O que foi a Conferência de Bandung?
Nos dias 18 e 25 de abril de 1955, convocados pela Indonésia, Índia, Ceilão, Paquistão e Birmânia, países libertados da tutela colonial, representantes da Ásia e África reuniram em Bandung, para elaborar uma estratégia comum, em um mundo que, cada vez com maior clareza, aparecia como um jogo de interesses entre dois grandes blocos. Representavam milhões de seres humanos com apenas 8% da renda mundial.
Toda a população de cor, mesmo nos nossos dias, mostrava grande heterogenismo. Ali estavam a China, Vietnã, Filipinas, Japão, que breve arrojaria no milagre do desenvolvimento; Turquia, Irã e Iraque, prestes a concluir tratados de defesa com Grã-Bretanha; Ghana, ainda com o nome de Costa do Ouro e em vias de alcançar a independência, junto aos únicos Estados independentes da África: Egito, Etiópia, Libéria e Sudão.
A assembleia do Terceiro Mundo produziu um documento em que se proibia , a discriminação racial, a corrida armamentista e o colonialismo. No parágrafo 6º da declaração final pedia-se “a abstenção de toda participação em acordos de defesa coletiva que sirvam aos interesses de uma grande potência”. Em um mundo dividido pela guerra fria, os povos da Ásia e da África proclamavam sua neutralidade, sua equidistância entre sistemas sociais que se mostravam antagônicos, e a vontade de manterem-se afastados de controvérsias alheias aos seus interesses.
A doutrina Bandung , credo ou Corão para os povos cristãos e muçulmanos da África, passou por todos territórios coloniais. Nasser, Sukarno, Nehru e Nkrumah eram o espelho em que se mirava uma nova geração de líderes. 1960 é o ano das independências africanas. Apenas em um ano proclamam a independência dezesseis territórios. Os povos que agora conquistam a liberdade sabem que existe o neocolonialismo que o mundo desenvolvido exerce através de seus interesses econômicos. Já não basta a independência política. O direito de poder dispor dos recursos econômicos é mais importante que o uso de um hino ou de uma bandeira. No dia 26 de julho de 1956 Nasser anuncia a nacionalização do canal de Suez.
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