autoridade para exercer um mandato sustentado por interesses pessoais e políticos.

Com os grandes avanços do sistema republicano em nações como Estados Unidos e França, os países latino-americanos queriam acabar com o regime autoritário das monarquias e acabaram formando governos influenciados pelos interesses das elites, os tais caudilhos.

Principais articuladores de movimentos de independência que pretendiam estabelecer o regime republicano, oscriollos defendiam a importância do setor agroindustrial e do comércio de produtos manufaturados para impulsionar a economia local e criar mais empregos – além, é claro, de obter lucros com a compra e venda destes produtos.

Estes primeiros caudilhos conquistavam o apoio de grandes populações por meio do carisma, argumentando que as políticas motivadas por seus interesses atendiam às necessidades de todos, como a geração de mais empregos e a consolidação de uma economia estável.

A maioria dos políticos considerados caudilhos permanece por tempo prolongado no Poder e tem grande proximidade com as camadas mais baixas da população. No Brasil, o exemplo mais próximo ao caudilhismo foi oGoverno de Getúlio Vargas, que trouxe grandes avanços nas leis trabalhistas do país, mas era sustentado por uma ditadura. Em países como Bolívia, Peru, Guatemala, Haiti, Paraguai,Venezuela, Nicarágua e Uruguai, houveram muitos outros exemplos do caudilhismo.

Apesar de ser um sistema arcaico, muitos cientistas políticos afirmam que ainda hoje o caudilhismo se faz presente na América Latina, principalmente sob a influência do presidente venezuelano Hugo Chávez.

Considerada a grande ‘herança maldita’ do continente latino-americano, o caudilhismo não passou de uma tentativa frustrada de países outrora colonizados de instituir o regime republicano de forma ineficiente.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caudilhismo
http://www.mundoeducacao.com.br/historia-america/caudilhismo.htm
http://www.brasilescola.com/historia-da-america/caudilhismo.htm