23.10.20

Hebreus



Os hebreus formaram um povo cuja origem se encontra na antiga Palestina, atual Israel, localizada na região do Crescente Fértil, que era passagem obrigatória entre o Egito e a Mesopotâmia, entre a África e a Ásia, sendo, por isso, um território cobiçado por vários povos da região.

Seu estudo é de grande importância, pois os hebreus foram um dos primeiros a adotar uma crença monoteísta, ou seja, acreditavam em um único Deus, deixando uma importante herança espiritual à civilização ocidental.

Para o estudo dos hebreus, costuma-se utilizar a Bíblia como uma das principais fontes históricas. Os estudiosos, entretanto, têm grande dificuldade em determinar a exatidão histórica de alguns fatos ali relatados, porque a Bíblia foi escrita em diferentes épocas, transcrevendo acontecimentos que eram passados oralmente, de geração a geração.

Muitas passagens foram escritas em linguagem simbólica e a realidade confunde-se com as lendas e os mitos da época e da região. Algumas passagens bíblicas já foram confirmadas pelas pesquisas arqueológicas e outras continuam sendo pesquisadas.
Origem

De acordo com a historiografia tradicional, os hebreus teriam se originado de uma movimentação humana da Mesopotâmia para a Palestina em tempos que recuariam até o século XX a.C. Com seu chefe, Abraão, o primeiro patriarca, o povo teria sido guiado para o território palestino, numa migração em busca de melhores condições. A história dos patriarcas seria a primeira fase da experiência hebraica na Palestina.Provável rota dos hebreus em direção a Canaã.
Períodos históricos

A história política dos hebreus divide-se em três períodos: governo dos patriarcas, governo dos juízes e governo dos reis.
Governo dos patriarcas

Segundo a Bíblia, os hebreus viviam em Ur, na Mesopotâmia, quando Abraão, o primeiro patriarca, recebeu uma missão divina: deveria conduzir o povo para Canaã, a Terra Prometida, por volta de 2000 a.C.

A viagem foi finalizada por Jacó, neto de Abraão, que mudou o nome para Israel, que significa combatente de Deus, e seus filhos deram origem a 12 tribos hebraicas.

Por volta de 1750 a.C., uma violenta seca obrigou o povo a deixar Canaã e ir para o Egito, atraído pela fertilidade do Rio Nilo.

A chegada dos hebreus coincidiu com o domínio dos hicsos, que, utilizando armas de ferro e cavalos, haviam derrubado o faraó. Durante o período hicso, os hebreus chegaram a ocupar cargos administrativos.

Em 1580 a.C., contudo, os hicsos foram expulsos do Egito, e os hebreus começaram a ser perseguidos e obrigados a pagar altos impostos ao faraó. Mais tarde, foram escravizados, até que, por volta de 1250 a.C., surgiu Moisés, que liderou o povo novamente rumo a Canaã, passagem narrada na Bíblia como o Êxodo, a saída em massa dos hebreus do Egito.
Governo dos juízes

Por volta de 1750 a.C., uma violenta seca obrigou o povo a deixar Canaã e ir para o Egito, atraído pela fertilidade do Rio Nilo.

A chegada dos hebreus coincidiu com o domínio dos hicsos, que, utilizando armas de ferro e cavalos, haviam derrubado o faraó. Durante o período hicso, os hebreus chegaram a ocupar cargos administrativos.

A volta para Canaã, de acordo com o texto bíblico, levou cerca de quarenta anos. O percurso foi marcado por conflitos contra cananeus e filisteus, que ocupavam a região quando os hebreus ali chegaram.

Para combatê-los, comandantes militares e chefes religiosos foram escolhidos pelas tribos para liderar o povo e ficaram conhecidos como juízes.

De todos os juízes, um dos mais conhecidos é Sansão, cuja força lhe foi arrancada por Dalila, ao cortar-lhe o cabelo. De acordo com a Bíblia, Dalila estaria a serviço dos filisteus.

Samuel, o último juiz, escolheu Saul para ser o rei dos hebreus, obedecendo a Jeová, que, segundo o texto bíblico, disse-lhe: “Eis aí o homem, este reinará sobre o meu povo.” (Samuel – I Reis 9, 17)
Governo dos reis

Após sua coroação, Saul centralizou o poder político e combateu os filisteus. O governo de seu sucessor, Davi, caracterizou-se por um grande desenvolvimento econômico. Ele também derrotou os filisteus e, após vencer o gigante Golias, transformou Jerusalém em capital do reino.

