A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA
Marcelo O. Uchoa*
INTRODUÇÃO
Quando em 1808 a família real se viu obrigada a vir para o Brasil, trouxe com ela, mesmo que inconscientemente, a semente da criação desta, que seria a precursora do ensino de arte no Brasil, a missão artística francesa de 1816. Composta por importantes nomes das artes francesas veio para ser o marco inicial do ensino de arte no Brasil. Por ser uma empreitada grandiosa formada por um número grande de profissionais, 18 no total e contando com artistas de reconhecido talento e merecida estima, sempre suscitou desconfianças sobre como realmente surgiu a idéia de sua criação e de que forma ocorreram as negociações entre os artistas e os representantes da Coroa portuguesa que culminaram com a partida para o Brasil deste grande número de imigrantes franceses. Foram os franceses realmente convidados pela coroa portuguesa para criarem uma escola de artes no Brasil? Ou, pelo contrário, diante da desestruturação da sociedade francesa abalada por fortes acontecimentos políticos e sociais, procuraram estes, sendo seu representante o senhor Lebreton, a coroa portuguesa e ofereceram seus préstimos e talentos?
A análise dos documentos relativos a missão francesa realizada por Morales de Los Rios e que serviram de base para o trabalho de Afonso de E. Taunay é, em muito de seus tópicos, bastante dúbia. Não é exposto de forma clara que o convite para os franceses partirem para o Brasil tenha sido feito pela Coroa portuguesa. Alguns documentos parecem dizer justamente o contrário. A própria postura de D. João VI, quando do intervalo de 150 dias entre a chegada dos artistas e a promulgação do decreto que criava a escola onde estes, que haviam vindo de tão longe, iriam trabalhar, parece reforçar esta hipótese. A atitude hostil e maléfica do Cônsul Maler parece, também, ter contribuído para esse trágico desfecho. Este texto, sucinto, apenas aponta alguns fatos relativos a vinda desta colônia de artistas franceses para o Brasil.
ANÁLISE HISTÓRICA
Há 192 anos chegou ao Brasil aquela que exerceria decisiva ação no surgimento e orientação da arte brasileira: A missão artística francesa de 1816; composta de pintores, escultores, arquitetos, gravadores e outros profissionais, vinha para dar um fim a uma época antididática e imprimir ao ensino artístico, realizado no Brasil, uma orientação pedagógica-metodológica. A iniciativa partira do Ministro de Estado Antônio de Araújo de Azevedo, o conde da barca, homem muito culto e amante das artes, que havia emigrado junto com D. João VI para o Brasil em 1808. Ansioso por incentivar o progresso do Brasil, propôs o conde da barca contratar um grupo de artistas e artífices na Europa para fundar no Rio de Janeiro uma escola ou instituto teórico-prático de aprendizagem artística e técnico-profissional. Através do embaixador extraordinário de Portugal, junto à corte de Luís XVIII, o marquês de Marialva, deu-se o início das negociações; Marialva, por intermédio de Alexandre Van Humboldt (1769-1850), naturalista alemão que estivera no Brasil, foi apresentado a Joaquim Lebreton (1760-1819) secretário recém demitido da classe ou academia de belas-artes do instituto da França, que seria, desde então, o organizador e chefe de tal empreitada. Os entendimentos para a vinda dos artistas ficaram a cargo do encarregado de negócios portugueses em Paris, Francisco José Maria de Brito, o Chevalier de Brito, como era conhecido; este adiantou a quantia de 10.000 mil francos-ouro para que, evitando as delongas naturais em negociações de tal natureza, a viagem logo se realizasse.
Com o dinheiro deveria Lebreton custear algumas passagens e adquirir, para transportar ao Brasil, um moinho completo movido por uma roda hidráulica, outro com sistema diferente e uma serra movida mecanicamente. Partiram do Havre de Grâce em 22 de janeiro de 1816 e desembarcaram, trazendo recomendações especiais da embaixada portuguesa em Paris, no Rio de Janeiro no mês de março do mesmo ano. Embora tenha chegado ao Rio de Janeiro no mês de março, o decreto que criava a Escola de Belas-artes só foi promulgado em 12 de agosto; criava este, uma Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios.
