28.7.11

Meia-tijela

Termo era usado para nobres jovens e mais pobres.

Celso Miranda

Comum até a década de 80 para descrever algo insignificante ou de má qualidade, o termo, usado na literatura portuguesa desde o século 15, originalmente se referia aos fidalgos que viviam de favores na corte. Filhos mais jovens de nobres, com escassas chances de herdar terra, tinham poucas alternativas para se sustentar – viravam padres, militares ou prestavam serviços a outros nobres. O folclorista Pedro Chaves, em Rifoneiro Português, de 1945, explicou que eles eram chamados de “fidalgos de meia-tigela” porque, mesmo morando nos palácios, não participavam dos principais rituais, como os banquetes em que, no fim, quebravam-se louças, pratos e tigelas. A eles sobrariam os cacos. E as meias-tigelas.

Tirar o pai da forca

Um padre da Itália, que virou santo, inspirou o dito

A origem da expressão, usada para alguém que está com muita pressa, está relacionada a Fernando Martinho de Bulhões, nobre português que se ordenou padre, mudou de nome para Antônio e foi enviado a Pádua, na Itália, em 1224. Cinco anos depois, durante uma pregação, ele teria visto seu pai prestes a ser executado em Lisboa. Ao pôr as mãos sobre os olhos, teria se transportado para Portugal, onde conseguiu salvar o velho. Os fiéis ouvintes em Pádua tiveram a impressão de que isso durou um ou dois segundos. Mas sabiam que ele teria viajado cerca de 2 mil quilômetros para “tirar o pai da forca”.