24.5.12

Khmer Vermelho


 


Por Emerson Santiago

Khmer Vermelho (ou Khmer Krahom em cambojano) é o nome com o qual ficou conhecido o Partido Comunista do Camboja e que deteve o controle de seu país de 17 de abril de 1975 a 7 de janeiro de 1979. O nome, originalmente em língua francesa, (“Khmer Rouge”) foi dado pelo rei Norodom Sihanouk, e era empregado para se referir à época a vários grupos comunistas que surgiam no país, e futuramente formariam o partido comunista local. Criado em 1966 e dissolvido em 1981, dando origem ao Partido do Camboja Democrático, a história do Khmer Vermelho é cheia de acontecimentos incríveis e bizarros.



Sua criação está ligada ao Partido Comunista Indochinês, cuja maioria de seus membros era vietnamita. Por muito tempo, os cambojanos não tinham força suficiente para criar um partido próprio, os movimentos eram fracos e todo o poder concentrava-se na administração francesa ou na pessoa do monarca local. Na década de 60 o partido começa a ganhar importância, emergindo a figura de Saloth Sar (depois conhecido como Pol Pot, ou irmão número um), que junto com Nuon Chea, Ieng Sary e Khieu Samphan tomariam o poder.

Os militantes comunistas iniciam uma ofensiva no início de 1968 com o objetivo de conquistar o país. Eles vão ganhando espaço gradualmente, muito pela inércia do monarca Sihanouk. Em 1970, o rei é deposto pelo premier Lon Nol, com o apoio da assembleia nacional local. O Reino do Camboja passa a ser República do Camboja com Lon Nol como presidente de um governo que se revela bastante impopular. Enquanto isso, o Khmer Vermelho vai conquistando apoio público, especialmente depois que o rei Sihanouk, ainda com muito prestígio, declara-se líder nominal do movimento Khmer Vermelho. Era uma questão de tempo até a ascensão dos comunistas.

Os constantes bombardeios norte-americanos ao Camboja, destinados a conter os comunistas locais, foram na verdade o apoio final que o Khmer Vermelho necessitava, pois nas áreas atingidas, sempre ocorria a adesão em massa da população ao movimento de esquerda.

Em 1975 o Khmer Vermelho chega ao poder e funda o Camboja Democrático. Não se sabia quem era a pessoa no controle do país. Somente dois anos depois será revelada a imagem de Pol Pot, secretário geral do partido. Sua ideia era de que a sociedade urbana era corrompida e deveria ser substituída por uma mais pura, chamada “Novo Povo”, originada a partir da população rural, a qual sob orientação correta, criaria uma sociedade cambojana mais forte e dinâmica.

Tal programa incluía a evacuação total das cidades, formação de fazendas coletivas, onde era imposto o trabalho forçado. Todos ali morriam extenuados pelas duras condições e alimentação quase inexistente. Religiosos, intelectuais, professores, qualquer pessoa que dominasse uma arte ou conhecimento era sumariamente executada. Os adultos eram considerados “envenenados pelo capitalismo”, assim, a prioridade do regime eram as crianças, que eram doutrinadas nos princípios comunistas, e recebiam papéis de liderança em torturas e execuções. Livros eram queimados, escolas, hospitais, fábricas, bancos e até a moeda foram extintos. Todos os de origem não-cambojana eram perseguidos e executados. Um dos lemas do Khmer Vermelho, e que marcaria a sua passagem pelo poder, era: “Não existe beneficio em mantê-lo vivo. Não existe prejuízo em destruí-lo”.

Finalmente, em 1979, em meio a disputas de fronteiras, o Vietnã invade o Camboja, após este ter iniciado uma invasão do território vietnamita. Os líderes do Khmer Vermelho fogem para a mata, e alguns viverão lá até o fim, como Pol Pot. A maioria, porém, é levada a um tribunal instituído no próprio país, nos anos 90, para apurar os crimes do Khmer Vermelho. A aventura comunista resultou em torno de 1 milhão e meio de mortos de uma população de 8 milhões.

Bibliografia:
Historical Overview of the Khmer Rouge (em inglês). Disponível em <http://www.cambodiatribunal.org/history/khmer-rouge-history>. Acesso em: 23 abr. 2012.




Fonte: