Durante o Período Clássico, as poleis disputaram a supremacia sobre toda a Grécia. Essa fase foi marcada pelas hegemonias e imperialismos no mundo grego, que acabaram em uma guerra fratricida entre os próprios gregos, concluindo com a sua decadência. A primeira potência hegemônica foi Atenas, seguida por Esparta e, finalmente, por Tebas.
O período Clássico teve início com as guerras médicas, ou pérsicas, que foi o conflito entre o mundo bárbaro, persa, e o mundo grego.
As guerras médicas ou pérsicas no Período Clássico
Com a conquista do Oriente Próximo pelos persas, todas as colônias gregas do litoral da Ásia Menor foram anexadas. No início, a autonomia dessas cidades foi respeitada; mais tarde, porém, os persas passaram a exigir impostos e incorporaram as cidades a seu império. A cidade de Mileto e algumas outras iniciaram uma rebelião, apoiadas por Atenas. Esse foi o motivo imediato para o conflito entre gregos e persas.Relevo do século V a.C., mostrando soldados gregos em combate
No ano 490 a.C., os persas desembarcaram seu exército na planície de Maratona, a poucos quilômetros de Atenas. Nesse local, foram atacados pelos atenienses, comandados por Milcíades, que derrotou os invasores. Com essa vitória, o prestígio de Atenas aumentou entre os gregos. Dez anos depois, os persas fizeram uma dupla ofensiva. Por terra, venceram os espartanos no desfiladeiro das Termópilas, onde morreu Leônidas, o célebre rei de Esparta. Por mar, uma numerosa frota foi destruída na baía de Salamina pelos atenienses, comandados por Temístocles. Sem o apoio da esquadra, o exército persa recuou para Plateia onde foi vencido pelos espartanos e atenienses, liderados por Pausânias, em 479 a.C.
Os gregos passaram então à ofensiva. Organizaram uma liga militar com sede em Delos (uma ilha do mar Egeu); a chefia foi confiada a Atenas. O tesouro comum foi usado para construir uma poderosa armada que, sob o comando de Címon, assolou as posições persas no litoral asiático. Em 448 a.C., pelo Tratado de Susa (Paz de Kallias), os persas reconheceram a supremacia grega no Egeu.
A hegemonia de Atenas no Período Clássico
O fim da guerra tornou desnecessária a Confederação de Delos. Entretanto, os atenienses sofreriam uma grave crise econômica e social se as contribuições dos aliados parassem de afluir para a cidade: a indústria naval seria paralisada, o comércio se retrairia e numerosos remadores, mercadores e artesãos ficariam sem ocupação. Por essa razão, os atenienses obrigaram, pela força, os Estados-Membros a continuar os pagamentos, mesmo contra sua vontade. Era o início da hegemonia ateniense sobre a Grécia.
No século V a.C., Atenas foi governada por Péricles (444 a 429 a.C.) e suas instituições atingiram o máximo esplendor. Diversas obras públicas foram iniciadas, gerando empregos; os membros dos tribunais e da Assembleia passaram a receber pagamentos; as camadas inferiores puderam participar do Arcontado e Péricles cercou-se dos maiores artistas e intelectuais da Grécia, como Fídias, Heródoto e Anaxágoras.
Essa hegemonia, contudo, criou uma série de inimigos para Atenas, pois feria a autonomia das demais cidades- Estado; por outro lado, o controle exercido sobre a Grécia, pela. Confederação de Delos, desrespeitava o princípio de soberania das cidades.
A Guerra do Peloponeso e a hegemonia espartana
Muitos Estados gregos, cuja localização no interior os colocava a salvo da frota ateniense, ligaram-se a Esparta em uma Liga do Peloponeso, francamente hostil a Atenas e à Confederação de Delos que ela mantinha sob controle.
Em 431 a.C., um incidente transformou essa rivalidade em guerra. As ambições territoriais de Atenas em expandir-se para o Ocidente levou-a a apoiar e celebrar uma aliança com Córcira, colônia de Corinto — aliada de Esparta. Com isso, explodiu a Guerra do Peloponeso, que duraria 27 anos e deixou a Grécia completamente exaurida pelas destruições recíprocas.
Entre 431 e 421 a.C., os espartanos invadiram a península da Ática. A população de Atenas resistiu em suas extensas muralhas, ao mesmo tempo em que sua frota atacava o Peloponeso. No ano 429 a.C., devido à má alimentação e às péssimas condições de higiene, a peste provocou centenas de mortes, da qual foi vítima o próprio Péricles. Em 421 a.C., Atenas e Esparta celebraram a Paz de Nícias, estabelecendo que não haveria mais guerra durante 50 anos.
Em 413 a.C., porém, instigados pelo ambicioso Alcibíades, os atenienses prepararam uma campanha militar na Sicília, com o propósito de conquistar Siracusa, aliada de Corinto, e que abastecia o Peloponeso com alimentos. Começava a segunda fase da Guerra do Peloponeso.
Acusado por seus adversários políticos, Alcibíades refugiou-se entre os espartanos, aos quais entregou os planos de Atenas. Em 413 a.C., a esquadra ateniense foi destruída em Siracusa. Em 404 a.C., devido à grande ofensiva dos espartanos, que mantiveram um exército na Ática e ampliaram a sua frota, Atenas foi derrotada na batalha de Egos-Pótamos pelo general espartano Lisandro. Os muros de Atenas foram destruídos e a frota caiu nas mãos de Esparta.
A hegemonia exercida por Esparta não era menos opressora que a de Atenas. Na Ásia, os espartanos iniciaram uma ofensiva contra os persas. Não conseguindo, porém, manter o domínio sobre seus inimigos na Grécia e combater ao mesmo tempo no exterior, Esparta assinou, em 387 a.C., a Paz de Antálcidas com o persas. Além da paz, o tratado garantia o domínio da costa da Ásia pelo Império Persa, que passou a influir na política interna da Grécia.
A hegemonia de Tebas no Período Clássico
Apesar do domínio de Esparta, Atenas conseguiu reconstruir suas muralhas e sua frota, organizando uma segunda liga marítima. Ao mesmo tempo, a cidade e Tebas aliou-se a Atenas e atacou a guarnição espartana em Tebas. Durante a batalha de Leuctras, em 371 a.C., a revolta dos escravos em Esparta conduziu os tebanos à vitória, sob o comando dos generais Epamínondas e Pelópidas.
O período de hegemonia tebana foi marcado pela libertação dos messênios do domínio de Esparta e pela conquista e submissão da Tessália, Trácia e Macedônia. Para consolidar seu domínio militar, Tebas iniciou a construção de uma esquadra, o que lhe valeu a oposição de Atenas. Em 362 a.C., Atenas e Esparta, agora aliadas, impuseram a derrota a Tebas, na batalha de Mantineia.
O domínio macedônico
O período das hegemonias levou ao enfraquecimento geral das cidades-Estado gregas. Os macedônios, povo de origem ariana que habitava a região ao norte da Grécia, liderados por seu rei Felipe, conquistaram toda a Grécia na batalha de Queroneia, em 338 a.C.
Alexandre Magno, filho de Felipe, sucedeu-o ao trono, consolidando a conquista da Grécia e expandindo o império para o Oriente. Em 333 a.C., na batalha de Issos, Alexandre destruiu um imenso exército persa comandado pelo próprio rei Dano III; no ano seguinte, marchou para a Fenícia, conquistando a importante cidade de Tiro, deslocando-se, em seguida para o Egito, onde os sacerdotes do templo de Amon-Rá o receberam como o filho do deus; em 331 a.C., Alexandre invadiu o centro do Império Persa, sendo coroado rei dos persas.
O Império Macedônico conquistou, ainda durante o Período Clássico, a Palestina e a Índia, fundando um dos mais vastos impérios da humanidade.
Em 323 a.C., antes que pudesse organizar suas conquistas, Alexandre Magno morreu na Babilônia, aos 33 anos de idade, em virtude de uma febre violenta.