Ao estudar História podemos compreender que um dos principais pontos da Teoria são os questionamentos e a inclusão de objetos de pesquisa que anteriormente pareciam desnecessários para a construção do conhecimento histórico. A busca por novas questões é uma tentativa investigativa da história e é também a busca pelo conhecimento histórico que se manifesta em resultados multiformes. As questões do alicerce são: O que é história? Será possível responder com uma certeza segura o que é história? Quem produz essa história? Já citaram “grandes homens” e os afirmaram como atores “importantes” construtores da história. Será isso de fato verdade? O que é ser historiador? O historiador produz história? Será esse o real ofício do historiador? Afinal, qual o papel dos homens e o papel do historiador na história? Bem, as teorias afirmam idéias e posições em pensamentos diferentes acerca da História. O Positivismo defende o método formulado por Auguste Comte, onde a história é indiscutível e determinada através de documentos originais que por si só definem a história. Já a Escola dos Annales criada por Marc Bloch e Lucien Febvre parte com uma análise diferente do passado, onde expõem novas abordagens acerca da história. Os annales trazem o conceito de história como questão, ou seja, a história como problema, de maneira que possa ser analisada, discutida e modificada de acordo com as novas propostas sugeridas. Bloch afirma: “a história é a ciência dos homens no tempo”, está claro que o homem atua no tempo, melhor dizendo, no seu tempo, essa relação entre homem e tempo deixa exposto que o homem é um ser transitório, temporal e está sujeito a transformações. O tempo passa independentemente de nossa existência, mas de certa forma ou de forma completa o nosso existir que determina a temporalidade, pois a nossa consciência que visualisa o passar do tempo e as relações que são constituídas. Isso nos remete à individualidade, isto é, o papel, a atuação e participação de cada homem no processo histórico, mas como atuam os homens no cenário histórico? Cada homem atua no seu mundo do seu modo, as histórias de vida são as histórias que determinam o construir da história. A história tem uma história que é a historia dos homens. As relações constituem o espaço onde novas relações são sucedidas. O modo globalizante que a história envolve os homens deixa de forma bem explicita que as individualidades são mundos pertinentes a história. Ao assistir o documentário: Edifício Máster, produzido por Eduardo Coutinho; pude perceber as particularidades de cada indivíduo. O modo de cada um contar sua história de vida nos leva a entender as suas emoções, os detalhes que cada morador coloca ao discorrer sua trajetória e nos faz perceber quais os seus interesses. A infância, adolescência, juventude e maturidade de cada indivíduo percorrem caminhos diferentes de maneiras diferentes. Entender as histórias individuais é entender o homem em suas transformações. E qual o papel do historiador em todo esse processo? Muitos pensam e entendem de maneira distorcida o papel do historiador. Bem, de fato é complicado mesmo definir qual a função do historiador. Afirma Bloch: “O bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está sua caça”. O historiador é um observador dos homens, incluindo a si mesmo. Ele observa os momentos e as situações que ele está inserido, analisa como o todo nas diversidades individuais e coletivas. Usando um modelo interessante para melhor observação e compreensão do papel do historiador pode-se ter de exemplo a um trecho da música do grupo Legião Urbana: Tempo Perdido, autoria de, Renato Russo. Onde ele faz uma análise da vida individual em meio do movimento do trabalho na sociedade. “Todos os dias quando acordo Todos os dias Nosso suor sagrado Veja o sol Então me abraça forte A observação feita pelo autor da música foi de boa precisão, a análise das relações sociais influindo na historia de vida individual é o que define as ligações múltiplas e sistemáticas, além afirmar a história como ciência de relações sociais, mostra que o real sentido da história é a história dos homens em suas particularidades, relações, amores, sonhos, desejos, medos, constrangimentos, objetivos etc. O oficio de historiador nos remete a tentar compreender e não julgar os fatos. Cabe-nos então tentar relacionar os objetos de uma forma dialética considerando a totalidade e tendo em mente que também somos objeto nesse processo. Há também necessidade do historiador em usar a escrita e documentos como vestígios, para facilitar a análise no ofício de historiador. É de extrema importância entender que a analise crítica é feita através de questionamentos trazendo em pauta novas questões onde o debate produz conhecimento histórico. O homem é o ser que movimenta, monta e desmonta, constrói e desconstrói, logo não há história fixa, então é necessário entender que todos os homens produzem história.As Relações constituem o Conhecimento Histórico.
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo”