23.8.19

Filosofia e Educação



O objetivo deste texto é pensar algumas das relações possíveis de serem estabelecidas entre a Filosofia e a Educação. Para tanto, tomaremos como base a reflexão sobre a educação enunciada por Theodor Adorno, importante teórico da chamada Escola de Frankfurt. Caso tenha interesse em se aprofundar sobre as características principais dessa escola procure por este tema neste mesmo portal.



Analisando a educação, o filósofo propõe que reflitamos os limites e possibilidades de se associar o desenvolvimento científico à emancipação. Isso ficou muito claro após os regimes totalitários na Europa entre as guerras mundiais: fascismo,nazismo e stalinismo que mediante forte militarismo, propagandas ideológicas, censura e criação de inimigos internos e externos enfraqueceram os ideais democráticos. No caso particular do nazismo, embora tenha sido pérfido no sentido humano, é inegável que trouxe, junto, o desenvolvimento científico. Isso nos faz refletir sobre até que ponto é vantajoso alcançar tais desenvolvimentos à custa da morte, tortura e aniquilamento de milhões de indivíduos.

Adorno, em seu texto Educação após Auschwitz é bastante enfático quando demonstra que, conforme aponta o Caderno São Paulo Faz Escola, “Auschwitz foi planejado para exterminar pessoas de forma ‘eficiente’. Aqueles que projetaram e administraram esses campos de extermínio eram homens com boa formação técnica, eficientes e competentes para cumprir as ordens de eliminar pessoas e famílias inteiras”. Nesse sentido, associar educação de maneira lógica e direta a emancipação humana torna-se um erro sem precedentes, pois assim como ocorreu nos campos de concentração e extermínio nazista, a educação pode ser utilizada para exterminar de forma eficiente grupos humanos. Desse modo, é possível educar indivíduos sem empatia para com o outro, indivíduos que só pensam em seu bem-estar e despreocupados com o alcance comunitário e, quiçá, global de suas ações.

Daí a necessidade de refletirmos sobre os limites e possibilidades da educação hoje. Uma educação que não leve em conta a emancipação e o desenvolvimento das reais potencialidades humanas conduz fatalmente à barbárie, à destruição em massa. Uma educação que, de fato, conduza o homem à emancipação social precisa, antes de tudo, superar a mera técnica e pensar que se está formando indivíduos dotados de autonomia e, portanto, capazes de avaliar critica e eticamente as ações suas e dos outros no convívio social.

Assim pensada, a educação assume o dever de tornar o homem melhor, apto a considerar o outro como um outro eu e, portanto, digno integralmente de respeito independente de sua posição econômica, social, política, religiosa, sexual etc. Somente assim a educação estará lutando efetivamente para que os horrores vivenciados nos regimes totalitários não se repitam nem venham a inspirar, na atualidade, novas ou semelhantes atrocidades contra o gênero humano.


Fábio Guimarães de Castro

Referências Bibliográficas

Caderno do professor: Filosofia, ensino médio – 2ªsérie, volumes 2. São Paulo: SEE, 2014-2017.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. 5.ed. São Paulo, SP: Paulus, 2011.

Fonte: https://www.portalsaofrancisco.com.br/filosofia/filosofia-e-educacao