Independentemente das culturas, a criação de gado e a pesca desempenham ainda na economia do Egito, no Império Antigo, um papel tanto maior quanto, até cerca de 2400 aprox., o vale está rodeado não de desertos como atualmente, mas de uma estepe abundante de pastos.
Os Egípcios tinham multiplicado as tentativas de domesticação nas épocas pre-dinástica e arcaica. As experiências prosseguem no Império Antigo: antílopes, nomeadamente o orix, são ainda criados para o abate, a hiena é domesticada, ao mesmo tempo, para o abate e para a caça. Numerosas espécies de patos, de gansos, de grous e de pelicanos povoam os pátios de criação das grandes propriedades.
Um pessoal numeroso ocupa-se da criação de gado, que se faz em dois campos. Primeiro, o rebanho vive em liberdade nas pradarias próximas do rio ou no meio dos pântanos. É lá que se reproduz e se multiplica. Os pastores acompanham o rebanho, protegem-no, assistem as vacas, tratam dos bezerros, e vivem do leite e dos queijos. Alguns animais são, em seguida, selecionados e transferidos para herdades de criação onde são engordados. Estes animais fornecem a carne para a mesa real ou principesca e para altares dos deuses. O gado serve pouco no trabalho dos campos: raramente empregados a charrua, bois e vacas quase só são utilizados na altura da debulha ou para o reboque de cargas pesadas. O burro, em contrapartida, é o auxiliar permanente do camponês; é ele que transporta a colheita pira o campo acabado de semear e, mais do que os bovinos, debulha cereais na eira.
A mesma especialização do trabalho no que se refere à criação de aves: primeiro, após a sua captura, são deixadas num aviário munido de um deposito de água e largamente abastecido de cereais. Em seguida, são dai retiradas para serem encerradas em recintos menores onde são diariamente engordadas à base de farinha até estarem prontas para o espeta. Também aqui numerosos escribas vigiavam e controlavam as operações.
Os mastabas do Império Antigo representam com freqüência o dono do túmulo a vigiar a caça no deserto e a pesca nos pântanos. A caça parece ter uma dupla finalidade: fornece, por um lado, um complemento de alimentação e novos exemplares para as tentativas de domesticação - é, de resto, por isso que ela é praticada tanto ao laço como ao arco e que os cães esfalfam a caça, mas agarram-na ainda viva: por outro lado, a caça tem um caráter religioso: os habitantes da estepe e do deserto dependem do deus Seth, irmão mas também assassino de Osíris: são, por isso, maléficos e devem ser destruídos. A função ritual que se pressente na caça dos animais selvagens encontra-se na do hipopótamo, cujo caráter religioso remonta à época pré-dinástica. A caça é praticada por um corpo de especialistas que parecem acumular esta atividade com a de guarda-fronteiras.
Os pântanos fornecem grandes recursos ao Egito. O papiro, nomeadamente, indispensável para o escriba, mas também para o fabrico das coroas e dos cabos, assim como de embarcações ligeiras para a pesca e para a caça nas zonas aquáticas; e o peixe também, que constitui uma das bases da alimentação. Todos os meios são bons para o capturar: grande rede de arrasto, nassas variadas, linhas individuais de anzóis e, por fim, o arpão para as espécies de grandes dimensões. O peixe é preparado no próprio local: aberto ao meio, é posto a secar. É nos pântanos que os Egípcios capturam numerosas aves de passagem que os visitam. Estendem redes de grandes dimensões, que, ao sinal de um vigia, se abatem sobre as presas. A propriedade egípcia, real, clerical ou pertencente a um particular rico, constitui uma unidade econômica que se basta a si própria. Inclui camponeses, pastores, caçadores, pescadores e, também, artífices que preparam as ferramentas necessárias à exploração e transformam as matérias-primas produzidas na propriedade. Todos os domínios, privados ou eclesiásticos, estavam sujeitos a pagamentos fixos ao Tesouro. No entanto, a partir da 1ª dinastia, o rei adquire o habito de, ao mesmo tempo, conceder imunidade de impostos tanto aos templos como aos particulares, e dar certas propriedades reais a particulares para lhes permitir organizar o seu culto funerário, ou aos templos para alimentar o serviço das oferendas divinas. E a dupla prática empobrece os recursos do Estado e será talvez uma das causas do desmoronamento do Império Antigo.
Referências Bibliográficas
C. ALDRED. Egyptian Art in the Days of the Pharaohs: Londres, 1980;
N. KANAWATI, The Egyptian Administration in the Old Kingdom: Warminster, 1977;
R.O. FAULKNER, The Ancient Egyptian Pyramid Texts: Oxford, 1969;
W.S. SMITH, A History of Egyptian Sculpture and Painting in the Old Kingdom: Boston e Londres, 1946.
Fonte: http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=199&value=Cria%C3%A7%C3%A3o,%20ca%C3%A7a%20e%20pesca%20no%20Antigo%20Imp%C3%A9rio&civ=Civiliza%C3%A7%C3%A3o%20Eg%C3%ADpcia&topico=Agricultura#topo