Grandjean de Montigny: pórtico da antiga Academia Imperial de Belas Artes, hoje no Jardim Botânico (fotografia reproduzida de MEYER, Claus e SECCHIN,Carlos. O Jardim de Acclimação, Rio de Janeiro: Cor Ação, 1983
Entre um acontecimento e outro transcorreram 150 dias. Por que houve um intervalo de tempo tão grande se estava tudo acertado com o príncipe regente, se este havia acolhido de forma tão entusiástica a idéia da criação do instituto? Se meses antes da chegada dos artistas ao Rio estavam-lhe os cargos a espera, e tomadas todas as providencias para o seu agasalho e conforto? Estas são algumas das perguntas que tentaremos responder em nosso humilde texto. Segundo Afonso de E. Taunay, “o impedimento deu-se exclusivamente devido à atitude hostil, violenta, a guerra sem tréguas movida contra Lebreton pelo diplomata que então representava a França na corte de D. João VI, o cônsul-geral Maler. Este, desejoso de mostrar a seu governo as arras de seu fervente Bourbonismo perseguiu o antigo Jacobino que a restauração acabava de expulsar dos seus empregos e do instituto de França.” Como sabemos a França passava por momentos muito difíceis. A convulsão social com a revolução e mais tarde a derrota do império Napoleônico, levou os franceses ao desastre militar e político ao mesmo tempo em que se viam obrigados a devolver o precioso acervo de obras de arte, acumuladas nos seus grandes centros de cultura.
Contra essa exigência tomaram partido vários de seus grandes mestres; entre estes, Joaquim Lebreton foi dos que protestaram com maior violência, contrariando frontalmente o interesse de Luís XVIII. Segundo Almeida Prado, advertira o imperador da Áustria, Meternich, a D. João, acerca do perigo representado pelos franceses numa terra nova e indefesa como a América. Contam também, que D. João era facilmente impressionável, traço do seu caráter que o levava professar aversão a novidades em geral e políticas em particular. Desta forma recomendou, ao que parece, vigiasse o cônsul da França os seus indesejáveis compatriotas.
A partir do restabelecimento da paz, começaram a aparecer no Rio, europeus partidários de doutrinas políticas mal vistas pelos momentâneos senhores do velho mundo. Os próprios componentes da missão artística incluíam-se no caso, pois concorriam a constituir núcleo ferozmente crítico e inconformado. Mas, Maler, estava determinado a impedir a instalação da colônia de franceses no Brasil.
Já mais de mês e meio antes da chegada dos artistas em janeiro de 1816 foi o cônsul, ao ministério, ter com o conde da barca, sobre o que tinha ouvido falar: a partida para o Rio de vários franceses em sua maioria artistas distintos, entre eles o Sr. Lebreton.
Quando da chegada dos artistas, procurou Maler saber qual seria a disposição de ânimo do rei, que ainda não vira os emigrados, e assim, concorreu à audiência real de seis da tarde de 28 de março, dois dias após a chegada dos franceses. Já nesta época, rompera também, hostilidades violentas contra Lebreton, indo representar a D. João VI contra a possível nomeação para um alto cargo, desse antigo republicano energúmeno, servidor fidelíssimo de Napoleão I e correligionário daqueles que haviam forçado sua majestade fidelíssima a embarcar para a América. Conseguiu Maler, convencer o marquês de Aguiar, ministro do reino, de que toda a razão lhe assistia, mas o conde da Barca idealizador do projeto, desde o primeiro dia ficara absolutamente simpático ao erudito, ao classicista profundo que era Lebreton.
D. João ficou hesitante, de um lado movido pelo compromisso assumido junto ao conde da Barca para a criação do instituto, do outro pela força dos argumentos de Maler. Diante desta hesitação, passaram-se os 150 dias. Após a promulgação do decreto de 12 de agosto de 1816, portanto, após a derrota dos objetivos de Maler, escreveu este, ao duque de Rechelieu, seu chefe, explicando o que havia ocorrido: ”o rei e o senhor marquês de Aguiar constantemente se opuseram a tal fundação (da academia), enquanto fosse o senhor Lebreton seu diretor, e o público, geralmente, aplaudiu esta atitude, não mostrando disposição mais favorável para com o ex-secretário”. Mas, conseguiu Barca, convencer o seu colega de ministério e a D. João VI e assim surgiu o decreto de 12 de agosto de 1816.
