A resposta depende primeiro de outra pergunta: de que momento da Pré-História se está falando? É que a Pré-História engloba mais de 2,5 milhões de anos de evolução das espécies do gênero Homo. "Nesse longo período passamos de carniceiros e trituradores de sementes e raízes a domesticadores de animais", diz o arqueólogo Renato Kipnis, da Universidade de São Paulo (USP). Um bom intervalo de tempo para analisar o hábito de caça e alimentação é o chamado Paleolítico Superior, há cerca de 40 mil anos, quando apareceram na Europa homens anatomicamente idênticos aos de hoje. Nessa época nossos ancestrais já produziam uma grande variedade de ferramentas e viviam basicamente da caça e da coleta de alimentos silvestres, atividades feitas em grupo e com funções definidas para homens, mulheres e crianças. A densidade populacional era baixa e os grupos familiares vagavam por um vasto território, caçando rinocerontes, renas e cavalos. Como nem sempre havia manadas desses animais por perto e algumas plantas só davam frutos em determinadas estações do ano, os homens também já se preocupavam em estocar alimentos. Entre cerca de 40 mil e 20 mil anos atrás, um grande período de glaciação fez com que as populações humanas abandonassem o norte da Europa para se refugiar no sul do continente, em busca de um clima mais quente. Como a população se concentrou mais e também cresceu em número absoluto, os territórios vastos, que favoreciam as caçadas, começaram a rarear. Alguns achados arqueológicos da época mostram que o homem tratou de desenvolver novas estratégias de sobrevivência, como o consumo de animais mais fáceis de se obter (coelhos, peixes e crustáceos). Mas as caçadas só começariam a perder de fato sua importância 10 mil anos depois, quando teve início a domesticação de alguns animais. Era o que faltava para tornar menos árdua a tarefa de nossos ancestrais na hora das refeições. Ataque planejado Os caçadores pré-históricos provavelmente acompanhavam a migração de manadas de animais, procurando cercá-las em desfiladeiros na hora do ataque. A caçada era realizada por grupos com arcos, flechas e lanças, atiradas às vezes com a ajuda de propulsores - uma espécie de estilingue rústico, que duplicava o alcance das lanças. Enriquecendo o cardápio Alguns estudos sugerem que há cerca de 40 mil anos, na Europa, já havia uma certa divisão de trabalho entre homens e mulheres. Enquanto eles se encarregavam da caçada, elas, acompanhadas das crianças, coletavam frutos silvestres, que não só completavam a alimentação, como muitas vezes eram um importante item da dieta. Tempero diferente Parte da caça era assada para consumo imediato em fogueiras coletivas. Existem poucos dados sobre o uso de temperos, mas é possível que cinzas tenham servido para salgar os alimentos. Uma grande parte do animal abatido podia ser transformada em carne seca e armazenada para o consumo no inverno. O fogo era obtido com faíscas da fricção de pedras e gravetos. A partilha As famílias dos homens que participaram da caçada dividiam entre si o animal capturado. A carne era cortada com facas e talhadores lascados em pedras. A pele era retirada com cuidado - com o uso de facas e raspadores de pedra ou ossos -, pois servia como matéria-prima para fazer roupas e cobrir cabanas. Artesanato de guerraRefeição suada
Homens enfrentavam animais, enquanto mulheres e crianças coletavam frutos
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