Colonização da América Espanhola
A Colonização espanhola da América foi o período em que exploradores espanhóis colonizaram o continente americano. Esse período se iniciou com a chegada de Cristóvão Colombo às Antilhas em 1492.
Contexto Histórico
A partir do século XV, o comércio europeu se expandiu e impeliu várias nações europeias a investirem em políticas que tinham como objetivo aumentar o fluxo comercial, visando também o fortalecimento do estado econômico das novas monarquias nacionais.
Durante o período das grandes navegações, buscando encontrar novas rotas marítimas comerciais para expandir o comércio europeu, Cristóvão Colombo chegou à América em 1492, iniciando o processo de ocupação e colonização do vasto território recém-descoberto.
Aprenda mais detalhadamente sobre o que foram as Grandes Navegações.
Conquista e Colonização
A Espanha era caracterizadamente uma metrópole mercantilista, ou seja, as colônias eram utilizadas somente para exploração, não haveriam razões para a colonização se elas não fornecessem produtos que gerassem lucro.
Por esse motivo, a grande maioria das colônias espanholas (e portuguesas também) foram colônias de exploração, completamente dependentes das imposições de seus colonizadores.
Aprenda também sobre o que é Mercantilismo.
A base da economia espanhola eram os minérios obtidos na mineração de suas colônias, principalmente a prata e o ouro. A mineração foi a responsável pelo crescimento das outras atividades realizadas nas colônias, como a agricultura e a pecuária que eram utilizadas para o abastecimento daqueles que trabalhavam nas minas. Depois da queda da atividade mineradora, a agricultura e a pecuária se tornaram as atividades base de toda a América Espanhola.
Tendo conquistado, os espanhóis focaram em ocupar todo o território descoberto, buscando expandir o domínio dos reis às demais regiões e mercados, e também a expansão da fé católica através das missões jesuíticas.
Escravidão Indígena
A escravidão dos indígenas, em teoria, era proibida. Entretanto, os nativos eram levados de suas tribos e distribuídos entres os colonizadores em toda a colônia para trabalhar nas minas de extração.
Os espanhóis trouxeram consigo inúmeras doenças que eram então desconhecidas para os indígenas, e que fizeram um grande número de mortos, tais como:
Varíola;
Tifo;
Sarampo;
Gripes e etc.
Desta forma, os indígenas renderam-se aos colonizadores e grandes impérios foram destruídos por completo, como os Maias, Astecas e Incas.
Administração da América Espanhola
Para administrar o grande território recém-descoberto, os espanhóis desenvolveram os chamados Vice-Reinos, que iremos explicar mais detalhadamente.
Os Vice-Reinos criados eram diretamente ligados à Coroa espanhola: o Vice-Reino da Nova Espanha e o Vice-Reino do Peru. Também foram criadas a Capitania Geral de Cuba, Capitania Geral de Porto Rico e a Capitania Geral de Santo Domingo.
Todos esses territórios eram considerados como extensões do próprio reino da Espanha, que administrava a colônia da seguinte forma:
Casa de Contratação
Era o órgão responsável por registrar todos que se estabeleceram na América Espanhola, por anotar mercadorias, prover mapas para os pilotos de navegação e também eram responsáveis por exercer a justiça.
Conselho das Índias
Auxiliava o Rei a tomar decisões relacionadas aos seus domínios na América em termos de justiça, economia e inclusive durante a guerra.
Real Audiência
Eram os tribunais de justiça estabelecidos nos Vice-Reinos e que julgavam os crimes cometidos por seus habitantes.
Vice-Reinos e Capitanias Gerais
As reformas iluministas realizadas pelo rei Carlos III (1716-1788) no século XVIII, os vice-reinos foram divididos em quatro e foram criadas mais Capitanias Gerais, buscando encontrar uma forma de melhorar a administração colonial.
Vice-Reinos: territórios de grande extensão e população, eram os mais rentáveis para a Coroa espanhola. Estavam governados por um vice-rei. Eram eles: Vice-Reino da Nova-Espanha, Peru, Nova-Granada e Prata;
Capitanias Gerais: foram estabelecidas em zonas de maior conflito com a população indígena ou que eram alvo de ataques de piratas. Foram elas: Guatemala (que abarcava os atuais países de Guatemala, Honduras, El Salvador e Costa Rica), Cuba, Venezuela, Chile, Santo Domingo e Porto Rico.
