Marechal Friedrich Paulus (1890 - 1957), comandante do 6º Exército, responsável pela invasão a Stalingrado, durante interrogatório em março de 1943. Em fevereiro, os alemães foram derrotados pelos russos na cidade
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"Stalingrado foi o ápice da campanha russa. É verdade que a frente recuou aos pulos e sobre grandes distâncias, mas de maneira irreversível" - Lidde Hart
Stalingrado, cidade situada na margem direita do rio Volga, era um importante entroncamento fluvial e ferroviário que ligava as regiões minerais e petrolíferas do Cáucaso à área de Moscou. Hitler decidiu lançar o peso de sua ofensiva sobre esta cidade não só por motivos estratégicos, mas também políticos. Acreditava que provocaria um profundo abalo moral nas forças inimigas caso conquistasse rapidamente a cidade. As divisões alemãs que atuavam na Rússia foram ampliadas de 184 em junho de 1942 para 193 em agosto/setembro do mesmo ano. Assim, reforçados, deram início à ofensiva.
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A 17 de julho, o VI Exército, sob o comando do general Von Paulus, teve ordem de dar início à mobilização que visava a ocupar Stalingrado. Em setembro, a luta se estende para o interior e a queda é eminente. Hitler, eufórico, chega a anunciar a rendição para qualquer momento. No entanto, o avanço alemão por entre as ruínas da cidade é cada vez mais moroso. O 62º Exército, comandado por Chuikov, resiste na sombra de cada casa, de cada rua, de cada porão.
A terrível oposição das tropas russas não evita que os alemães se apropriem de quase 70% da cidade. Chuikov faz referências à extrema dificuldade em se defender um front que tinha de extensão mais de 40 km e uma profundidade de apenas 3 km.
Na outra margem do rio, os russos colocam uma artilharia que, através de sucessivas barragens, evitam que o restante da cidade caia em poder dos alemães. As perdas de ambos os lados são imensas. O inverno se aproxima e a vitória alemã não se concretiza.
Em 19 de novembro de 1942, após silencioso preparativo, os soviéticos, sob o comando do general Zukov, realizam a contraofensiva. Três grandes corpos de exércitos (de Vatutin, de Rokossovsky e de Yeremenko) avançam pelos frágeis flancos do VI Exército, terminando por cercá-lo completamente a 23 de novembro de 1942. Vinte e duas divisões de elite e mais dois exércitos romenos encontram-se aprisionados no chamado "caldeirão" de Stalingrado.
O general Von Paulus solicita ordens para executar uma retirada enquanto fosse tempo. Hitler, teimosamente, ordena que os alemães permaneçam nas posições conquistadas, enviando um corpo blindado (Hooth-Mainstein) para tentar romper o bloqueio. Os russos, com relativa facilidade e auxílio das baixas temperaturas, conseguem afastá-lo das cercanias da cidade. Em dezembro de 1942, os soviéticos apelam para a rendição do VI Exército, dada a inutilidade de qualquer resistência. O natal é lúgubre em toda a Alemanha.
O führer, tenta criar uma situação emocional favorável ao espírito de resistência até o último homem. Promove Von Paulus a Marechal, esperando dar-lhe ânimo. Dos 330 mil soldados existentes dentro do "caldeirão", a metade já havia perecido nos combates, pela fome e pelo frio. As promessas de Güring, de abastecer os sitiados por via aérea, não se concretizam.
Entre os dias 10 de janeiro a 2 de fevereiro de 1943, as tropas soviéticas executam a operação final, que culmina na rendição incondicional de quase cem mil homens. Foi a maior derrota militar do Exército alemão em todos os tempos, marcando o fim da supremacia estratégica e tática da Alemanha, que definitivamente perdeu a iniciativa da guerra. Dali em diante, os soviéticos passariam a determinar os rumos do conflito. A Batalha de Stalingrado marca a reviravolta dos destinos da guerra e o princípio do fim da Alemanha Nazista.
Fonte:VOLTAIRE SCHILLING