Entretanto, Maler continuou a perseguir tenazmente a Lebreton. Afirmava que de todo os franceses presentes no Brasil o que mais devia inspirar desconfianças ou pelo menos quem precisava ser vigiado mais atentamente era o senhor Lebreton, este, segundo Maler, recebia regularmente respostas e boletins ditados pelo mais cego e encarniçado dos espíritos partidários. “Embora não tenha indícios para acusar Lebreton de se corresponder com os franceses banidos e refugiados nos Estados Unidos, não hesito em acreditar em tal”, afirmava Maler. Sempre que podia apontava-o à vigilância e a antipatia do seu governo, e isto, até a morte de sua vitima, com absoluta falta de generosidade. Assim, percebemos a parcela de responsabilidade, pelo atraso no funcionamento da escola que segundo Afonso de E. Taunay caberia ao cônsul-geral Maler.
Nicolas Antoine Taunay – Morro de Santo Antonio
Mas Almeida Prado aprofundou-se mais na analise do ambiente cultural existente no Rio de Janeiro, quando da chegada dos franceses, e nos informa: “Os missionários franceses entrarão em desânimo causado incompreensão do meio. D. João consentira em posar para Debret, mas continuou fiel aos arquitetos portugueses nas obras da Quinta da boa vista e da fazenda de santa cruz, e se acaso recorria a um profissional estrangeiro, visto a incapacidade dos seus protegidos, chamava um medíocre mestre de obras inglês em vez do consagrado arquiteto Grandjean de Montigny.”
Da mesma forma os personagens da Corte, pensionados pelo tesouro, muito pouco encomendavam aos franceses. “Tampouco, os particulares brasileiros ou portugueses radicados no Rio, os encarregavam de lhes planejar habitações”. Noticiava Maler, em comunicação oficial, a construção de mais de 600 residências na cidade e 150 chácaras suburbanas no período de 1800 a 1818, sem alusão a obras particulares de elementos franceses, que estavam no Rio desde 1816. O próprio conde da Barca, protetor do grupo, preferia reformar casas velhas a construir novas com a ajuda dos seus protegidos. Vemos assim, a nova burguesia e a velha aristocracia adotarem diretrizes artísticas emanadas de desafeto com os artistas franceses. Por outro lado, no Rio de Janeiro antes da chegada da missão, já se ensinava desenho na Academia Real dos Guardas-Marinha, na Real Academia Militar e na aula regia de Manoel Dias de Oliveira; segundo Catarina Knychala, “as oficinas de gravura já estavam em pleno funcionamento na impressão régia, no arquivo militar e na casa da moeda. Portanto, percebe-se que mesmo anterior à chegada da missão já havia se estabelecido um ambiente artístico na cidade do Rio de Janeiro”.
Percebemos, pelo relato desses dois estudiosos que não foi somente o cônsul-geral francês, Maler, o responsável pelo descaso para com os artistas franceses. Na verdade a falta de correspondência do meio, que não compreendia a missão artística, e por ela não era compreendida, foi das maiores causas do escasso resultado que deu o longo tempo da sua estada no Rio de Janeiro. Em 21 de junho de 1817, faleceu o conde da Barca, o grande protetor da colônia francesa no Brasil, sem que o instituto, já existente por determinação do decreto de 12 de agosto, funcionasse. Com a morte do conde da Barca as obras de construção do prédio do instituto, foram paralisadas por anos. Esse desânimo, fez com que Joaquim Lebreton recolha-se numa chácara, no bairro do flamengo, onde vem a falecer em 09 de junho de 1819. Com a morte de Lebreton ficou vago o cargo de diretor do instituto.
A 12 de outubro de 1820, o ministro Targini, barão e mais tarde visconde de São Lourenço, substituto do conde da Barca, promulgou o decreto que determinava a criação da Academia Real de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil. Assim como a primeira, esta academia não chegou a funcionar. Outro decreto determinando que, com o nome de “Academia de Artes”, fosse iniciada para ministrar as aulas de desenho, pintura, escultura e gravura foi promulgado em 23 de novembro de 1820. Através deste, ficou determinado que o cargo de diretor da academia seria dado a um português, Henrique José da Silva; segundo Afonso de E. Taunay, um pintor medíocre vindo de Lisboa, e protegido do ministro Targini. O cargo de secretário passaria para outro português, o padre Luís Rafael Soyé. Aqui, surge outro personagem que contribuiu de forma decisiva para o Malogro da Missão Artística Francesa: o pintor lusitano Henrique José da Silva, que passa a ser o diretor da academia.