Cargos Políticos nas Colônias Espanholas
As colônias eram administradas por funcionários nomeados pelo próprio Rei, eram ele:
Vice-Rei: era o cargo mais alto dentro desta estrutura e ocupado por um nobre ou fidalgo diretamente indicado pelo Rei. Possuía autoridade máxima e dele dependiam algumas Capitanias Gerais;
Capitão-Geral: título utilizado por quem estava à frente das Capitanias Gerais;
Governadores: auxiliavam o vice-rei ou o capitão-geral a administrar o território;
Cabildo: eram uma espécie de conselho formados pelos proprietários e homens de destaque da sociedade, inclusive o clero, e se reuniam num edifício de mesmo nome.
Economia das Colônias
No sistema colonial, os indígenas eram obrigados a pagar impostos aos colonizadores espanhóis em forma de trabalho ou produtos. Os colonizadores se depararam com grandes civilizações que tinham estruturas políticas e sociais complexas.
Os espanhóis empregaram inúmeras regras para aproveitar a mão de obra indígena, entre elas podemos destacar duas: a encomienda e a mita.
Encomienda
A encomienda era um regulamento que vigorava nos reinos de Castela e que foi trazida e adaptada na América Espanhola. Esse regulamento permitia a um fidalgo espanhol, chamado de encomendero, a cobrar impostos na forma de trabalho ou de bens materiais de uma determinada população indígena. Em troca, o encomendero deveria catequizar, cuidar e defender essa população.
Essas encomiendas passavam de geração em geração, mas não eram eternas. Os abusos feitos por inúmeros encomenderos levou diversas organizações religiosas a protestar perante o Rei.
Mita
A mita foi uma criação inca utilizada para garantir o trabalho dos indígenas para os interesses espanhóis. Ela consistiu em uma prestação de trabalho onde a população masculina auxiliava na construção de templos e outras obras, e em troca recebia proteção dos deuses incas.
Os colonizadores espanhóis se utilizaram dessa mesma prática em todo o território do Vice-Reino do Peru. Desta forma, a população indígena era protegida pelos espanhóis e também eram catequizados. Em troca, os índios trabalhavam das minas de extração.
Mesmo o trabalho nas minas sendo regularizado e, em tese, realizado apenas por três semanas, as duras condições de trabalho levaram muitos indígenas, que foram empregados nas minas como mão de obra, à morte.
Sociedade Colonial
A sociedade colonial na América Espanhola era dividida também pela cor da pele de cada um de seus integrantes. Ao longo do tempo, por conta das uniões inter-raciais, a origem dos habitantes se tornou mais importante que o “grau de mestiçagem”.
Chapetones
Eram a maneira como os espanhóis recém-chegados nas colônias eram chamados. Eles ocupavam posições altas como vice-reis, capitães gerais, governadores, bispos e arcebispos, ou superiores de várias ordens religiosas.
Criollos
Era a forma como os filhos de espanhóis que eram nascidos na América eram chamados. Eles não podiam ocupar posições altas, mas participavam do cabildo, e tinham uma posição social acomodada.
Os criollos exerciam várias atividades e eram profissionais como advogados, comerciantes, mas também encomenderos, exploradores de minas, fazendeiros, etc.
A palavra criollo, em espanhol, não representava uma pessoa de cor negra, mas indicava os brancos nascidos na América e não no Reino da Espanha.
Escravos
Eram negros e indígenas que foram escravizados eram utilizados como mão de obra, e forçados a trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, tabaco, cacau, algodão, dentre outros cultivos.
Independência da América Espanhola
O processo de independência das colônias na América Espanhola aconteceu entre 1808 e 1829. As revoltas eram inspiradas nos ideais iluministas, como no processo de emancipação dos Estados Unidos, e também na vontade de ficar livre das altas taxas cobradas pela Coroa Espanhola.
O sucesso na independência ocorreu depois de inúmeras guerras em todo território colonial. Os revolucionários ainda tiveram o apoio da Inglaterra, que estava interessada em novos mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas.
Após a independência, os Vice-Reinados e Capitanias-Gerais foram dissolvidos em inúmeros territórios e originaram diversos países como o Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Cuba, Santo Domingo, Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala, e México.