28.4.10

OSWALD DE ANDRADE - O POETA REVOLUCIONÁRIO

Oswald de Andrade - O principal representante modernista
Podemos dizer que o referido poeta foi o maior representante da estética modernista no que se refere às características estilísticas.

José Oswald Nogueira de Andrade nasceu em São Paulo. Frequentou a Escola Modelo Caetano de Campos, o Ginásio Nossa Senhora do Carmo e o Colégio de São Bento, no qual se formou em humanidades, em 1908.

Autor de poesias e
romances, teatrólogo e crítico literário, suas obras resumem-se em:Os Condenados, Memórias Sentimentais de João Mira mar, Pau-Brasil, Primeiro Caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, Serafim Ponte Grande, Marco Zero, A morta e o Rei da Vela.

Dentre as características de suas obras, destacam-se:
linguagem espontânea, livre de apegos no que diz respeito à sintaxe, predominância do coloquialismo e de uma crítica extremamente irreverente.

Em se tratando de tais características, torna-se relevante destacarmos aquelas que permearam toda a estética modernista. Entre elas destacam-se:

Ruptura com “moldes” antes sacramentados por outras estéticas.
O verso livre, a linguagem coloquial e irônica e o predomínio de um “português” genuinamente brasileiro tiveram seu momento subliminar.

Tal medida se deu ao fato de que a ideologia dominante era a de resgatar uma literatura que fosse mais voltada para as raízes nacionais, que pudesse de alguma forma transcender tudo aquilo que era visto como modelo de “importação”, como também abolir todo o sentimentalismo camuflado na voz dos
poetas pertencentes ao Romantismo, e centrar-se mais em uma realidade ligada aos problemas sociais da época.

Representando toda essa inovação literária, está a obra
“Memórias Sentimentais de João Mira mar”, de Oswald de Andrade, a qual é estruturada em 163 episódios, todos em forma de flashes, baseado em uma composição cinematográfica, mesclando prosa, poesia, piadas, cartas, diários, trechos de crônicas jornalísticas e discursos.

Vejamos agora alguns textos de sua autoria:

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do
professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Podemos perceber aqui que o poeta sutilmente faz uma crítica à questão do formalismo linguístico tanto explorado por artistas, principalmente do Parnasianismo, como é o caso de Olavo Bilac. Quando ele se refere à Nação Brasileira, está justamente colocando em prática o nacionalismo e as características que lhes são peculiares.

Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)

Neste, o poeta parodia por meio de um tom irreverente outro texto de Gonçalves Dias, também com o objetivo de repugnar os moldes românticos. Quando ele ressalta que: Minha terra tem mais rosas e quase que mais amores, o vocábulo “quase”, justifica o desmascarar da realidade social.

Relicário

No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí

Altamente em voga, podemos identificar a presença de um linguajar predominantemente coloquial, no intento de promover a ruptura com as estruturas da língua.