Havia demorado 20 anos, a partir do final da 2ª Guerra, para que a Justiça alemã reagisse aos acontecimentos na polonesa Osviecim. Vinte e dois homens do campo de concentração e extermínio de Auschwitz foram julgados por cumplicidade ou homicídio, num processo que, a cada dia que passava, trazia à tona o sarcasmo e os horrores do nazismo. O processo aconteceu por mero acaso. Emil Vulkan, ex-prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz, encontrou no final da guerra várias listas de pessoas marcadas para a execução a tiros e os nomes dos respectivos algozes. Os papéis ficaram guardados por 13 anos, até serem apresentados ao promotor público Fritz Bauer, em Frankfurt. No início do julgamento, todos os réus, com exceção de um, tinham entre 40 e 50 anos de idade, pertencendo, portanto, à geração responsável pela reconstrução política e econômica da Alemanha Ocidental. O sociólogo Wolfgang Sofsky lembra que não era necessária nenhuma qualificação especial para conseguir o emprego de guarda num campo de concentração: "Eram pessoas essencialmente do tipo médio, sem talento especial, que aprendiam o serviço em três ou quatro semanas." Nenhum sinal de arrependimento Entre os acusados, estavam Robert Mulka, comandante da SS (Schutzstaffel – Tropa de Segurança), desde 1942 em Auschwitz, Wilhelm Boger e Pery Broad, este representante político e membro da Gestapo. Foram julgados também Oswald Kaduk, apelidado pelos prisioneiros de "Satanás de Auschwitz", e o dentista da SS Willi Schatz. Nem todos os réus correspondiam ao clichê de ideólogo nazista, apesar de todos eles haverem ingressado voluntariamente na temida SS, que surgiu como tropa de segurança de Hitler, ampliada mais tarde por Heinrich Himmler. Nenhum dos réus demonstrou qualquer tipo de arrependimento diante do tribunal. A maioria seguiu os conselhos de seus advogados e calou-se em juízo. No dia 19 de agosto de 1965 encerrava-se o julgamento que acabou entrando para a história como símbolo de que os crimes cometidos em Auschwitz não podem ficar impunes. O juiz Hans Hofmeyer proclamou as 17 sentenças, com penas que iam desde prisão perpétua por assassinato (para seis réus) a três absolvições, as quais causaram indignação tanto na Alemanha como no exterior. Fonte: © DW 2009CALENDÁRIO HISTÓRICO
1963: Começa "Julgamento de Auschwitz"