Com a posse de dois lusitanos para os cargos de maior destaque da academia, começou a surgir descontentamento entre os artistas franceses e desavenças com o diretor. Isto fez com que Henrique José da Silva procurasse demonstrar que a colônia de artistas franceses não passava de mero agrupamento de aves de arribação e que jamais convocada por inspiração régia como alardeavam, pois caso tivessem sido convocados o decreto seria imediato, logo após a chegada dos artistas ao Rio de Janeiro, e não 150 dias após seu desembarque.
Segundo Henrique José da Silva a existência de uma colônia francesa de artistas não foi pré-determinada, procurando provar que os artistas, ou missionários, ou professores franceses, vieram para o Brasil sem compromisso algum do governo real, isto é, dirigiram-se espontaneamente de lá para cá.
Ana Mae Barbosa, no seu livro Arte Educação no Brasil, afirma: “o próprio D. João VI procurou fugir à responsabilidade pública de ter oficialmente patrocinado a vinda dos artistas franceses através das autoridades competentes em Paris, dando a entender, no decreto com o qual criou a Academia Real de Ciências, Artes e Ofícios, decreto de 12 de agosto de 1816, que visava aproveitar alguns estrangeiros beneméritos que procuravam a sua proteção”. Aliás, a atitude sempre ambígua de D. João VI frente aos problemas da missão parece ter sido gerada em grande parte pelas pressões exercidas sobre ele pelo cônsul geral francês no Brasil, o cônsul Maler.
A análise dos documentos diplomáticos portugueses relativos a vinda dos artistas franceses para o Brasil em 1816, análise essa, citada por Afonso de E. Taunay, não permite esclarecer as dúvidas levantadas pelo pintor lusitano. Em oficio de 27 de agosto de 1815, oficio n. 17, o Chevalier de Brito relatava ao marquês de Aguiar, ministro de estado. “Deu-se grande emigração de artistas e intelectuais e de tal circunstâncias aproveitaram vários dos soberanos vencedores a fim de angariarem franceses eminentes para as suas terras”.
Neste mesmo ofício eram relatadas ocorrências curiosas. Segundo Chevalier de Brito, o senhor Lebreton, comunicara ao embaixador, o marquês de Marialva, “que alguns artistas de merecimento e moralidade conhecida, desejavam estabelecer-se no Brasil, mas não tendo meio para custear as passagens e as despesas de instalação, esperavam obter do governo lusitano alguma ajuda de custo e a certeza real”. Como percebemos o documento não é esclarecedor se havia Lebreton recebido à incumbência de organizar um grupo de artistas para se dirigirem ao Brasil, ou se estavam estes, os artistas, procurando refugio e abrigo em terras mais calmas e tranqüilas como o Brasil. Um pouco mais a frente dizia Brito que, graças ao estado deplorável em que ficara a França depois de Waterloo, diariamente lhe pediam franceses para imigrar, “gente que suspirava gozar de repouso que parecia estar ainda distante da velha Europa”. Dizia haver entre os imigrantes “sujeitos eminentes” e assim, pedia instrução para agir.
Neste mesmo oficio, Morales de Los Rios, citado por Afonso Taunay, diz que “a resposta de Lebreton” causou excelente impressão. Em 09 de outubro de 1815, pela Segunda vez oficiava o Chevalier de Brito ao marquês de Aguiar, remetendo-lhe o original da ”resposta” de Lebreton, sobre a fundação de uma escola de belas-artes no Rio de Janeiro e dando-lhe informações particulares acerca dos artistas que desejavam estabelecer-se junto à corte de D. João VI. Novamente os termos utilizados no oficio, não permitem esclarecer dúvidas sobre em que ordem aconteceram os fatos: Foi Lebreton procurado com o pedido de organizar um grupo de artistas e artífices para formar uma missão com o objetivo de iniciar e fomentar o ensino artístico no Brasil ? ou teria a idéia da partida para o Brasil de uma colônia de artistas franceses, em 1816, partido de Lebreton?.
Também é possível, e muito mais provável, que Lebreton haja sabido de qualquer plano do governo português acerca de uma fundação artística, no Rio de Janeiro, em que pudesse encaixar-se e, assim, tenha ido oferecer os préstimos ao embaixador. Em 09 de dezembro de 1815, Francisco de Brito, respondendo individualmente a proposta de Lebreton escreve: “continuo a espera da resposta de meu governo. Não tenho instruções nem posso adiantar-me. O príncipe regente de Portugal certamente receberia bem os artistas”. E completava dizendo: “Assim, senhor (Lebreton) nesta empresa, que é toda vossa, espero reconheçais que nada vos dei, nem promessa, assim como nenhum compromisso tomei em nome do meu governo”.
