Olavo Bilac – poeta símbolo do Parnasianismo, jornalista e inspetor de ensino – foi chamado de “O Príncipe dos poetas brasileiros”.
por: Mayra Gabriella de Rezende Pavan
Olavo Bilac, o príncipe dos poetas, foi o grande nome do Parnasianismo brasileiro
Olavo Brás Martins Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865. Era filho de Brás Martins dos Guimarães e Delfina Belmira Gomes de Paula. Até descobrir sua verdadeira vocação, Bilac tentou ser médico e advogado, mas abandonou as duas carreiras ainda na fase acadêmica. Após as tentativas profissionais frustradas, Bilac encontrou-se como jornalista e poeta.
O jornalista Olavo Bilac trabalhou em diversas revistas e jornais, sendo que, em um deles, a Gazeta de Notícias, substituiu Machado de Assis na seção “Semana”. Embora tenha tido sucesso como jornalista, seu destaque, sem dúvida, foi na poesia.
Olavo Bilac não iniciou o Parnasianismo, já que o ápice de produção desse estilo literário foi em 1800. Entretanto, quando publicou “Poesias”, em 1888, consagrou-se como ícone parnasiano. Seguindo a tendência da Escola Parnasiana, em suas obras não faltavam os temas greco-romanos e os sonetos (composição cujas duas primeiras estrofes possuem quatro versos e as duas últimas, três versos). Leia a seguir um dos poemas da obra “Poesias”, o soneto “Via Láctea”:
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac foi eleito “o Príncipe dos poetas brasileiros” em razão de sua popularidade. Nos saraus e salões literários típicos da época, seus sonetos eram exaustivamente declarados. Segundo o poeta Manuel Bandeira, isso ocorreu em virtude da fluência de Bilac na linguagem e na métrica, além de sua sensualidade sempre à flor da pele. Para Bandeira, esse conjunto tornava-o muito acessível ao grande público. Embora fosse Parnasiano de alma, possuía uma sensibilidade próxima ao subjetivismo romântico. Veja isso no poema “Um beijo”:
“Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...”
Olavo Bilac era um grande nacionalista e orador eloquente, que defendeu importantes causas políticas, a de maior destaque foi a luta em prol do serviço militar obrigatório. Em 1889, escreveu o Hino à Bandeira, mostrando todo o seu amor pela pátria. Entretanto, o hino seguiu as características parnasianas, apresentando linguagem culta e rebuscada. No final do poema, há um glossário que objetiva facilitar a leitura.
A bandeira brasileira, que é um símbolo nacional, foi homenageada por Olavo Bilac em seu hino à bandeira
“Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amados,
poderoso e feliz há de ser!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!”
Olavo Bilac faleceu aos 53 anos, no dia 28 de dezembro de 1918, em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Entretanto, seus poemas permaneceram vivos na Literatura Brasileira, sendo impossível falar no Parnasianismo Brasileiro sem falar em Olavo Bilac.
Fonte:http://www.mundoeducacao.com/literatura/olavo-bilac.htm