23.8.19

Gestapo



Por Fernanda Paixão Pissurno




Gestapo é uma abreviatura alemã para a expressão “Geheime Staatspolizei”, que significa polícia secreta do Estado. A partir de 26 de abril de 1933, quando foi criada pelo ministro do Interior prussiano, Hermann Goring, a Gestapo foi responsável pela investigação, prisão e tortura dos opositores políticos da Alemanha nazista até o seu fim com a derrota na Segunda Guerra Mundial, ocorrido em 1945.

A Gestapo foi criada originalmente para servir como guarda pessoal dos líderes nazistas, sendo assim uma tropa de elite cujos membros trajavam camisas pretas. Apenas depois, na sequência de um movimento político engendrado para destruir as tropas de assalto nazistas indisciplinadas conhecidas como SA (abreviatura para o termo alemão “Sturmabteilung”) seria que a Gestapo seria oficialmente subordinada às SS (abreviatura para o termo alemão “Schutzstaffel”), tropas nazistas lideradas por Heinrich Himmler. Sob a SS, a Gestapo serviria como uma polícia secreta, não estando subordinada a nenhuma retaliação judicial. Ela estava, portanto, livre para investigar quaisquer agentes suspeitos que poderiam ameaçar o Estado por meio de espionagem e sabotagem.


Formada de forma majoritária por graduados em Direito e oficiais da polícia, a Gestapo foi dirigida por vários anos por Reinhard Heydrich. Respondendo apenas a Heinrich Himmler e ao próprio Führer Adolf Hitler, Heydrich liderou uma das organizações mais temidas da Alemanha nazista. Agora sem uniformes, a Gestapo contribuiu significativamente para destruir toda a oposição política alemã nos anos imediatos após a ascensão nazista, perseguindo e prendendo de forma sistemática sindicalistas e comunistas. Neste sentido, seu principal instrumento era a custódia preventiva (em alemão,“Schutzhaft”). Tratava-se de um eufemismo que designava uma prisão ilegal, normalmente por tempo indeterminado em campos de concentração.


Reinhard Heydrich, chefe da Gestapo a partir de 1934.

Apesar do pavor que provocava em cidadãos alemães devido à sua fama onisciente, a realidade é a Gestapo tinha poucas dezenas de milhares de agentes espalhados por toda a Europa. O segredo de seu sucesso estava, de fato, no rigorosíssimo treinamento desenvolvido pelo próprio Heinrich Himmler, além das frequentes denúncias de alemães em relação a compatriotas que julgavam suspeitas e as saudáveis relações da Gestapo com outras organizações de segurança do Reich.


À medida que o poder totalitário do nazismo na Alemanha se cristalizava, a Gestapo deixou paulatinamente a perseguição dos dissidentes políticos e passou a focar na perseguição aos judeus. A organização desempenhou papel central na chamada Noite dos Cristais (em alemão, “Kristallnacht”), quando após dois dias de grande violência contra a comunidade judaica cerca de 25.000 judeus foram deportados. Após o início da Segunda Guerra Mundial, a Gestapo liderou a perseguição contra os judeus que ainda restavam na Alemanha, negando a eles os direitos humanos mais básicos.

Em meio à guerra, seria o chefe da Gestapo, Reinhard Heydrich, que sistematizaria a chamada “solução final” para lidar com os judeus restantes em território alemão, àquela altura confinados em guetos. Pouco depois, porém, ele seria assassinado em um atentado que desencadeou uma onda brutal de violência da Gestapo na República Tcheca, que dizimou toda a cidade de origem dos assassinos. Depois disso, a organização assumiria um caráter de “purificação”, ou seja, extermínio das populações julgadas indesejáveis pela ideologia nazista. Para tal, seriam criadas tropas específicas derivadas da Gestapo: os esquadrões da morte (em alemão, “Einsatzgruppen”), que alcançavam números aterrorizantes de eficiência. Em apenas um dia de 1942, por exemplo, arquivos alemães indicam mais de 200.000 mortes apenas nos estados bálticos.

À medida que as tropas aliadas avançavam pelo território alemão, em 1945, parte dos funcionários da Gestapo redirecionaram suas forças para destruir seus registros por meio do fogo. Em 2 de maio, a sede da Gestapo em Berlim foi tomada pelo soviéticos. Apenas cinco dias depois, o comandante das forças aliadas, Dwight Eisenhower, dissolveu a organização, mas foi apenas durante o julgamento de Nuremberg, iniciado meses depois, que ela foi oficialmente proibida.

Bibliografia

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-era-a-gestapo/

https://operamundi.uol.com.br/historia/28565/hoje-na-historia-1933-e-criada-a-gestapo-policia-secreta-da-alemanha-nazista

https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/ss-police-state

https://www.thedailybeast.com/the-gestapo-still-sets-the-bar-for-evil

https://www.irishtimes.com/culture/books/in-the-belly-of-the-beast-the-gestapo-power-and-terror-in-the-third-reich-1.1924069

https://www.dw.com/pt-br/1938-o-pogrom-da-noite-dos-cristais/a-672173

https://www.britannica.com/biography/Reinhard-Heydrich