21.6.11

O Clero


Os membros da Igreja tiveram grande poder e influência no mundo medieval.


Com o desenvolvimento da fé cristã pela Europa, a Igreja passou a ter um papel de ação social e político cada vez mais amplo nos tempos medievais. Desde sua conjunção com o Estado Romano, os membros eclesiásticos dispensavam esforços para organizar a sua própria hierarquia, determinar as crenças e realizar a conversão dos pagãos. No século IV, o Concílio de Niceia definiu as bases doutrinárias da religião e o combate às dissidências interpretativas.

No século seguinte, a hierarquia da Igreja se mostrava organizada em uma complexa estrutura. Na base estavam os padres, responsáveis pela condução das paróquias espalhadas em uma mesma diocese. Logo em seguida, os bispos tomavam conta de uma província e os arcebispos das capitais das províncias. No topo se encontravam os patriarcas, que tomavam conta das mais importantes cidades; e o papa, líder máximo que determinava as ações de todos aqueles que ocupavam os escalões inferiores.

Com o passar do tempo, observamos que essas ações de organização religiosa e administrativa passaram a conviver com outra situação. A doação de feudos como sinal de devoção acabou fazendo com que a Igreja se transformasse em uma grande proprietária de terras. Nesse novo contexto, a influência exercida no campo da fé passou a se estender para o campo político e econômico. Em pouco tempo, o celibato entre os clérigos apareceu como uma medida que conservava as propriedades eclesiásticas.

O constante envolvimento da Igreja com questões políticas e econômicas acabou abrindo portas para outra divisão no interior da instituição religiosa. Já na Baixa Idade Média surgiram ordens interessadas em se abster das questões materiais e viver somente em função do plano da espiritualidade. Através de votos de castidade, pobreza e silêncio, estes clérigos buscavam uma experiência espiritual mais elevada e afastada das tentações do mundo material.

Nasceu assim o movimento monástico, onde os cenobitas, mais conhecidos como monges, habitavam o interior dos mosteiros em busca do cumprimento dessa vida de resignação espiritual. No século VI, o monge Bento de Núrsia fundou a ordem monástica beneditina, considerado o primeiro grupo de monges de toda a Idade Média. Logo em seguida, as outras ordens monásticas da Igreja foram inspiradas pelas orientações fundadas pela “Regra de São Bento”.

Esses membros envolvidos restritamente com a questão espiritual seriam reconhecidos como os integrantes do clero regular, ou seja, aqueles que viviam em acordo com as regras dos mosteiros. Por outro lado, os dirigentes religiosos ligados às questões políticas e econômicas, passaram a incorporar o clero secular. Nesta subdivisão, os representantes da Igreja se envolviam na administração das riquezas e interferiam ativamente nas questões políticas da época.