20.7.11

Lima Barreto

Lima BarretoAfonso Henrique de Lima Barreto foi funcionário público, jornalista e boêmio. Mestiço de origem humilde, era alcoólatra e foi internado em hospícios. Filho de um culto tipógrafo, Lima Barreto era por ele influenciado a seguir a carreira da Medicina, mas se tornou engenheiro civil. Conseguiu depois um cargo no Ministério da Guerra, do qual foi aposentado por invalidez. Sempre sofrendo preconceito dos colegas durante a juventude, foi ignorado pela crítica quando lançou suas primeiras obras, já que não se submetia a proteção de outros escritores da época (ele detestava Coelho Neto em particular). Lima Barreto também não gostava dos outros escritores mulatos contemporâneos seus: Machado de Assis e João do Rio (foi para a vaga deste último na ABL que Lima concorreu na sua última tentativa). Mas sua revolta contra Machado era fachada: apesar de chamar Aluísio de Azevedo o maior escritor brasileiro e maldizer Machado, não tinha sequer uma obra do primeiro e tinha as principais do segundo. Isso provavelmente vinha de que ambos eram mulatos de origem humildes que foram aceitos pela sociedade carioca. Uma das pessoas que o apoiou foi Monteiro Lobato, que na época possuía uma editora. Monteiro viu Lima Barreto duas vezes. Na primeira, Lima estava tão bêbado e maltrapilho que Monteiro Lobato sequer se identificou para não humilhá-lo. Na segunda foi quando estava tentando "secar" Lima, que ia então dar uma palestra, que chegou a escrever toda; no dia da palestra o encontraram bêbado na sarjeta. Morreu de doenças de fundo hepático; seu funeral foi concorrido, mas não por intelectuais e pela alta sociedade, mas pelos pobres e anônimos suburbanos sobre quem escrevia. Dois dias após sua morte seu pai (que também sofria de doenças mentais) morreu, suas últimas palavras sendo "Morreu Afonso?"
Isso tudo, no entanto, não influenciou sua brilhante carreira literária (bem, quanto à sucesso contemporâneo, sim; quanto à qualidade, não), onde escreveu contos como A nova Califórnia, sátiras como Os Bruzundangas e romances como Triste Fim de Policarpo Quaresma (que já foi adaptado para o cinema com Paulo José no papel-título), Recordações do Escrivão Isaías Caminha, Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (estes três romances com nítidos tons autobiográficos), Numa e Ninfa e Clara dos Anjos, para citar os mais famosos. (Estes dois últimos romances, o conto citado e várias outras histórias foram transformadas em novela pela Rede Globo com o título de "Fera Ferida", sem usar muita fidelidade ao original.) Usava uma linguagem quase coloquial, sendo criticado de "desleixado".

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