As missões jesuíticas e a pecuária foram importantes para a ocupação da região sul.
Durante todo o período colonial, a região sul foi palco de vários confrontos entre os colonizadores espanhóis e portugueses. Para o lado hispânico, a parte sul tinha grande importância, pois dava acesso às valiosas minas incrustadas nas proximidades do rio da Prata. No entanto, apesar de não integrar os territórios do Tratado de Tordesilhas, os portugueses também ocuparam a região através da fixação de missões jesuíticas e o desenvolvimento do bandeirantismo de apresamento.
A presença dos lusitanos acabou dando origem, em 1679, à colônia de Sacramento, que ficava muito próxima à cidade espanhola de Buenos Aires. Naturalmente, os espanhóis sentiam-se ameaçados com a presença dos portugueses em uma região tão próspera do domínio colonial hispânico. A partir desse quadro, observaremos que vários conflitos relacionados ao controle da colônia de Sacramento envolveriam tropas lusas e espanholas.
Em contraponto à presença portuguesa em terras espanholas, os colonos hispânicos criaram os Sete Povos das Missões, na atual porção Noroeste do Rio Grande do Sul. Dessa forma, conseguimos visualizar a situação oblíqua em que a definição dos limites do território colonial vivia naquela época. No século XVIII, houve uma tentativa expressa de se resolver essa questão atípica com a assinatura do Tratado de Madri (1750), que normatizaria a organização dos territórios coloniais.
Nesse mesmo período, a região sul passou a ter maior importância para o desenvolvimento da colonização portuguesa nas regiões mineradoras. Os territórios pouco acidentados e os pastos naturais do espaço sulino foram amplamente explorados para o desenvolvimento da pecuária. O gado ali criado abastecia com couro, carne seca (charque) e animais de carga os territórios de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Aos poucos, a expansão para o sul se amealhou aos interesses coloniais portugueses.
Progressivamente, a criação de gado firmou a base da economia da região sul. Segundo alguns dados, no fim do século XVIII, a exportação de carne seca dessa capitania era inferior a 20 mil arrobas anuais. Alguns séculos depois, os pecuaristas gaúchos já comercializavam aproximadamente 600 mil arrobas desse mesmo produto. Nesse mesmo período, portugueses e espanhóis firmaram novos tratados políticos que transformaram parte dos pampas gaúchos em local de colonização lusitana.
Por Rainer Gonçalves Sousa
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