28.7.11

A Origem de Artefatos Cruciais

Em tempos remotos, mandíbulas não dominaram os oceanos
por Katherine Harmon
Cortesia de Simon Powell/Philip Anderson/Matt Friedman
No fundo dos mares, no período siluriano, há uns 420 milhões de anos, uma estranha estrutura aparecia no corpo de muitos novos vertebrados. Alguns peixes começaram a desenvolver mandíbulas e maxilas bem definidas, que lhes permitia devorar organismos grandes e de carapaça duras

Hoje, mais de 99% dos vertebrados têm esses artefatos muito úteis para auxiliar a alimentação. Mas novas pesquisas mostram que, mesmo com toda a sua utilidade, as mandíbulas não tomaram posse dos oceanos com uma só dentada, como muitos cientistas já chegaram a supor. Em vez disso, os primeiros peixes com mandíbulas não ameaçaram o bem-sucedido domínio de seus compatriotas “desmandibulados” por cerca de 30 milhões de anos. As novas descobertas foram publicadas on-line em 6 de julho na revista Nature (Scientific American faz parte doNature Publishing Group).

E “quando os peixes desmandibulados de fato entraram em decadência, não vemos indicação de que seus primos dotados de mandíbulas tenham assumido novos papéis funcionais” explica Philip Anderson, da Escola de Ciências da Terra da Universidade de Bristol e coautor do novo estudo. Essa descoberta tem implicações teóricas que vão muito além das camadas de sedimentos silúricos: “estimula a colocar em questão velhas ideias de substituição ecológica, segundo as quais quando um nicho se abre, outras espécies se apressarão a ocupá-lo”.

Depois de analisar mandíbulas dos períodos siluriano e devoniano de 198 gêneros para prospectar diferentes características funcionais, os pesquisadores também descobriram que a emergência desse mecanismo revolucionário não desencadeou uma farra sem limites de experimentação evolucionária no design [dessas criaturas]. Em vez disso, depois de um impulso inicial de diversificação – e algumas mandíbulas excepcionais em placodermos e celacantos –, os grupos principais de criaturas mandibuladas cujos descendentes persistem até hoje, como os da subclasse Actinopterygii (peixes com nadadeiras raiadas) e os primitivos tetrápodes, pareciam manter-se relativamente uniformes. E toda essa estabilidade persistiu a despeito de “temperaturas globais flutuantes, padrões meteorológicos continentais mutantes, alterações no nível do mar e um evento importante de extinção”, observaram os pesquisadores na nova dissertação.
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