16.8.10

Escravidão de Índios

Por Fernando Rebouças
No descobrimento e exploração colonial do Brasil, os portugueses entraram em contato com uma população indígena subdividida em tribos e grupos que habitavam todo o litoral, o interior ainda a ser desbravado e as bacias dos rios Paraná e Paraguai. Depois de um contato amistoso, os indígenas sofreram dominação, aculturação, violência e foram vítimas de doenças trazidas pelos europeus.

Perante aquela vasta população de índios e da necessidade de ocupar e explorar as novas terras da Coroa Portuguesa, a metrópole tentou escravizar a mão-de-obra indígena como meio de aprofundar o trabalho deextração do pau-brasil, de descoberta do ouro e do plantio de monoculturas.

Inicialmente, ficou clara a dificuldade de se escravizar o índio. Dentre os principais motivos, podemos dizer que o índio não se sujeitou a torna-se escravo:

  • Por sentir-se incompatível ao trabalho forçado e intensivo;
  • Não estava habituado a corresponder às tarefas rotineiras;
  • Não eram preguiçosos, como os acusava a Coroa, mas tinha o hábito de trabalhar somente por subsistência;
  • Culturalmente, empregavam suas energias em rituais e nas guerras com outras tribos;
  • Não possuíam valor à produtividade e à acumulação de riquezas;
  • Perante o trabalho forçado, fugiam.

Outros fatores que desestimularam a escravidão indígena foram as epidemias transmitidas pelo homem branco e a defesa da Igreja Católica a favor dos nativos. Grande parte da população indígena não possuía defesas biológicas às doenças trazidas pelos europeus, muitos morreram de sarampo, varíola e gripe. A Igreja Católica , por meio do trabalho dos jesuítas, em seu trabalho de catequização dificultava a escravidão, atrapalhando o ensejo de colonos e comerciantes.

A Coroa Portuguesa com o tempo percebeu que a escravidão indígena não era uma atividade lucrativa dentro do processo colonial de exploração, logo, definiu-se a necessidade de utilizar a mão-de-obra escrava africana, inaugurando o tráfico negreiro para o Brasil.

Era mais fácil aprisionar o escravo negro do que o índio. O nativo conhecia toda a região, se escondia em relevos e florestas ainda não exploradas, conhecimento que os estrangeiros portugueses e africanos não possuíam sobre a terra colonizada.

Em 1570, a Coroa Portuguesa proibiu a captura de índios por meio de uma Carta Régia, documento que autorizava a captura e escravidão do índio em situações de guerra e conflito com os colonizadores. Como os conflitos entre índios e colonos permaneceram durante grande parte da história colonial brasileira, a captura e escravidão do índio manteve-se por muito tempo até o ano de 1757, findada depois de uma proibição definitiva decorrente de transformações administrativas exercidas por marquês de Pombal.

Fonte: InfoEscola: Navegando e Aprendendo