4.12.13

Afundamento da «Força Z»

Guerra Mundial / Pacífico
10-12-1941




Este acontecimento teve inicio em: 10-12-1941 e terminou em 10-12-1941
Vencedor: Japão

Forças em presença:

A partir da segunda metade de 1941 que a possibilidade de conflito entre a Grã Bretanha e o Japão no extremo oriente era dada como inevitavel.
À medida que os japoneses avançavam na China e que os Estados Unidos assumiam uma posição contrária ao expansionismo japonês, tornava-se evidente que mais tarde ou mais cedo, o Japão aproveitaria a debilidade dos países europeus dominados ou pressionados pela Alemanha.

Com a queda da França em 1940, a Indochina francesa ficou sob controlo japonês e as colónias da Holanda no extremo oriente eram igualmente alvo da cobiça japonesa, especialmente pela sua riqueza em matérias-primas essenciais à continuação do esforço de guerra japonês.

As estimativas e análises feitas pelos britânicos e pelos norte-americanos apontavam para a possibilidade de um ataque japonês contra bases britânicas no sudoeste asiático, mas a conclusão a que tanto britânicos quanto americanos tinham chegado era de que a esquadra britânica não teria qualquer possibilidade de enfrentar os japoneses, sem o apoio da esquadra americana do Pacífico, baseada em Pearl Harbour.

Embora conhecedores desta situação os almirantes britânicos foram pressionados pelo próprio Winston Churchill para que enviassem para o extremo oriente, algumas unidades poderosas que pudessem fazer os japoneses pensar duas vezes antes de atacar.

A decisão de enviar navios para o extremo oriente quando na Europa a situação estava muito longe de estar resolvida. Soma-se a isto que a Grã Bretanha não era capaz de garantir totalmente a segurança das suas linhas de abastecimento perante a pressão dos submarinos alemães não era vista com bons olhos.

Mesmo assim, e perante a pressão de Churchill, é decidido enviar para o extremo oriente navios para constituir a chamada «Força Z» capitaneada pelo couraçado Prince of Wales, que era o mais moderno couraçado britânico na altura, e que integraria o cruzador de batalha Repulse e o porta-aviões Indomitable, que com os seus trinta bombardeiros de voo picado e seis aviões torpedeiros deveria garantir o apoio aéreo. À força deveriam juntar-se outras unidades mais pequenas.

A 25 de Outubro de 1941, o couraçado Prince of Wales iniciou a sua viagem para o extremo oriente, com destino ao porto de Singapura acompanhado pelos contratorpedeiros Electra e Express, que eram navios adequados para caçar submarinos mas que estavam reduzidos a metralhadoras 12.7mm como únicas armas anti-aéreas.




O porta-aviões Indomitable deveria acompanhar a Força Z, no entanto problemas técnicos impediram que prosseguisse viagem. O navio não tinha aviões para combate aéreo, pelo que provavelmente não poderia ter protegido os couraçados britânicos atacando os aviões japoneses.


A 3 de Outubro, o porta-aviões Indomitable que deveria seguir para Singapura, para se juntar ao Prince of Wales encalhou nas águas da Jamaica. Ainda durante esse mês o porta-aviões Ark Royal foi afundado no Mediterrâneo e a «força Z» ficou por isso sem o necessário apoio aéreo.

A 16 de Novembro o Prince of Wales chegou à Cidade do Cabo, na África do Sul, onde mais uma vez foram feitas pressões sobre Churchill para que desistisse de enviar a força par águas que seriam completamente dominadas pela marinha do Japão.
A força partiu da África do Sul, constituída pelo Prince of Wales e Repulse, juntamente com os contratorpedeiros Electra e Express a que se juntaram mais alguns navios vindos do Mediterrâneo via canal do Suez.


Os aviões em Singapura não podem proteger os navios
A Força Z chegou a Singapura a 2 de Dezembro mas a qualidade das aeronaves britânicas na ilha era reduzida pelo que aquelas aeronaves não podiam garantir protecção aérea aos navios. Por isto foi tomada a decisão de zarpar de Singapura em direcção ao porto de Darwin na Austrália. O primeiro navio a sair foi o cruzador de batalha Repulse, que zarpou no sábado, dia 6 de Dezembro, véspera do ataque japonês a Pearl Harbour.

O navio já ia no mar, quando recebeu a notícia de que num reconhecimento aéreo norte-americano tinham sido detectadas unidades japonesas que se dirigiam para a costa da Malásia e do Sião (actual Tailândia).
Em vez de agir de imediato o comandante das forças britânicas - Alm. Philips - decidiu aguardar pela volta do Repulse a Singapura, o que só ocorrerá na manhã de segunda-feira dia 8.

Quando nessa Segunda-feira 8 de Dezembro, os comandantes dos navios britânicos se reúnem para tomar decisões, a situação mundial tinha sofrido uma alteração dramática.
No dia 7, num ataque surpresa, a esquadra japonesa tinha aniquilado as forças norte-americanas no Pacífico com um ataque a Pearl Harbour, no qual a força de couraçados norte-americana tinha sido praticamente aniquilada. Com quatro couraçados afundados e outros quatro extremamente danificados e quase inoperacionais por causa dos danos.

Os japoneses estavam a avançar em todas as frentes e dirigiam-se para a Malásia e Singapura, além de ameaçarem as Filipinas e Hong Kong.

