Há cerca de 5.000 anos atrás, nas planícies aluviais do Oriente Próximo, algumas aldeias se transformam em cidades; os produtores de alimentos são persuadidos ou obrigados a produzir um excedente a fim de manter uma população de especialistas:artesãos, mercadores, guerreiros e sacerdotes, que residem num estabelecimento mais complexo, a cidade, e daí controlam o campo. Um dos primeiros critérios para se chegar a um conceito de cidade é que a maioria de sua população não se dedica a produção de alimentos (agricultura e pastoreio). Existiram (e existem) centenas de cidades neolíticas, com características distintas, como materiais de construção (madeiras, pedras, turfas, tijolos de argilas, etc) locais (lagos, platôs, planícies, etc) e população (desde milhares até dezenas de milhares). Normalmente estas cidades possuíam um espaço central (como uma praça) além de moradias extremamente semelhantes, o que demonstra a ausência de diferenciação social. Por vezes encontravam-se construções maiores o que pode significar o aumento da importância da religião (e dos sacerdotes) e dos chefes (guerreiros ou não) na tarefa de administração destas comunidades. Clique nas imagens para ampliá-las Nas planícies formadas pelos rios Tigres e Eufrates os excedentes gerados pela produção agrícola e pastoreio de animais provoca a revolução urbana, onde a produção de alimentos permite um aumento da população e a geração de especialistas que por sua vez favorecem ainda mais o aumento da produção com o comércio de parte dos víveres acumulados e a organização de obras coletivas. O excedente se concentra nas mãos dos governantes, representantes do deus local. Como as cidades se originavam de antigas aldeias e vilas seus traçados eram irregulares e acompanhavam os terrenos circundantes. Normalmente eram próximas dos rios e das planícies aluviais (geralmente inundadas). O que irá diferenciar estas cidades das cidades neolíticas vai ser a construção das portas, muralhas e dos grandes Zigurates – templos-palácios que ordenavam toda a vida destas cidades. Os Zigurates eram construídos normalmente num extremo das cidades, não somente porque eram construções posteriores à fundação das cidades, mas também para determinar o novo sentido do crescimento das mesmas. Os Zigurates elevavam-se do resto da cidade, dominando a paisagem e exigindo a obra de milhares de trabalhadores. Nestes templos-palácios, coexistiam várias funções e estamentos sociais. Nos andares mais altos moravam o patesi e sua família, além dos sacerdotes mais graduados. Neste ‘topo’ também eram realizadas observações astronômicas e os rituais mais sagrados das diversas religiões mesopotâmicas. Os andares intermediários serviam para a administração geral dos templos e das terras do deus local e nele residiam funcionários do estado, como escribas e oficiais. Na parte inferior dos Zigurates ficavam as oficinas, os depósitos, celeiros, estrebarias, etc, residiam aí os servos camponeses, escravos e trabalhadores livres. As casas da maioria da população eram relativamente simples, feitas de adobe e argila, com tijolos que variavam de região para região. Vemos hoje em muitas dessas cidades, a diferenciação em bairros especializados (de artesãos, de funcionários, de comerciantes, de homens ricos, etc). Os sucessivos povos e impérios que se seguiram na Mesopotâmia diferenciaram bastante estas cidades e aumentaram a importância das muralhas (para a proteção) e as portas – que tinham um sentido político e religioso, de controle da população que entrava e saía e da autoridade religiosa do deus local. Clique na imagem para ampliar Diferentemente da Mesopotâmia, a maioria da população do Egito não se concentrava nas cidades, mas sim em aldeias nas margens do Nilo. As cidades vão se constituir principalmente em centros administrativos e religiosos, tanto que são chamadas de cidades-templos, ou cidades-palácios. Estas cidades eram compostas de construções grandiosas, normalmente feitas de pedras, com avenidas largas e muitos monumentos religiosos. Grandes procissões eram realizadas nestes locais, vedados a maioria da população. Existiam também cidades como a de Illahun (atual Kahun) que era inicialmente um acampamento para trabalhadores das pirâmides. Como esta vai ser uma cidade ‘planejada’ vemos linhas retilíneas, onde as casas dos trabalhadores eram organizadas em quarteirões quadrangulares, além de uma gradação de acordo com o ‘nível’ social dos trabalhadores, funcionários e administradores. Estas cidades de operários se espalhavam pelo Egito de acordo com as obras públicas realizadas, algumas foram abandonadas depois das obras concluídas (como as do sítio de Gizé), outras permanecem habitadas até os dias de hoje, tendo, portanto, modificado-se bastante. Um baixo-relevo do Império Médio que representa o transporte de uma estátua colossal sobre um carro sem rodas Clique nas imagens para ampliá-las Por último, ainda no Médio Império, o Faraó Amenóphis IV tentou implementar o monoteísmo a partir do culto a Áton (ou o disco solar); para tanto, o Faraó irá construir uma nova cidade Tell-Amarna bastante distante dos antigos centros de poder dos templos dos antigos deuses como Menfis ou Tebas. Tell-Amarna vai ser uma das primeiras cidades totalmente planejada, todas as suas casas eram construídas com pedras, com avenidas bastante largas e estradas que garantiriam o abastecimento e comunicação do imperador com o resto do império. A sua pequena duração demonstra a força que os templos e sacerdotes possuíam na sociedade egípcia. Fonte: cave.cave.com.brAs cidades da Mesopotâmia
As cidades no Egito