7.10.20

Religião no Egito Antigo



Ao longo dos milênios, os egípcios mantiveram alguns costumes religiosos com traços comuns aos da religião mesopotâmica, mais evidentes em datas de grande importância, nas quais predominavam celebrações às figuras dos deuses.
O politeísmo egípcio

A civilização egípcia depende do rio Nilo, que fertiliza o território que se estende ao longo de suas margens, rodeado pelo deserto. Os egípcios viviam em uma faixa de terra estreita e muito longa, e as distâncias entre o norte e o sul eram muito grandes.


Cada região tinha seus próprios deuses, incorporados pelas outras regiões à medida que o país foi se unificando. Por isso, os egípcios tinham um grande número de deuses – sua religião era politeísta.

Entre os muitos deuses egípcios, nem todos tinham a mesma importância. Ao longo da história do Egito antigo, os reis que ocuparam o trono tentaram colocar seu deus favorito no cume do panteão de sua capital. Uma característica singular em relação aos povos vizinhos era a forma de animais assumida por esses deuses.
Os deuses egípcios
Amon: Seu nome significa “o oculto” e representa os poderes invisíveis do universo. Foi o deus principal de Tebas.
Anúbis: Era o deus da mumificação e dos mumificadores, o guardião das tumbas e das portas do além. Tinha cabeça de chacal.
Rá: Era a personificação do Sol, o rei do firmamento. Foi um dos deuses mais importantes na mitologia egípcia.
Hórus: Representado por um falcão, era o deus do céu e o protetor da realeza. Os monarcas eram vistos como a encarnação de Hórus.
Ísis: Mãe de Hórus e esposa de Osíris. Protegia contra os perigos e curava as enfermidades.
Maat: Simbolizava a ordem cósmica garantida pelo rei.
Osíris: Representava os ciclos de morte e a volta à vida. Era o deus dos mortos que haviam sido bem mumificados e enterrados, já que isso lhes levaria à ressurreição.
Ptah: Era o deus dos artesãos, considerado um deus criador de coisas.
Ápis: Era representado sob a forma de um touro. Seu culto relacionava-se com o de Ptah e Osíris.
Seth: Representava as secas, as grandes tormentas, as inclemências do mar, mas seu papel era necessário, já que permitia que os demais deuses impusessem a ordem.
Thot: Era representado com cabeça de ave. Era o deus da sabedoria. Foi ele quem inventou a escrita.
Aton: O disco solar. Era um deus secundário até que, durante o reinado de Aquenaton, foi elevado ao alto do panteão.
O poder do faraó

Os egípcios acreditavam que, graças ao faraó, as colheitas cresciam, o gado sobrevivia, a ordem das estações se mantinha e o Nilo transbordava no momento adequado, para irrigar as terras agrícolas, tornando-as férteis. Pensavam que seus reis eram invencíveis porque possuíam poderes divinos.


O faraó, porém, se convertia verdadeiramente em deus quando morria. Por isso, seu túmulo era tão importante e também servia como templo para o culto ao rei divinizado que, do além, continuava cuidando do Egito e de seus habitantes.

O poder do faraó, graças à religião, era muito grande, e era difícil que se duvidasse dele. Apesar da estabilidade que caracterizou a sociedade egípcia durante mais de três milênios, também houve revoltas, faraós destronados e épocas com muitos reis, que combatiam entre si.
Os egípcios e a morte

Os egípcios acreditavam que se podia viver depois da morte se o cadáver fosse conservado e realizados corretamente alguns rituais. Para conservar o corpo, o mumificavam. Tinham tanto interesse em lutar contra os efeitos da morte que alcançaram grande perfeição no procedimento de conservar cadáveres, de tal maneira que, mesmo com o passar de longos séculos, é possível reconhecer as feições dos mortos mumificados.

Junto aos mortos eram enterrados alguns textos que explicavam tudo que deviam fazer para chegar ao além. No princípio, no Império Egípcio (há 4500 anos), apenas os faraós, que se convertiam em deuses depois da morte, tinham esses textos em seus túmulos. Mais adiante, esse privilégio foi também concedido aos membros de sua família. Esses primeiros textos encontram-se escritos nos muros interiores de suas pirâmides e formam os chamados Textos das pirâmides.

Durante o Império Médio, há 4000 anos, também os altos funcionários reais podiam ter seus próprios textos funerários escritos em seus caixões, os chamados Textos dos caixões.

A partir do Império Novo, há 1600 anos, encontram-se nos túmulos rolos de papiro escritos, conhecidos como o Livro dos mortos. Eram muito acessíveis, e por isso muitas pessoas poderiam dispor desses guias para viajar ao além, segundo as crenças egípcias.
As pirâmides

Essas construções, utilizadas no Antigo Egito para guardar o cadáver dos reis, estão entre as maiores obras arquitetônicas da Antiguidade. Têm sobrevivido durante quase 5000 anos, e sua grandeza nos impressiona até hoje.

Para os egípcios, as pirâmides tinham finalidade religiosa muito importante, porque serviam de morada para o rei morto. Acreditava-se que, de lá, o faraó protegia todo país, além de ser também local de culto ao falecido rei-deus.

As pirâmides, que lembram uma grande montanha e que parecem unir o céu à terra, destacavam-se claramente no terreno plano do Egito.
A religião monoteísta na época do faraó Aquenaton

Em meados do século XIV a.e.c, o faraó Aquenaton quis impor no Egito o culto de seu deus preferido, Aton, que representava o disco solar. Pouco a pouco, os demais deuses foram deixados de lado na religião oficial. Todas as orações, rituais e tradições religiosas terminaram por ter como centro o deus Aton, a quem se considerou o criador da terra e dos homens.

O representante de Aton era o próprio faraó Aquenaton. Além disso, os sacerdotes e seus templos deixaram de ser tão necessários porque se poderia adorar Aton em qualquer lugar, sempre que fosse visível o disco solar. Com esse deus, não existia necessidade de nenhum intermediário além do faraó.

Era um deus de fácil compreensão para todos, já que se tratava do Sol. Não necessitava de grandes e complicadas explicações para que se entendesse seu poder. Além disso, era um deus universal, já que o disco solar aparece em todo lugar. Portanto, podia ser aceito por todas as nações estrangeiras conquistadas nessa época pelo Egito. Esse culto, quase exclusivo para Aton, que há muito tem aparecido como monoteísmo, desapareceu depois da morte do faraó Aquenaton, mas deixou hinos de grande força poética.

No Hino a Aton, do qual reproduzimos fragmentos abaixo, são utilizados recursos poéticos similares aos que podemos encontrar em outras religiões e em livros monoteístas, como na Bíblia.


Tu único deus, nenhum outro é como tu! Tu criaste a terra conforme a tua vontade, estando só (…) a humanidade, os gados, todos os rebanhos, tudo quanto no terra caminha sobre pés, e os existem lá em cima voando com suas asas (…). Senhor de todos os países, que te alças por eles, tu Aton diurno, grande em majestade. Ninguém te conhece, senão teu filho Aquenaton, porque a ele te destes a conhecer em teus planos e em teu poder.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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