O Alm. Philips, perante as possibilidades que se apresentavam, optou por utilizar a sua força, para defender Singapura, tentando interceptar as forças japonesas de invasão.
A opção de sair sem qualquer apoio aéreo é ainda hoje criticada, mas o comandante britânico fez fé nas capacidades do armamento antiaéreo do couraçado Prince of Wales, nomeadamente nos seus 16 canhões antiaéreos e nos sistemas de canhões de tiro rápido «Pom-Pom».

A força «Z» zarpou de Singapura nesse mesmo dia 8 de Dezembro, pelas 17:35. Acompanhavam o couraçado Prince of Wales, o cruzador de batalha Repulse e os contratorpedeiros Electra e Express, além de outros dois contratorpedeiros da I Guerra Mundial que faziam parte da força de defesa de Singapura, o Vampire e o Tenedos.




O cruzador de batalha Repulse (no topo) e o couraçado rápido Prince of Wales abaixo.
O primeiro estava armado com seis canhões de 381mm, mas a sua blindagem era típica de um cruzador de batalha. Demasiado fina. Além disso ao contrário do seu irmão gémeo Renown, ele não tinha sido modernizado.
O Prince of Wales estava armado com 10 canhões de 356mm. Embora com armamento principal de calibre inferior, era um navio moderno e muito melhor protegido. A perda destes dois navios, depois da perda do Hood, constituiu o mais duro golpe sofrido pela Royal Navy durante a II Guerra Mundial.

09 de Dezembro (Terça-feira)
Os navios dirigem-se durante a noite para nordeste e depois inflectem para norte na madrugada do dia 09 para evitar áreas minadas. Navegam durante a manhã e a tarde procurando encontrar forças japonesas de desembarque.
Durante a manhã do dia 09 o comandante britânico recebe confirmação de que a RAF não pode protege-lo para lá do local onde se encontra, mas o comandante britânico decide prosseguir.
Durante a tarde, o submarino japonês I-65 encontra a força Z e persegue-a.
18:00 – Aviões de patrulha japoneses encontram a força Z e a partir de aí continuam a seguir-lhe o rasto.
19:00 - A força Z inflecte para oeste, na direcção de Singorá.

10 de Dezembro (Quarta-feira)
02:15 – Tendo recebido informação de um desembarque japonês em Kuantam, a força Z dirige-se para oeste.
02:20 – O submarino I-58 que tinha encontrado a força Z na tarde do dia anterior e que a tinha perdido de vista, lança os seus torpedos contra os navios britânicos mas nenhum dos torpedos atinge o alvo e os britânicos nem sequer se apercebem de que foram atacados.

Ao despontar da manhã, são enviados aviões de ataque desde Saigão para atacar a força Z. A força japonesa é composta por um total de 76 aeronaves, sendo 52 torpedeiros e 24 aviões bombardeiros.

08:00 – Os navios chegam perto da costa de Kuantan, mas apercebem-se de que as notícias do ataque não eram verdadeiras, retirando para leste.
Ao mesmo tempo, os aviões japoneses enviados desde Saigão não conseguem encontrar os navios da força Z. No entanto, por volta das 10:15 uma aeronave d ereconhecimento encontra a força e guia os aviões japoneses até aos navios britânicos.

11:15 – Começa o bombardeamento de aviões japoneses contra os navios britânicos. Os primeiros aviões a atacar são os aviões bombardeiros.

O Repulse é o primeiro a ser atingido por uma bomba e no ataque dos torpedeiros, estes conseguem atingir o Prince of Wales à popa, deixando o navio fora de controlo, numa situação idêntica à ocorrida alguns meses antes com o couraçado Bismarck. O Prince of Wales por causa de explosões mais pequenas, ficou sem geradores eléctricos alimentavam as torres de defesa antiaérea e metade dos 16 canhões de 133mm do navio ficaram inoperacionais.

Uma segunda vaga não tem grande sucesso, porque a maior parte dos aviões identificaram mal o alvo e atacaram um dos contratorpedeiros tomando-o por um couraçado. Sendo mais pequeno e manobrável, nenhuma das bombas atingio o pequeno navio.
A terceira vaga do ataque japonês foi porém devastadora. O Prince of Wales voltou a ser atingido nos costados e a bombordo por torpedos e o Repulse, que estava menos danificado voltou a ser atingido às 12:23 por três torpedos. Tratando-se de um cruzador de batalha menos protegido que um couraçado o Repulse afundou-se dez minutos depois. Às 12:33, causando 513 mortes.

O Prince of Wales continuava a navegar a baixa velocidade foi posteriormente atingido por mais três ou cinco torpedos (conforme as versões) e continuou a meter água até que às 13:18 se voltou e se afundou, com a perda de 327 homens.

A perda de duas importantes unidades navais e a queda de Singapura que viria a ocorrer pouco depois constituíram um tremendo abalo no orgulho britânico e foram mais uma demonstração de que a era dos grandes navios couraçados tinha terminado. Nesse mesmo ano, aeronaves tinham conseguido danificar o Bismarck transformando-o num alvo fácil. Em Taranto os britânicos tinham atacado a esquadra italiana, colocando vários navios fora de combate e em Pearl Harbour dias antes, num só dia oito navios couraçados tinham ficado fora de combate (quatro deles definitivamente).

A guerra naval tinha deixado de ser um caso de grandes canhões, para passar a ser definida pela qualidade dos aviões, pela sua quantidade e pelas plataformas que as marinhas conseguissem colocar no mar para operar aeronaves. Tinha soado o canto do cisne para o couraçado, e erguia-se o porta-aviões como unidade naval de controlo marítimo por excelência.