Por mais ambíguos que possam ser os documentos, incluindo o próprio decreto de 12 de agosto de 1816, parece ficar claro que houve sim, a convocação desses artistas ao Brasil. Na verdade havia se organizado uma missão completa, subdividida em duas partes: Um quadro superior e artístico, composto por um chefe, dois pintores, um escultor, um arquiteto, um gravador, um compositor e organista e um engenheiro mecânico. Joachim Lebreton, chefe. Jean Baptiste Debret, pintor histórico. Nicolas Antoine Taunay, pintor de paisagens. Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny, arquiteto. Auguste Marie Taunay, escultor. Charles Simon Pradier, gravador. Segismund Neukomm, compositor, organista e mestre de capela. François Ovide, engenheiro mecânico.
Um quadro complementar ou de artes mecânicas, composto por um mestre-serralheiro, um mestre ferreiro perito em construção naval, dois carpinteiros fabricantes de carros, surradores e curtidores de peles. Jean Baptiste Level, mestre serralheiro e perito em construção naval. Pilite, surrador de peles e curtidor. Fabre, curtidor. Nicolas Magliori Enout, serralheiro. Louis Joseph Roy e seu filho Hippolyte, carpinteiros e fabricantes de carros. Completavam o grupo, mais três assistentes, sendo um, de um dos pintores, e os outros dois do arquiteto Grandjean de Montigny. Auxiliares: Charles Louis Levasseur e Louis Simphorier Meunié, auxiliares de Grandjean de Montigny. François Bonrepos, ajudante de Auguste Marie Taunay.
Como secretario da Missão foi contratado Pierre Dillon. Percebemos que havia um especialista para cada setor de ensino, acompanhados de ajudantes, também especializados. Somente no segundo semestre de 1823, após numerosos pedidos feitos a D. Pedro I, consegue Debret, as chaves de um atelier para executar a tela que pretendia representar a coroação imperial e instalar o seu curso livre de pintura.
Em 1824, o imperador, acompanhado do seu gabinete, visitou a exposição dos alunos de Debret, resolvendo, instalar a Academia de Belas Artes. A abertura solene da academia, marcada para o dia 19 de outubro de 1826, só se realizou, entretanto, a 05 de novembro, data do aniversário da chegada de D. Leopoldina ao Brasil. Teve a Missão decisiva ação no surgimento e orientação da arte brasileira. Imprimiu ao ensino artístico orientação pedagógico-metodológica. Foi o fim de uma época antididática e início de uma com caráter didático.
* Negros serradores de tábuas, de Jean Baptiste Debret. In. O Brasil de Debret, Belo Horizonte, Vila Rica Editoras Reunidas, p. 40.
Não nos cabe julgar se foi positiva ou negativa a vinda de tão ilustres personagens para realizarem tão pioneira tarefa em terras brasileiras tampouco, procuramos esclarecer as duvidas que permeiam sua vinda e posterior permanência no Brasil, mas tão somente analisar, com a ajuda de alguns pesquisadores, como ocorreram os fatos que conduziram ao desfecho desta que representa o marco inicial de nossa educação em artes.
Bibliografia consultada
Taunay, Afonso de E. – A Missão Artística de 1816 – Brasília Editora Universidade de Brasília, 1983.
Bittencourt, Gean Maria. – A Missão Artística Francesa de 1816, Petrópolis 2 ed. Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967.
Prado, J.F. de Almeida. – O Malôgro da Missão artística. in: História da Formação da Sociedade Brasileira, SP. Companhia Editora Nacional, 1968 – P. (189-213).
General, A. de Lyra Tavares – Brasil França – Ao longo de cinco séculos, Rio de Janeiro - RJ 1979. Editora Biblioteca do Exercito.
Barbosa, Ana T. B. – Arte Educação no Brasil- Das Origens ao Modernismo – São Paulo 1978. Editora Perspectiva.
Knychala, Catarina Helena – O Livro de Arte Brasileiro. Editora Presença ( Pró – Memória Inst. Nac. do Livro 1808-1980 ), Rio de Janeiro – RJ , 1983.