Por Emerson Santiago
Plano Cohen é o nome dado a um falso programa estratégico que tinha por objetivo a derrubada do presidente Getúlio Vargas, e fora atribuído ao Partido Comunista Brasileiro, em suposta atuação ligada a organizações comunistas internacionais. O documento apresentado como prova física do suposto plano comunista foi divulgado no dia 30 de setembro de 1937 pelo chefe do Estado-Maior do exército brasileiro, general Góes Monteiro, que em discurso no programa radiofônico Hora do Brasil, tratava da descoberta de um movimento semelhante à intentona comunista de 1935. Em sua fala, Góes Monteiro fornecia ainda orientações detalhadas sobre as ações de sequestro planejadas pelos revolucionários. Os alvos principais seriam “os Ministros de Estado, presidente do Supremo Tribunal, e os presidentes da Câmara e do Senado”. O sequestro de dirigentes políticos e militares, que deveriam ser executados no mesmo dia, conforme o documento, serviria para “colocar em cheque as autoridades” em caso de “fracasso parcial” do levante comunista.
O nome do documento é uma referência ao líder comunista Béla Kun (ou ainda Béla Kohn ou Béla Cohen), político comunista húngaro de origem judia que governara a República Soviética da Hungria (regime comunista instalado neste país entre março e julho de 1919). Na verdade, o texto apresentado como prova do golpe comunista foi escrito pelo capitão Olímpio Mourão Filho, que à época era chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB), partido de apoio ao governo Vargas, de orientação fascista. A revelação foi feita no limiar do Estado Novo, em 1945, pelo próprio Góes Monteiro, que explicou ser o Plano Cohen uma fraude para justificar a permanência de Vargas no poder. A pedido de Plínio Salgado, dirigente da AIB, Mourão Filho redigiu um texto simulando, dizia-se que para efeito de estudo, uma possível revolução comunista. O documento é copiado e acaba por chegar de alguma forma (quase que certamente de maneira planejada) ao conhecimento da cúpula das Forças Armadas, da qual fazia parte Góes Monteiro, que viu neste um potencial para enfraquecer de modo drástico os movimentos de esquerda, importantes oposicionistas do governo de Vargas. Logo depois seria a vez dos integralistas, a mais importante oposição potencial à direita, que em maio de 1938 seria retirada do jogo político com a invasão ao Palácio Guanabara. Ambos incidentes abririam caminho a Vargas e seu grupo para governar sem o incômodo de lidar com qualquer oposição de relevo.
O resultado da divulgação do plano Cohen foi que Vargas obteve do Congresso poderes constitucionais para perseguir comunistas e opositores políticos, além da decretação de Estado de Guerra, que ele usaria semanas depois contra o próprio Congresso para cercá-lo e assim poder anunciar a outorga de nova constituição, de características visivelmente autoritárias, junto com a implantação de um novo regime no país: o Estado Novo.
Bibliografia:
DE ANGELO, Vitor Amorim. Plano Cohen – Uma fraude para manter Vargas no governo. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/plano-cohen.jhtm>. Acesso em: 22 abr. 2012.
Fonte: