12.6.09

A corrida espacial e as conquistas do século XX

A disputa entre Estados Unidos e União Soviética (URSS) pela conquista do espaço foi o grande impulso para a exploração espacial e resultou em grandes avanços científicos e tecnológicos, além de descobertas importantes. Em 1957, a URSS saiu na frente, lançando o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial a entrar em órbita. Uma semana depois, foi lançado o Sputnik 2, com a cadela Laika, o primeiro ser vivo a ir para o espaço.

Em 1958, os EUA reagiram com a criação da Nasa (National Aeronautics & Space Administration), reponsável pelo programa espacial do país. Nesse mesmo ano foi lançado o primeiro satélite artificial americano, o Explorer 1.

A partir de 1960, o principal objetivo das viagens espaciais passou a ser o envio do homem ao espaço. Novamente a União Soviética sai na frente, em 1961, com a viagem tripulada por Iuri Gagarin na cápsula espacial Vostok 1. A viagem durou uma hora e 48 minutos e percorreu cerca de 40 mil quilômetros em volta da Terra numa única órbita. Em 62, os americanos enviaram John Glenn para o espaço.

O projeto soviético para enviar o homem à Lua começou com a nave Soyuz 1, mas foram os americanos os primeiros a chegarem na superfície lunar em 20 de julho de 1969, quando o módulo lunar Eagle, da nave Apollo 11, pousou no solo e o primeiro homem a pisar na Lua, Neil Armstrong deu fim à corrida espacial. A famosa fala do astronauta tornou-se célebre na História do século XX: "Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a Humanidade".

As viagens à Lua começaram bem antes das viagens à Marte e foram símbolo do domínio mundial americano, já que o contexto era o da Guerra Fria, na qual EUA e União Soviética disputavam o poder político e econômico.

A principal missão do Projeto Apollo era levar homens à Lua e trazê-los de volta à salvo, mas a possibilidade de não dar certo era tão grande que o presidente dos EUA, Richard Nixon, já tinha um discurso pronto para cada uma das situações: o sucesso ou o fracasso da operação. Os astronautas também já estavam preparados para o pior e levavam consigo cápsulas de cianureto para serem ingeridas caso ficassem presos no espaço.

Ao total, foram 17 naves do Projeto Apollo. As naves números 11, 12, 14, 15, 16 e 17 tiveram sucesso e cumpriram a missão de pousar em solo lunar. A Apollo 13 teve problemas no abastecimento de oxigênio do módulo de comando ao entrar na órbita lunar e não conseguiu fazer a aterrissagem. As missões das outras naves também chegaram à órbita da Lua, mas não realizaram o pouso, já que faziam parte de testes. Mais de 400 kg de materiais foram coletados nas seis viagens em que as naves pousaram na superfície do satélite.

A partir da década de 70, o objetivo passou a ser a pesquisa científica e tecnológica para criação e aperfeiçoamento de estações espaciais, sondas e ônibus espaciais. Mais uma vez, a União Soviética saiu na frente com a estação espacial Salyut, lançada em 19 de abril de 1971, para a realização de vários estudos sobre a ausência da gravidade. Em resposta, os americanos lançaram, em maio de 1973, a Skylab. Em 86, a URSS lançou a Mir, que continua funcionando, mas que deve ser desativada.

Durante a Guerra Fria, importantes projetos espaciais foram realizados. A sonda americana Voyager 1, lançada em 1977, foi a Júpiter e a Saturno e a Voyager 2, lançada no mesmo ano, visitou Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. As duas sondas encontram-se agora fora do sistema solar. Outros projetos espaciais relevantes foram realizados após a Guerra Fria, mesmo com uma grande crise econômica que assolava os países investidores. O Telescópio Espacial Hubble, a nave Galileu, a Estação Espacial Internacional Alpha, a exploração de Marte e o Neat (Programas de Rastreamento de Asteróides Próximos da Terra) fazem parte dessa geração.

Em 1989 foi lançada a nave Galileu, que passou pelas órbitas da Terra, da Lua e de Vênus até chegar a Júpiter em dezembro de 1995. A sonda Galileu enviou informações importantes para a Nasa durante 75 minutos. Os dados eram sobre a estrutura e composição do planeta. A sonda foi destruída pela enorme pressão atmosférica à qual estava submetida.

O Neat tem como objetivo estudar as órbitas dos planetas, de cometas e asteróides que apresentam risco de colisão com a Terra. Vários observatórios estão envolvidos, como o de Stewart, no sul do Arizona, instalado em 1989, e o da ilha de Maui, instalado no Havaí, em 1995.

Os ônibus espaciais também entraram em órbita na década de 80. Em resposta ao norte-americano Space Shuttle, da Nasa, a Rússia lançou o Buran, que fez apenas um vôo com piloto automático. A sua construção foi autorizada em 76. Dois outros ônibus estavam em construção em 92, mas três anos depois foram desmontados.

O interesse pelo quarto planeta do sistema solar, Marte (cujo nome foi dado pelos romanos em homenagem ao deus da guerra), data do século XVII, quando o astrônomo e físico holandês Christiaan Huygens (1629-1965) o observava de 1659 a 1683. Huygens detectou uma grande mancha na superfície do planeta, à qual denominou "Grande Pântano", por acreditar que ali houvesse um acúmulo de água. A partir do deslocamento desta mancha, o cientista holandês calculou a duração do dia marciano em, aproximadamente, 24,5 horas, muito próximo ao valor aceito atualmente (24h37min).

A suposta existência de água no planeta vermelho levantou a suspeita da existência de vida em Marte, sugerida pela primeira vez no século XIX pelo padre jesuíta Pietro Angelo Secchi (1818-1878) e pelo astrônomo Giovanni Virginio Schiaparelli (1835-1910). Eles chegaram a essa idéia depois de observações astronômicas que fizeram na Itália em que detectaram a existência de vales, aos quais denominaram canali.

O norte-americano Percival Lowell (1885-1916) fez uma interpretação equivocada dessa denominação e passou a achar que se tratava de canais construídos por marcianos para transportar água das regiões polares para a irrigação de plantações. Inspirado nisso, o romancista Herbert George Wells escreveu uma novela científica na qual narra a invasão da Terra por marcianos (Guerra dos Mundos, de 1898).

Foi inspirado neste livro que, em 1938, o cineasta George Orson Welles anunciou, em uma novela radiofônica, a invasão de discos voadores marcianos que dirigiam-se a Nova Jersey, provocando enorme pânico na população da região de Nova York.

As imagens obtidas na década de 60 pelas sondas espaciais Mariner descartaram a hipótese de existência de vida inteligente em Marte. Recentemente, a hipótese de existência de vida, mesmo que primitiva, no planeta vermelho, voltou à discussão por causa da descoberta de microfósseis de formas primitivas de vida no meteorito AHL84001, encontrado na Antártida e, supostamente, originado daquele planeta.

Imagens de alta definição obtidas por sondas enviadas ao planeta permitem observar feições morfológicas compatíveis com a existência de fluxo de água e a presença de sedimentos. As missões não tripuladas enviadas a Marte, como Mars Pathfinder e Mars Global Surveyor, são exemplos de desenvolvimento científico e tecnológico inéditos que resultaram em grande número de dados e imagens.

Entre os argumentos encontrados para justificar os investimentos em projetos espaciais está o fato de Marte apresentar algumas características semelhantes às da Terra, o que pode auxiliar nos estudos sobre o desenvolvimento da vida em nosso planeta. O planeta vermelho também apresenta condições apropriadas para uma eventual missão tripulada.

Marte possui cerca de metade do diâmetro da Terra, 6.800km, duração do dia de 24h37min, inclinação do eixo de rotação de 25º em relação a sua órbita (a Terra apresenta inclinação de 23,5º) e mudanças climáticas semelhantes às terrestres. E, como na Terra, acredita-se que em Marte pode ter havido vida.

A exploração de Marte teve início na década de 60, com a Marte 1 lançada em 1962 pelos russos, mas que perdeu contato com a Terra no caminho. Os EUA também fracassaram em 1964 quando mandaram a Mariner 3 e os painéis solares não se abriram. No mesmo ano, os americanos enviaram a Mariner 4 que orbitou a 9.920 km de Marte e enviou 22 fotos, as primeiras da superfície deserta e cheia de crateras.

A Mariner 7 foi lançada em 1969 e sobrevoou uma área do pólo sul de Marte registrando cerca de 200 fotos. A Rússia enviou a Marte 2 em 1971, que foi destruída por uma tempestade de areia depois de pousar em solo marciano. A Marte 3, enviada no mesmo ano, fez o primeiro pouso bem sucedido, apesar de ter enviado informações durante apenas 20 segundos.

A sonda americana Mariner 9 ficou na órbita do planeta, em 1971, e mapeou 85% da superfície marciana. Nesta ocasião, foram conseguidas imagens de alta resolução dos satélites marcianos, Fobos e Deimos. Em 1973, a Rússia enviou as sondas Marte 4 e 6. A primeira não conseguiu ficar em órbita e a segunda pousou, mas perdeu contato com a Terra após dois minutos.

Em 1975, os americanos lançaram a Viking 1, que pousou cuidadosamente e enviou 26 mil imagens, nas quais foram descobertas as calotas de gelo nos dois pólos. No mesmo ano, a Viking 2 enviou mais uma grande quantidade de dados da cápsula orbital e também da nave que desceu à superfície de Marte. Nesta missão detectou-se a existência de argônio e nitrogênio na atmosfera daquele planeta.

Os russos enviaram a Fobos 1, em 1988, para reconhecer o satélite Fobos, mas os painéis solares não funcionaram. A norte-americana Mars Observer foi enviada em 1992 e permitiu detalhadas pesquisas sobre o solo marciano, além de ter enviado muitas imagens à Terra. Nesta ocasião foram investigados o solo e as condições atmosféricas do planeta.

Em 1996, mais uma sonda norte-americana foi enviada. Mars Global Surveyor apresentou problemas e só passou a enviar imagens a partir de 1997. A Pathfinder, também norte-americana, pousou em solo marciano em 1997 com o jipinho Sojourner. Foi a primeira vez que foram obtidas fotos coloridas, além dos muitos dados científicos.

Mais duas missões estão sendo preparadas, a Mars Climate Orbiter e a Mars Polar Lander. A primeira tem o objetivo de estudar o clima, e a segunda, de buscar água em solo marciano através de perfuração. Outros projetos estão sendo desenvolvidos para obter mais dados sobre o planeta vermelho. É o caso do projeto da Nasa chamado "Referência Marte", que pretende enviar uma nave tripulada a aquele planeta até o ano de 2014.

Fonte:Comciencia