Após um dia de tensão, foi à noite que o Senador
Juscelino Kubitschektomou conhecimento da cassação de seu mandato e suspensão dos seus direitos políticos por dez anos. A notícia foi divulgada no Programa A Voz do Brasil pelo Secretário de Imprensa José Vamberto no Palácio do Planalto. Considerando o panorama, configurado pelos princípios que norteavam o país desde a Revolução de 31 de março, a carismática popularidade de JK e sua proximidade a João Goulart davam indícios que a cassação era questão de tempo. Embora recebida sem surpresas, a notícia suscitou emocionada resposta na voz embargada de JK: "
Este ato não marcará o fim do arbítrio. O vendaval de insânias arrastará na sua violenta arrancada mesmo os meus mais rancorosos desafetos. Um por um, eles sentirão os efeitos da tirania que ajudaram a instalar no poder". Destacou que a perda do mandato se fez em decorrência do receio das autoridades militares pelo êxito de seu desempenho nas urnas. E firme, garantiu que, diante da consumação da iniquidade, se posicionaria aguerrido e mais entusiasmado a lutar em favor da democracia, sem planos para deixar o Brasil.
Eleito para o Congresso por Goiás em 1961, JK foi expurgado isoladamente, mas logo encabeçou um encorpado rol de desafetos do Governo Castelo Branco que foram perdendo mandatos e direitos políticos. Senadores, governadores, deputados, juízes e ministros dos tribunais superiores, estaduais e federais. O furor no cenário político estremeceu o otimismo de JK, induzindo-o a repensar seus planos. No final da tarde de 13 de junho o ex-presidente embarcava para a Espanha em companhia de Dona Sarah para um exílio voluntário que o manteria fora do país até sua volta definitiva em 9 de abril de 1967.