Salomão, filho de Davi, assumiu o poder após a morte do pai. Foi ele que construiu o Templo de Jerusalém, no qual, segundo a tradição, foi depositada a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei. Também realizou grandes obras, como palácios e fortificações, e incentivou o desenvolvimento comercial.

Para custear essas obras e manter sua corte luxuosa, ele aumentou os impostos sobre a população e instituiu o trabalho obrigatório e o trabalho escravo, o que provocou grande descontentamento popular.Reinos de Israel e Judá em 926 a.C.

Após sua morte, sua baixa popularidade e as rivalidades entre as 12 tribos provocaram a divisão do povo hebreu em dois reinos: o de Judá, ao sul, com a capital em Jerusalém, e o de Israel, ao norte, com capital em Samaria.

A divisão enfraqueceu o povo hebreu, que enfrentou sucessivas invasões e dominações. Em 722 a.C., os assírios conquistaram o Reino de Israel; em 587 a.C., os babilônios invadiram o Reino de Judá, destruíram o Templo de Jerusalém e levaram o povo como escravo para a Mesopotâmia, submetendo-os ao Cativeiro da Babilônia até 538 a.C., quando os persas dominaram a região mesopotâmica e permitiram que os judeus voltassem à Palestina. Nessa época, o Templo de Jerusalém foi reconstruído.

A região ainda foi dominada pelos macedônios e, mais tarde, pelos romanos. As revoltas contra o Império Romano eram frequentes e, em 70 d.C., sob o comando do general Tito (que se tornaria imperador), o Exército romano sufocou uma rebelião e destruiu o Templo de Jerusalém, provocando uma diáspora judaica.

Em 135 d.C., o imperador Adriano sufocou uma nova revolta e promoveu outra diáspora. Desde então, os hebreus tornaram-se uma nação sem pátria, culturalmente unidos pela língua, pelos costumes e, palestinos, que ainda não teve solução, estendendo-se por décadas.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, em razão da perseguição nazista aos judeus, a ONU (Organização das Nações Unidas), em 1948, instituiu a criação do Estado de Israel, na Palestina. Contudo, esse fato gerou um sério conflito entre judeus e palestinos que se estende por décadas e ainda não foi solucionado.
Cultura hebraica

Os hebreus não ficaram conhecidos na história pela realização de grandes obras arquitetônicas, embora possamos lembrar aqui das ruínas do templo do rei Salomão. A comunidade hebraica antiga é reconhecida por sua tradição literária. A escrita fez dos hebreus o povo do Livro. Desde os Salmos, passando pelos Provérbios, pelo Livro de Jó, pelos relatos dos vários profetas, conhecemos uma literatura riquíssima e repleta de referências morais que formataram uma das culturas antigas mais influentes no mundo, incluindo aí o mundo contemporâneo.

Se quisermos pensar na crença monoteísta, devemos associá-la aos hebreus, pois este foi o povo antigo que por mais tempo defendeu ferrenhamente a ideia da existência de um único deus. O cristianismo e o islamismo são duas importantes religiões que nasceram da concepção religiosa hebraica antiga.

O cristianismo nasceu como uma seita judaica e se tornou uma religião de salvação universal, com a ruptura feita à tradição hebraica do “povo eleito”. Tal ruptura teve em Paulo de Tarso – um influente rabino que se converteu ao cristianismo – uma de suas maiores sustentações.

Já a religião islâmica nasceu na Idade Média, com a assimilação da tradição profética judaica por Maomé. A afirmação básica da fé islâmica é: “Alá é o único deus e Maomé é seu profeta”. Esta profissão de fé do islamismo revela a influência judaica em seu credo.
Economia

Em geral, a região ocupada pelos hebreus caracteriza-se pelo clima árido e é cortada por montanhas, sendo que as terras férteis se localizam às margens do Rio Jordão. Foi nessas terras que os hebreus desenvolveram a agricultura de frutas, como romã, legumes e grãos, como o trigo e a cevada, além da criação de ovelhas e cabras.

Acredita-se que a população realizava trocas comerciais nas cidades, principalmente.
Referência:

LÉVÊQUE, Pierre (Dir.). As primeiras civilizações: da Idade da Pedra aos povos semitas. Lisboa: 70, 2009.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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